
Salão de cabeleireiro
Data 01/12/2010 12:57:57 | Tópico: Poemas
| Atravesso a cidade... sou uma árvore. São dez horas. Fiz uma marcação no salão Jorge o salão de cabeleireiro que está situado na rua principal. Antes tomei um café, sou uma árvore em turismo. A recomendação do meu psiquiatra é que não devo ser contrariada. - Diga-me! É habitual andarem poetas por aqui?! Pergunto eu ao criado. - Madame está a ver aquele majestoso castanheiro?! - Sim - ele costuma levar um poeta pela trela, um animal muito obediente e serviçal. Molho as bolachas no café, hoje ainda não me vi ao espelho, costumo por um pouco de pó de arroz e pedir ao gnomo que me leia a volta ao mundo de Júlio Verne. Depois de ter tomado o pequeno-almoço, apanho um táxi e durante a viagem a conversa entre mim e ele é a conversa comum entre um taxista e uma árvore. - A Senhora já deve saber... - O que é que eu devo saber? - Os fogos, aquilo até parecia o inferno, devem andar fora da graça de Deus. A Senhora é crente, eu já fui a Fátima a pé duas vezes. - Olhe, pode mudar de posto, sou alérgica á música sinfónica. - Não sabia, se quiser sintonizo outra estação. Hoje há taça de Portugal, é um clássico. - Olhe pode ir mais devagar, as curvas provocam-me enjoo. - Chegámos. - Quanto lhe devo? - São 5 euros. Entro no salão de cabeleireiro, saio logo a seguir, esqueci me do livro de cheques. Tocam-me no ombro. - Acorde, tem de tomar a injecção. - Tenho de ir ao cabeleireiro, vou experimentar um corte Outono Inverno.
Lobo Julho 09
|
|