
MEUS SONETOS VOLUME 010
Data 21/11/2010 06:24:56 | Tópico: Sonetos
| 901 A vida que permite em sonhos claros Moldando um bom sorriso em nosso rosto. Amor que se mostrara assim exposto Tornando nossos dias; belos, raros.
Assim ao mergulhar em teus sorrisos, Adentro um infinito e vou audaz, Beleza que este olhar cedo me traz Derrama no meu peito paraísos.
Assim posso cantar em liberdade Amor que seduzindo, cativou, Vivendo tão somente o que restou
Encontro em teu olhar felicidade, Rainha dos meus sonhos, benfazeja, Minha alma enamorada te deseja...
902
A vida que por vezes mal nos trata Quem dera se encontrasse lenitivo Nos braços de uma amiga tão sensata Mantendo este caminho sempre vivo.
Uma amizade sempre desbarata Perigos que se encontram, faz altivo Um coração do qual; jamais me privo Pois sei que nele encontro rara prata.
Ao ver com que carinho tu me falas Das noites que tivemos em conjunto. Andando do teu lado, passo junto
Os dias mais felizes desta vida. A solidão fazendo suas malas Percebe qual a porta de saída...
903
A vida que prometes, tão escura Jamais será decerto a que eu sonhei, A lua se mudando pra outra grei Deixando como herança, esta amargura.
Depois de tanto tempo em vã procura Fazendo da esperança a minha lei, Decifro o que nos sonhos desenhei Imagem que a verdade transfigura.
Cismando pelas noites, giramundo, Rasgando os meus poemas preferidos, Inválidos, decrépitos sentidos
Das dores mais diversas eu me inundo. E teimando em vagar assim à toa A voz do meu passado ainda ecoa...
904
A vida que renasce eternamente Num círculo que sendo vicioso Permite que se adentre o mavioso Caminho que liberta corpo e mente.
Eu quero o teu carinho simplesmente E nele este desfecho fabuloso Que toma a nossa vida e de repente Transborda em mar intenso e revoltoso.
Assim nas intempéries da paixão É necessário sempre ao timoneiro Tomar com mais firmeza a direção
Do barco que enfrentando o bravo mar Aproveitando o tempo por inteiro, Jamais irá decerto naufragar.
905
A vida que se faz como ciranda Girando o tempo inteiro, idas e voltas Às vezes nos transtorna ou vem mais branda, À toa; o pensamento traz revoltas.
O coração pesando, assim de banda, Trazendo suas rédeas sempre soltas Da lua que se deita na varanda Os raios são do amor, belas escoltas.
Porém eu peço, amiga, paciência Por mais que te pareça penitência Tenha clemência e aguarde por favor.
Assim que este tormento se findar, Como se fossem fases do luar Terás junto contigo, o teu amor...
906
A vida que se fez em derrocada Tomando meus castelos. Maldição! Depois de tanto tempo resta nada Apenas a terrível solidão.
A noite que se fez tão estrelada Agora, enegrecida, mostra o não. Amor já se perdeu em negação, Sobrando só minha alma abandonada.
O medo companheiro, em meus anseios, Aterroriza sempre em cada verso. Quem dera, minha amiga, em teus enleios
A vida se mostrasse bem mais minha. Assim eu poderia, no universo Salvar minha alma triste e pobrezinha....
907
A vida que se fora outrora pândega Encontra a calmaria necessária, Vencendo o maremoto, dribla a alfândega E traz dentro do peito a luminária
Que permitindo o passo mais audaz, Em meio a tantas trevas que hoje em dia Cotidiano amargo já nos traz, Matando na semente, a poesia.
Amigo nada impede que caminhes Olhando para a frente, peito erguido. Teu sonho com meu sonho, peço, alinhes Assim num caminhar mais decidido
Iremos desvendar tantos mistérios Do sonho que se dá em vãos critérios...
908
A vida que se sangra em cada porto, Vertendo em hemorrágicas saudades. Não vale o que se leva tão absorto, Esquece de brindar realidades.
Eu dou meu testemunho se quiseres, Eu sou o que seria se não fosse Amor da forma louca que vieres; Amor de qualquer jeito, me remoce!
E faça do outonal, primaveril. E fale com firmeza e com ternura. Mudando meu destino, amor sutil, Que emana e se alimenta em fonte pura.
Vislumbro melhor tempo de chegada, Depois destas procelas, minha amada...
909
A vida que traz dores e infortúnio Emoldurando os sonhos no vazio, Quem teima, com certeza o tempo pune-o, Total insensatez: eu fantasio...
E busco a mais gostosa guloseima No amargo que recebo dia-a-dia. Minha alma ensandecida já se queima E morre nos altares que ela cria.
Descoberto em abandono, volta e meia, Incêndios aplacados; resta o sono, O gozo movediço diz areia E o verso vai liberto, não tem dono.
Revejo estes porões que sei sombrios E apago as ilusões; podres pavios...
910
A vida recomeça a cada afã, Mudança prometida nestes ventos. O gozo tão sublime da maçã Entorna em minha vida, os sentimentos.
Amor que em fantasias acontece, Expressa a mais divina realidade. O quanto tanto tenho não se esquece Amar é seduzir a liberdade...
Rolando nos teus braços, perco o fuso, Redemoinhos tantos encontrados. Do mel que tu me trazes, quero e abuso, Canções e melodias, risos, fados...
O quanto te desejo o bem que fez, Tocando insanidade, insensatez...
911
A vida se baseia em forte viga E encara a tempestade ou vendaval, O quanto se demonstra enquanto abriga O bem desta amizade é sem igual.
Retendo nos meus olhos tua imagem Depois de tanta luta em minha vida, Agora uma esperança em nova aragem Permite que se veja uma saída
No duro labirinto da existência Que torna a caminhada mais perversa, Não quero mais sequer tal penitência O canto em alegria mostra e versa
Destino transformado, num instante Expressa um canto alegre e triunfante...
912
A vida se demonstra em verde mata, Nessa luta incessante contra a morte. Que venha no machado que maltrata, Na serra que derruba, triste corte...
As árvores, amigo que desmata, Gigantes ou miúdas no seu porte. Espíritos que mata e desacata, Produzem a vingança tensa e forte...
Nos golpes que dizimam a floresta, Moto serras, machados e queimadas. Em pouco tempo nada mais resta...
Revoltas da natura são terríveis Os ventos e as águas revoltadas, Da natureza, forças invencíveis!
913
A vida se desenha desde agora, A cada dia eu caminhando assim Decerto irei saber deste jardim Florido, na esperanças se decora.
Não deixe que este lume vá embora, Colhendo cada flor sei de onde vim Perfuma com certeza dentro em mim A dona do destino se assenhora
Mostrando num sorriso delicado A força deste amor abençoado Por beijos e vontades satisfeitas.
