
MEUS SONETOS VOLUME 037
Data 30/11/2010 15:12:05 | Tópico: Sonetos
| 3601
Batuca no meu peito Um coração praiano Que acha-se em direito De ter em cada plano
Mansinho do seu jeito Amor tão soberano Que mostra, satisfeito Prazer sem desengano.
Batuca o coração Moleque mensageiro Brotando uma paixão
Um gosto alvissareiro Deitando uma emoção No nosso travesseiro...
3602
Batuca no meu peito uma saudade, Da tarde que pensei que nunca vinha; Eu tinha tal temor à claridade, Que toda essa saudade já foi minha.
Se aninha no meu peito uma vontade Da tarde que virás aqui sozinha, Uma avezinha canta em liberdade, Saudade que pensei que já não tinha.
Já se avizinha um canto de verdade, Mas arde uma saudade que se alinha, Na linha que traçamos, em tenra idade, Da eternidade amor meu engatinha.
Sozinha, sempre irás sentir vontade. De ser, somente minha, sem saudade...
3
Batuca o coração tamanho trem Que sobra tanto espaço não se cansa. Às vezes a saudade vai e vem, Mas chega num momento não me alcança.
Nascido de Mercúrio com Iansã Sou rápido e trovejo meu caminho. Renasço em minha luz toda manhã, Pior, nunca temi andar sozinho...
Bebendo a tempestade abrindo o peito Vou sempre sem sequer olhar prá trás. Na dor e na saudade já dei jeito, Agora vou caçando a santa paz...
Por isso minha amada me perdoa, O tempo que voei, tomado à toa...
4
Batuca sem parar esta saudade Que tanto me enlouquece e me domina, O amor que tantos sonhos extermina Mudando da ilusão tonalidade.
Atravessando um mar feito inverdade No cais mais distraído faz a mina, Promete à solidão vital chacina Abrindo o que restar de antiga grade.
Não vejo outras desditas pós festança. Tampouco uma alma livre morre e dança. Alcança num momento ondas eternas.
E visto sem pudor velhas mortalhas, Caminho ao Paraíso logo atalhas E as tristezas sombrias; tu invernas...
5
Batucando a saudade no meu peito Sem jeito com trejeitos mais vadios, Fingindo que este amor insatisfeito Nos une por estrelas, mãos e fios.
Agora que encontras contrafeito Vestido das mentiras perco os frios Olhares de quem nunca teve jeito, Tocando bem de leve tantos brios.
Saudade não me engana, vai embora, Amor que já se foi não voltará; A noite vem chegando e não demora
Percebe noutra boca um novo toque, Da lua que por certo, brilhará, Mesmo que seja amor ponta de estoque.
6
Batucando meu samba sem compasso, Vou vivendo sem passo e sem poema; O que demais que a vida nunca teima. É da morte, sentir medo e cagaço...
Sinto-me, tantas vezes, um palhaço; Perdido vagabundo sem ter lema; Não quero clara, quero ponto, um trema. Na fonte fiz, farei; mas nunca faço...
Na sordidez leal que tu me tinhas, Amor que era bem pouco, parcas linhas. Vestido tirolês: comenta leite...
Nem estou procurando quem me aceite Apenas quero o riso sem sarcasmo, E se sobrar algum, quero um orgasmo...
7
Bêbado da garapa desta boca Que tanto lambuzei com beijos meus. Vontade de gritar, a voz mais rouca, Meus olhos nos teus olhos, mais ateus..
Enquadro o belo rosto nos meus olhos, E vejo em tal beleza um espetáculo. São flores, primaveras, tantos molhos, Predisse ser feliz, um bom oráculo.
Se já tive improfícuas agonias Agora me sustento em teu amor. Nascemos de perfeitas harmonias, Em cada novo verso que compor.
Beijando tua boca mansamente, Ensolarando a vida, de repente...
8
Bêbado de saudade- quem diria – Vou fechando boteco após boteco. Noite raia, clareia um novo dia, Passos trocando, paro tonto e breco.
Lembrarei do conhaque, de uma orgia? Meus suores e lágrimas não seco. Confundindo verdade e fantasia. Percebo que inda estou com meu jaleco.
O meu nome estampado num crachá, Lembrei de que hoje estou de sobreaviso. Dane-se! Pois quem ama entenderá;
Rolando nas escadas, eu deslizo, Saudade maltratando desde já. Morrer agora é tudo o que eu preciso!
9
O amor entra pros olhos, vai pro peito direitinho. Amor embebeda a gente como cachaça com vinho. Bêbado dos teus olhos, louco amor Que toca e me alucina, me inebria; Trazendo a sensação deste torpor Que ao mesmo tempo dói em alegria. Amor que não permite recompor O mundo que, bem antes, eu vivia. Transgride, me domina e traz temor, Clareia e me promete novo dia. Amor, cachaça boa, embriagante; Que como o vinho sempre amadurece E torna nossa vida deslumbrante. Bebendo amor em taça de cristal, Mostra o valor imenso de uma prece Louvada neste templo sensual...
10
Bebendo a noite inteira sem parar Do quanto te desejo e nunca nego. Aos poucos vou chegando devagar Vagando sem limites, eu me entrego.
O tanto que eu sofri, nem me dou conta Asperges no meu corpo farto mel, Destino tantas vezes nos apronta, Permite a liberdade de um corcel
Nas asas deste Pégaso pressinto O amor chegando ao máximo, apogeu Na boca que se dá, divino absinto O quanto tanto és minha, já sou teu.
Na linha do horizonte, a tua face Sem nuvem nem tempestas que a embace...
11
Bebendo a poesia de Vinícius Em fartos goles, bêbado de luz O amor que é o maior de tantos vícios Enquanto me entorpece à paz conduz.
De todos os caminhos mais propícios Aquele que permite, em corpos nus Andar pelas beirais dos precipícios Vencendo as armadilhas, glória e cruz.
Sabia que virias cedo ou tarde, Por mais que o medo, algoz, inda retarde Após a madrugada, surge o sol
Aurora transbordante em cores várias Assiste ao debandar das procelárias E doura em alegrias, o arrebol...
12
Bebendo a poesia destes versos, Encontro o que busquei, inutilmente, Viver cada momento, de repente, Deixando para trás sonhos perversos.
Juntando os meus caquinhos que, dispersos, Esboçam o vazio, tolamente. Sentir esta alegria que se sente Singrando pensamentos mais diversos.
Arcando com meus erros, sou feliz, O amor ao confessar o que alma diz Permite a tão sublime liberdade.
Servindo ao propalado servidor, Vencendo em alegria qualquer dor, Eu encontrei enfim, felicidade...
