
MEUS SONETOS VOLUME 049
Data 04/12/2010 07:09:11 | Tópico: Sonetos
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Deixando para trás qualquer adeus Do quanto que pensara nada ter, Ao ver esta beleza imersa em breus Refaço minhas ganas de prazer.
Outrora, a insegurança me impedira De ver a luz após a tempestade. Olhar do amor, farol, luzente pira Mudando todo o rumo, claridade.
Nascido entre calcários e resinas, Estrumes como adubo da minha alma. Num átimo, tu vens e descortinas Depois do vendaval sublime calma.
Assim, repondo o trilho de meus dias, Encontro ancoradouro d’alegrias... Marcos Loures
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Deixando para trás quaisquer pudores, Teremos recompensa em fino gozo. O mundo tantas vezes melindroso Esquece da alegria, os seus pendores.
Misturas de desejos e de odores Fazendo deste templo tão formoso - Teu corpo, que se mostra desejoso Forrando nossa cama em tantas flores.
Orgasmos são caminhos para o Céu, No templo em que deleite se faz prece, Recolho o que bendito se oferece
Bebendo com fartura todo o mel Que explana nosso amor puro e infinito, Fazendo do pecado, mero mito...
03
Deixando para trás as velhas cismas, Não temos que sentir qualquer vergonha O amor quando demonstra em vários prismas Permite que este sonho se componha
De fontes luminosas, chafarizes, Causando esta magnífica impressão, Assim nós poderemos ser felizes Vivendo sem temor, esta paixão.
Sem pejos ou pudores corpos nus, Sabendo desfrutar cada momento, Meu sonho nos teus barcos quando eu pus, Vencia desde ali, qualquer tormento.
Balança essa roseira, venha cá, Que “a vida só se deu pra quem se dá”!
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Deixando para trás as velhas brigas, As águas vão passando em meu caminho, Mandingas, galho arruda, rezas, figas A chuva me tocando de mansinho.
No horizonte tão belo, sonho eu crio, Crivando em azulejo nosso céu. O quanto fora vago e até sombrio Permite que ressurja um claro véu.
Verão vai terminando, chega outono Eu lembro o triste inverno que passei Pensara condenado ao abandono. A solidão quimera feita em lei.
Nas previsões do astral meu signo e o teu Combinação perfeita que se deu... Marcos Loures
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Deixando para trás antigos medos Momentos em amor, alvissareiros, Descubro em tuas minas, teus segredos E faço de meus lábios bons mineiros.
Sabendo de teus sonhos, teus enredos Percebo teus desejos sei teus cheiros. Adentro em teus caminhos, meus degredos Olhares que trocamos; feiticeiros.
Bebendo o teu orvalho gota a gota, Acerto meu prazer em tua rota E um raro amanhecer; logo componho.
Eu tenho esta certeza que me toma, Amor quando é perfeito trama em soma Um mundo que se mostra mais risonho. Marcos Loures
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Deixando uma verdade tão tacanha Montanhas espiando um vale imenso. Batalha tantas vezes quase ganha, Vencida num momento bem mais tenso.
O quanto que se pode é o que se ganha, E neste jogo enfim me recompenso. Marcando com palavras cada sanha Mudando o meu destino, eu me convenço;
Não segue na verdade, convenções, Um passageiro alado; em vãos, liberto; Eternas e benditas mutações,
Trazendo nos seus rumos, muitos temas. Não temas meu amor, disso estou certo, Amores vêm e vão; em piracemas. Marcos Loure
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Deixando toda a vida pra depois, Sem nada perguntar, somente ser. No mundo tão sereno de nós dois, No reino da alegria e do prazer.
Nós somos passageiros da esperança Do amor que se faz todo em liberdade. A solidão cruel jamais avança Aonde impera amor, se de verdade;
Perdoe o meu sorriso benfazejo, Não posso mais calar, estou feliz. Se tenho, nesta vida, o que desejo, Se sou, no dia a dia o que bem quis.
Por mais que haja tristeza, eu sei, lá fora, Minha alma em alegrias, se decora... Marcos Loures
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Deixando tão somente a negação De tudo o que passamos, nada resta, A sorte infelizmente nos atesta O quanto em nosso amor sonegação.