Dos sonhos não pretendo arribação Apenas transformar em emoção Desejos que se ofertam quando deitas...
914
A vida se entornando na paixão Não deixa qualquer força suplantá-la! No começo e no final de uma estação Bem mais alto que tudo sempre fala
Trazendo para a vida uma emoção Que bem dentro do peito tanto cala Em nosso dia a dia a sensação Divina de poder sentir a gala
E o glamour que nos traz felicidade. Embora tantas vezes venha a dor, Valendo por si só a claridade
Que somente a paixão pode trazer Abrindo todo o peito em destemor, Sem medo da amargura e do prazer...
915
A vida se equilibra entre dois pontos Princípio traz o fim, ele é inerente Por mais que outro caminho a gente tente, Os passos desde início estão já prontos.
As poucas ilusões são lendas, contos, O sol renascerá e, novamente O tempo se esvaindo é condizente Com sonhos que nos tornem ledos, tontos.
Mecânica da vida se fazendo Num carrossel de luzes e de trevas. Tu colherás por certo o que tu cevas.
Mas saiba que ao final, o nada vendo Terás somente o vago por herança. A eternidade? Frágil esperança...
916
A vida se escondendo num casebre Na beira de um regato, interior, Levanto com meus versos esta lebre O que basta pra ter um grande amor?
Aonde a fome bate, amor se manda, Difícil repartir dificuldades, Dançando como toca sempre a banda; Por mais que tão romântica tu brades
Dizendo desta utópica falácia De um lírico formato ultrapassado, Perdoe, minha amiga pela audácia Há muito tempo guardo isto, entalado.
Eu não suporto tanta hipocrisia, Que uma alma tão ingênua fantasia...
917
A vida se escorrendo na corrente Que leva para a foz de um grande rio, Às vezes congelada, em outras, quente, No fundo, o mundo segue seu pavio.
Por tantas vezes ando descontente Porém a fantasia, eu sempre crio, Não posso caminhar indiferente, Mas tenho o coração dorido e frio.
Esgarço todo o tempo sem proveito, Olhando para o teto e do meu leito Espero a morte vir, de boca aberta.
Sem nada que me impeça, minha amiga, Velho redemoinho desabriga E a vida prosseguindo mais deserta...
918
A vida se faz doce para quem Sabe desfrutar cada segundo, E quando a fantasia chega e vem Dotar-se do querer denso e profundo.
Atando lua e sol, manhã em glória Etéreas maravilhas; já propõe E mesmo na alvorada merencória Cenário deslumbrante se compõe
Farnéis que abastecidos de emoção, Expressam a vitória inesquecível Inequívoca lua que em sertão Prateia este arrebol de forma incrível
Regalos delicados, favos, méis, Girando sol e lua, carrosséis...
919
A vida se faz mágica pra quem Viveu em liberdade intenso amor. Quem sabe de onde o sonho, cedo, vem Começa um novo tempo a recompor
Distante de outro tempo, sem ninguém Trazendo uma alegria ao seu dispor. Fazendo nosso mundo, bem mais zen Nos braços deste amor libertador.
Ao mesmo tempo a luz que nos atinge Em total mansidão nos acalanta. E um céu maravilhoso que se tinge
Nas cores dum arco íris trama a manta Na qual descubro o rumo de meus versos Vagando por espaços, universos....
920
A vida se fez maga e feiticeira Tornando-me feliz em teu remanso, Do amor que tanto quis, agora alcanço Razão para viver, mais verdadeira.
Tu és a minha eterna companheira, Contigo vou vivendo sem ter ranço Com coração sereno e sempre manso. A flecha de Cupido foi certeira...
Estarei sempre ao teu lado, amada minha, Em todos os momentos desta vida. Não quero e nem aceito despedida.
A sorte que eu quisera nunca vinha Até chegar teu canto em meus ouvidos Tomando firmemente meus sentidos...
921
A vida se mostrando um labirinto Tramada sobre as formas de um mistério. Pois do útero materno ao cemitério Vivemos tão somente por instinto.
Além do que procuro o que mais sinto Se mostra sob o céu, um mar etéreo Até que o golpe venha, enfim, funéreo Das cores do ambiente eu já me pinto.
Quem anda na total obscuridade Não sabe deste lume que virá Em forma de carinho ou crueldade
A sorte noutras plagas vingará Porém se tenho em vida uma amizade A paz tão redentora chegará...
922
A vida se passando como fosse Um vento que me toca mansamente, Revelo o quanto quero, de repente, Amar esta emoção que a vida trouxe.
Recebo o teu carinho, sempre doce, No abraço mais suave e calmamente Invade essa alegria corpo e mente, No sonho em que viver, cedo tornou-se.
Saber de uma amizade tão sincera, Que traz o renascer em primavera A quem já se perdera em sobressalto.
Quem tem o teu apoio sempre ganha, Em força soberana e luz tamanha Que faz o coração subir mais alto.
923
A vida se passando... eu... filial Destes temores que percebo em ti, Copo na mão; imaginei cristal Porém do vidro no final bebi.
Às vezes minto em solidão fatal Que finjo ter mesmo contendo aqui A falsa festa que se mostra a tal No fundo eu sou o que de amor perdi.
Sigo perdido procurando a lua Que se escondeu de mim, porém flutua Numa loucura que trará esgarce
Triste canção refletirá meu sonho, Tendo o passado em urzes, vil, medonho, Não creio em teu amor que quer disfarce.
924
A vida se passou sem conformismo Na luta interminável sem descanso, À beira de um gigante e negro abismo. Porém; agora eu vejo, nada alcanço Senão a dor terrível por batismo. Nem mesmo doce margem, ou remanso.
Angústias inundando em tempestade Sem chances de lutar ou de fugir. E tudo o que queria, nesta tarde, Um sol que assim pudesse refletir Que pelo menos traga qualidade À noite que, bem sei, irá surgir.
Um resto de esperança, uma amizade, Tramando em fim de túnel, claridade...
925
A vida se perdendo em desengano, Depois dos dias loucos que vieram, Mudando de repente qualquer plano, Os sonhos mais antigos refizeram
Meu passo em direção ao ser humano Além do que percebem ou esperam Caminho sem destino em mar temprano. Sozinhos, meus olhares desesperam.
As horas se passando sem ninguém Os medos sem limites sei que imperam Na noite que vazia sempre vem.
Porém depois de tudo tive a sorte De amores que em amores regeneram Mudando eternamente rumo e norte.