13
Bebendo a solidão neste meu verso, Distante de mim mesmo, tão vazio... Num vago sentimento me disperso E vem a sensação de imenso frio... Cometa que vagueia no universo Sem nexo, perco o rumo; já me alio À negra sensação de ser diverso Do que sonhara um dia. Morto o estio Retorno, num momento para inverno Deixado há tanto tempo, no passado... A vida se transborda em vivo inferno Que corroendo a paz, transporta a sorte Bem longe do que quis. E desolado Caminho em solidão, buscando a morte... 14
Bebendo cada gole do licor Que emana de teu corpo,minha amada. O canto a se mostrar por onde for Avança enquanto a sorte em fúria brada.
Teu jeito tão sereno e sedutor Permite que eu vislumbre uma alvorada Risonha e divinal e em seu albor Amanhecer em paz ensolarada.
Falemos bem baixinho estes segredos Que são somente nossos. Na emoção Que toma os meus sentido, convulsão
Que encharque nossos lábios, nossos dedos Marcando com desejo e insensatez O amor que a noite inteira a gente fez...
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Bebendo cada gota do rocio Que espalhas nesta cama, deusa nua Enquanto em tal magia continua O passo mais sublime que hoje crio.
O coração vagando tão vadio Encontra esta beleza sob a lua, Teu brilho se espalhando pela rua Um templo em magnitude fantasio.
Eu quero repetir qual fora um vício Carícias em delírios, seios fartos, Na claridade imensa destes quartos
O amor nos carreando traz o ofício Divino e tão sacana de poder Hedônico caminho diz prazer...
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Bebendo com fartura deste mel Que espalhas num momento de prazer. Roubando cada estrela, ganho o céu Sentindo a tua boca a percorrer
Recônditos num gozo em carrossel Girando o tempo inteiro, bem querer, Devoras meus olhares; posso ver Tua nudez divina sob o véu.
A cada novo toque provocante Olhando para mim, convidativa A sílfide se entrega e num instante
Deixando para trás velhos marasmos, Encharcando os meus lábios de saliva Estremecendo em múltiplos orgasmos...
17
Bebendo da nascente, cada gota, Tomando tuas fontes para mim. A sede se sacia, a fome esgota
Na boca que me beija, carmesim, Ao mesmo tempo invado cada toca Do amor que vai intenso até o fim...
Os teus dentes, as unhas, firmes garras Cravadas no meu corpo, teus anzóis. Vou preso em tuas pernas qual amarras Sob esse brilho imenso, olhar quais sóis;
No curso deste rio inebriante Percorro tuas matas e magias... E morro em cachoeira a cada instante Nas ondas convulsivas que fazias...
18
Bebendo da saudade quase um rio, Depois de tanto tempo sem te ver. Viver sem teu amor é desafio, Mas tento, mesmo assim, sobreviver...
Falar do nosso amor é dolorido, Mas falo com meus versos mais felizes. Depois de quase tudo decidido, Amor sem ter amor; tantos deslizes...
Mas venho te pedir, quero perdão! Não sei de quê, mas mesmo assim te peço. Talvez inda me reste uma emoção, Desculpas sem motivos, te confesso.
Bebi da tal saudade, assim, demais, De tanto que bebi, não cabe mais...
19
Bebendo de teu corpo, meio e fim, No cálice divino multiforme Sabendo quanto quero sigo assim Desvendo sonho a cada novo informe.
Amor se performático permite Malabarismo enquanto arquitetura. O canto que me encanta sem limite Decora enquanto mira a partitura
Numa aquarela insana, nos mosaicos Em asteriscos riscos programados. Ariscos asteróides tão prosaicos Arcaicos sentimentos consagrados.
Sagrando, sangra sempre peles, lábios, Revendo anotações em alfarrábios
20
Bebendo de teu gozo em cada gota Ardendo de vontade e de tesão. Na fonte que não cessa e não se esgota, A chama mais intensa de um vulcão.
Colocar devagar, bem mansinho, Com toda esta volúpia de te ter, Aonde tu quiseres, meu benzinho, Desejo sem limites de foder
A xana tão sedenta deste falo Que quer em teu licor, embriaguez, Na louca cavalgada, neste embalo, Completa e deslavada insensatez.
Nos gozos alcançados porra e mel, Caminhos descobertos para o Céu...
21
Bebendo desta fonte eu quero mais Embora a moça esteja tão aflita, Os sonhos que se foram desiguais Ainda te mostrando tão bonita.
Eu quero tacar fogo no cenário, Deitar o que já fomos novamente, Tirando a velha roupa deste armário Cevar nosso jardim, plantar semente
Que brote em mesmo palco nova cena Na transparência audaz, rebolativa, A vida num vacilo se apequena Mantenha então a chama sempre viva
Vem logo na colheita que é só tua, De preferência chegue, agora e nua..
22
Bebendo desta fonte inesgotável Aonde a poesia faz morada, Por Deus a cada dia iluminada Tornando o Paraíso mais palpável.
Há tanto concebida; em sábio oráculo, Fazendo do porvir tão aprazível, O amor incomparável e invencível Vencendo sem temor, qualquer obstáculo.
Farturas de delícias sobre a mesa, Gerando em placidez a fortaleza Na qual nos protegemos e geramos
Fantásticos caminhos sob o sol, Servindo ao viajante de farol Expande sobre a terra fartos ramos.
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Bebendo desta fonte maviosa, Delícias e delírios: sou feliz. Manhã se apresentando radiosa. Meu canto te chamando sempre quis
O gozo desta vida fabulosa, Marcando com divina cicatriz Canteiro em que nasceu sublime rosa De todos os meus ritos, aprendiz.
A pele que te toca em noite imensa, Fadada a ter completa recompensa Recebe com doçura a ventania
Que chega de teus lábios, ocas, minas, Em forma tão perfeitas; femininas, Tu és o canto livre da alegria.
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Bebendo desta luz tão deslumbrante Que emanas quando passas na calçada, Teu corpo num requebro insinuante Convida para a festa anunciada
Decerto desde quando, num instante Sorriste para mim. Não trago nada Senão a minha lua que, distante Mantém a fantasia iluminada...
Não posso mais fugir desta verdade Eu quero estar contigo e nada mais. Amar sem ter limite à saciedade,
Vencendo os mais temíveis vendavais, O barco que se entrega em liberdade, Encontra finalmente em ti, seu cais...
25
Bebendo deste rio cristalino, Que é feito em amizade e, todo dia, Mostrando tanto amor, quase divino, Trazendo para a vida, uma harmonia, Na força deste canto, eu descortino Felicidade intensa em sintonia...
