
MEUS SONETOS VOLUME 047
Data 03/12/2010 07:02:12 | Tópico: Sonetos
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Deitada do meu lado, uma princesa, Desnuda em noite imensa. Tanto amor. Desfila nos lençóis rara beleza, Na tela diamantina a se compor.
Emana em tal meiguice, a bela flor, Redoma de ternura que indefesa Entrega-se em loucura até torpor Deixar a sua marca em realeza.
Sonhando com corcéis, galopes soltos, Cabelos desgrenhados e revoltos, Castelos, cavaleiros e vassalos.
Percebo em sua face, uma ilusão, Que é feita de esperança e tentação, Em êxtases divinos, duros falos...
2
Deitada ali, debaixo dos portais, A gata borralheira pós moderna, Depois da noite inteira em bacanais Parece que desmaia ou mesmo hiberna.
Nos lábios delicados, sensuais, A sensação de ser quase que eterna. Não tendo mais sapatos nem cristais Do príncipe se esquece em noite terna.
Morando na casinha de sopapo Deixando o principesco pega o sapo O moço na verdade, descobriu
Um cabra afrescalhado, mas gentil. Um gentleman perfeito, um cavalheiro Gostava, nas coxias, do cocheiro...
3
Decomposição leva essa tristeza, A podridão enfim, me desagrega... Na força mais vital da natureza Meu corpo tumular em plena entrega...
Os vermes profanantes, com certeza, A pele do meu rosto desapega. A terra me cobrindo, na frieza, E tudo que aprendi, a morte nega...
Escuridão envolta, meu destino... O cheiro me profana toda carne, Centímetro a centímetro, o descarne...
As profusões do podre em desatino, Os ossos se transformam, caçam ônix, Minha esperança morta, pede fênix! Marcos Loures
4
Declino minha fronte sobre ti E deito meu prazer em nossa cama. De tanto desejei, me convenci Que não posso ficar sem essa trama Do jogo de um amor que encontro aqui, E em louca sedução, o peito inflama.
Desenhas cicatrizes em minha alma, Tatuas tuas garras sobre mim. No turbilhão de beijos tudo acalma E a porta das volúpias se abre assim Trazendo tempestade em plena calma, Aguando com promessas tal jardim
Canteiro em framboesas, luas, luz. Que em laços de ternura reproduz... Marcos Loures
5
Declaro-me perdido. Nada além. Somente um vagabundo sem destino. Ouvindo tua voz eu me alucino, Procuro, não encontro mais ninguém.
A noite solitária sempre vem, E nela tal quietude que abomino. Preciso deste sonho aonde tem Os restos nos escombros, de um menino.
É madrugada e insone, sigo só, Daquilo que pensei, restando o pó, Quem dera renascesse uma esperança.
Porém quando tu falas mansamente, A vida se refaz e novamente, Vontade de viver, meu peito alcança... Marcos Loures
6
Declaro quanto é bom seguir te amando, Não tendo mais limites, vou ao fundo. Um novo amanhecer se anunciado, Tomando num instante, todo o mundo.
Felicidade encontro desde quando Um coração outrora vagabundo, Aos poucos sem juízo se entregando Chegou ao mar imenso e mais profundo
Dos lábios desta deusa sem igual, Carinho tão preciso e sensual, Forrando nossa cama de ternura.
Singrando esta delícia de oceano, Encontro o teu delírio soberano Na boca abençoada, louca e pura... Marcos Loures
7
Declaração de amor que faço a ti, ó bela. Permite que se entenda a luz desta manhã Que ao coração amante, em lumes se revela, Mostrando à vida em sonho, a força de um Titã.
As vidas prosseguindo em senda paralela No gozo mais fecundo, o nosso louco afã Tua beleza expressa a graça da gazela, Joguemos nesta noite o logro da maçã.
Fazendo para ti, meus versos em soneto, Queimando em tentação, centelhas num graveto Incendiando a casa um fogo sem igual.
No passo que persigo, encontro os teus sinais Pegadas que encontrei, caminhos magistrais No corpo desta fera, a bela sensual...
SONETO FEITO SOBRE A MÚSICA A BELA E A FERA DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA
8
Decifro teus desejos, tuas deixas E sigo em noite insana. Madrugada Em meio a tempestades, velhas queixas, Já deixam perceber uma alvorada
Além do quanto queres, mas não deixas. Ao ter em sol imenso nossa estada, Rainha se desnuda invoca as gueixas E molda uma vontade disfarçada.
Nos seixos espalhados, mesmo rio, Encontro em cachoeiras, desafio E sigo peneirando o bem da vida.
E tendo esta nudez maravilhosa, Ao perceber perfumes desta rosa Entorno uma esperança tão querida. Marcos Loures
9
Decifro os teus sinais e galgo luzes Entrando nos estratos mais distantes. No encanto que entretanto reproduzes Engendro sentimentos fascinantes.
Na mão das ilusões, frágeis obuses Crivando em dores tantas, mas constantes, Os ermos que se mostram por instantes A par desta loucura me conduzes.
Não posso permitir que a voz se canse Lançando minhas mãos neste vazio. O quanto se mostrou em desafio
Sonhando com estrela em que se lance Meus olhos numa hedônica harmonia, Fartando-se de sons e poesia... Marcos Loures
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Decifro os teus enigmas e sinais, Mergulho nestas curvas sensuais E bebo do prazer proporcionado Pelo sonho em loucura emoldurado.
Percorro este infinito e de bom grado Sorris quando em teu corpo sigo atado, Causando as explosões fenomenais Querendo o tempo todo e muito mais.
Desnuda sobre a cama, seus lençóis, Derramando, magnífica, mil sóis, Estrela divinal, ninfa e rainha.
Do encanto mais real, protagonista, O Céu enfim permite que se assista Orgástico esplendor; que se adivinha...
11
Dedilho, no piano os sentimentos, Fazendo dos acordes, a emoção Que vibra em cada nota da canção Revejo desde então nossos momentos.
Imagens que percorrem pensamentos, Momentos dissonantes, ilusão... Diversos os meandros da paixão, Enquanto nos maltratam são ungüentos.
Amanhecer ao lado de quem amo, Delícias sem igual, raros matizes. Lembrando como fomos tão felizes
Abrindo os meus umbrais eu te reclamo E vejo numa estrela o teu reflexo, E busco em plena insânia qualquer nexo... Marcos Loures
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Dedilhas no piano da emoção A mais sublime música – esperança. O coração feliz, contigo dança Unidos pela mesma vibração.
O amor que se faz pleno diz perdão, E o paraíso em vida logo alcança, Tornando a nossa história bem mais mansa, Revigorado à luz da sedução
De corpos que se tocam e se buscam, Sem luzes que os impeçam ou ofuscam Na dura caminhada pela vida.