A paz que se perdeu em turbilhão Não deixa que pense em nova festa, Aborto do que fomos não contesta E deixa mais vazio, o coração.
Nem todos os quebrantos me diziam Dos fogos que em mentiras acendiam A treva que tomou o nosso dia.
O quanto desejava e nada vinha, Mulher que outrora fora, em sonhos, minha Tornando amargurada a poesia... Marcos Loures
09
Deixando que esse dia trague a sorte Que se escondera há tempos; trapaceira. Buscando noutro rumo; novo norte, Fazendo da alegria uma bandeira.
Misturo sentimentos e palavras, Nem sempre são irmãos, mas se conhecem. As mãos que propõem em minhas lavras, As mesmas, quando unidas, ‘stão em preces.
Eu quero me esquecer desta tristeza, Que forma, no meu canto, um verso duro. Louvar, assim, a vida e a beleza; Tentando clarear o céu escuro.
Meus versos de alegria, amor e paz; Amiga, na amizade, valem mais...
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Deixando o meu viver mais satisfeito O gozo da amizade mais fecunda, Sabendo ser feliz ser um direito A força da alegria que me inunda
Invade num segundo, toma o peito Matando a solidão, cruel, imunda, Nos olhos da esperança adentro o leito Deixando uma tristeza moribunda.
Mudando minha sorte totalmente, O riso vem surgindo novamente Às custas da amizade mais perfeita.
E mostra uma alegria sem igual Da vida, o mais sublime capital Tornando a fantasia assim, refeita.
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Deixando o meu caminho iluminado. Contigo estarei sempre e desde cedo, Amor que em meu caminho, muda o Fado Tramando em alegria um novo enredo,
Meu canto se mostrando extasiado, Percebe a solução deste segredo Há tanto tempo e sempre demonstrado Distante de temor, receio ou medo.
Minha alma na tua alma mergulhada, Impede a solidão, fria cilada E em lúdica alegria se oferece
Ardentes emoções se superpondo, Um raro alvorecer vai se compondo; O encanto feito amor rejuvenesce. Marcos Loures
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Deixando o jardineiro assim, cativo, Enquanto permaneço do teu lado, Ao mesmo tempo em ti eu sobrevivo, Esqueço que algum dia houve passado.
De uma alegria farta não me privo, Sabendo a qualidade desse arado, Não vejo outro caminho, adentro o prado Aonde de emoção e paz me crivo.
Arguta caminhada pelas ternas Paisagens deste corpo deslumbrante As noites de prazer fossem eternas
A vida mostraria a qualidade De quem imaginando a cada instante Demonstra em perfeição, felicidade... Marcos Loures
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Deixando o corpo amante então feliz No quase que quebramos nossa jura Amor que pede arrego e quer o bis No fundo a gente finge até que atura.
Usando curativo ou atadura, Não quero mais a sílfide nem miss, Te falo, meu amor, na caradura, Quem dera se tu fosses meretriz!
Riscando desta agenda cada nome O jeito é devorar o que se come Sem pejos nem fofoca, e sem vergonha
Lamber até meus beiços depois disso, No fundo o que não quero é compromisso Nem chifre que na testa alguém me ponha... Marcos Loures
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Deixando o coração tão frio e mudo, Encontro a tempestade dia-a-dia, Estrela que se perde já não guia, Prossigo esta viagem, vou com tudo.
Nos olhos de quem quero eu não me iludo Jamais permitirei tal heresia, Sonhando com quem nunca me queria O rumo desta vida; jamais mudo.
Recebo o gosto amargo deste fel, Disfarce que se esconde sob o mel Da boca que beijei em noite clara.
Mentira vai cumprindo o seu papel, Sozinho; eu me perdi do meu corcel, Somente a noite fria inda me ampara. Marcos Loures
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Deixando para trás a sorte inteira Bisonhas gargalhadas eu espalho, Sorriso passa a ser penduricalho Quebrando o que me resta da viseira.