Vibrando no teu canto soberano, No qual a minha vida já se abriga, Um sentimento nobre e mais humano Permite que alegria eu já persiga, Deixando bem distante um desengano, Podendo, enfim, dizer: tenho uma amiga
Que faz a vida ser mais rutilante, Na perfeição sublime, um diamante...
26
Bebendo deste vinho, corpo imerso Em chamas e desejos deslumbrantes. Invado sem juízo este universo Que é feito em aguardente, por amantes
Que sabem quanto é duro, mau, perverso, Os dias que se vão sem os rompantes Dos sonhos e dos lábios. Neste verso Eu peço que tu venhas, adiantes
E trames em nudez delícia e gozo Mexendo com vontade e bem gostoso A libido aflorando em seios, pernas.
Garanto que terás mais do que pensas, Suores e salivas recompensas Em noites sem limites, pois eternas...
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Bebendo do lirismo em largos tragos Relembro de teus lábios, fonte imensa Do gozo que se dera em recompensa Em meio a tantos lúbricos afagos.
Um louco vendaval tomando os lagos De placidez outrora vã e tensa, Por mais que a solidão agora vença Os dias que vivemos foram magos.
Não pude então domar o frágil tempo Que traz em suas asas, contratempo E forra com espinhos minha cama.
Arcanjos, querubins, voando soltos Por sobre estes oceanos tão revoltos Apagam, pouco a pouco, a velha chama...
28
Bebendo docemente em tua boca O gosto da aguardente inebriante, Vontade de te ter ficando louca, Não deixe que se acabe um bom instante; Angústia vai morrendo de tão pouca A lua se tornando radiante, A voz vem num sussurro, quase rouca, Deitada em nossa cama, minha amante... Bebendo toda gota do desejo Que explode numa dança sensual, Amar não necessita ter traquejo É só deixar fluir... Que o bom já vem, Todo dia, o prazer é ritual, Bebendo e me inundando em nosso bem... 29
Bebendo em teu prazer, caminho e rumo Esqueço um pesadelo feito em vida; O quanto necessito e sempre assumo Expressa toda a sorte já perdida.
Além do que não posso, não mais temo Vencido pelos erros e besteiras. O barco soçobrando vai sem remo Encontra em tuas pernas as bandeiras.
O nada representa o que me resta, Mergulho em desespero no teu sexo, À angústia interminável já se empresta A vida sem razão, juízo ou nexo.
Desesperadamente eu te procuro, Rasgando cada céu em treva, escuro...
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Bebendo gota a gota à saciedade Eu quero o teu prazer, moça bonita Vasculho cada ponto em liberdade, A boca que me morde caça e frita
Agita no meu peito o paradeiro, Armado pelos dentes, a coragem Entrega-se em sentido verdadeiro Fazendo no teu corpo esta viagem.
Caçando o que eu queria na nudez Deitando neste sol o meu fervor. A graça tresloucando a lucidez Sacia todo o vício, furta a cor.
Suores encharcando o nosso leito, Traduzem nosso amor, mais que perfeito... Marcos Loures
31
Bebendo gozos antes tão dispersos Encontro o que mais quis em minha vida, Espelhos que prometem universos Deixando a porta aberta na saída. Não quero os arremedos mais perversos Nem mesmo as cotas todas divididas.
O ramo do arvoredo da esperança Em novas alianças vira mata. Na louca sensação do quanto avança A vida que em leilões tudo arremata. Cascatas redivivas, luz alcança Nem mesmo uma saudade me maltrata.
Eu quero o teu carinho e não discuto, O amor é sem juízo, audaz e astuto...
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Bebendo nesta boca o doce mel Que traz uma fartura feita em gozo, O tempo de viver é caprichoso E às vezes nos parece mais cruel.
Sentindo esta vontade em fogaréu, No mar que se faz farto e melindroso De uma tranqüilidade sou esposo Galgando em tua pele ascendo ao céu.
A vida prosseguindo assim, suave Não tendo mais tristeza que me entrave Embarco nos teus sonhos de menina
Castelos que criamos. Fantasias, E um mundo todo pleno em alegrias, Felicidade imensa descortina.
33
Bebendo o bom licor do sentimento Eu tento ser mais tenro até me acalmo, Dos salmos que ora entoas, meu provento, Inferno em céu nublado resta calmo.
Amor obnibilando o que inda existe Da bílis que domara em amargura Tomando em fel a vida, cega e triste Espúria violação, fria tortura.
Mendigo da esperança; fui à foz Dos sonhos que bendigo, mas não toco, Persisto neste intento, aumento a voz E quero perceber amor in loco.
Loquaz soltando a esmo, verso e fala, A paz do amor inflama quarto e sala...
34
Bebendo o puro mel de tua boca Adoço a minha vida, tão amara. Na sensação divina e quase louca O tempo sem juízo nunca pára.
A febre que me toma me translouca E deixa a sorte ser deveras cara, Quem teve uma esperança, tíbia e pouca Já sabe traduzir beleza rara
Na pele da morena maviosa Que é feita em tal perfume que me encanta, Eu colibri pousando sobre a rosa,
Beijando em profusão com fome tanta, Vem logo- espero aqui- voluptuosa Vê se esta solidão o amor espanta...
35
Bebendo os erros todos do passado Serei capaz talvez de refazer O que busquei em vão já me faz crer Que o dia não será iluminado.
Matando o que pensara estar errado Também deixei de lado o meu prazer. No barco, o meu naufrágio passo a ver Na tempestade seguirei calado.
Coragem que se faz tão necessária Metáforas em vida temerária Macabra decisão de prosseguir.
Vingança do que tive no porvir Prevendo o que virá; fardo cruel Das nuvens escondendo o que há no céu...
36
Bebendo todo o mel de tua boca Um cálice perfeito é necessário. A fúria do desejo já me toca E traz todo este brilho temerário. Vasculho do teu rio cada loca, E a boca procurando itinerário Encontra esta delícia em tua toca Prazer tanto voraz quanto mais vário, Saliva se mistura com orvalho, E escorre pelas matas pernas, dentes, Numa loucura intensa, em ato falho, Percebo que desmaias nos meus braços, Os passos mais audazes, indecentes, Abertos os caminhos, e os compassos...
37
Beber de tua boca cada gota Do fel que tu destilas, mas eu te amo! A poda que se dá não poupa um ramo, A vida que maltrata me amarrota.
O barco que se perde desta frota Mergulha num abismo, não reclamo, E mesmo quando em versos eu te chamo, Eu quero muito além da minha cota.