Seguramos as rédeas com carinho, Enquanto nas saudades eu me aninho, Encontro no teu passo, uma saída... Marcos Loures
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Dedilhas com suprema maestria As cordas do meu pobre coração, Usando o diapasão da poesia Expresso na beleza da canção,
Por vezes a minha alma é tão vadia, Uma andarilha solta na amplidão, Mas quando ouço a divina melodia Tocada com talento e precisão
Eu volto o meu olhar emocionado, E o peito se entregando de bom grado Explode num momento de alegria,
Quem tantas vezes busca ser ritmado Ouvindo o teu cantar, maravilhado, Dispara em sem igual taquicardia...
14
Dedico minhas noites à minha alma O beco que te dei não tem saída. A boca que me beija não me acalma Resumindo a má sorte em nossa vida.
Por vezes encontrava outra remessa De risos e de gozos mentirosos, O amor quando demais logo tropeça E os passos continuam temerosos.
Servis os corações morrem cativos, Serenas as manhãs que não virão. A vida multiplica velhos crivos E mostra no final a negação.
Serpentes que cevaste com desprezo, Deixando amor estúpido, indefeso... Marcos Loures
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Dedico estes versos, cara amiga, A quem sempre foi luz em meu caminho. Permita que eu, a todos, sempre diga Quanta emoção repleta de carinho!
Poética essa estrada que me abriu A porta para ser bem mais feliz. Tu na verdade és mais de cem, de mil Estrelas neste céu de um aprendiz.
Kalhleen toda a certeza de amizade Se encontra nos teus braços, companheira, Meus versos vão tomando a liberdade De poder te cantar a vida inteira.
Meu peito se ilumina mais depressa Se alguém chama teu nome: Kathleen Lessa!
Para a grande amiga e poetisa, minha amada Kathleen Lessa
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Dedico este meu canto à grande amiga Exemplo de coragem, lucidez. Por vezes quando a vida se periga Teu canto me ilumina: sensatez!
És carinhosa sempre, nunca nego, Afagos, elogios, alegria! Não sabes mas nas cores que carrego Meu canto com ternura e fantasia
A Lua tão suprema sempre brilha Esta certeza imensa e de amor plena De ter nesse recanto a maravilha Do canto que me encanta, amiga Helena.
Desculpe se não tenho a claridade Que tens, mas me ilumina esta amizade!
Para HLuna, grande poetisa e amiga.
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Decretar a falência dos meus sonhos, Remete-me ao princípio desairoso. Enquanto a solidão traz o seu gozo, Os dias sem remédio, são medonhos.
E quando olhar os mares mais risonhos, Verei o amanhecer maravilhoso Que um dia se mostrou tempestuoso E agora mata os ritos enfadonhos.
Mereço ter alguma serventia? A noite novamente já se esfria, Vadia, a lua foge entre meus dedos.
Raiar outra esperança? Ah, quem me dera. O fim do que pensei ser primavera Acende sem perdão antigos medos...
18
Decifro neste amor tantos segredos Guardados dentro da alma sonhadora. Vencendo em alegria velhos medos, Encontra a solução que é redentora.
O mar quando se quebra nos penedos Na fúria dos marulhos já se ancora Retorna novamente e sem demora Expressa das paixões os seus enredos
Assim, tempestuoso, porém belo, O amor ensandecido, eu te revelo Vivenciado à luz do dia-a-dia.
Dos céus avermelhados da emoção, Tocando com delírio em explosão A força insuperável irradia.
19
Decifro em teus olhares, fogo e neve, Ebúrneas maravilhas, claros dentes, Minha alma a te buscar num gesto breve Traduz a fantasia que pressentes.
Enquanto a poesia já se atreve O gozo se anuncia em mãos clementes. A vida se tornando bem mais leve, Em lúbricos prazeres tão freqüentes.
À sombra de teus passos eu prossigo Vivenciando a sorte de saber Que após a tempestade tenho abrigo.
Etéreas sensações em manso afago, Vertentes tão sobejas do prazer Derramam suas águas em teu lago... Marcos Loures
20
Decifro em meus desejos a mulher Que traçou meu destino, a minha vida. As ilusões que trago, o que vier; Mostrando a mocidade, vã, perdida.
Desabam tempestades em qualquer Uma destas palavras: despedida. Na pérfida manhã, o teu mister, Trazer na boca o beijo de partida...
Quem teve o seu destino em frios braços, Colando sonhos gêmeos siameses, Estreitam-se demais os nossos passos,
No nó que desataste, veio o frio, Amor que disfarçaste, tantos meses, Termina em solidão, neste vazio...
21
Decifrar os segredos da existência Enigmas que o amor vem nos propor, É conduzir em paz, com paciência Fazendo da alegria, o seu louvor.
Por mais que seja dura a penitência, Terás em plenitude o teu amor Se a cada temporal sem inclemência Usar a mansidão de um beija-flor.
Não temas quando amor chegar, pois nele Verás a calma face de um bom Deus Deixando que Ele venha e se revele
Na luz que se irradia em cada ser. Terás a magnificência de verter Em rara claridade, trevas, breus... Marcos Loure
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Decide se tu queres, mas me deixes Ao menos uma chance de poder Beijar a tua boca. Não se queixes Se em ti eu percebi o meu prazer.
Por mais que tantas vezes tu desleixes Do sonho que não quer adormecer, Amor ensandecido traz em feixes Fartura de alegria em bem querer.
Falar quanto eu te quero, um pleonasmo, Mas digo com total entusiasmo Da força que domina o pensamento.
Distante dos rancores e dos ódios Vencendo e se elevando a tantos pódios Da glória que virá, pressentimento... Marcos Loures
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Decerto, o meu amor já saberia Quem tanto desejei em luz tamanha, Vibrando certamente de alegria, A sorte- ser feliz, amor, nos banha,
E o canto da promessa me dizia, Do encanto que se molda em nossa entranha, A vida sem amor e poesia Decerto, sem motivos, vai estranha
Vivendo neste amor, perfeita glória, O medo transformado na vitória A cada novo tempo; conquistada.
Com ar de quem venceu dura batalha Escapando do fio da navalha Recebo cada beijo teu; amada. Marcos Loures
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Decerto uma esperança há tempos me domina De ter o teu carinho e ser somente teu. Amor que se faz fonte, alvissareira mina, Permite recobrar o que o tempo perdeu.
Não deixe que este sonho, o que mais alucina, Se perca nesta estrada, em treva e negro breu. Eu quero estar contigo, amada amante e sina Na dança que eterniza o mundo teu e meu.
Vem logo que esta noite a lua se faz cheia Amar sob o luar, na praia em plena areia Fazendo deste sonho, a realidade pura.
Amando sem parar, o tempo já não pára, Eterna mocidade, a vida assim prepara A quem se deu inteiro aos braços da ternura...