A mão da solidão é bem ligeira Trazendo uma ilusão em ato falho, Andando sem destino eu me atrapalho E colho tão somente bandalheira.
Nas nuvens tão medonhas, sinto a chuva Caindo dentro da alma como luva, Matando o que restou de mim agora.
Sem ter nenhum farol a me guiar, Perdido bem distante do luar, Olhar fixo e distante se decora. Marcos Loures
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Deixando o sol entrar tão mansamente Sentindo este carinho como um beijo. Vou fechando meus olhos lentamente Entregue à sensação já sem desejo,
Sem medo, sem rancor, somente sendo. Sem ter porque, talvez, quem sabe ou quando, Neste silêncio imenso, me envolvendo, Aos poucos me sentindo flutuando...
Adormecendo, sonho estar além Do sempre do bem antes ou depois. A noite, eternidade, a lua vem; Meus olhos são milhões, bem mais que dois...
Eu ouço a voz do vento, bebo a vida, Minha alma só passeia, comovida...
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Deixando bem distante qualquer traço, Prossigo em teimosia e não descanso. Se eu tento e muitas vezes, sigo manso Não quero me esquecer do teu abraço.
Apenas sobrevivo no mormaço Que tanto tempo mostra o velho ranço Nos olhos da morena um embaraço Os braços de quem quero eu não alcanço.
Melódica ternura? De onde vens? Se nada do que tive diz de bens À parte vou seguindo sem sossego.
Amar é traduzir qualquer sufoco, A casa necessita de reboco Nas luzes que sonegas, eu me cego... Marcos Loures
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Deixando bem distante o tal desgosto, Durante muito tempo em minha vida Aos poucos aumentando esta ferida No corte tantas vezes mais exposto.
Beleza inesquecível de teu rosto, Imagem muitas vezes distorcida Viagem que pensava já perdida, Agora um novo sonho recomposto
Bebendo tantos goles, amargor Da morte anunciada deste amor, Morrendo em nascedouro a primavera
Mas tendo uma esperança como amiga, Permita mesmo em vão que inda te diga: Meu verso é tão romântica quimera, Marcos Loures
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Deixando bem distante algum tormento. A vida se permite a teus carinhos Amiga, não se esqueça um só momento De todo amor que uniu nossos caminhos,
Buscando uma alegria, vou sedento, Bebendo da amizade doces vinhos, Poeira no meu peito toma assento, Ternura emoldurando nossos ninhos,
Valores que amizade nunca nega, Em mares tão fantásticos, navega Enquanto uma esperança já comanda
A vida de quem sabe o que mais quer, Do jeito mais sublime que vier No peito em que emoção deseja e manda... Marcos Loures
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Deixando bem distante a noite fria. Calor em rara ardência; em ti, descubro. Vivendo da maneira que eu queria O fogo da paixão intenso e rubro.
Sentindo este bafejo da esperança A mão que acaricia necessita No corpo desejado uma aliança Tornando a nossa vida mais bonita
Eu tenho dentro da alma esta certeza De um tempo em que o amor tomando a cena Derrame sobre nós tanta beleza Num ato de ternura rara e plena.
Buscando este viver maravilhoso, Mergulho no teu mar. Vou desejoso. Marcos Loures
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Deixando à solidão, somente o adeus Estendo o meu olhar ao infinito, Alçando em liberdade, solto o grito E encontro os teus sorrisos sobre os meus.
Nos sonhos embolados, dois Morfeus, Decifram cada sonho já descrito Toando em comunhão, no mesmo rito Do amor que nos transporta e leva a Deus.
Nas mãos entrelaçadas, igual prece, Aos meandros do amor já se obedece E nisso o caminhar se faz preciso,
Pareado contigo eu não me canso, E enquanto a cada dia assim avanço, Adentro ao mais sublime paraíso. Marcos Loures
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Deixando a solidão, tão merencória, Distante dos meus versos, sigo em frente, No amor e no carinho tal vanglória Enaltecendo a paz que se pressente.
Quem fora no passado, pária, escória Um simples e tão frágil penitente Mudando num momento, a minha história Amor estava sempre aqui, latente.