Sem píncaros ou glória, picadeiros Expostos no sorriso que me impele À ter saciedade em tua pele,
Cegado pelo brilho dos luzeiros Que trazes em teu rosto tão suave Embora a fantasia seja entrave...
38
Beber deste licor maravilhoso Que encontro no teu corpo, minha amada, Prevejo um dia calmo em pleno gozo, Depois de tão sublime madrugada.
Sentir o teu perfume extasiante Tomando todo o quarto noite afora, Até que o orgasmo chegue, fascinante, Prazer que me conquista e revigora
Espasmos latejantes, fogo imenso, Delírios que recebo da fortuna. Enquanto em nosso amor, querida penso,
Eu vejo tão possível ser feliz, Vivendo esta explosão feita em ternura, Encontro finalmente o amor que eu quis...
39
Beber do meu cadáver, podridão, Carcaça que se espalha nas veredas. Por mais que algumas vezes me concedas Momentos de carinhos: ilusão!
Lambendo as tuas pernas, pobre cão, Mal sabe das palavras vãs e ledas. De uma esperança teima em alamedas, Porém jamais terá satisfação.
Enquanto tu sorris das desventuras De um tolo que se vende por ternuras, Eu sinto quão sou frágil e imbecil.
Um dia ainda terei alguma chance Que traga muito além deste nuance, Que amor, há tantos anos impediu...
40
Beber em tua boca este licor Que tanto me inebria e me conquista, Saber das armadilhas de um amor, Mantendo a lucidez; é ser artista.
Não quero ser somente um bom ator, Tampouco guerrilheiro ou ativista, Por isso, meu amor, esqueça a dor, Quem ama da esperança não se dista...
Pereço em cada dia que não vens, Ausência dominando a fantasia. Eu sei que isto parece teimosia
Estás dentro de mim, tens os meus gens. O pensamento vaga e rodopia, No girassol que o amor, em luzes cria...
41
Beber todo este mel de tua boca, Numa aventura insana, amor perfeito, deitar-te do meu lado, no meu leito, deixando-te por certo, quase louca.
No doce de teu corpo, tanto gozo, Orgástica loucura nos invade, Debruço em plena fúria esta vontade, Do amor que a gente faz, sempre gostoso.
De teu néctar provar, sorver inteiro, Depois nos permitir lubricidades, Assim a devorar, felicidades,
Deitados sobre o mesmo travesseiro, A cama se ilumina, tantos sóis, No chão vão espalhados, os lençóis...
42
Bebera destas águas poluídas Aonde o bonde perde a direção Se eu sangro pelos poros, nossas vidas Não servem para nada, sem razão.
Aceito assim, as tuas despedidas E nelas vejo uma auto-afirmação, Se as almas facilmente são vendidas, A tua não merece nem porão.
Porão meus olhos noutras serventias E delas com certeza em novos dias Eu tenho uma esperança que não cessa
De ser além do quanto se confessa Enquanto a ladainha recomeça, Fazendo das verdades, fantasias...
43
Bebericando a sorte em cada fonte, Desenhos entrelaçam várias telas E quando este desejo tu revelas Amplias sem saber, meu horizonte.
Bem antes que a tristeza já desponte Obscuridade toma tais estrelas, Inútil tentativa; quero vê-las Detrás da cordilheira, em cada monte.
Não posso mais falar dos meus anseios Distante da beleza de teus seios, Os veios que perdi sonegam fozes.
O amor que tantas vezes não me escuta Protela inevitável e frágil luta. Ausências de esperança, vãos algozes...
44
Bebi em tua boca O doce deste mel, A voz ficando rouca, Amor em carrossel
A sorte que era pouca Cumprindo o seu papel, Deixando a vida louca, Trazendo enfim, o céu.
Bebi desta doçura Sabor maravilhoso, Amor se fez ternura,
Mostrando o fino gozo Em toda esta procura, Um mundo fabuloso...
45
Bebo o medo que me trazes Inebria-me este fato De saber que tantas fazes Que sonegas o contrato.
Sendo assim, em novas fases O teu canto não maltrato, Se na vida busco as bases Num ressalto quebro o prato
E sem ter como fugir, Sem sonhar e sem pedir Nada pode me impedir
Nem tampouco irei seguir Esta estrela que há de vir Novamente a refulgir...
46
Begônias e crisântemos, jasmins, As rosas esquecidas, violetas. Os dias que mataram meus jardins Da sorte, eu me perdi em tais roletas.
Os meios tão diversos, mesmos fins, Dos restos do que fomos, tu coletas; Sentidos e serpentes são afins E os boletins da vida, assim, completas
Repleto do que empresto sem guarida, Sabendo que ao final não restará Nem mesmo algum resquício do que fomos.
Da cripta dos meus sonhos, a partida, É tudo o que mereço e desde já Eu como da ilusão seus podres gomos...
47
Beija flor no meu quintal Ensinando uma lição No seu beijo sensual Tantos goles de emoção.
Minha roupa no varal, Meu amor no coração, Quando vem o temporal, Eis formada a confusão
Na paixão eu me perdi, Nos teus braços me encontrei, Tanto amor quero de ti,
Entorpece o pensamento, Muito aquém do que sonhei, Sem remédios: sofrimento.
48
Beijando a boca aberta escancarada Pronta pro sorriso e pra mentira, Da língua penetrante à cusparada, Palavra mansa, ofensa já me atira.
Por mais que me pareça desfraldada Bandeira vai se ardendo até que a pira Desfaça a nossa história em simples nada. O tempo nunca pára e a vida gira.
Mas tenho uma senzala dentro em mim, Guardada por açoites e carícias. Sangrando com punhais podres delícias
Sevícias e torturas. Carmesim A cor dos lábios quentes da morena Que sangra com volúpia e me envenena...
49
Beijando ao mesmo tempo me assassinas Com pérfido sorriso, tão medonha. Mal sabes, sendo assim tu me fascinas Na sensação estranha e tão bisonha Contaminando assim belas boninas Na fétida alegria que me enfronha.
De todas as surpresas, fatigado, Encaro estas estradas mais poentas. Maldigo a cada instante este meu Fado Buscando outras histórias bolorentas Que tirem minha vida deste enfado Das luzes e penumbras violentas.
O solo movediço em que, assim, piso, Servindo como alerta, como aviso...
50
Beijando de mansinho A boca carmesim, Adeus ao burburinho, Te quero só pra mim.
Quem sabe de um ancinho Cultiva o seu jardim, Nas mãos tanto carinho, Dizendo por que vim.
Não ligo pro vizinho, Que regue o seu capim. Florindo o meu caminho
Com rosa e com jasmim, Preparo o nosso ninho, Lençóis: seda e cetim...
