
Abandona-se o quarto.
Data 29/11/2010 09:58:25 | Tópico: Poemas -> Amor
| Abandona-se o quarto. Distancia-se dos lençóis envoltos em abraços, sexo, ternuras, carícias e desejos de se dar. Um pingo de alma deposita-se com o sonho de depositar-se toda. Como queria chover-te torrencialmente em ti, despejar trovões de desejos completos de dar-me. Desfilar-me mais nu que o tirar da roupa pode desnudar.
Há Mascaras! Quantas mais tiro, mais descubro que algumas já não me lembravam que existiam. É tão difícil tirar essas! Quanto mais tempo as usamos mais colam-se a pele, fazendo de nós elas, pensado que elas também somos nós, Não somos! Só somos realmente uma coisa imutável e intangível chamada alma! E entre nós, no contar decrescente em procura de nós, vamos vendo mais claramente que: 35, 34, 32, 31, 30, 29, 28, 27, 26, 25, 24, 23, 22, 21 Faz-nos desejar 21, 20, 19, 18, 17, 16 Como quem ama eroticamente a primeira vez e: 15, 14, 13, 12, 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, 0 Como que deposita toda confiança nos braços que abraçam por nem saber o que é confiar. Pois confiar é nos depositarmos por completo em alguém! Mas o: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9, 11, 13, 16, 19, 21, 24, 28, 32… Vai fazendo com que tenhamos cada vez mais dificuldade de o fazer e…
Abandona-se o quarto. Distancia-se dos lençóis sem saber bem ao certo se voltaremos aos mesmos braços. Com a certeza que deixamos um pouco de nós. Levando um pouco de calor também. E desejando que esse pouco seja como semente. Que basta regar, adubar e cuidar que transforma-se em arvore
|
|