O que é que na vida verdadeiramente se adianta e verdadeiramente se atrasa?

Data 01/12/2010 14:03:29 | Tópico: Poemas

O que é que na vida verdadeiramente se adianta e verdadeiramente se atrasa?
Não sei que perguntas tens
Que respostas posso dar. Aparecemos num lugar e qualquer lugar vale a história que é capaz de nos contar. Agora sei que fazes parte do caminho. A filosofia, a religião, estar com isto e com aquilo e estar sem isto e sem aquilo. Parece que o encontro, aquilo que junta as pessoas, que junta as estrelas no céu e as pedras na margem do rio e a vida que se manifesta no centro de nós e que se completa no olhar que lançamos e no toque que transmitimos. Tu apareceste ou eu apareci, de que margem vim ou de que margem vieste. A ideia de que tudo tem uma razão, uma lógica. A tentativa de explicar tudo, de explicar obstinadamente tudo pode sujar um bonito sorriso. É verdade que estou curioso, não caindo parece que cais-te como uma estrela cadente. Para se conhecer um livro é preciso ler até ao fim. É preciso viver com os homens muito tempo para os amar e para os odiar. É preciso conhecer e depois de muito tempo parece que foi inútil. Sabes eu não sei nada de ti e o meu inconsciente, esta minha alma ou esta minha mente que vagueia que vagueia quando durmo ou quando viajo parece que sabe muito, conhece-te muito profundamente, é o meu estado inconsciente que te conhece. O mistério é não saber nada e ao mesmo tempo é estar dentro de tudo.
Apetece-me tomar café, gosto de ver os cubos de açúcar a derreter no café quente, inventar uma cidade a flutuar. Vou á rua comprar bolachas. O mundo é redondo e apetecia-me dissertar...é redondo e coberto de chocolate. Mas se não for de chocolate qualquer merda lhe fica a matar. Não perguntei se querias café, tu pareces a Alice do pais das maravilhas á espera do coelho de Março. Olha acho que nós lemos os mesmos livros, subimos circunstancialmente a uma mesma árvore. Quero dizer-te que nada é por acaso ou que o acaso não me incomoda, é um vento que nos sopra no rosto quando não estamos á espera. Vamos tentar falar com o olhar. Tu sabes saltar á corda?
sabes brincar de bruxa ou de aparece e desaparece?
porque só apareceste agora com esses olhos mais verdes e mais bonitos que faz Deus não se arrepender da criação. Sei que me estou a perder, quem me traz água, quem me diz como vim parar a este deserto. Ontem ou antes de ontem estava a chorar, chorava talvez atacado de tristeza convulsiva, muitas vezes chorava e não tinha nada para chorar, ninguém para me fazer tropeçar. Quem não tropeça na vida não se emociona, venha a dor ou venha o prazer quem não cai não sabe o prazer de olhar o céu quando nos levantamos. Preciso de me levantar, de começar como se estivesse em coma e depois acordasse e tudo fosse diferente. Não era preciso começar mesmo do princípio, podia ser outro lugar, a água podia ter outra temperatura.
Olha tu ficas na tua janela eu grito daqui.
Manda para aqui as tuas roupas, os teus diários, os teus botões. Temos que desapertar os botões antes que a vida venha cruel e intolerante a nos flagelar. Vai! Corre, ainda há muitas portas para derrubar, muito chocolate para derreter no amargo desta teimosia de não querer olhar a vida. Preciso de saber se gostas de mim, não te pergunto se estás apaixonada por mim, só te pergunto se vais estar quando o abismo me tocar os pés. Tu até podes estar longe mas eu preciso que fiques em pensamento, que cantes e que te rias muito e que chores tanto e que seja tanto o mar, tanto de perder e tanto de profundo

lobo 06




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