Rondando o pensamento, tanta vez, Amor ao traduzir-se insensatez Pedia em cada noite a plenitude.
Roçando a nossa pele, em arrepios, Eu desço em emoção, nascentes, rios Volvendo a perceber a juventude... Marcos Loures
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Deixando a solidão só na lembrança Amor não me permite mais sofrer, Voltando novamente a ser criança Encontro nos teus braços bem querer,
Uma alegria enorme já me alcança E ajuda, com certeza a reviver A noite de uma infância calma e mansa, Na rara sensação: puro prazer.
Amor quando se faz em tal partilha Não deixa qualquer dúvida em meu peito, Vislumbro finalmente a maravilha
De um dia que virá com luz intensa, Agora que eu sinto satisfeito Tenho em amor a glória e recompensa...
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Deixando este caminho sempre aberto, Nas tendas, nas palhoças, nos castelos, A vida em profusão, louco concerto, Arando uma esperança em seus rastelos...
Mecânicas do amor que desvendamos, Sentidos profanados. Teso, exposto, Dum arvoredo roubarei os ramos O vento do prazer açoita o rosto.
Eu quero e não renego sempre mais, Levado a tais insânias, totalmente, Deixando bem distante antigos ais Momento que em delírio se pressente.
Sem medo de saber de um novo adeus, Aconchegado estou nos braços teus. Marcos Loures
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Deixando em seu lugar, o medo e o frio, A mão que acarinhava se perdeu... Do quanto que inda resta, nada é teu, Somente a solidão negando estio.
Por vezes; solitário, eu fantasio Nos olhos da ilusão, um camafeu Mostrando que meu sonho renasceu. Retorno e vejo em volta este vazio...
Minha alma quebrantada nada escuta, Senão a força amarga, intensa e bruta Desta desilusão que não se vai.
Carcaças do que fomos espalhadas, Adentrando as insones madrugadas A chuva em teimosia, sempre cai... Marcos Loures
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Deixando a dor distante e sem defesa Tua presença traz a mansidão Florindo meu caminho em emoção Tramando cada passo com leveza.
Da vida que se fora amarga e tesa Agônica mortalha da ilusão Tomando toda a cena. Negação Dos sonhos que eu tivera em vã tristeza.
A chuva pouco a pouco assim se amaina, Amor vem demonstrando em sua faina Ser liberdade além de um vago sonho.
Contigo eu aprendi a ser feliz Meu verso; a ti dedico, enquanto diz Do Amor em plenitude que proponho... Marcos Loures
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Deixamos nossa vida por um triz Nas vezes em que, tolos inda cremos Que a sorte de viver nos faz feliz, Por mais que destrocemos nossos remos;
O barco se perdendo em mau destino Não deixa que veja mais o cais. Olhares de uma infância em desatino Exposta a carniceiros tão venais.
No campo e na cidade a mesma face Da fome se espalhando dia-a-dia. Quem dera se pudesse ou encontrasse Viver ao fim de tudo, uma alegria
No canto mais sublime da amizade O rosto tão suave da verdade... Marcos Loures
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Deixamos as mentiras para trás Sem termos os disfarces que inda impeçam O brilho que a alegria sempre traz, Os passos entre estrelas não tropeçam.
Resistir, como? Somos viajantes Comparsas nas andaças pela vida, Em meio a pirilampos faiscantes Encontro finalmente uma saída
Nos braços desta Musa que me acolhe, No colo de quem tanto desejei, Por mais que esta neblina ainda molhe, Recolho o que deveras já plantei.
Na boca que se mostra escancarada, Os brilhos desta mágica alvorada... Marcos Loures
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Deixados pelos cantos sem espinhos, Os medos não têm mais razão de ser. Segredos que já foram mais daninhos, Agora não conseguem subverter O denso carretel feito em carinhos Gostosa sensação de audaz prazer.
Perecem as tristezas esfaimadas, Jogadas nos quintais ledos, baldios, As horas do teu lado tão mimadas, Encontram finalmente este desvio, Ao ver o fim soberbo das estradas O coração não quer ser mais vadio.