51
Beijando o belo corpo devagar, Nesta brônzea escultura divinal A noite inteira até me saciar Nesta loucura amável, sensual, Tocando cada raio do luar Com mãos e com meus lábios... Sem igual...
A sede que se mata em cada gosto, A fome que se aplaca extasiante. Meu corpo no teu corpo sobreposto Num quadro mais sutil e deslumbrante. Todo o prazer que estampas em teu rosto Me torna mais feliz, amor garante...
Tu sabes deste sonho que alimento, Vibrar junto contigo, num momento...
52
Beijando tua boca assim batuca O coração em desvairado tom. Saudade de te ter tanto machuca Trazendo para a vida o que há de bom.
Teu beijo já roçando a minha nuca, É fogo que incendeia, um doce dom, Na boca desairosa e tão maluca, O gosto anunciado de um bombom.
Vem logo que a saudade faz estrago, Não cabe no meu peito em explosão. Deitando em minha cama, amor eu trago
Fazendo sempre assim, revolução. Pois saiba, meu amor, minha querida, Coração se alimenta em teu afago...
53
Beijando tua boca mansamente Percebo o tanto quanto que te quero. Me esmero em te buscar, tão de repente, Ao mesmo tempo em que me desespero.
São feros os desejos que me tomam. Se somam aos delírios que já tive. Retive nas retinas os que tomam Prazeres onde amores sobrevivem.
Beijando tua boca vou sorvendo As trágicas saudades que te danam. Aos poucos, sem temer, vou me envolvendo Nas tramas que trouxeste e que me enganam...
Amada teu perfume me embriaga Semeia teu prazer quando me afaga...
54
Beijando uma esperança, por enquanto Eu vejo ainda um dia mais feliz. Delito da ilusão, o amor me diz Que tudo valeria; No entretanto
O riso se transforma em dor e pranto, Deixando a gigantesca cicatriz. Dantesca realidade, por um triz Calando do poeta voz e canto...
Mergulho no passado, um imbecil Que a estrela derradeira imaginou, Cadente meteoro; amor previu
Legando este silêncio que transtorna... A solidão que aos poucos se entranhou A estrada em desalento; vem e adorna...
55
Beijando-te tão mansa e levemente Qual brisa te roçando pouco a pouco, Vontade de sentir tão plenamente, A mente vai rodando, fico louco...
Eu sinto a suavidade deste vento Que excita e que anuncia novo jogo. Em plena fantasia, o sentimento, Ardente já me abrasa e vira fogo...
Percebo tuas mãos me percorrendo, Numa velocidade lenta e provocante, Aos poucos me entregando vou cedendo, E deixo-me levar no mesmo instante...
Rolamos as cascatas, mesmo rio, O vento no pescoço... Cadê frio?
56
Beijar a tua boca docemente, Deitando-te em meu colo, com carinho, Beber da vida a glória feita em vinho, No porto, ancoradouro em que se sente
A vida bem melhor e totalmente Entregue à boa sorte no caminho, Vencendo os empecilhos, de mansinho, Poder estar contigo e ser contente.
Não temo as tempestades, pois bonança Encontro nos teus braços, minha amada, Em ondas que se entregam à alva areia.
Nos passos deste amor, toda a fiança Com uma ternura imensa sempre é dada, Numa ilusão divina, devaneia...
57
Beijar a tua boca sem ter pressa Fazendo do carinho uma viagem Que enquanto o peito em festa já se apressa Eu posso vislumbrar tal paisagem
Amor quando demais sonhos confessa E diz em cada noite nova aragem, Cometa que partindo em paz regressa E traz na sua cauda esta visagem
De um brilho que sem par recende à lua. A estrela me devora clara e nua Roçando nossas peles não se cansa
E bebe com prazer cada segundo, No velho coração tão vagabundo Renasce a cada beijo uma esperança...
58
Beijar a tua boca, a mais sedenta delas, Eu sei que ficas rouca ao gritar palavrões No quanto que me dás, assim já me revelas O quanto se consegue em doces tentações.
Não quero mais repúdio e nem tampouco velas Acenda esta fornalha e veja aos borbotões Chegando na umidade aonde as tramas selas Selando lado a lado o gozo das paixões...
Na parte que me cabe enteso minha armada, Na parte que te cabe as ancas e os quadris Mexendo sem descanso a ponte está molhada
E quer uma avalanche em lanches e jantares. Estrelas vão passando. Estou bem mais feliz, Voando deste jeito eu já verei Antares...
59
Beijar tua nudez tão sensual, Carinhos e vontades que viciam, Momentos que delírios propiciam O amor que nos domina, sem igual.
Motivos que encontramos para termos Um dia mais feliz, noites imersas Em luas multicores e diversas Tornando os meus temores bem mais ermos.
Servindo a quem domina e nos cativa, De nada a sensação sublime priva Tramando um raro brilho em cada olhar.
Saber quanto é possível crer num Deus Que torna mais distante o frio adeus E ensina como é bom poder amar...
60
Beijar-te calmamente o corpo inteiro, Sentindo o teu desejo se aflorando Bebendo o teu perfume, aroma e cheiro, E aos poucos, mansamente, desnudando
Tocando tal nudez com lábio audaz, Roçando a tua pele com a minha, Rodando em carrossel, a noite traz Vontade que em meu corpo já se aninha
De ter o teu prazer bem junto ao meu. No momento sublime em que sabemos Da glória imensa- amor- que nos venceu. Na alegria sincera onde bebemos
Salivas e delícias misturadas, Rompendo sem juízo as madrugadas...
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Beijo na boca, sempre é tão gostoso Ainda mais querida, quando dado Com todo este carinho bem guardado, Fazendo-me ficar bem orgulhoso.
Teu corpo sedutor, assim cheiroso, Por flores deste campo, perfumado. Eu tinha tantas dores no passado, Agora do teu lado, tão vaidoso...
Vem logo que a saudade não espera, Vontade de te ter sempre comigo, Renascendo a divina primavera
Num passo bem mais forte em que prossigo, Seguindo para os pampas, para o Sul, Debaixo deste céu, em limpo azul...
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Beijos de amor! Delícias e prazer! Caladas, nossas bocas já se entendem E sem palavras, sempre compreendem O que se quer falar sem se dizer.
Não há nesse universo, quero crer, Quem fogueiras do amor, melhor acendem Que lábios desejosos que se estendem E fazem, da saliva, fogo arder.
Se mansos, nos permitem calmaria, Paz e tranqüilidade, um belo dia. Nos trazem os perfumes, tantas flores...
Porém já nos devoram, quando ardentes, Invadem, se misturam línguas dentes, Vorazes, Como um circo dos horrores!