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Decerto tu não sabes, ser boçal A imensa maravilha de poder Sentir a raridade de se ter Beleza deslumbrante e sem igual
Do sol incandescente sobre o mar. Aqui, nestes grotões abandonados, Nas rústicas paragens, demonstrados O inferno que o poeta quis pintar.
Jamais irás sentir o nobre vento Nem mesmo ouvir à noite tal marulho, No solo feito em pós e pedregulho
Quem pode ter gentil, o sentimento, Entendo então a tua estupidez Formada em ignorâncias, e aridez... Marcos Loures
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Decerto todo medo eu vencerei Meus dias dos teus passos, girassóis, Amor que tantas vezes procurei Encontro nos teus olhos, meus faróis,
Na noite em que em teus braços mergulhei Incríveis sensações de raros sóis, De todo este prazer que eu desfrutei Rolando meus desejos nos lençóis
Tocando a bela deusa, toda nua, Deitando nosso amor sob esta lua Minha alma se sentindo bem mais pura.
Eu quero amanhecer sempre ao teu lado Vivendo sem juízo e sem pecado O tempo, das tristezas, se depura.
27
Decerto se fazendo nossa lei O vento da paixão já nos conduz, Depois das noites frias que passei, Procura quase insana pela luz,
Falena que se perde, eu encontrei Caminho que ilumina e reproduz Beleza deste amor em que sonhei Tivesse a divindade em que propus
A vida, num momento mais audaz, Somente amor perfeito satisfaz Tal sentimento eu sei, jamais se mede.
No brilho dos teus olhos, teu sorriso Amor se demonstrando em claro aviso, Um sonho mavioso nos concede. Marcos Loures
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Decerto se Camões lesse teus versos Teria uma alegria de saber Que mesmo em tão distantes universos Eternizando o sonho, com prazer
Revelas velas raras, sons diversos Dons inigualáveis; posso ver Na mão de quem reúne tons dispersos Nesta aquarela tece um bom viver.
O vate com certeza beberia Com tal sofreguidão a poesia E bêbado de luz, querido amigo
Vencendo os dissabores e procelas No encanto de sublimes, belas telas Sua alma encontraria, enfim, abrigo...
29
Decerto que vagina é nome feio, Prefiro um apelido mais safado. Caminho bem melhor? Sempre o do meio, Ensinamento certo e bem guardado.
Vulva também não soa muito bem, Assim tal qual a válvula de escape. Clitóris? Palavrinha que não tem Sonoridade boa. O sol se tape
Com todas as peneiras que puder, Merece com certeza muito mais, Maravilhosa Diva: uma mulher. Por isso meu amor, bem mais me apraz
Chamar de xana, xota ou bocetinha, Mais fácil para alguém quando acarinha...
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Decifro os teus desejos e vontades, Penetro mansamente tuas tocas, Enquanto com tesão tu já me tocas Promessas de loucuras, variedades.
No teu corpo fazendo tais viagens, Vagando pelas sendas mais perfeitas, No leito feito em chama tu deleitas, Delírios em divinas sacanagens.
Até que o gozo venha e enfim te banhe Do leite que se emana do prazer. A fúria sem limites nos entranhe Revelação orgástica em teu ser.
E assim extasiado, eu descanso No teu colo; fantástico remanso...
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Decifro no teu corpo tais segredos Que fazem minha vida prosseguir No sonho mais gostoso meus enredos Sabendo desde agora do porvir.
Enquanto disfarçamos velhos medos, O tempo de chegar e de partir, O vento que invadindo os arvoredos Responde que ninguém vai impedir
Que a gente continue nossa estrada Na busca desta tal felicidade, A lavra que em carinhos é cevada
Permite uma colheita sem igual, No amor que mansamente nos invade, A vida se prevê em bom final. Marcos Loures
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Debutante perdida no passado. A vida transformou essa menina. O sonho que vivia, abandonado... O tempo já dobrou a velha esquina!
Vestidos, valsas, danças... O lado Cruel da vida, cedo descortina. Primeiro amor, primeiro beijo dado. A vida veloz, rápida, rapina;
Não deixa tempo para um sonho tolo... A festa, a dança, noites belas, bolo... Nada mais restará, pois nada atina.
Os tempos mudam, tudo se transforma... Nos shoppings, patins, games se conforma. Acaso mudou a alma feminina?
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Debruço uma esperança na janela E dela faço um campo de batalha, Enquanto o mesmo não já se revela Apenas fantasia me agasalha.
Confio neste fio de navalha Enquanto o barco perde rumo e vela, Cavalo da alegria não se sela Trazendo no seu lombo, uma mortalha.
No intento que se disse liberdade, Se eu tento muitas vezes não consigo, Refém desta ilusão: felicidade
Meu passo vacilante; inda prossigo, Postergo o meu sorriso, cabisbaixo, Desfecho vai descendo, vida abaixo... Marcos Loures
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Decerto que o vermelho te cai bem, Contrasta com a pele amorenada. Se bem que na verdade, com ou sem Prefiro te encontrar já desnudada
Aberta pros carinhos mais audazes E toda molhadinha, sorridente. Na sede com que venho e que me trazes A noite aí será- garanto- quente.
Eu quero desfrutar desta delícia De ter tua nudez em minha boca. Num toque mais sutil e com malícia Só quero que tu venhas, fera louca
E vamos sem ter tempo de para A madrugada inteira, nos amar... Marcos Loures
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Decerto nesta vida é um gigante Aquele que se deixa transportar No mar de amor intenso e deslumbrante Fazendo todo o bem frutificar,
Eu sou desta esperança um velho amante E sinto que esta glória vai moldar Um novo amanhecer a cada instante Mantendo nos meus olhos teu luar.
Revestido de estrelas, belo manto Sagrando cada verso ao pleno amor, Pressinto ao fim de tudo tal encanto
Que possa ser meu guia vida afora, Teu corpo tão divino encantador Em rios de prazer à noite aflora. Marcos Loures
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Decerto irá brilhar mais plenamente O olhar de quem se deu e não fugiu, O amor que a gente sente tão sutil Tomando a nossa vida num repente.
Querendo em mansidão estar contente Amor, a fantasia permitiu Carinho prometido descobriu Caminho para os céus, iridescente.
Não quero uma emoção que seja afoita Enquanto no teu braço amor pernoita A vida se promete em luz suprema.
Rompendo estas amarras que trazia Eu vejo o renascer de um belo dia Quebrando o que se fez outrora algema... Marcos Loures
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Decerto eu não me esquecerei de ti Pois vives nos meus sonhos e palavras. Não posso me esconder se estou aí, Arando nosso amor em belas lavras.
Em cada verso teu um novo encanto, No maremoto imenso da paixão Amor que a gente faz, um celacanto Tornado em nossa vida, turbilhão.