Recrio meus castelos e princesa, Comendo no teu corpo a sobremesa... Marcos Loures
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Deixados no caminho em que prossigo Os passos de quem sinto ser além Do simples desejar, do querer bem, Seguindo o tempo inteiro aqui comigo.
O medo se esvaindo, sem abrigo, Eu sinto que enfim, encontro alguém E o vento da esperança, manso vem, Felicidade imensa, eu já consigo.
Vislumbro na penumbra raro brilho, Falena enamorada, agora eu trilho Demonstro, num momento ansiedade.
Faróis iluminando o negro céu, Das nuvens tenebrosas surge o véu, Teus olhos espelhando a claridade. Marcos Loures
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Deixada pelo amor em liberdade Pegada solta em pó poeira, areia Sereia que se deu bar e cidade Estende o seu tapete em lua cheia.
Na teia em que se enreda a fantasia Fantasmas do que fui vão sem destino, Menino que ilusão, temente cria, Na argila da esperança, eu me alucino.
Um hino que se faça, um verso solto, Batalhas esquecidas, novo prumo. O mar que se mostrara mais revolto; Agora em calmaria, entranha o sumo
Da sorte que se esfuma, mas retorna, Amor que nos pertence, luz entorna...
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Deixada para trás no rés do chão Rasteja pela casa a vil serpente, Do quanto que se fez tão envolvente, Morrendo pouco a pouco, a solidão.
Ao ter em novo amor, a redenção, Um dia mais feliz já se pressente E o corpo entregue ao lume incandescente Do fogaréu imenso da paixão.
Sentindo em teu perfume esta evidência, Na tua tez morena, a transparência Do gozo sem limites, desfrutar.
Qual colibri que voa enamorado, Chegando mansamente do teu lado, Teu néctar; vou sorvendo com vagar. Marcos Loures
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Deixada há tanto tempo, na saudade, A luz que se pensara redentora. A gralha vai negando a liberdade Crocita sempre aqui, não vai embora.
O lobo que em matilhas segue a caça Prepara em noite escura o seu ataque Trazendo em agonia a velha traça Busca o melhor momento para o saque.
Capacho de si mesmo, homem algoz Estampa em sua face a fome insana, O bote que se dá bem mais feroz, Demonstra a dura espécie desumana.
Quem dera amor raiasse na manhã, A vida não seria torpe e vã. Marcos Loures
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Deixada em testamento, uma esperança Que possa transforma todo o cenário Do outrora caminheiro temerário, Agora tão somente esta criança
Que olhando para estrelas, sonha e dança, Tirando a fantasia deste armário, Sabendo que sonhar é necessário, Enquanto o tempo é fero e sempre avança.
Voltar a ser somente um manso infante, Vislumbro a bela cena que adiante Teremos como um bom, doce final.
O quase ser feliz realizado, No quadro pelos sonhos matizado, Mudando num segundo todo o astral...
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Deixa de ser teimosa, por favor; A gente ainda pode dar um jeito As desculpas, decerto agora aceito, Nos erros deu cupim até bolor.
Mas tenha mais cuidado com o andor, Se o rio ultrapassar o velho leito Inundando o jardim, insatisfeito, Eu vejo se perder perfume e flor.
Mirando a tua lua derradeira A noite velha amiga e companheira Derrama-se em argêntea maravilha.
E quando o coração diz da festança Que o sonho me liberdade logo alcança O amor por entre estrelas vaga e trilha...
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Deitei-me junto à jovem esperança E fomos bem felizes, te garanto. Se sei tanto prazer quanto ela alcança A moça vibrará pra meu espanto.
Abrindo as belas pernas- pede- avança, E se mostrando sôfrega eu me encanto E adentro virilmente com a lança A moça se desfaz e eu me agiganto.
Um velho espadachim inda perfaz Caminho que em bandeiras, descobriu. Elétrica esperança tão gentil
Garante que estocada satisfaz E pede, com sorrisos sempre mais. ( No conto da esperança, ele caiu)
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Deitar tua nudez em nossa cama, Beber do teu suor, beijar teus seios. Lambendo as labaredas, tua chama Adentrar com vigor, úmidos veios.