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Beirando estrelas sigo em noite clara, Colhendo a mansa aragem que deixaste Imensa claridade que, em contraste, O amor que nos exalta já declara.
Na diamantina senda que perlara O sonho inestimável que embrenhaste, Por mais que a vida seja amara Amarra bem mais forte, edificaste.
Os astros nos convidam para a dança Que marca com carícias a esperança, Sobeja maravilha que permite
O encanto sem igual de uma alvorada Em meio à farta luz já decorada Além de qualquer lume, sem limite...
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Beirando o suicídio, sem resposta, Beijando a boca amarga do vazio O sonho para sempre agora adio Celebro o meu final, a mesa posta...
Não quero mais a vida tão exposta Jogada pelos cantos; se vadio Eu tento imaginar calor e frio, E a velha vestimenta recomposta.
No altar dos meus enganos, candelabros Acendem velas torpes, descalabros, Abrindo o coração, nada mais trago
Senões que o tempo trama a cada não, Farturas de mentiras na explosão Da dor que em solidão faz seu afago...
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Bela cigana em sonhos já flutua... Deitada em uma praia quis, um dia Amor que se mostrasse em fantasia E que a tomasse inteira, plena e nua.
Amorenado sonho continua Derrama sobre a moça a poesia, Na mágica emoção se traduzia O sonho em que esta história continua...
Depois de certo tempo esta cigana Trazendo em gravidez, o resultado Desta paixão divina e soberana
Que sem limites, chegando incendeia, Liberta pelo astral enamorado; Pariu em noite imensa a lua cheia...
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Bela como uma alvorada, Uma aurora boreal A imagem tão sonhada Desfilando triunfal,
O passado não diz nada, Minha musa divinal Percorrer a mansa estrada, Nosso amor, um ritual
Onde encontro finalmente O que tantas vezes quis, Um amor que me apascente
E me faça mais feliz, Ter a mão que mansamente Nega ao céu qualquer tom gris...
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Belas ninfas se banhando Libélulas a voar As ninfeáceas moldando Neste lago especular...
Nenúfares vão brotando, Uma beleza a vagar... Opiáceos delirando Um belo encanto, cantar...
Nas cores desta lagoa, A vida refaz santidade... Minha esperança é riqueza
Nas asas da borboleta, Banhada na claridade Grávida de tal beleza...
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Beleza assim igual, eu nunca vi, Estrela que me guia sobre mares Distantes emoções vivendo em ti Além do que permitem os luares.
Marés que se transformam todo dia, Nas praias, nas areias caracóis, Cabelos entranhados de magia, Estendem alegrias, raros sóis.
A par desta vontade que nos toma, Meu verso se tornando mais sutil, Querendo no teu corpo, bela soma, O que o passado em trevas impediu.
Encontro fartas bênçãos nesta vida Sabendo da colheita prometida.
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Beleza não põe mesa meu amor, Mas ajuda querida a ser feliz. Um rosto ao bonito e sedutor É nessa vida inteira o que eu mais quis.
Sorriso tão suave e tentador Da moça que se fez tão bela atriz Tu sabes, tem por certo o seu valor. Beleza quero sempre e peço bis.
No fundo, um coração também ajuda Uma pessoa boa tem encantos. Uma alma que na dor já nos acuda
Merece nosso amor, nossa amizade. Matizes de beleza, tantos, tantos... Cada ser tem a sua claridade...
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Beleza que em teus olhos encontrei, Qual plêiade, este olhar, toma o cenário. Expressas neste intenso lampadário Aquilo que, deveras, desejei.
Ser teu e ter o quanto desejei, Encanto sem igual, delírio vário, Felicidade é um bem tão necessário Por ela, tantas vezes eu lutei.
E agora que te encontro em noite clara, O gozo deste sonho já me ampara E deixa bem mais livre a caminhada.
Qual fosse um candelabro num altar, Com seu facho de luz a iluminar, Um farol dominando toda a estrada...
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Beleza que encontrei com tal prazer Nos olhos da mulher que sempre quis. Sabendo que depois irei sofrer, Mas vale, por instantes, ser feliz.
Eu quero a maciez deste teu rosto, Envolto nos meus lábios sem juízo. Meu coração aberto, vai exposto, Querendo te buscar, meu paraíso...
Não posso te pedir que tu me queiras, Da forma que te adoro, assim, sem fim... Amor; irei vagando tantas beiras, Sabendo que acharei dentro de mim.
Eu amo esta mulher que está distante E tão próxima, viva e delirante!
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Beleza que traduz pré sentimento E faz de sua dona a nova escrava. Deveras do sofrer é bom tormento, É vulcão que derrama tanta lava.
Não faça do que é belo teu porvir, Verás que nada vem e sabes disso. Portanto nada tenho a te pedir, Nem quero converter em compromisso.
Amada se afagamos nosso egos, Vivendo por demais sem ter motivo, Prendemos a nossa alma em podres pregos, Em sonho por demais, sem gozo, altivo...
Amar é ser feliz no paraíso, Porém esqueça o lago, vê Narciso!
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Beleza sem igual se descortina. Fazendo reboliço em minha mente, Não tendo na verdade uma semente Não posso mais plantar, eis minha sina.
O quanto que se quer quem extermina O vergalhão penetra de repente E corta o pé mais frágil, nada sente Quem tem estupidez como cortina.
Assim não adiantam mais palavras Esqueces o que fiz de antigas lavras, Escorre em tua boca um doce pus.
Desconhecendo um gesto de amizade, Ignoras com total sinceridade, De todo sonho, o bem que eu te propus.
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Beleza tão sutil e delicada Caminha pelo reino dos meus sonhos... Morando nos castelos mais risonhos, A mão que acaricia, mão de fada...
Vestida em maviosa madrugada A lua proibiu mares tristonhos Desertos dos amores, mais medonhos Nunca mais virão, minha adorada!
O canto da sereia que me ilude Na voz dessa princesa traz saúde... Toda a dor desse mundo ela antepara
Com seu sorriso manso e desejado. O meu mundo será sempre encantado Enquanto estás aqui, princesa Sara!
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Belezas que em delícias já se tecem, Demonstração de que na vida existe Momentos em que embora esteja triste As esperanças e as paixões aquecem
Nos erros cometidos que se esquecem A força de um amor, firme, resiste As emoções que em calma coligiste Nas manhas deste amor depressa crescem.
Mergulho no teu corpo minhas sanhas Brilho solar por sobre mil montanhas Deitando no horizonte nossos Fados.
A noite se aproxima em lua cheia Amor que maravilha se incendeia Coberto de carinhos e cuidados...
