Talvez um vento ...

Data 29/08/2007 11:00:20 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Talvez um vento, uma serrana brisa, um veio de luz,
um som disperso a ondular o cabeço,
os cabelos dos astros,
as franjas das sombras da manhã nascente.

Abro os olhos ao rosto do silêncio,
cada hora mais fundo,
cada segundo mais denso.

Não sei se acordo ou se, neste instante, por fim adormeço …

Rebusco nas palavras, a tangibilidade acesa,
a fragrância muda de um vento norte que geme e vibra,
que é xilofone, que é violino,
que ondula a penugem da tua pele d’urtiga.

O cheiro do branco, da neve estendida,
o tapete perpétuo nas ruas do tempo…
do nosso tempo, amado!

… biliosas as águas dos rios, bravas as pétalas de rosas
e as dos malmequeres em forma breve d’ogivas.

Respigo o reverso do toque, da chama, na clarividência,
na ousadia da alma acicatada
do grito emerso do silêncio.

É branco o silêncio da noite esquecida,
o silenciamento do lastro, do barco que passa,
o casco olvidado, oculto e clandestino, quando as andorinhas
desenham estradas nas espuma das águas,
em fímbrias de palidez dourada.





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