BOLAS DE SABÃO

Data 24/11/2010 22:52:36 | Tópico: Poemas

... AINDA SEM NOME...

Havia finalmente confessado os meus medos, as minhas vontades, o desejo ardente que me crepitava por dentro e por fora, sabia agora dos seus intentos e pisava terra firme no jogo do amor, afinal de contas a curiosidade de Pandora servirá de alguma coisa, depois de todos os males libertados, restou dentro da caixa a esperança, essa doidivanas a que me agarro duma forma zelosa e exemplar.
Não me sentia desmoralizado, muito pelo contrário, é bem mais simples saber-mos com o que podemos contar, do que andar às apalpadelas, caindo no ridículo ou ferindo susceptibilidades. Bastava-me o exímio facto de saber que ela existia, que estava a meu lado e que tudo podia acontecer.
Agarro-me demasiado a crenças, será? Mas que tempero terá a vida se não tivermos nada em que acreditar? Eu sempre acreditei nos sonhos, e persigo-os acerrimamente. Em criança, brincava com bolas de sabão, misturava todos os ingredientes nas proporções exactas(julgo eu) depois com um arame plastificado ou recozido, fazia manualmente a minha circunferencia e desenhava interminaveis bolas de sabão. Cada bola, era um sonho, um pedaço de felicidade que subia, descia e em segundos rebentava. Tentava inutilmente apanhá-las e mantê-las na palma das mãos, mas como areia fina escorriam, estoiravam, desapareciam, "pequenos instantes de felicidade", pensava eu, "nunca terei mais que isto".
Um dia descobri, que juntando bicabornato de sodio com vinagre num recipiente, conseguia formar dioxido de carbono e soprando as bolas para lá, elas se mantinham inertes, indestrutiveis,( pelo simples facto de o dioxido ser mais denso e soluvel que o ar), apenas oscilando em tamanho e posição, foi aí que percebi que afinal, existem sonhos possiveis e eternos momentos de felicidade, basta saber como guardar e preservar os tesouros que nos são colocados nas mãos.

Continua...


Peço desculpa pela ausencia, mas é por um bom motivo... em breve voltarei com mais frequência.



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