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Belisque, pois eu penso ser um sonho O fato de te ter aqui comigo. Trazendo toda a força que persigo Um tempo mais gostoso em que componho
Um novo amanhecer calmo e risonho Distante da ilusão, sem ter perigo Roubando em alegrias este abrigo Deixando para trás, um ar tristonho.
Parece ser somente fantasia Daquelas que o amor, insano cria E deixa o coração em polvorosa.
Depois quando amanheço, estou sozinho, Sem ter sequer a sombra de um carinho Canteiro vai morrendo sem ter rosa...
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Belo sol levantando de manhã Clareando a promessa da colheita Coroando esta lavra em todo afã Da alma da terra plena e satisfeita. Mostrando que a labuta não foi vã E a sorte tão pedida foi aceita
Passada pelas ruas, procissão, Em rezas, nas promessas e novenas Na benção que foi dada, no perdão. Nas frutas e nos grãos as velhas cenas Que trazem Nosso Pai em compaixão Nas peles tão salgadas e morenas
Os olhos estampando uma alegria Dos rostos tão amigos, cantoria.
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Belo templo do amor, por toda a minha vida Em cada novo dia, em sonhos visitei. Amar era promessa e também foi a lei. A luz que iluminava, agora destruída.
Procuro pelo templo, aguardo uma saída; A mata que o cobriu, em sonhos, alcancei. Das urzes do caminho, as lágrimas, eu sei. Ó templo que se esconde! A treva irá, vencida?
Na mão, carrego a foice, a última esperança! Desbasto o triste mato, em plena confiança. Nos braços, tanto espinho, os olhos marejados...
O templo não vislumbro, o tempo vai passando... Despojos da saudade, o caminho se fechando. O corte mais profundo. Os sonhos des’perados!
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Espreito belos seios sob a blusa, Na doce transparência do organdi, Beleza insuperável que ora vi Deixando a minha mente mais confusa.
O olhar que de soslaio já me acusa Mudando a direção chegando a ti Voltando novamente sempre ali Desejo, tal paisagem não recusa.
Anseios destes seios serem meus Pululam as vontades caprichosas, Visões que me dominam fabulosas,
Atingem paraísos, apogeus Nas tantas cordilheiras da emoção Os seios determinam direção..
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Bem antes de poder te conhecer, Andava nos invernos desta vida. Infernos onde pude receber As chaves desta entrada e da saída...
A sorte não se dava a perceber, A senda que buscava era perdida... Jogava simplesmente p’ra perder, Pairava minha sina, distraída...
Os muros que levantas, dos desejos... Galgando me trouxeram primavera... Na noite dos prazeres, nossos beijos,
Queimavam as tristezas, dolorosas. Verão que me trouxeste, mata a fera, Perfume de mulher, recende a rosas...
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Bem conheço teus passos cara amiga, Vivendo destes restos que morri. A noite te transforma e me periga Nas garras destes sonhos que sofri.
Lembro-me quando vinhas pelas ruas Demonstrando-me garras e rugidos. Nossas almas estavam quase nuas, Os corações, sozinhos, distraídos...
Alimentados sempre pela dor, Jogados quase a esmo pela vida. Fizemos nosso trato em puro amor, Tu eras minha fera tão querida...
Porém veio esse vento que em frangalhos, Deixou o nosso amor, sem agasalhos...
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Bem firmes meus caminhos e meus passos, Pegando uma carona no cometa, Vagando por satélite e planeta Arranco as maravilhas, risco os traços.
Prazeres na verdade são escassos, A cada novo engano que eu cometa Espero corrigir errônea seta Juntando os cacarecos, meus pedaços.
Minha alma mergulhada no mecônio Coração fustiga em tanto hormônio Vai preso e necessita desta teia.
Num instantâneo mar, qual mergulhão Parido pelo bom da tentação. Percebo com clareza uma sereia.
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Bem junto ao teu carinho, no verão, Estendo meus prazeres no varal, Tocado pelo vento da paixão, O beijo calmamente sensual.
Nas margens de meus rios, emoção, A vida se tornando um carnaval No charme que derramas, sedução, A cada novo gozo, triunfal.
Um pássaro distante da gaiola Meu coração se entrega e vai cativo Nos passos deste amor eu sobrevivo
Minha alma, num momento já decola E voa em liberdade, uma andorinha Que não sabe viver, jamais sozinha...
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Bem mais do que momentos simplesmente, A vida nos prepara eternidade. Estando do teu lado a gente sente Além deste prazer, tranqüilidade.
O amor que nos acorda plenamente, Convite para a tal felicidade. Durante muito tempo, tolamente Vagando pelas ruas da cidade
De bar em bar, apenas ilusões... Tentado ser feliz e nada vinha, Somente a solidão, erva daninha,
Brotava nos jardins das emoções. Ao ter esta certeza de ser teu, Canteiro da alegria floresceu!
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Bem mais do que palavras demonstravam Amizades, delícias propiciam. Meus braços com os teus se entrelaçavam, E os passos benfazejos se faziam,
Os sonhos mais divinos se aclamavam, E os dias, claridades acolhiam, Os cantos de amizade que exaltavam Os rumos bem mais firmes que traziam
Os ventos traduzindo calmaria, Tramavam esperanças de alegria Na paz em perfeição, divinos bens
Nas mãos tão carinhosas, camaradas, Retirando os espinhos das estradas, Mostrando esta magia que tu tens...
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Bem mais do que pensamos sermos antes Vencendo qualquer forma de tormenta, As tramas que traçamos mais brilhantes Amor que feito amor, amor aumenta.
Enquanto desfrutamos, dois bacantes De todo este prazer que me alimenta Vivemos tais momentos deslumbrantes, Paixão que sem limites, arrebenta!
Sou frágil enquanto presa e teu cativo, Nas ondas deste sonho eu sobrevivo; Viola sertaneja enamorada
Tocando ao fim da noite em serenata, Na glória de saber ser insensata A vida nos teus braços, bem amada...
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Bem mais que receber é sempre dar, Sem fazer nem ao menos distinção. Amor se traduzindo por ação Capaz de este universo transformar...
Quem faz do sentimento como um lar Permite com certeza uma eclosão De gozos que iluminem coração Sabendo sempre a vida cultivar.
Mais fácil carregar o duro fardo Suplantar cada abrolho, espinho ou cardo Seguindo com a fronte sempre ereta.
Ilustram nossos sonhos, poesia, Na qual a fantasia se recria E a vida sem ter pejos se completa...
