DESCOBRIMENTO

Data 03/12/2010 22:06:53 | Tópico: Poemas


a leste, me reconheço

a oeste, já incandesce

e nesse entretanto estreito
nesse olhar que ao chão me deito
há um leve movimento
que me trai a inspiração:

mesmo sem eu fazer nada
(apenas leve penumbra)
a linha da minha sombra
caída, esguia, na estrada
subindo, descendo
no ponto onde eu esquecera
que me fica o coração.

(mistérios da minha sombra
relevos do meu perfil)

e o meu peito-horizonte
sobe e desce, em vagas mansas
amando a luz que se esbate
por destino, mais do que
por mero ardil

:antes que a noite me apague
a aura que me afiança
recolho a sombra caída
invisto-a como quem há-de
ter ainda a esperar
a aurora da própria Vida
em si mesmo a despontar

(sem sombra de qualquer dúvida -
sombra de tudo o que enxergo
se à claridade não nego
o próprio corpo -
é meu, o teu respirar.)

Ainda.



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