Espero que tu durmas e descanses Que a noite sem te ter será dorida. Eu lembrarei de todas as nuances E assim a noite vai ser consumida
Em todas as lembranças que puder Do cheiro meio flor, plena mulher... Marcos Loures
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Decerto em harmonia, amor perfeito Não deixa que se pense em outro rumo. Vivendo o nosso amor eu sempre assumo Delícia que se mostra a cada pleito.
Colhendo cada fruto, satisfeito Ganhando no caminho meta e prumo. Saudade se esvaindo em frágil fumo Afasta-se pra sempre do meu peito.
Eu tenho esta certeza dentro em mim Da flor que perfumando o meu jardim Expressa a qualidade do cultivo.
Meu verso se tomando de emoção Cuidando com carinho, a plantação Deixando o jardineiro assim, cativo... Marcos Loures
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Decerto de gostoso já vicia O grande amor que entranha as nossas vidas. No quanto teu carinho protegia As horas não se foram distraídas.
Na beleza infindável de teus olhos, O sonho se mostrando sempre bom, O trigo separado dos abrolhos Estende em harmonia um novo tom
Este anjo que tu és já me permite Viver a sensação do manso sono, Amor que na verdade é sem limite Cativa e não concebe um abandono.
Deitando meu carinho em tua guarda, Felicidade imensa já se aguarda...
40
Decerto companheiro a voz do povo Na grita que se mostra assim geral, Repete o velho mote que, de novo, Representa a verdade tal e qual.
O sangue do operário ou lavrador Sustenta esta cambada de safado. E quando algum juiz mostra valor É logo, desde então amordaçado.
Eu peço aqui perdão por esta herança Que a gente inda não soube destruir. Restando tão somente uma esperança Que possa iluminar nosso porvir.
Botando salafrários na cadeia, O Banco se esvazia e ela vai cheia... Marcos Loures
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Debaixo dessa blusa, fantasias... Delícias da nudez desta mulher... Quebrantos e malícias, melodias. A lua que me invade também quer...
Carinhos percorrendo poesias, Neste prato meter minha colher E desfiar rosários tantos dias Quanto à dona da blusa me quiser...
Meus dedos são expertos navegantes, Desbravam cada canto desta mata... Teus seios são portentos elegantes,
Encontro meu tesouro e minha prata... Nas pernas já me ocultas diamantes, Escorrem teu prazer, doce, em cascata.. Marcos Loures
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Debaixo da jaqueira, ele pensava Como a vida se faz em perfeição. Se ao invés de britânico, bretão Conforme ele sabia e constatava
O gênio que sentado descansava Fazendo a sua sesta sobre o chão, Morasse no Brasil, no meu sertão, Teria a sorte amarga, fria, brava
Talvez seria; enfim caricatura, Do crânio destroçado, com fratura, E a sua descoberta, um novo tom.
No lugar da maçã fosse jaqueira A história não seria verdadeira, Tampouco genial, Isaac Newton...
43
Debaixo da janela, o seresteiro, Invoca; enamorado, a bela lua, Sua alma perde os lastros e flutua Tendo no violão seu mensageiro,
O sonho perseguindo este luzeiro Imaginando a deusa seminua Que em doce transparência continua Ouvindo a mansa voz do seresteiro.
Retrato abandonado na gaveta Do tolo imaginário de um poeta Teimoso que esqueceu de olhar em torno,
O quanto deste encanto ainda resta, Romântico soneto? A luz funesta Impede sem perguntas, tal retorno...
44
De uma paixão intensa e verdadeira Sobrando quase nada faz pensar, Por mais que seja imenso o grande mar Jamais teve a doçura da ribeira.
Viola; minha antiga companheira, Clamando da varanda este luar, A noite que passando devagar Encontra em cada luz a mensageira
Que trama uma ventura sem fronteiras, Dos sonhos mais comuns, simplicidade, Palavras correm soltas, estradeiras
Levadas pelo vento até chegar A quem eu dediquei a claridade Que um dia, tão distante fui buscar...
45
De uma amargura imensa, bem curtida, A pele que desnudo frente a ti, Imagem de minha alma já vencida, Jogada num esgoto, onde perdi
A sorte de saber da dolorida Estrada que por vezes não segui. O bem que me negaste, a própria vida, Encontro mais alhures do que aqui.
Porejo um sujo sangue quase anêmico, Que sei nunca terá nem serventia. Meu verso se faz tolo e verte em lama
Mostrando que este efeito, sendo cênico, Qualquer significado não valia, Apenas fogo fátuo, sem ter chama...
46
De um túmulo soturno assim surgia Alvíssima beleza deslumbrante. Alquímica mortalha que em magia Num átimo se mostra aqui, diante
Dos olhos de quem nunca mais veria O dia renascer irradiante. O beijo sacrossanto que daria Sugando toda a vida num instante.
Noctâmbula insensata embriaguez Levara-me a seus braços, turva senda. Paisagem maviosa enquanto horrenda.
Levando em avalanche a lucidez. Debruço-me num ato de loucura E bebo todo o sangue com ternura...
47
Debruço sobre ti minhas vontades, Arrancando os espinhos, sobra a flor. Vereda mais tranqüila vou compor, À sombra dos desejos, liberdades.
Encampo tais promessas que te faço, Alheio-me dos traumas que passei. Da antiga divisão, talvez serei Um único caminho, o mesmo traço.
Plastificando o sonho, não me entendes Se eu tento navegar mares diversos. Pensares tão absortos vão dispersos
Enquanto o fogaréu queres e acendes. Espalho pelos campos as sementes, As polinizações são sempre urgentes... Marcos Loures
48
Debruças poesias na janela Enquanto eu passo, um simples sonhador, Deveras imagino aquela estrela Deitada no meu leito em louco amor.
Quem dera se eu pudesse ser só dela Caminho de esperanças, vencedor. A vida num momento se revela Ao espalhares sonho intenso em flor.
Farturas de prazeres, seios, risos, Vertentes de ilusão, divinos guizos Numa explosão de festas e granizos
Teus lábios tão vorazes e precisos, Mostrando o mais perfeito dos sorrisos Convite para o mundo em paraísos.
49
Debruças à janela e tentas ver A imagem do que outrora fez-se encanto. Distante ainda ouvindo o suave canto Que um dia te inundara de prazer...
Talvez um simples sonho. Queres crer Que a mão que te servira como um manto, Ausente de qualquer fuga ou quebranto Virá, na madrugada te envolver...
- A lágrima que escorre já revela O tom em que um artista pinta a tela Bebendo desta fonte intermitente
Mas choras quando embalde surge o dia, Quem fora rouxinol é cotovia, A cena se repete eternamente... Marcos Loures
50
Debaixo dos umbrais, um cão vadio Ladrando para a lua tão distante, Olhando a claridade fascinante, Encontra tão somente a dor e o frio...