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Bem putinha em minha cama Te desejo a noite inteira O meu fogo já te chama Pra esta foda costumeira
Toda noite dois vadios Se bebendo sem vergonhas Na delícia destes cios, Nossas sanhas são risonhas,
Minha puta em tua xana No teu cu e em tua boca, Putaria mais sacana, Te deixando quase louca,
Nessa foda tão gostosa Na minha boca, já goza...
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Bem querer, quero enfim, poder gritar Pelo seu nome sem temer mais nada... Nossos abraços, nossos beijos... cada Amanhecer terá sabor solar,
Não quero morte, simplesmente estar Junto a seus braços, minha doce amada. Quando maldisse a sorte estava errada, A minha vida sem saber amar,
Seguia rumos tão tristonhos... Vem Acalmar medos, sem você, meu bem Não há razão sequer, sigo vazio.
Sem o seu prumo desatino e morro... Tenho em você, o meu maior socorro. Viver sem seu querer é vago e frio...
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Bem sabes dos meus erros e defeitos... São tantos que nem mesmo eu sei contar, Às vezes não vislumbro meus direitos, Outras vezes nem posso imaginar. Meus passos vão perdidos, sem sentido; Tropeço em minhas pernas; vou ao chão... Embora tantas vezes distraído Não sinto quando firo. Mas, perdão! Como um bando sem rumo, meus desejos Atropelam demais, causam feridas. Impetuosamente meus lampejos Impedem que eu encontre as saídas...
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Bem sabes quanto quero o teu querer, Beijar a tua boca o tempo inteiro, Teu corpo no meu corpo a se perder, No grito deste amor tão verdadeiro, Tomado de alegria e de prazer, Montando em nosso sonho mais certeiro.
Cavalgo na magia, sem pecado, Além da poesia, tua pele, Sentindo neste templo perfumado A força que me toca e me compele Viver o dia a dia do teu lado. Que toda essa alegria se revele
E traga a cada dia, um jeito manso, Deitar a nossa sede num remanso...
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Bem sabes quanto quero teu desejo Em doces tentações, não exageras. As noites solitárias foram feras, Vazias, sem delícias, sem teu beijo...
Eu quero o sentimento mais sobejo Fazendo renascer as primaveras Fechando no meu peito tais crateras, Trazendo este futuro em que prevejo
Meus olhos em teus olhos mergulhados, Nos lagos transbordantes da paixão, Os lábios se encontrando, delicados,
As línguas açoitando com tesão, Gritando bem mais forte em altos brados Fazendo em nossa cama, uma explosão!
93
Bem sei do sofrimento que te toma, Amiga sempre é bom ter um alguém Que junto com a gente sempre soma E ajuda a superar quando a dor vem. Às vezes nos achamos em redoma, Sozinhos neste mundo sem ninguém...
Mas a presença forte da amizade Nos traz uma esperança mais feliz. Permite que se veja a claridade, E o mundo que sonhamos, que se quis. Não sofras estarei em realidade Contigo pra sanar a cicatriz
Da dor que te devora sem dar tréguas, Mesmo que esteja agora a tantas léguas..
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Bem sei quanto é difícil suportar A dor dum grande amor quando se acaba. É como toda a vida desmanchar Parece que o universo se desaba.
Mas veja, minha amiga e companheira, Se pensas com tristeza, trazes treva, Não deixe que essa dor, que é verdadeira Embace esta visão, senão te leva...
E faz de todo o canto uma mortalha, E corta fundo a carne e te destrói. Na lâmina profunda da navalha A vida, sem sentido, tanto dói.
Mas pense que amanhã o sol virá, E toda a tua sorte mudará!
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Bem sei quanto és ingênua, amiga. Não Deixe que te maltratem deste jeito. Ouvindo-te falar desta ilusão Que pensas me deixar mais satisfeito, Percebo quantas vezes a decepção Irá fazer seu ninho no teu peito, Companheira. Pedindo o teu perdão Por achar que, talvez tenha o direito De tocar na ferida que não cura. Amiga, quantas vezes vais sozinha Na noite solitária e bem escura Passando pelas curvas do caminho; Nunca forma um verão, uma andorinha; Retorne, então, amada, para o ninho!
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Bem sei quanto sorris desta amargura Que trago no meu peito, em dura espera. Tua alegria é feita na tortura Que prende minha sorte, triste esfera.
A látega saudade me perfura E uma alegria imensa sei que gera Nos olhos de temível criatura Que sobre a minha vida sempre impera.
As penas que carrego, tuas glórias, Feridas em minha alma, paraíso. Se venho carregado das escórias,
Te faço mais feliz por ser assim, Meus passos mais doridos, impreciso Sorriso em tua boca carmesim...
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Bem sei que entristecida, me entristeces Aquela que já sabe quem eu sou... Nas vastidões tapetes já não teces, O pouco do que fomos se acabou...
No pranto que vertemos, não aqueces A noite que passamos, esfriou... As dores que te causo, não mereces. O medo do goleiro frente ao gol...
Nas chaminés, fumaça, tanta cinza. Cinzel dum escultor fazendo mágica.. O céu de tão nublado ficou cinza...
As lágrimas abortam primavera... Nas tristezas que levas, vida trágica... O nosso amor profano, uma quimera...
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Bem sei que mais marota, tu me enganas Enquanto vai risonha pelas ruas, Verdades que se querem sempre cruas Traduzem, com certeza carraspanas.
E nelas; meus problemas? Cedo danas. Não digo que meus sonho tu influas Nem mesmo em fantasias seminuas, Ou quando seca assim minhas fontanas.
Melindres? Não os tenho e nem terei Apenas quero a paz que é de direito, Carrego do passado, de outra grei
O canto em desafino, mas honesto. Deitando toda noite em mesmo leito, Concordo quando dizes que eu não presto.
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Bem sei que me conheces Mas mesmo assim me queres, Nas sendas que assim teces, Querida, se vieres, Escute minhas preces, A sorte, em nada; alteres.
Eu tenho esta certeza Que me norteia a vida, Num ato de grandeza, Não te perdi, querida, Vislumbras a beleza Que eu julgava perdida.
Por isso eu te agradeço Amor que eu não mereço...
3700
Bem sei que me tomaste por cordeiro, Quebrando em sacrifício o meu pescoço, Causando em minha vida um alvoroço Ciúme sem dar trégua, e costumeiro.
Quem dera fosse o tempo mais ligeiro, Talvez inda restasse um simples osso Inteiro. No começo: que colosso! Amor me parecia alvissareiro...
Porém com incertezas sinalizas Tomando com vigor o meu juízo, Não passas sem ferir e martirizas
Fazendo com que perca logo o siso, As mãos que me torturam, as divisas Usadas por quebrantos, e agonizo...
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