926
A vida se perdendo num momento, Distantes dos olhares que desejam Que mude num repente, o duro vento, E as sortes redentoras já porejam,
Singrando com volúpia o pensamento, Amores do passado inda trovejam. Cortando a minha pele, sofrimento Impede que outras sendas se prevejam
As horas aos amores consagradas, Perdidas, noutros dias, maltratadas... Vazio no meu peito vai reinando.
As andorinhas seguem migrações, Distantes deste olhar, arribações, Porém numa amizade irão voltando.
927
A vida se permite contemplá-la, E mesmo que isso seja tão normal, A sorte vai tomando toda a sala, O medo então procura este quintal.
A noite que sonhei, sendo de gala, O tempo vai tornando tudo igual, Quem sabe, sem remédio, já se cala, Tristeza preconiza o temporal.
Jazendo em qualquer canto, a fantasia, Não tendo mais quem doure, segue só. O amor que renasceu do mesmo pó,
Manhã tudo refaz, mas nunca cria. Semeias tempestade pelas ruas, E bêbada de luz, inda flutuas...
928
A vida se promete agora plena Embora o medo faça traquinagens A boca que se dá temores drena, Porém sonega às vezes as viagens.
Não tendo na verdade o que temer, Errático; eu persigo o tempo inteiro O insustentável peso do meu ser Na força deste amor mais verdadeiro.
Carências que descubro sem alarde Não deixam que eu te possa navegar. Um dia acordarei, não será tarde, Crisálida mudando devagar
Meu vôo em liberdade ainda vem Nos olhos e nos braços de meu bem...
929
A vida se promete em claro tom Pra quem se dá com força e com vontade. O tempo desejado, claro e bom, Talvez possa impedir cruel saudade.
O quanto ela se mostra qual raiz Que aos poucos vira praga no canteiro. Um novo sonho muda este matiz Permite muito além do corriqueiro
Um canto mais sublime que acalente O peito em que se deu a solidão. De toda esta esperança eu ando crente Estando do teu lado. Eu cevo o chão
Plantando a fantasia no meu peito, Espero na colheita, amor perfeito...
930
A vida se renasce em mil momentos, Portanto não se esqueça de sonhar. Deixando para trás velhos lamentos, As ondas justificam o deus-mar
Do fardo de viver, nosso proventos, Verdades absolutas? Deixa estar... Fantásticas lições dos excrementos Permitem que se possa cultivar...
Eterno refazer perpétuo moto Que incrusta uma esperança perolada, O meu olhar deveras teimo e boto
Entranham-se os desejos mesmo audazes. A sorte tantas vezes transmudada Conota a magnitude feita em fases...
931
A vida se renova nos lampejos De sonhos que traduzem as paixões, Reféns destes delírios dos desejos Perdemos sempre as nossas direções.
Quais barcos que seguindo sem timões Enfrentam temporais ledos, sobejos, Vagando sem destino em multidões, Os passos seguem trôpegos, andejos.
A mão que acaricia nos tortura, A noite solitária, sem notícias Ausência de carinho e de ternura
Imagens que nos rondam são fictícias Apaixonadamente esta procura, Promessa de encontrar podres delícias...
932
A vida se repete em alegrias Depois que conheci a liberdade Encanto se espalhando na cidade, Deixando para trás as noites frias.
Das mãos que se mostravam mais vazias Fartura transformando a realidade, Vivendo o que busquei, tranqüilidade Escuto as mais sublimes melodias
Vencendo os meus temores, vou contigo Sabendo de teu braço, amante e amigo, Não vejo em minha frente contratempo.
Minha cabeça erguida, o peito aberto, Contigo o meu caminho é sempre certo Assim pensava, amada, já faz tempo!
933
A vida se repete feito as ondas... Solidão, sofrimento são constantes... As mãos que se percebem como sondas, Nos deixam sensações mais delirantes...
As horas que passamos são redondas, Os dias que perdemos tarde ou antes... Parecem os sorrisos de Giocondas; Mistérios a rondar, estimulantes...
As ondas que te levam não me deixam. Na solidão persisto meus desmaios. Quem fora sempre rei, não tem lacaios.
Nunca mais saberei dos que se queixam; Nem tampouco me importa tuas queixas... Minhas rainhas d’hoje foram gueixas...
934
A vida se tornando assim, um saco Não tenho paciência, a vida é chata Palavra que busquei, agora ingrata Do amor que procurei, sequer um naco.
A porta não se abriu, restou buraco, Até o teu sorriso me maltrata A sorte que sonhei era “da lata” Procuro outra saída, mas me empaco.
Eu não suporto intrigas nem fofocas Mentiras descaradas: estou fora! Quem dera outro caminho, mas agora
Não quero patricinhas nem dondocas Apenas liberdade pra voar Buscando a minha paz noutro lugar!
935
A vida se tornando então amara Pra quem não descobriu o seu caminho, Seguindo pela estrada colhe espinho E torna a rosa assim sempre mais rara.
Sem ter um bem que cedo ampara, Um pássaro distante do seu ninho, Sofrendo ao procurar seguir sozinho Estrada que alegria iluminara.
Deixando o sofrimento tomar conta, A vida em emboscada cedo apronta Trazendo velhas dores, tantas levas.
Quem faz de uma ilusão a sua escora, Ao ver-se solitário já deplora Ficando como brinde só as trevas.
936
A vida se transforma a cada dia Em ventos, ventanias, temporais, Depois a mansidão em calmaria Bonança se promete em manso cais.
Não temas, pois as duras tempestades Nem nuvens que enegrecem nosso céu. Aos poucos se dissipam. Claridades Virão em toda a alvura deste véu.
Quem sabe destas urzes não as teme Pois sabem que são sempre passageiras. O mundo, num segundo, sempre treme, Quando emoções se mostram verdadeiras.
Não tema prosseguir nos mesmos passos, As dores só estreitam fortes laços...
937
A vida se transforma a cada queda Pousando no vazio do meu peito E sei do quanto quero e mesmo aceito E nisto a minha vida se envereda,
Ousando muito além enquanto seda Meu tempo noutro tempo dita o jeito Diverso de mostrar cada defeito Pagando em mesmo tom, mesma moeda.
A sorte se desenha de tal forma Que quanto mais audaz, tanto deforma O passo sem sentido ou direção
Audácias são comuns na mocidade, Depois somente o medo nos invade, Causado dentro em nós a hibernação.
938
A vida se transforma em duras lutas, As luas e desejos se despojam. Amores e cansaços desalojam As noites que se foram, frias, brutas...
Nos medos minha angústia, não refutas; Pois sabes que torturas não se forjam, Nas dores que, no peito, sempre alojam. Distâncias e saudades são astutas...