O copo da esperança vai vazio, O fel da realidade transbordante, O sonho, este cruel e vil farsante Que em noites solitárias, quero e crio
Perambulando insones madrugadas, Tentando vislumbrar deusas e fadas Aonde se percebe este negrume...
O fardo de viver, pesando tanto, Das trevas, desamor, trazendo o manto, Uso pra me esconder, falso perfume... Marcos Loures
51
Debaixo dos lençóis, me declaraste Amor que sem limites, nos tomou. E quando suavemente, me tocaste A vida em alegria se inundou.
Do teu amor, bem sei que não falaste, O teu carinho imenso já falou, Estrelas, nesta cama transbordaste, O meu caminho todo, iluminou...
A linha que escreveste com teus lábios, Jamais vai se apagar dentro de mim... Desejos se procuram, são bem sábios..
Palavras... Não precisas nem dizer, Pois tudo o que sonhei, trouxeste sim, No idioma universal, tanto prazer... Marcos Loures
52
Debaixo do luar, pássaro canta E encanta quem escuta o belo trino, Amar foi um descuido do destino? Ternura que procuro em força tanta.
Estrelas nos tomando, clara manta Professo em tal torpor um desatino E ao mesmo tempo em que já me alucino A força deste encanto me agiganta.
Arestas aparadas, sigo em frente, Já não em desespero nem descrente Sargaços não impedem que eu aporte
Nos braços calorosos da mulher Que tanto desejei e bem me quer, Tornando alvissareira minha sorte... Marcos Loures
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Debaixo do chuveiro quando canta Parece um passaredo em rebeldia Transforma qualquer nota em poesia E a todos que a escutam, ela encanta
Vontade de sonhar, agora é tanta E ao espalhar em volta, fantasia Um mundo tão diverso ela assim cria Na força insuperável da garganta.
Ouvindo a sua voz, a natureza Deslinda-se em magias e em beleza Trazendo a todo mundo imensa paz.
A melodia expressa tanto amor Nos cânticos de glória e de louvor Uma alegria intensa ela nos traz... Marcos Loures
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De um jeito inebriante e tão macio A voz de uma pessoa cativante Entorna a poesia e num instante Invade o coração deste bugio.
E quando esta presença; fantasio, Minha alma num falsete dissonante Do som maravilhoso, discrepante Ainda tatuada pelo frio
Espera um novo tempo mais feliz, Viver é desfrutar do que se quis E um dia cultivei com tolos versos.
Depois de tanto tempo em solidão, Plangência dominando o violão, Espanto-me em acordes tão diversos...
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De um falso diamante roubo o brilho E dou a quem se fez tão verdadeira, Não quero o gozo de qualquer maneira, Por mais que eu te pareça maltrapilho.
Os erros cometidos eu empilho, Descrevo a cada verso uma ladeira Aonde tropecei a vida inteira, Jamais aprenderia um novo trilho.
Repare nesta lua; como é bela, Porém a cada mês ela revela O quão constante em fases semanais.
Assim também o amor que eu trago em mim, Retorno ao desvario de onde eu vim Qual barco que se ancora em podre cais...
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De um erro cometido, arrependido, Por mais que ainda sonhe com perdão O passo desde agora combalido, Não sabe decifrar a direção.
Outrora com vigor e decidido Vencera com furor uma amplidão, Habito esta masmorra e quando agrido, Reflito o que hoje sou: um simples não!
Nos olhos dos meus filhos a esperança Que um dia pensei ser a minha herança Aos poucos se transformam. Vão disfarce
Jogado pelos cantos. Quanto é falso O passo que fugindo ao cadafalso Se perde num cruel e vivo esgarce... Marcos Loures
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De um amor, o mensageiro Escondido atrás da sorte Vem chegando sorrateiro Com palavra que conforte
Quem me dera se consorte De teus sonhos por inteiro Eu teria em bem suporte Seria amor verdadeiro.
Mas se deito esta esperança Nos jardins da bela dama, O meu tempo sem andança
Nos teus rastros bebe trama Quando o fogo nos alcança Da ilusão eu verto chama.... Marcos Loures
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De um amor que em amor tanto se deu Fermento de emoções e de vontades, Almejo ser completamente teu Sabendo que estes sonhos são verdades.
O vento realçando as liberdades Permite te dizer o que ocorreu Manhãs antecipando quentes tardes Depois, a noite invade em negro breu.
Bem sei que quando a lua se apresenta A negritude logo se apascenta E traz no lusco fusco, maravilhas.
Eu quero e necessito mesmo crer, Que a luz persistirá no amanhecer, Dourando eternamente nossas trilhas... Marcos Loures
59
De tudo que tivemos mal sobrou A foto sobre a mesa no escritório. O coração sofrido e merencório Vagando em noite fria, assim eu vou...
Que faço se em verdade nada sou Distante deste amor que sendo inglório Sem ter jamais um brilho que decore-o Morrendo, com certeza me matou.
Lavrando em aridez nada colhi, Não sendo este caminho o que escolhi, A sorte nunca tive, nem a vi.
Quem sabe noutra vida, eu volte a ti Mostrando o meu olhar lacrimejante Talvez volte a sorrir no mesmo instante..
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De tudo que sonhei na minha dura vida, Achei felicidade em momentos atrozes. O sorriso que dei nas mãos dos meus algozes; A lua que ilumina em noite vã, perdida;
A hora em que me encontro, em plena despedida. A mansidão que tenho, em garras mais ferozes. Veneno que me cura em tão suaves doses. A mão que me maltrata, a que é oferecida.
Aprendo com o não, me ensina mais que o sim... E com isso o perdão, é meio e também fim; A dor que compartilho ensina-me a viver.
Entendo o sofrimento assim como a alegria. A noite tenebrosa aguarda um belo dia. Ser bom, quase feliz, da dor tirar prazer! Marcos Loures
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De tudo que juntei, grãos abortados, Os dias nunca foram mais felizes, Deslizes escancaram cicatrizes E os olhos tantas vezes embotados.
Recados do passado chegam tarde, E o quase ainda dita este cenário, A velha fantasia queimando arde O canto do pardal doma o canário.
Estrela debutando na janela O verso desembesta e me revela A sela sem cavalos quer galope.
Receios são recheios dos meus versos, Encantos se perderam, pois dispersos, Garrafa da ilusão em fel se entope...
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De tudo que aprendi na minha vida Em várias estações onde passei Somente pouca coisa foi retida Das muitas emoções que eu enfrentei.
Buscando a cada dia ser feliz, Ouvindo algumas vezes a razão, Contudo percebi ser aprendiz, Meus versos sempre cantam emoção.
Meus erros repetidos num momento, Os sonhos abortados ou calados, A própria solidão, o sofrimento, Os medos, os segredos desprezados...
O melhor, com carinho e humildade, É ter, com certeza, uma amizade...