Sentir a tua boca me tragando, Ao mesmo tempo, a língua mais audaz Na gruta delicada penetrando, Com sede e tão faminta, mais voraz...
Mexendo e rebolando sobre mim, Cavalgue meu amor, o teu corcel, Numa explosão intensa chego enfim Voando sem ter asas para o céu.
Depois deitada nua, sem ter pressa, A festa sem limites recomeça...
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Deitando sua prata sobre a gente A noite enluarada já promete Um sonho tão fantástico, envolvente, Aos braços da emoção nos arremete. A cada nova noite se pressente O bom de ser da dama, o seu valete.
Eu quero estar no jogo mais gostoso, Na intensa sedução dos olhos mansos, Bebendo cada gota deste gozo Cobrindo em farta luz os meus remansos. O dia renascendo mavioso, Colhendo os frutos todos dos descansos.
Prenúncio que se faz em realidade, Moldando a mais divina liberdade. Marcos Loures
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Deitando sobre ti, prazeres tantos, Sentindo-te tremer em emoção, Nos remelexos tenho teus encantos, Ato prenunciando a convulsão
Orgástica euforia nos tomando, Abrindo tuas pernas, eu penetro Os campos que o amor vai semeando, Reinado em que desejas rei e cetro.
Ruborizada a face em desejos, Bacantes incessantes numa orgia, Unidos num encaixe em relampejos Latejas e contrais com euforia.
Até que esparramamos vasto mel, Pantera afia as garras, no corcel...
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Deitando sobre os sonhos, te sentindo Tocando com teu corpo, meus desejos... Num sentimento breve, leve e lindo, As sombras de teus lábios nos meus beijos...
Ao longe a melodia me invadindo, Na forças destes sons, belos arpejos; O canto de além mar, aos poucos vindo Tornando meus prazeres mais sobejos...
Eu quero tua sombra sobre mim, Deitando em branca areia, lembro o mar. No porto que encontrei amor sem fim,
Vontade de chegar e me atracar No cais deste desejo. Pois enfim, Agora já conjugo o verbo amar...
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Deitando sobre nós a poesia A noite se luziu em serenatas. Estranha sensação traz agonia Ardendo em nosso peito, feito matas.
Espalha o quanto trouxe em alquimia, Ardendo em tantos corpos vis chibatas, No quanto que te quero e não desatas Estendo o coração em noite fria.
Mascaro os meus temores em sorrisos, Embora o peito exposto a tais granizos Não deixa de cantar o quanto quer.
Na boca delicada e carmesim, O beijo que esperei trouxe pra mim, O fogo abençoado da mulher... Marcos Loures
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Deitando sobre mim tuas vontades, Cavalgas o teu macho, teu senhor. Atando tuas mãos, algemas, grades, No gozo sem limites, prazer, dor.
Fudendo tua xana, em fogos ardes Prazer insuperável, te propor Mordendo teu grelinho saciedades, Escrava se entregando sem pudor.
Chicotes e corpetes, arrepios Teu rabo em minha boca, língua e dedos. Dois corpos desejosos e vadios
Enfio com firmeza sem receios Insaciável, busco em teus segredos Gozando à espanhola entre teus seios...
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Deitando sobre as luzes da ribalta Um sonho em espetáculo promete Calando as solidões amarga malta A vida aos teus carinhos me arremete.
Bailando nos teus braços, sonho e luz, Recebo a redentora poesia Que entranha em minha pele e me conduza A toda sorte imensa que eu queria.
Saltando sobre as pedras que encontrei Estrela em claro brilho me domina, O amor que em nossa vida se fez lei Permite no pernoite a rica mina
Aonde se escondeu raro tesouro, Nos raios deste sonho, eu já me douro...
44
Deslizo nos seus braços, amizade, Atravessando mares, vilarejos. Anseio recordar felicidade Distante dos meus olhos, meus desejos.
Deixando para trás a tempestade Não vejo nesta vida mais os pejos Que outrora concebera na saudade E agora são apenas relampejos.