É minha culpa, tento ser sincero, Unicamente minha! Mas desejo Que neste nosso amor, que é manso e fero,
A vida não se torne uma mortalha, A noite que vivemos, nosso beijo, Na garra que demonstras cara Amália!
939
A vida se transforma em vis geleiras Nas galerias torpes dos caminhos Andamos entre dores costumeiras, Na busca por prazeres e carinhos.
Embalde nos perdemos sem bandeiras, E vamos tantas vezes mais sozinhos. As ilusões se tornam corriqueiras, As esperanças partem pr’outros ninhos...
Penhascos que enfrentamos, são imensos, Muitas vezes parece inalcançável O sonho de vivermos sem perigos.
Porém por tantas vezes nisso eu penso, O mundo enfim seria mais amável Se tivéssemos sempre bons amigos...
940
A vida se vislumbra calma e mansa Num acalanto breve e tão sereno. A paz em pleno amor assim se alcança Secando o que se fora vil veneno.
Estendo na varanda o teu sorriso, Sem ódios ou vinganças, mais unidos O quanto é necessário e sei preciso Desejos e carinhos concebidos.
Sem juras ou desvios das promessas Costuramos um dia mais feliz. No todo que eu te quero já confessas Amor que outrora fora por um triz.
Rasgando estas agendas do passado, O dia mais ameno, anunciado...
941
A vida segue em paz, sem alvoroço Banquete que se faz a cada dia, Amor é meu café, jantar e almoço Remoço-me nas mãos da poesia.
E crio em fantasia o mais perfeito Caminho aonde eu possa me entranhar Abrindo o coração exponho o peito E bebo cada gota do luar.
Argúcia em que se mostra a moça bela Revela o quanto amor se faz moleque No leque de prazeres, quero tê-la Por mais que com loucura assim se peque.
Explicações; não tenho e nem pergunto, Contigo a vida inteira, ficar junto...
942
A vida sem amor já se desgasta Aponta para o nada, muda o rumo. E tudo que em verdade quero e assumo Do mal quando desejo sempre afasta.
Rasgando a minha pele tal vergasta Dardeja enquanto busca algum aprumo, Esvai a fantasia feita em fumo, E o quase nem mais quero, não me basta.
Sem castas sem caçadas, sou o que Vivendo a minha vida sem porquê Não pude decifrar o que querias.
Quisera ser a fera que apascentas Em noites multicores, violentas, Ardência que sonega mãos tão frias...
943
A vida sem paixão, passa vazia... Amar além, lutar pelo desejo. Não temo mais a dura ventania Quando quero encontrar o que prevejo. Por mais que a noite surja só e fria, Não quero mais limites no que vejo. Rasgando meus temores, sei que um dia Terei o que mais quero, sem ter pejo. As marcas em meu corpo servirão De troféus conquistados em batalhas. Levando a minha vida com tesão Trarei o meu destino em minhas mãos, Mesmo no corte fundo das navalhas, Até se estes meus sonhos forem vãos...
944
A vida sem pomar ou framboesas, Canteiros entre as ervas mais daninhas, Pensei que num momento fossem minhas As mãos que entre meus dedos senti presas.
As águias mergulhando sobre presas, Vencido pelos medos. Desalinhas E enquanto, sempre em sonho, ainda vinhas, As vinhas se tomaram de incertezas.
Agora que não sinto medo e frio, Apenas vou vivendo e nada mais. O quanto em maravilhas quis o cais
Garrafas em naufrágios esvazio, E sigo feito um lobo solitário À espera do final: vão, necessário...
945
A vida sem seu braço esquece do deleite. Chorando, convulsivo, a madrugada fria... Minha esperança, breve, escapa.Fugidia... Quem dera se eu pudesse, atar-me, como enfeite,
Ao corpo da pantera. Espero que m’aceite Ao menos um segundo... O meu mundo teria O brilho d’uma lua. A vida sorriria... No braço que preciso, aguardo que me estreite!
A solidão atroz aguarda pelo encanto Da deusa que se esconde, em alvo e belo manto. Adormeço e não tenho a presença que espero...
Qual falena procuro o lume, mas não vem. Outra noite se passa; outra vez sem ninguém Rainha Nefertite: amor, desejo fero!
946
A vida sem te ter é quase o nada, Nas ânsias do prazer e da loucura, O amor que a gente quer, tanta fartura, Adentra sem limites, madrugada...
Dos raios desta lua emoldurada Nos céus aonde o sonho se procura, Ouvir do coração, pedido e jura, Erguendo contra a dor, tal paliçada.
Seguir sem ter rancores ou pudores, Vencer as intempéries que virão, Deixar à solidão, seus estertores,
Fazendo da esperança, o timoneiro, Que leva a mais perfeita atracação, Em meio às vis borrascas, meu saveiro...
947
A vida sem te ter, barco à deriva, Sem rumo e sem destino, morre em mar. Se a sorte dos teus olhos já me priva Não sei nem mais viver nem enxergar.
Tu és a minha flor que sempre viva Tenho tanto prazer de cultivar. A noite do teu lado, tão festiva, Trazendo todo o brilho do luar...
Eu sei que vou te amar eternamente Em cada novo dia, renascer. Amor que me tomando totalmente
É feito de carinho e de prazer. Amor que me tomando o coração, Mostrando que viver jamais é vão...
948
A vida sem valia, sem prazer Distante de quem quero para mim, O mundo se perdendo sem ter fim, Somente minha dor a florescer.
Cansado de lutar, sem perceber A solução de tudo, sigo assim, Sem cores e perfumes meu jardim, Não tenho mais as ganas de saber
Aonde se escondeu estrela rara Que trouxe para a vida, um claro brilho. Estrelas reluzindo, uma tiara,
Os passos vãos, perdidos, sem destino, Quem dera não tivesse este empecilho Talvez não conhecesse desatino...
949
A vida sem você não tem sentido, Eu quero poder ser o companheiro Que trama cada sonho dividido Dormindo do seu lado, por inteiro...
Eu quero seu perfume em meus lábios, Na doce maciez de sua boca. Os dedos conhecendo sendo sábios, Invadem sua pele, a voz mais rouca...
Eu quero ser o pássaro que voa Adentra nessas matas mais fechadas, O canto que em meu canto já ressoa, A mando dessas mãos por mim amadas...
Sabendo cada canto de seu colo, Penetra, mansamente no seu solo...
950
A vida sem você Jamais terá sentido. No amor que a gente crê Um sonho embevecido
Eu quero estar consigo, Estrela que me guia, Seu corpo é meu abrigo. O seu beijo vicia
Estar sempre ao seu lado, É ter felicidade. Meu peito enamorado Rompendo qualquer grade
Sem medos, vai aberto E encontra o rumo certo...
