
DESEQUILÍBRIO
Data 02/10/2006 16:46:59 | Tópico: Poemas -> Amor
| Sentindo as unhas da solidão Olha a janela e não vê nada de novo A não ser alguns pingos de chuva Que, despretenciosos, Formas lágrimas hesitantes na vidraça. A espera é uma mão gigante que te cala.
Sem assumir postura alguma, Permanece vigiando como se tentasse descobrir Alguma demonstração de sim no não. Sua covardia lhe deu direito a esse medo E agora o que você fita, sem relógio, È o desconhecido, é o desassossego.
A saudade tingiu de cinza seus grandes olhos E como se fosse uma lenta gestação Você abriga a amargura delirante. Seu sonho eterno continua oculto. Seus gestos não traduzem nada. A lucidez que era incontestável Agora é uma amiga distante. Sua boca inquieta nada diz. Você ouve vozes. Como se fosse um gigantesco coral, Você ouve. Olha a janela tentando ver no mundo O essencial oculto em seu interior. Comprometida com o impasse, Sua maior ambição é cultivar seu lamento mudo, Seus desenganos disfarçados.
A grave psicose não te adormece. Dói mas não sofre Porque você não é mais a mesma. Está agora alheia aos resultados. Seu sentimento já não é réu primário, Já pecou sem remorso...
Você, emocionalmente vazia, Reduz a aceleração da rua, Das pessoas, das coisas. Quer, da janela, Espalhar seu desequilíbrio pelo mundo. O silêncio não é mais desprezo E sim amor eterno. Amor maior que o vazio, Amor que regenera os maus. Prova o beijo insosso Da vidraça fria...
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