Afago com carinho meus prazeres E trago nos meus dias afazeres Que possam permitir uma bonança
Nos laços da amizade um velho encanto, Mudando no meu mundo o triste canto Trocado pelo manto da esperança...
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Deslizo minha mão sobre esta pele Macia, bronzeada e tão gostosa. A boca desejosa se compele A mergulhar em loca maviosa.
Que o tempo agora pare, que congele Sugando o doce aroma, gozo e rosa. Cavalo desejando- amor quem sele E suba em cavalgada caprichosa.
Vem logo que não posso mais conter A fúria desejosa que me toma, A fera que se entrega e que se doma
Passeia por teu corpo com prazer. Indômito corcel não quer parar, E tudo, novamente começar... Marcos Loures
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Deslizo meus cometas no teu porto, Inebriadamente entrega e gozo. Sabores se misturam. Vou absorto Vasculho teus espaços, caprichoso.
Ao mares do passado se reporto Percebo o meu futuro fabuloso, Nas praias da esperança então aporto E bebo cada gole, mais guloso.
Num turbilhão de imagens sonho à solta, Deixando para trás qualquer revolta Adentro o quanto quero, teu prazer.
No centro do universo brilha a nua Deitando o seu desejo, bela e nua, No incêndio que me inflama e quero ter... Marcos Loures
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Deslizo as minhas mãos em tua pele, E encontro a mais perfeita silhueta, O anseio em plenitude me compele À esculpida em Carrara, estatueta.
Tu és a prima-dona que eu sonhei Reinando sobre todos os sentidos Tua vontade sendo sempre lei Abrigam meus desejos escondidos.
E quando te decifro, me devoras, Enigmática deusa feita esfinge Diante de teu corpo, várias horas, Minha alma se liberta, ou mesmo finge
Pois tens em teu olhar, magnetismo Defronte a tal beleza; insano, eu cismo...
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Deslizando meus lábios sobre ti, Encontro nos teus seios, maravilhas. Depois tão calmamente prossegui E desço por caminhos, belas trilhas,
Montanhas e declives, bem aqui, Sedento bebo em fonte, nas vasilhas Divinas onde encontro o que pedi. Olhar de quem adoro... logo brilhas...
As mãos jamais se hesitam e se tocam, Carinhos mais profanos que se trocam Fornalhas acendidas do desejo...
Refaço este passeio, em novo beijo, E traço no teu corpo todo o mapa, Nenhum detalhe, amor, assim escapa... Marcos Loures
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Desilusão! Maldita companheira! Por vezes procurei cura de própolis, Nos meus sonhos helênicos, acrópolis, Embalde, te mostraste por inteira.
Tua face mostrando verdadeira Pequenos vilarejos às metrópolis, Sonhos imperiais, bela Petrópolis, Desilusão dos sonhos de uma freira
Apaixonada. Serás meu sepulcro! Pois me acompanharás ao cemitério... Tantas vezes perdido, vou sem fulcro,
Carregando pesado fardo, vida... Delírio que imagino, vou funéreo, Até que a morte, enfim, venha e decida! Marcos Loures
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Desilusão moldada em tal receio De ter amor completo e sem desmonte, Na doce fantasia, tanto enleio Distante, bem distante do horizonte
No qual amor pensara ser um veio Descendo em alegria belo monte, Apenas solidão, tristeza, veio Secando em nascedouro, pobre fonte.
De tudo o que sonhara, coincidência, Perdido sem caminhos, ganho o mundo, A vida se tornando uma inclemência
O corte mais profano e bem profundo, Fazendo do viver tal penitência Matando as ilusões em um segundo...
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Desfruto deste amor, nosso pomar, Bebendo todo o suco desejado Querida e não me canso de tomar No corpo que se mostra do meu lado
Desnudo. Ah Que vontade de provar Até ficar, querida, saciado. Depois neste bel porto naufragar Meu sonho de prazer, apaixonado...
Eu quero descobrir cada pedaço Desta maravilhosa criatura Faminto, com vagar, em cada passo
Fazendo delicada esta procura. No pátio, no quintal, na rua e paço Deixando-me levar em tal loucura!