951
A vida sempre trouxe tanta dor, Embora em poucas lutas que venci Guardei essa esperança por aqui Sabendo que jamais verei a cor
Duma felicidade e seu calor. Por tanto que lutei sempre esqueci Que a noite quando chega traz em si O frio da saudade em seu vigor.
Mas nada me trará outro caminho. Meu mundo percorrer a pé, sozinho, E nada mudará a triste história...
Porém ao acordar nesta manhã, Ao ver essa menina, novo afã, Será que enfim, terei minha Vitória?
952
A vida sendo assim, carta marcada Nos jogos em que tantos dizem nada. Seguir com tal volúpia a velha estrada Há tempos destruída e destroçada.
A sorte muitas vezes malfadada, A guerra sem perdão, já declarada, A mão em plena ceva tão cansada Versando sobre a ausência, madrugada.
Mas tento descobrir em nova alçada A voz em esperança foi lançada Seguindo este degrau, subindo a escada
Encontra esta mulher que, desnudada Reinando sobre o sonho, enamorada Promessa de uma esplêndida alvorada...
953
A vida simplesmente me devora, Mas tomo noite e dia talagadas Desta aguardente imensa que, sem hora, Encontro neste bar, nas madrugadas. Amada a quem queria uma senhora, Se veste de ilusão, já vai embora...
Não quero mais ouvir as zombarias Que encontro a cada vez que assim suspiro. Os becos da saudade em noites frias Ouvindo pelas ruas como um tiro Que as mãos que me deixaram desferias No luto merencório do retiro...
Mas sabes da fumaça/coração Que o gosto desta vida: uma emoção...
954
“A vida só se dá pra quem se deu”, Já dizia um poeta magistral, Que em versos sempre foi fenomenal Dourando uma esperança, mata o breu.
Coitado de quem ama e se perdeu, Na busca de uma estrada desigual, Porém amor transmite-se ancestral E tem numa amizade o apogeu.
Não tema, minha amada, a dor se esconde Somente em desamor, não em amor. Um sonho que se faz encantador
Não deixa que esperança perca o bonde E pinta em fantasia e claridade, No enlace de um amor se é de verdade...
955
A vida traz surpresas, festa e dor. No teu aniversário, lembro bem, Na busca audaciosa por alguém Um simples navegante sonhador
À mais bela sereia quis propor, Sabendo que dos mares nada vem Voltando para o porto sem ninguém, Morrendo de saudades quis amor.
Vieste em sonho, bela mensageira Do encanto que se mostrar sem igual. A lua enamorada, feiticeira
Deitando tantos brilhos me falava Do encanto da mulher fenomenal, Que tão distante, aniversariava.
956
A vida turbulenta, as águas deste rio Que em louca tempestade espalham nas ribeiras. A chuva em enxurrada enchentes verdadeiras. Neste calor ardente, um terrível estio.
Saudade do teu colo, o coração é frio. Atrocidade louca, as dores costumeiras, Inverno contumaz sem vento e sem palmeiras. Da amara solidão, incrível, inda rio...
Se Deus já me esqueceu, não sintas, de mim, pena. A morte, sorridente, aproxima-se, acena. Não quero ser eterno, a dor será perene!
A cura não encontro o rio não se amansa. Na festa desta vida, eu me esqueci da dança. Quem sabe a despedida esteja em ti, Marlene?
957
A vida vai em paz, segue serena Nas tramas tão suaves deste sonho. Amor quando demais tanto envenena Embora trague um dia mais risonho. Palavra delicada e mais amena, Acalma um pesadelo tão bisonho.
Enfrento a tempestade e o furacão Teus olhos me servindo de farol, No quanto se mostrou em sedução O brilho deste amor, amigo sol. Vivendo a cada dia uma explosão, Eu sigo pela vida, girassol...
Catando cada rastro que deixaste Sabendo o quanto em mim, iluminaste.
958
A vida vai passando iluminada Deitando o corpo nu sobre meus braços. A carne em tua carne tatuada Atada por estreitos, firmes laços.
Perpétua sensação de ser alguém, Vivenciando a glória de poder Sentir a maravilha que hoje vem Cobrir a minha pele de prazer.
Espelha em teu sorriso, franco, aberto Certeza de quem sabe o que bem quer, Aguando em esperanças meu deserto Delírio feito em forma de mulher
Caminho te buscando a cada instante Estrela que surgiu, rara e brilhante...
959
A vida vai passando, num janeiro, O tempo transcorrendo uma agonia... O vento na janela, a melodia.. Amor que separei, já morre inteiro...
De todos os meus sonhos, o primeiro, De tantas maravilhas, fantasia... Na noite que se finda, eu não sabia, Amor se sacrifica, meu cordeiro...
Nos moldes de insensata natureza, Amor me trucidando, foi beleza, Agora imensamente, nega o véu...
Amor, subitamente, trouxe glória, Revendo a todo tempo, minha história, Amor que vai morrendo, vou ao léu...
960
A vida vai puxando o seu gatilho E faz tremer as bases de quem ama, Recebo ainda o fogo desta chama, Tentando destruir este empecilho.
Amor é qual cometa, um andarilho E vaga toda noite em minha cama, Aos poucos, na verdade já difama Enquanto não se inflama e muda o trilho.
Percebo em teus retratos na parede, Que ainda tenho sonho, e tenho sede Embora no final não reste nada.
A cada novo dia mais vazio, Usando a tempestade como fio A morte se fazendo anunciada.
961
A vida vai rodando sem parar, Nas rodas da fortuna te encontrei, Nas rodas das cirandas, no luar, Nas rondas das estrelas, mergulhei..
A vida vai girando, não se cansa, Girando meu amor não para mais, Os olhos revirando, em nossa dança Que dança, gira e roda, assim, demais...
Aroma deste amor que me delira Amando vou a Roma vou ao mar, Amor, quando demais, a vida gira , Amor que tanto quis me faz rodar...
A lua vai girando lá no céu Rondando sobre as ondas, um corcel!
962
A vida vai seguindo o seu caminho Embora muitas vezes maltratada, Ventura que se mostra na alvorada Compondo e recompondo o nosso ninho.
Não quero e não consigo andar sozinho, Assim me perderia nesta estrada Que faz de minha vida uma jornada Numa busca diuturna por carinho.
Vencida cada etapa sem temor, Vagando por teu corpo o meu destino. Quem fora, há tanto tempo peregrino
Encontra finalmente o seu amor. Permita que eu entoe esta canção Que é feita em belo acorde: coração!
963
A vida vem trazendo sem aviso A perfeição em forma de mulher, Um beijo sorrateiro roubo e biso Por ele topo tudo o que vier.
Quero a tua pele, a tua cor Revirando fronhas, travesseiros, Proponho sem limites, nosso amor, Em aconchego, toques, peles, cheiros...