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De tudo o que tivemos; riso e pranto, Apenas nosso amor permaneceu Vencendo em calmaria o desencanto É luz irradiando sobre o breu.
Não temo mais inveja nem quebranto Pois vendo o sentimento meu e teu Espalho uma alegria em cada canto, No quanto farto amor se concebeu.
Contigo companheira e aliada Eu sei que nada pode nos ferir. Enquanto a fantasia nos gerir.
O sol ao nos trazer bela alvorada Derrama sobre nós a claridade, Dizendo deste amor que é de verdade. Marcos Loures
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De tudo o que sonhara nesta vida. Andava assim, beirando o precipício Achando minha sorte já perdida. Mas quando te adorar tornou-se um vício Achei no fim do túnel, a saída.. fazendo da alegria o nosso ofício
Se flores esparramas pelo chão Aromas são teus rastros, minha sina, Saber do bem da vida, vinho e pão É ter-te nos meus braços; diamantina, Perfazes a beleza e a solução Tão cedo o teu amor já me domina
E mostra que contigo aqui, bem perto, Não temo mais os cardos do deserto...
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De um tempo em que pensara ser pequeno Vivendo a dor cruel da solidão, Percebo nos teus braços, vento ameno Trazendo uma alegria em profusão. De amores e carinhos ando pleno Forjando no meu céu imensidão...
Tu mostras quão possível ser feliz, Tomando a minha vida em alegria. Meu céu, caleidoscópico matiz Agora se moldando em harmonia, Azulejando a vida, amor que quis Farturas de prazer e fantasia.
Vontade de gritar em alto brado, Eu estou, finalmente, apaixonado!
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De um sonho mais feliz e venturoso Deixaste tão somente este vazio, Movido por talvez um presunçoso Desejo que em loucuras eu recrio...
O dia vai nascendo nebuloso, Lá fora tão somente o eterno frio, Caminho pelas trevas e andrajoso Persisto, um andarilho vão, vadio.
O tempo consumindo a fantasia, Legando ao meu destino desatino. Quem dera se eu pudesse... a dor sacia
E em pleno desvario sigo só. Se o gozo da ilusão cedo extermino, Não resta do que fomos nem o pó... Marcos Loures
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De um raro amanhecer eu me afianço Num canto que se mostre mais singelo Eu quero no teu colo o meu remanso, Fazendo desta noite um sonho belo,
Contigo um infinito logo alcanço E todo o meu prazer já te revelo Falando deste amor, não me canso, Meu corpo no teu corpo assim atrelo
E bêbado de luz, vou caminhando Seguido a cada noite te buscando Colhendo no canteiro a bela flor
Quem dera um beija-flor pudesse ser Bebendo em tua boca este prazer Tocado pelo vento deste amor Marcos Loures
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De tua boca, ouvir o belo canto Que pode transformar a minha sina, A vida tantas vezes me destina Apenas, tão somente o desencanto,
Não quero mais saber do antigo pranto Rolando de meus olhos, fria mina, Tampouco a solidão, esta assassina Cobrindo-me deveras com seu manto.
Eu quero uma magia tão simplória Modificando toda a minha história Tragando os dissabores que inda trago,
Numa explosão fantástica e silente, Dizendo deste afeto que se sente Na simples sensação de um manso afago...
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De todos sóis que procurei na vida, Rolando o pensamento pelos astros, Mudando a minha história, a despedida Não deixou nos meus céus, caminhos, rastros.
Aguardo por talvez mão estendida Ao menos que me dê apoio e lastros. Mas sendo tão difícil a saída Bandeiras dos meus sonhos buscam mastros.
Dormentes emoções não representam Sequer algum resquício de alegria. As dores e tristezas se apresentam
Fazendo do meu peito espinho e cardo. Quem teve noutro tempo, a fantasia Percebe quando o amor se torna um fardo... Marcos Loures
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De tudo o que restou somente um naco Daquilo que pensei outrora ter Talvez inda me desse algum prazer, Não estaria assim, cansado e fraco.
Nas festas que sonhei; louvor a Baco, O corpo se entregando sem saber Que pouco a pouco iria apodrecer E agora em cais tão frágil, o barco atraco.
Só sei que não sobrou nem esperança, A antiga fantasia já me cansa E o gosto pela vida se esvaindo...
Não pude resistir, e aos poucos parto, De todo o sofrimento, eu estou farto, A morte; finalmente, descobrindo...
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De tudo o que mais sinto; o que eu queria É ter o teu sorriso aqui comigo, O resto na verdade, nem mais ligo, Apenas eu desejo uma alforria
Libertação se faz a cada dia Cevando a poesia joio e trigo Misturas que demonstram que o perigo Às vezes bem mais perto que podia.
Persisto com meu passo, sem descanso, Não me importando, juro, se eu alcanço Ou perco a flor, matando o seu perfume,
Porém ao pôr meu peito mais exposto O esgar que se demonstra no meu rosto Permite que meu passo, enfim se aprume. Marcos Loures
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De tuas mãos divinas, tal carinho, Que sinto, calmamente, me enlevar; Arando o coração, preparam ninho, Onde esperança, intensa, vai morar.
Eu quero cada fruto, cada flor, Produto do cultivo, plantação. Recebo em tuas mãos, o pleno amor, Que faz no bem querer, adubação.
Decerto nas delícias do pomar, As frutas delicadas, nossos filhos. É vida que, insistindo, faz brotar, Nossos caminhos, unos, nossos trilhos.
E já peço, em mãos postas, numa prece, Essa beleza do amor que amadurece...
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De tua carne livre e desejosa, O gosto mais profano e impudente Por tanto que te quis voluptuosa Na cama que sonhei mais indecente.
Teus seios tão macios e famintos, Teus olhos tão sedentos e vorazes. Vulcões que já julgara; assim, extintos, Nas bocas e nas mãos bem mais audazes.
Cevado pelo beijo que prometes E tramas toda noite em nossa cama. Ao solo deste amor já me arremetes Minha alma cravejada não reclama.
E quero neste jogo me perder, Vencido pelo amor, ganho o prazer...
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"De todas as maneiras vou te amar!" Por todos os meus mares e campina... Nas ondas que se vão, neste luar... Coração que se entrega, descortina
A vida que jamais pode esperar... Um bolero orquestrado, a louça fina... O tempo amaciando sem sangrar... Meu coração descrente hoje imagina...
De todas as maneiras... Tão distante... Quando partiu, deixou vazio o peito... Tempestade rugindo, delirante...
Quem partiu só saudade me deixou... Nem a força, seguir para adiante... Quem me dera esperanças, as levou!
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De todas as maneiras hei de amar, Em gozo, fogo fátuo, loucamente, Aos poucos bem mansinho devorar Juntar teu corpo ao meu tão vorazmente.
Fazendo-te feliz, ao me dourar Do sol em que irradias, mais ardente, Na tesa sensação de te adentrar Na fúria que se molda amor urgente.
