Eu quero um Volkswagen
Data 02/12/2010 00:28:36 | Tópico: Poemas
| Eu quero um Volkswagen… Não me tires isso do sonho que sou! Qualquer coisa amarela, verde, azul-bebé, como os desenhos da escola, que tinham rios e sois e coisas assim que se dizem “coisas”. Aquilo…um carocha, ruído refrigerado a ar, que solta gomas, pintarolas e rebuçados daqueles às cores que magicam o encarnado em vermelho doce e todas as cores num ronco de tutti-frutti. Por isso quero, um dos anos sei lá…mesmo sei lá… 50, que são aqueles que nunca se falam, que são os Volkswagen… aqueles, redondinhos que parecem parecer gente e olham ternuras a gasolina. O Volkswagen, um Volkswagen… Daqueles que ao domingo, paravam os olhares andores bem no meio da procissão e enfeitavam os Agostos com preces de queijadas na romaria da paróquia. Um carocha vá…um carocha… Quando a mãe a muito custo ordenava um barbeiro entre o pão com marmelada e uma bola a transpirar dias quentes nas férias grandes… Sabem do que falo não é? Do Volkswagen! Quero um…talvez de 80…quem sabe…talvez! O Lopes nos olímpicos com um carocha de avanço e o país chorar com vitórias nunca tidas. O México em nossa casa quando o Carlos Manuel, que não tinha um carocha pôs o país a vibrar numa auto-estrada de sonho com um remate do “meio da rua”… Um Volkswagen pois…daqueles alemães que não sabiam que o sonho tinha muros em Berlim que não deviam cair. Ponto. Hoje nem asneira me sai! Talvez um carocha…que havia nos carrosséis, na feira popular, na garagem ao meu lado e também no meu padrinho. Um daqueles desconfortos que encostavam dez vadios á porta do café central a falar não sei do quê. Dir-me-ão: O passado? Que seja, desde que seja Volkswagen! Um com bolas e arcos, bicicletas e triciclos, dos santos populares, com sardinhas a assar e tu no meu olhar com minis iniciais onde eras o máximo…mesmo andando a pé! Não há conotação…outra vez ponto. Talvez uma vírgula se imponha neste sonho de criança que saúda os passados sentado no muro da vida… Quero um Volkswagen. Não é pedir muito, é coisa para ser barata. A não ser pelos hipócritas da europeia saudade que desfilam glorias velhas perfumadas na capital…perdão…no capital! Um Volkswagen. Com os bêbados da Avenida, com mulheres emancipadas e operários fabris… Com minhas esperanças passadas, eu quero um Volkswagen sem classes e sem perfis. Quem sabe as pintarolas com as cores do arco-íris e serpentinas do Entrudo não me deixem acabar… De ver o fumo nas ruas com carochas semi-nuas com o amor a buzinar… Eu quero um Volkswagen. Daqueles redondinhos, que parecem parecer gente e olham… ternuras a gasolina. Quero um carocha errante, tu no baile dançante… Comigo no balcão, a carburar ao tom das minis!
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