Quero ficar até o fim do dia Conhecendo os caminhos, me perdendo Até que decorando a geografia, Aproves com louvor sem ter adendo.
Debaixo desta manga uma cartada Em plena calmaria, a trovoada...
964
A vida, milagrosa passageira, Surgindo por divina precisão, Nos olhos de quem ama, a verdadeira E única certeza de perdão.
A vida, dos primórdios, derradeira Esperança negando a solidão... És fiel e risonha companheira, Acompanha o bater do coração...
Nas sombras das saudades e das dores, Nos sentidos e várias tempestades, O palco onde perfazem os atores,
Planícies e planaltos das verdades, Deserto aonde moram os amores, Nos passos que percorres, liberdades!
965
À vista experiente nada escapa Nem mesmo alguns detalhes mais sutis. Enquanto a fantasia traz a capa
Sorriso sem sentido de uma atriz Que foge do passado, vem da Lapa E mostra em nova face a meretriz.
Vendida por dinheiro ou cocaína, Às vezes por maconha, crack ou ecstasy Nas Raves, nas boates, se alucina Mentiras que sonegam veros êxtases.
Nos motéis se apinhando prostitutas, Que fazem da ilusão suas verdades, As moças que se julgam mais astutas Mostrando quão são vãs felicidades...
966
A volta deste sonho, lua imensa, Sertaneja esperança que almejei Buscando em cada esquina a recompensa De todo grande amor com quem sonhei.
Espero que esta trova te convença, Te oferecendo o sonho que plantei Depois da noite em claro, dura e tensa, Agora nos teus braços, versos sei.
Ajoelhado aos pés desta rainha, Senhora dos meus dias, minha amada. Vencendo a longa estrada, se avizinha
Castelo em fortaleza, meu remanso. A voz do coração apaixonada, Pedindo no teu colo, amor, descanso...
967
A volta deste sonho em rara luz Permite tão somente a poesia E nisto o meu caminho se veria Além do que decerto ora traduz,
Aonde e de tal forma sempre pus O amor que na verdade tanto guia, A guisa do que fora fantasia Já nada mais comporta e nem produz.
Resolvo cada engodo de tal forma Enquanto a solidão já me deforma, Marcando com astúcia o pranto e o sonho,
E sei que depois disto mergulhando No mar que imaginara outrora brando, Agora se desenha em tom medonho.
968
A voz ainda ecoa no meu quarto, Dizendo do passado mais tristonho, Felicidade? Apenas mero sonho A morte prematura nega o parto.
E quando em ilusões eu me reparto, O mundo desejado; recomponho, Nas sendas mais distantes eu me enfronho Até que esteja manso, calmo e farto.
Mas nada do que dizes me interessa, Já tive nesta vida tanta pressa E agora a mansidão dita passada.
Do todo só restando um vago escombro, O sol já se escondeu sobre meu ombro E a noite permanece tão nublada...
969
A voz de um trovador já bem cansada Depois do duro inverno que passei, Apenas por teus olhos vai banhada A sorte em que distante mergulhei.
Não quero mais minha alma destroçada Na força da tempesta, pois já sei O gosto desta amarga derrocada Que tantas vezes, cego eu encontrei.
Permita que eu me cure destas chagas Nos braços deste amor feito alegria. Andando por temíveis, duras plagas
Encontro ao fim da vida a fantasia De ter amor sincero e transparente Mudando a minha rota, de repente.
970
A voz desta mulher pernambucana Ecoa no Brasil com força plena. A bela poesia toma a cena Imagem tão sublime e soberana.
Ouvindo tal beleza, Taciana Encontro a placidez, suave e amena, Que em tensa tempestade me serena Fazendo ainda crer na raça humana.
Perdoe minha amiga este soneto No qual em alegria me arremeto Ao sonho de teu mar, Boa Viagem.
Encontro no Recife a maravilha Que em versos tão sublimes a alma trilha Sabendo ter fantástica ancoragem...
971
A voz do meu passado não se cala E volta vem em quando a me dizer Que nada valeria sem prazer, O sonho que tivera ainda embala
Fugindo do terror, projétil ,bala, Quem dera se pudesse mesmo crer Que tudo vale a pena até viver Deixando esta agonia na ante-sala.
Marinas tão distantes, vejo montes Diversos encobrindo os horizontes, Além eu creio haver praias e areia;
Porém são movediças. Resta o frio, E em lúdica ilusão, eu fantasio; Da moça tão bonita, uma sereia.
972
A voz em manso canto me chamando Convida para a festa dos sentidos. Os dias calmamente vão passando Deixando o sofrimento em dias idos
Do quanto te desejo, desfrutando, Os sonhos se não vens, são desvalidos, Perceba quanto estou aqui te amando A tua voz chegando aos meus ouvidos...
Sou teu, tenha a certeza deste fato, Embora amor às vezes doa demais, Na bela doação eu me retrato
E teimo em te dizer do amor profundo Que invade em noite clara o nosso cais, Mudando, num repente o velho mundo...
973
A voz em manso canto me clamasse Além do que pudera noutro instante A vida de tal forma me agigante Vencendo o que pudera ser impasse.
E ainda que destarte se mostrasse O todo num momento, doravante O passo se desenha e degradante A sorte noutro rumo não se trace.
Esgoto a fantasia aonde eu pude Viver cada momento atroz e rude, Erguendo o meu olhar em nova senda,
E o pânico gerado em solidão, As horas noutro canto me trarão O quanto nossa vida em paz desvenda.
974
A voz que apascentando um sofredor Espalha estas benesses sobre nós. Enquanto ata com força os nossos nós, Permite um novo intento, encantador.
O quanto é necessário crer que amor Detendo a mão terrível e tão atroz Desde o riacho manso até a foz Expressa em nosso peito este fulgor
Que emana do sublime sentimento Tomando a nossa vida num momento, Trazendo paz a quem em penitência
Encontrando injustiças no caminho, Servido fartamente de carinho, Recebe a glória plena da clemência..
975
A voz que há tanto tempo não me alcança Ainda ressoando na memória, Convite descartado para a dança Danando de uma vez a minha história.
Um canto que permita a temperança Jogado pelos cantos, como escória, Minha alma revolvendo, merencória Apenas o vazio, passo trança.
Meu barco vai sem rumo, sempre ao léu, Estrelas que se foram do meu céu, Deixando a noite em trevas mais soturnas.
Adentro em ilusão, antigas furnas E nada se revela neste instante. Saudade mata a paz, beligerante...
976
A voz que já me chama para a vida Depois de tanto tempo adormecido Agora se aproxima. É tão querida, Que nela vejo o sonho refletido.
