Fala, Passarinho, Fala!

Data 23/11/2010 23:35:08 | Tópico: Poemas

Pousas, passarinho azulado,
Em meu castelo encantado,
Tragas o pó de tuas asas
E derrames sobre minha casa!

Tragas-me todas as notícias
Das terras tantas e longínquas;
Tragas boas novas para mim
Das terras distantes e sem fim!

Lá mora minha mulher amada
Numa torre gigante, enclausurada;
Chegaste até onde ela está?
Digas-me, passarinho, já?

Viste aqueles olhos pretos pequeninos,
Aquele resplandecente sorriso,
Que, qual sol, reflete esplendor?
Viste, passarinho, viste o meu amor?

Não demores! Imploro-te! Contes-me
Se já viste tamanha e rara beleza,
Obra-prima tecida pela natureza
Que a rosa, ao vê-la, se esconde?

Esconde de vergonha e de inveja
Pois meu amor é mais flor e bela,
É vitória-régia em azulada lagoa,
Lírio do rio transmutado em pessoa!

Passarinho por que choras?
Não me digas que ela foi embora
Que morro agora, nesse instante!
Que ela não me ama como antes...
Que tudo foi apenas vento refrigerante!...

Passarinho está turva a minha mente
Passarinho não “avoa”!
Passarinho por que te calas?

Um homem não morre só à bala...
Passarinho!... Passarinho!...
Falas, pois se calas, consentes!





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=162445