Teus seios, pernas, boca, corpo imerso Em louca fantasia, uma fornalha, Cabendo dentro em ti meu universo
Que explode em alegria e gozo intenso, Amor que não permite qualquer falha, E nunca se perdeu, jamais disperso...
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De toda uma tristeza, sofrimento. Meu riso se espalhando em alegria. O fim de tanta dor e do tormento Invadindo o meu mundo todo dia.
Me sinto mais liberto e mais cativo No amor que sepultou essa tristeza. Sentindo finalmente que estou vivo. Entrego o coração, tenho certeza!
A dor que se desmancha em pleno abismo, Saltando sem sequer olhar pra trás. Trazendo em nosso amor tal otimismo Mostrando: ser feliz, eu sou capaz!
Fazendo deste sonho pleno mel, Nos braços de quem amo, vou ao céu!
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De toda uma alegria, nada resta Somente a solidão, triste quimera. A dor que a tanto amor, o fim empresta, Demonstra como a vida só, é fera...
Amor quando se acaba, solto ao vento, Dos olhos, tanta dor, lacrimejando... O sonho de viver, pressentimento, Aos poucos, como tudo, se acabando...
Quem fora companheira, leva a vida... E deixa, em seu lugar, este vazio. Sabendo deste fim, minha querida, Não deixe que vivamos neste frio...
Por isso, minha amada, fica comigo, De certo irei dormir, findo o perigo...
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De toda loucura Que a gente quiser Amor traz a cura De um modo qualquer
Enquanto ternura Delícias, mulher À noite se apura O que se disser
Total transparência De rendas, cetim, Amor sem decência
Sem medos, enfim, Pontua em demência Desejos em mim...
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De toda esta loucura, o peito apraza Alcança, num momento a cordilheira Dos sonhos ideais calor e brasa, Tomando a minha vida, por inteira.
Servindo a quem se fez o servidor, Amando além de tudo, com firmeza. O passo lado a lado, alentador, Toda a beleza em vida já represa.
Acima do que pude perceber, Alçando em liberdade, mais profundo, Recebo em tuas mãos farto prazer, Meus olhos nos teus olhos; aprofundo.
Inundas com carinhos, minha vida, Encontro a redenção antes perdida... Marcos Loures
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De todos sentimentos, assenhoras, Dominas cada frase que eu disser A sílfide que, em forma de mulher Chegou à minha vida sem ter horas.
A cada verso teu me revigoras Do jeito e da maneira que vier Eu quero a maravilha de poder Saber o quanto em fogo me devoras.
Coração taquicárdico te espera Eternizando em flor a primavera A solidão malévola se espanta
Ao ver essa beleza sem igual, Encanto feito amor, sensacional Alavancando a vida, me agiganta..
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De todos os momentos que sentira Perdera todo o senso, sem saber Que a mão que acaricia enquanto atira Às vezes causa dor, outras prazer.
Embora a sede louca já prefira O corte feito em gozo por saber Que a carne que se expõe no amor que gira Em carrossel transmuda o bem querer.
Mas nada mais me resta, risco e rastro, Arisco busco o canto em que me ofusco, Somente adormecendo em lusco-fusco
O brilho de teus olhos, mágico astro. De todos os momentos, rostos e entes, No amor que me demites e em que mentes.. Marcos Loures
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De todos os momentos que passei Durante a minha vida já te digo O quanto na verdade eu procurei Amor que se fez calmo enquanto amigo.
Felicidade imensa é nossa lei Não temo nem a dor sequer perigo, De tudo o que mais quero, eu encontrei Vivendo dia-a-dia, estar contigo.
Não temo nem tristeza ou solidão Pois tenho em nosso amor tal emoção Que traz amanhecer em paraíso.
Vencendo todas pedras do caminho, Jamais me sentirei assim sozinho Encontro em teu abraço o que eu preciso.
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De todos os meus dias, terremoto Mudando vez em quando o velho rumo. Pecado cometido; logo assumo E de ilusões, o peito agora eu loto.
O sonho se mostrara então, remoto, Negando da alegria o santo sumo, Nas mãos amareladas pelo fumo O medo deste amor, decerto esgoto.
E faço do meu verso, uma arma a mais Querendo bem aqui os magistrais Delírios deste amor que eu bem queria.
Do quanto que não tive e o que passei No muito da esperança eu decorei O passo que se mostra a cada dia. Marcos Loures
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De todo sonho, o bem que eu te propus Ferrenhas emoções vão me inundando, Não tendo mais sentido quanto e quando Eu sigo os rastros teus e chego à luz.
Fartura que ao divino amor conduz Faturas de esperanças vêm cobrando, Fraturam estruturas, desabando O canto mais audaz se reproduz.
Acácias espalhadas na alameda Dos sonhos, um divino bulevar Almíscares invadem, ganham o ar
Permitem que alegria então se ceda Mostrando em tons sutis tal maravilha. Minha alma que antes fora uma andarilha. Marcos Loures
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De todo o que passei; cada tormento Deixando a mais profunda cicatriz Não tendo em meus caminhos mais alento, Vagando quase sombra, um infeliz.
Atrizes que se foram, palco estúpido. Num último momento, mau cenário, Olhar que me devora, atroz e cúpido, Estende o seu sorriso temerário
No crocitar terrível, na rapina, O bico que penetra no meu cerne, Quem dera se minha alma em leve crina Alçasse uma esperança que me hiberne.
Talvez inda restasse uma ilusão, A noite se esgarçando em podridão...
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De todo este lirismo me reveste Palavra que me dizes, mansamente, Além do que este vento em paz pressente Amor não necessita qualquer teste.
Verdade que se quer e cedo ateste Na chama tantas vezes inclemente O tempo de viver tão plenamente Em toda a fantasia que inda reste.
As rugas vão tomando a minha tez São marcas de um amor que se desfez Intensa sensação que não termina...
Afinal, quero o nosso amor de volta, O peito se transtorna e se revolta Distante do que outrora fora sina. Marcos Loures
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De todas as mulheres que eu já tive Tu tens a maravilha de saber Conciliar ternura com prazer, Em ti, minha alegria sobrevive.
Magia que contes de ser assim, A doce feiticeira que domina, Eu quero o teu sorriso de menina No corpo da mulher, amor sem fim…
Prendeste com carinho, o coração De um tolo seresteiro que pensara Que a vida fosse amarga, fria amara
E quando se entregou sem direção Bebeu da fantasia deste encanto, E sabe que te adora, tanto, tanto...
Marcos Loures
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De ter a solução para os problemas, Percebo o quanto é bom viver liberto, Ao lado de quem ama nunca temas, O rumo que encontraste é o mais certo.
Por isso meu amigo em raras gemas A vida nascerá neste deserto, O peito quando aberto, traz emblemas De luzes e de sonhos bons, coberto.