Por mais que a solidão cruel agrida, O peito exposto ao medo, ressentido, Refaço a minha força para a lida, No encanto deste bem, por Deus ungido.
Eu quero ter comigo esta presença Na chama mais audaz e mais airosa, Carinho, a mais sublime recompensa
E o vento benfazejo da esperança Que traz em teu perfume, minha rosa, O brilho incomparável que me alcança...
977
A voz que ora contenho na garganta Negando qualquer brado da emoção. Saber desta ilusão que desencanta, Matando desde sempre a floração.
As pontes destruídas, solidão... A noite sonegando clara manta, Da morte sinto aqui, a vibração, E o riso da esperança já me espanta.
Algozes de nós mesmos; tão errôneos, Colijo num segundo tais demônios E faço desta senda, o meu inferno.
Mefisto vem cobrar a sua prenda, Enquanto este segredo se desvenda, Nas mãos deste fantasma, enfim, me hiberno...
978
A voz que vem chegando aos meus ouvidos, Suave melodia em versos belos, Cultivando alegrias com rastelos Cevando sobre solos destruídos.
Trazendo em perfeição, cantos sortidos, Criando em fantasias os castelos Aonde a poesia, por sabê-los Adentra com seus passos decididos.
O som que perolado, reconstrói Diamantino sonho lapidado Encanto raras vezes encontrado.
Poeta magistral, de Niterói Teu canto chega intenso nas Gerais Acordes sem igual. Fenomenais...
PARA O GRANDE SONETISTA AMARGO. DE UM TROVADOR DAS GERAIS.
979
A voz tão poderosa destes ventos Por sobre fortes vagas do oceano; Demonstram este querer tão desumano Que forma em minha vida, meus lamentos.
Rugindo nos tufões mais violentos Um poderoso amor se mostra insano, Mudando de meu barco rumo e plano, Faz do cantar feliz, duros lamentos.
Calando no meu peito surdos gritos, Trazendo uma incerteza em agonia. Porém, por um momento, uma alegria,
Acalma estes tormentos tão aflitos E muda, num segundo, amansa as vagas; No instante em que me beijas e me afagas...
980
Abaixe então a luz e feche a porta... Assim ninguém virá nos impedir Que a sorte já lançada sempre aporta Naquele que aprendeu a repartir
Prazeres e desejos, gozos, gestos, Palavras e sussurros, os carinhos. Não quero ser somente vagos restos Abandonados, sujos. Descaminhos...
Eu sinto ser possível realizarmos Os sonhos e vontades que trazemos Além deste desejo, nos amarmos, E darmos tanto quanto recebemos.
Abaixe então a luz , venha comigo, No amor a que me entrego – o nosso abrigo...
981
Abandonando os sonhos sei que morro, Não deixo nem sequer uma saudade. Enquanto em fantasias me socorro, Permito ainda crer na claridade.
Estorvo da alegria, definhando, Deixando bem distante a juventude O peso do passado desabando Nas costas, corte fundo e amiúde.
Os cândidos amores que sonhava, Apenas um punhado de ilusões, Da paz que tanto quis somente a lava Que escorre das tristezas, meus vulcões...
As flores já murchando no jardim, A vida preconiza um ledo fim..
982
Abandonei meus olhos, minha amada, Bem em frente ao portão onde tu moras. Não vejo; neste mundo, quase nada, Preciso te encontrar e sem demoras...
Agora sem meus olhos, como faço? Tropeço meus caminhos, perco o rumo. De tanto que procuro, perco o traço, Será que sem meus olhos, acostumo?
Te peço meu amor, por caridade. Meus olhos sem teus olhos nada enxergam. Preciso retornar à claridade, Sem cores, meus amores já me cegam...
Eu quero me perder no teu olhar, Meus olhos; nos teus olhos, mergulhar...
983
Abandono meu corpo a tais delícias De beijos e carinho audacioso, Depois de conquistar tuas carícias, A noite se anuncia em total gozo.
Tranqüilas sensações de imenso amor, Deixando nossas peles tatuadas, Sem medo nem resquícios de pudor, As sendas se desnudam, decifradas...
Misturas dos fluidos que se faz Presente em nossas noites, pura entrega. Bem sabe quanto amor nos satisfaz Nos vinhos que tomamos, nossa adega.
E vamos par a par, sem mais perguntas, As almas se permitem andar juntas...
984
Abarcando o teu barco em noite fria Em peixes, calabares e sargaços Os aços penetrando quem devia Abrindo no meu peito seus espaços.
Confesso que talvez uma alegria Motiva a cada dia tantos passos, Mas veja, quem talvez não mais queria Deitar em minha cama, nos meus braços.
Aquela que regalo com cometas, Em língua percorrendo céu e boca. Os erros que te peço que cometas
São meros instrumentos do prazer. Sentindo que tu queres, quase louca, Começo cada canto revolver...
985
Abarco humanidades entre as mãos Talvez uma imprudência, mas que faço? Sonhando sermos todos quais irmãos Às vezes o meu verso perde o traço
Ingênuo, na verdade, um sonho casto; Porém que traz em si uma esperança De um dia não servir só de repasto A quem em súcias mãos traz aliança.
Fomento com total insanidade, Aquilo que aprendi; lição antiga, Que a gente só terá felicidade Em vida solidária e mais amiga...
Eu sinto ser somente uma utopia Porém, quem sabe... surja em raro dia...
986
Abarco o sentimento em que me tocas, Fazendo de meu verso um mensageiro Que busca essa alegria que retocas De modo mais gentil e alvissareiro. Com brilho e com ternura quando enfocas Amor que se faz tenro e verdadeiro.
Exponho com total delicadeza O sonho que também possuo eu, De ter em meu reinado tal princesa Dourando minha vida, pois sou teu. E quero que tu tenhas a certeza De que este amor decerto me envolveu
E trouxe para sempre a fantasia Marcada por sublime poesia...
987
Abarco os pensamentos de quem amo Levando para dentro do meu mar, Aonde ainda consiga navegar Buscando este caminho que hoje tramo.
Por vezes, tão saudoso, o nome eu chamo, Somente a solidão a me escutar. Numa esperança louca a me tocar, Em vão, por tantas vezes eu me inflamo.
E nada, sempre nada, eis a resposta. O barco procurando pela costa Encontra tão somente um ledo atol.
Espraio o meu desejo em tua praia, Quem sabe depois disso, venha e saia Mais forte e deslumbrante, um claro sol.
988
Abarco os sonhos todos se eu pudesse Secar a velha fonte das tristezas Legado que recebo sem defesas Sou presa ao suprimir ardor e prece.
No canto que me resta, se eu tecesse Além de simples marcas, dentes presas Veria as mãos dos medos, sempre presas Forjando um sentimento que obedece...
Não sei se isso seria salutar Mas tanto quanto quero quedo agora. Sem hora sem limite, sem luar.
Vencido pelos olhos que em promessa Vergando sob o sonho que me escora A sorte é que teu corpo, amor, regressa...
989
Abeberei-me mantras e cinzel, Nos espelhos reflexos perdidos... O canto que prometo, meu corcel, Postergo esses meus sonhos, mal vividos...
Nas contas que fizeste, teu cartel, Os olhas a beijar, destituídos Do brilho que flagraste amaro fel... Os prazos que forçaste estão vencidos...
Eu quero a transparência, camisola, Eu sondo por distâncias transponíveis, Amar não tem remédio nem escola...
Os beijos que farturas mais incríveis, Não me designam mortes nem pistola Quem sabe transporemos tantos níveis...
990
Abelha forja o mel do pólen delicado Que rouba desta flor em súbito revôo, Beleza deste fato, encantos tais ecôo Abelha qual Cupido, o pólen, o recado
Que a flor manda p’ra flor, um canto apaixonado! A dor do meu amor por certo te perdôo, Flor, colibri, abelha... Amor que eu abençôo! Do perfume da flor, o mel adocicado...
Pois Deus ao te encontrar, a filha mais amada. Por certo descobriu o brilho da alvorada, E mais do que depressa, o Deus se emocionou.
Da abelha e do seu mel, do pólen dessa flor. Do perfume à doçura,da doçura, ao amor... E Pamela, em doçura, esse Deus transformou...
991
“Abelha necessita de uma flor” Formando em simbiose uma esperança Uma orquídea ou bromélia já se trança Numa árvore qualquer a seu dispor.
Assim na sinergia a se compor A vida com certeza sempre alcança Sentido verdadeiro da esperança Num laço primitivo, faz-se amor.
Porém, cabendo ao homem perceber Por ser mais racional ou parecer, Que a vida em solidão não vale nada.
E o passo principal deve ser dado Na busca de bem mais que um aliado De um verdadeiro amigo em nossa estada...
992
Abelha produzindo farto mel Seduz um beija-flor, que sem cuidado, Sentindo o teu perfume adentra o céu, Bebendo cada gota, enamorado.
Descubro por debaixo deste véu O doce paraíso, um Eldorado, Cansado de viver sozinho, ao léu, Recebo de teu corpo este melado
Que faz com que eu vicie nesta abelha Que bela fantasia agora espelha O bem mais precioso que eu pedi
Durante a caminhada pela vida, Fartura de carinhos produzida Inebriando assim, o colibri...
993
Abelha quando pica dá bundada, Veneno insuportável no ferrão. Melhor eu te garanto, a melação Do que tomar da bicha uma picada.
Amor quando demais, não faz mal não, Um lavrador conhece a sua enxada, A moça que me olhou ressabiada Agora me namora no portão.
Depois pulo a janela, que festança! Quem sabe faz agora e não se cansa Enquanto abelha pousa aqui e ali.
Fazendo do bundão, sua defesa O mel pode deixar por sobremesa, Na mesa que sacia o colibri...
994
Abelha que precisa desta flor, A flor que necessita desta abelha, Amores que vivemos por amor, São flores que iluminam qual centelha!
Do pólen produzimos, sonhador! Das cores que vivemos, a vermelha! A chuva que refresca esse calor, Batendo, levemente em cada telha!!!
Te quero, tanto quanto te preciso. Não sei viver; somente sobrevivo Nas horas onde estou, de ti, distante!
Não vás, te necessito a cada instante.... Se fores, não terei sequer o siso! Prisioneiro da abelha, sou cativo!
995
Abelha se dedica a cada flor Pois sabe que no néctar, recompensa, Meu verso sempre tem do trovador A voz que vai macia; nunca tensa.
Eu quero teu perfume encantador Que é feito de ternura tão imensa, Deitando do teu lado o meu torpor Não segue nesta vida qualquer crença
Que mostre-me distância de quem amo, Pois toda esta beleza encontro ali, Por isso tantas vezes eu te chamo
Saudades tem da flor, o colibri Que encontra doce mel em belo ninho E assim, jamais caminha ou vai sozinho...
996
Abelha sendo um bicho bem safado Querendo outra bitoca do zangão, Olhando de mansinho pro meu lado Prepara com vontade o seu ferrão...
Olhando para a ponta do bundão Eu vejo que estarei logo ferrado, Depois de tanto mel, é gozação Pela traseira ser apunhalado.
Rainha dos meus sonhos, u’a abelha Deitando em minha cama faz a festa Enquanto bota fogo na floresta
Estrela solitária não espelha Vontade de um inseto sem juízo No ataque com firmeza mais preciso...
997
Abelhinha quem me dera, Ter teu mel em minha boca, Brilharia em primavera A paixão sedenta e louca.
Que já vem sem ter espera, Eu jamais dormi de touca, Quando amor, do amor se gera A saudade fica pouca.
Vou matando esta quimera, Abelhinha em tua toca, Mergulhando viro fera,
Quando amor ali se aloca. Na taboca ou na tapera, Mel no teu mar desemboca...
998
Abençoado o dia em que te vi! Andavas pelas ruas da cidade, Da bela e tão amada Mirai. O tempo inda corrói, resta saudade...
Estava passeando por ali Em férias, a buscar tranqüilidade. Neste mesmo momento percebi Um fascinante lume, claridade!
Estava transtornado pela dor, Dor que nunca pensei que minha. Juventude se ilude com amor.
Rimas pobres, meus versos juvenis, Andavam vagabundos, à tardinha... Giane, aquela tarde fala anis...
999
Abençoado o ventre em que se dá O sublime milagre da existência, Divina circunstância em que a potência Moldando uma esperança desde já
Permite novo tempo que virá Trazendo com o Pai a convivência Soneto em que total magnificência Eternamente em paz, renovará.
Beijar-te o colo amigo e redentor, Sentir o renovar-se da esperança Batendo o coração desta criança
Percebo a tradução do puro amor. Alcanço a glória plena num segundo Estendo as minhas mãos e abarco o mundo.
1000
Acossa-se esperança mais audaz E gera além do quanto pude outrora A sorte de tal forma hoje se ancora E nisto tão somente satisfaz.
Vencendo cada engodo sigo atrás Do quanto poderia e se demora Ousando dentro da alma o que se aflora Florada traduzida em rara paz.
O quanto pude ver em esperança E o dia noutro rumo sempre avança Moldando o mais sobejo rumo em nós,
E o vento se espalhando em primavera Apenas o meu mundo se tempera Deixando no passado o sonho atroz. [/size]
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