A força da amizade se mostrando A cada novo dia já faz crer No amor que em claridade se entornando
Um sonho quando feito em liberdade Permite vislumbrar pleno prazer, Vivendo a força incrível da amizade. Marcos Loures
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De tantos companheiros de desdita Nos velhos botequins e nos bordéis, Nas tramas mais diversas, carrosséis, A vida desfilando vã, maldita...
No quanto a mocidade inda acredita Destoam realidades, méis e féis, Findando nos escombros dos motéis Fiando a sorte intensa, mas finita.
Lavrando com ternura um bom canteiro, Arando com palavras mais gentis, Um mundo tão cruel ou lisonjeiro,
Num átimo, um mergulho tão diverso, Mutável recriando este matiz No iridescente prisma feito em verso...
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De tanto te cantar fiquei afônico, Mas nem me deste bola, estou no sal. O amor que ofereci morrendo, agônico, Sonhara com espaço sideral.
Tentando ser da vida como um tônico, Vencendo sem temores todo o mal Às vezes comportado outras hedônico, No fundo, amor sagrado e sensual.
Depois de certo tempo, nem ouvias, Matando em nascedouro as fantasias Deixando para lá quem te quis bem.
Fazendo-se de mouca, agora eu mudo, Seguindo o meu caminho surdo e mudo Não me queres? Não quero a ti também! Marcos Loures
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De tanto ser tão tonto tento um tento Que nada... Amor balança, mas não cai. Um novo Paraíso até que invento, Porém a solidão não se distrai.
O olhar que já guardei no pensamento, Teimoso deste jeito, nunca sai. Repito, toda vez, este lamento, Agora, deste jeito, eu penso vai...
Eu sei que sou ingênuo, disso eu sei. Quem fez das ilusões a sua lei Demora, cai a ficha, volta ao zero.
Ao menos um sorriso de um amigo. Eu tento, me arrebento e não consigo, Porém, oligofrênico, eu espero... Marcos Loures
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De tanto sentimento que despertas Mal sabe quanto quero teu amor. As horas que vivemos, tão alertas. Em tantos desafios, teu calor...
Amor fazendo leis que desconcertam Em várias incertezas já se apóia. Nas dores que depressa não consertam Acalmam-se no amor, santa tipóia...
Trazendo nas premissas tanta sorte Que as leis que amor criou tramam razões Que se formam das noites brilho forte, Razões que sempre tramam corações.
Amor se não se cuida se padece Razões que na verdade amor conhece...
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De toda essa vontade de te ter Tão pouco me restou, só a saudade. Que cisma a cada instante renascer E destruir qualquer felicidade...
Fomos tão eternos, mas morremos, Da triste solidão, que vivo agora. Talvez, noutros braços, buscaremos O brilho e o prazer que a vida implora...
Vazio, um sentimento me domina, O canto que cantava se perdeu... A lágrima caindo, cristalina, Em rubra solidão se converteu...
Porém num grito amargo te reclamo. E saibas meu amor, eu inda te amo!
94
De toda a sorte e glória, um doce aviso Chegando calmamente à nossa casa. O vento da esperança é mais preciso Mantendo sempre acesa cada chama.
Partilhas que se fazem são promessas De um tempo em que virá tanta fartura. No quanto que tu sabes e professas A cada novo dia, com candura.
Uma amizade mostra quanto é belo O caminhar sem medo ou aflição. Expia com carinhos tal flagelo Que causa a mais cruel arribação
Dos sonhos e dos risos mais gentis, Mostrando que é possível ser feliz. Marcos Loures
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De tocaia, espreitando, a mesma fera Que há tempos não permite mais que eu ria. Nas garras e nos dentes da pantera A morte da esperança e da alegria.
Seria tão somente um pesadelo Não fora o gargalhar da besta infame. No quanto a nada ter, eu me enovelo Mentiras, vis ardis que a sorte trame.
O quanto desejei e nada veio, Apenas a vontade de morrer. A solidão chegando sem receio, A vida vai passando sem prazer.
O tempo de sonhar? Pra sempre ausente, O fim em solidão já se pressente... Marcos Loures
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De ti eu sou somente um helianto Envolto pelos brilhos que me emanas, Tua dolência em forma de um encanto Em rara formosura traz-me ganas
De acompanhar-te sempre, em cada canto. No amor que nos tomou, do qual ufanas. Distante da má sorte e do quebranto, Na sede e na vontade que me emanas.
Sentir teu corpo quente, em harmonias, As mãos que me percorrem, mais macias, O fogo de uma estrela bela, acesa...
Opulências divinas, rumos vastos, Desejos e prazeres nada castos, Tu és a plenitude da beleza...
97
De ti ando cativo ultimamente, Pior; eu não desejo a liberdade Tomando já de assalto o corpo e a mente Amor vem e traduz felicidade.
Decerto eu te pareço algum demente, Porém a cada verso uma verdade, Distância se tornando penitente Tocado pela insânia da saudade
Eu venho, num soneto reclamar O quanto estás agora tão distante. Quem dera se eu pudesse levitar
Chegando junto a ti, no mesmo instante Dizendo claramente num lampejo O quanto que te eu quero e te desejo... Marcos Loures
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De ter um sonho calmo, manso em paz Eu sinto-me capaz desde que vi O lume que esperança sempre traz Tocado pelo brilho que há em ti.
Carinho que decerto satisfaz, Encontro com certeza bem aqui, Vencendo a tempestade mais voraz Nos braços da amizade, enfim venci.
Agora nada temo, minha amiga, Contendo o teu sorriso dentro em mim, Lutando sem temores chego ao fim.
E tendo esta alegria que me abriga Eu venço os temporais e vendavais, Meu rio desemboca no teu cais...
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De ter o teu amor só para mim Apenas foi um sonho e nada mais. Se a gente não enfrenta os vendavais O barco não terá seu cais no fim.
Na cama estes lençóis, puro cetim, Retratos muitas vezes sensuais No fundo sem amor, ficam banais, Inútil feito a lua sem o gim.
E caço os teus pedaços pela cama, Rastreio cada passo que tu destes, Em vão a poesia te reclama,
E tendo este vazio como herança, Os dias passarão bem mais agrestes, Mortalhas que revestem a esperança...
4700
De tanto que sonhei, a me fartar, Buscar saciedade aonde é vão. A vida que me salga, imenso mar, Expressa o desengano, a decepção...
A angústia, esta cruel embarcação Fazendo cada sonho naufragar, Moldando numa inútil floração Jardim que eu nunca soube cultivar...
Se acaso inda tivesse uma esperança... O tempo se esvaindo, nada tenho. O amor que não bebi e não contenho,
O frio que em tormentas já me alcança, Agarro este cometa, inutilmente, Não voltará, decerto, novamente..
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