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Desfrutarei um pouco desse encanto Se tu quiseres ter uma alegria Desejo que se quer cedo vicia Tornando mais distante este quebranto.
Do gozo feito em festas eu me encanto Além de todo bem que concebia Quem vive muito mais que fantasia Deitando o seu prazer no mesmo manto.
Plantando uma esperança no meu peito Eu colherei o sim, talvez o não. Mas sigo meu amor de qualquer jeito
Não deixo um só segundo de viver O que me sobra em vida, em emoção Querendo usufruir todo o prazer...
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Desfraldo esta bandeira dos meus sonhos, Saudades emergindo a cada curva, Do rio em transparência, água tão turva Em noites mais ardentes, cais bisonhos.
Nas galeras perdidos, vão tristonhos Depois da dura estrada vem a chuva Capotando minha alma, torta, curva, Moldada em carrilhões velhos medonhos.
Nas hostes fugitivas da esperança Apenas os sinais tão sanguinários. Momentos mais felizes? Temerários...
O nada em simples olhos já me alcança Causando a mais cruel temeridade Deixando como rastro esta saudade...
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Desnudando-me, busco a Tua Imagem, E a perco ao mesmo instante que procuro. Cenário permanece ledo e escuro, As trevas dominando esta paisagem.
Olhar para mim mesmo, vaga mensagem, Levando ao chão agreste, seco e duro, Rasgando o meu retrato, enfrento o muro Deixado como herança em vã viagem.
As metas se embaralham; nada vejo, As cartas já marcadas dizem não. A vida preparando este alçapão,
Mortalha que teci, vem num lampejo E joga sobre o solo este edifício, A cada novo passo, o precipício...
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Desnudando minha alma aqui me exponho Um verme que passeia sobre a Terra, A cada amanhecer bem mais tristonho O peito em amargura se descerra.
Quem dera se tivesse vivo um sonho Porém a realidade me desterra E leva ao sepulcral reino medonho Aonde a morte impera, a vida cerra.
No afago deste túmulo quem sabe Terei a poesia que me cabe, Lamento derradeiro de quem quis
Lutando contra a sorte desairosa, Colher deste canteiro, última rosa, Tentando ser ao menos mais feliz...
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Desnuda em minha cama, deusa e fada Insanidades tantas, vaporosas... Amor, no coração faz a morada, Cevando em meu jardim, divinas rosas,
Tomando deste céu a luz dourada Envolta em luas claras radiosas. A vida, nos teus braços, renovada, Reflete fantasias maviosas.
Sabendo transformar em liberdade O sonho de viver, eternidade Invade com ternura o pensamento.
E bêbado de luz, não me detenho, Amor que se mostrando em tal empenho Engavetando em paz, o sofrimento. Marcos Loures
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Desfilo baboseiras entre rimas, A par de tantas coisas que não vi, O amor que procurava sempre em ti Fingindo com metáforas, estimas.
Durante muito tempo tanto esgrimas Que nada do que tive, eu percebi, Abelha que o ferrão feroz; senti, Mudando em tempestades calmos climas.
De tanto que falaste em meus ouvidos, Os passos que eu tentei tão decididos Perderam-se na noite mais escura.
Se eu digo estas verdades me desmentes, No fundo já nem sei mais o que sentes, O amor nos levará cedo à loucura... Marcos Loures
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Desfilas nos meus sonhos, deusa e diva, Reinando sobre estrelas e luares. Contigo caminhando em mil lugares Minha alma se tornando mais altiva.
De todos os desejos não me priva, O amor que frutifica em dois pomares. Enquanto em tuas mãos tu me tomares, A glória deste encanto está bem viva.
Que nada possa um dia, transformar O sonho em pesadelo; agora eu peço Vivendo a vida inteira sem tropeço,
Mereço nos teus braços meu altar. Olhando firmemente para ti, O meu olhar mais belo eu descobri... Marcos Loures
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Desfilas nesta noite uma constelação Desnuda em minha cama – estrelas derramadas, Permitem que se tenha em cores, explosão. Debaixo dos lençóis as chamas deflagradas
Explodem em desejo, a fome da paixão Rendido a tal insânia eu rolo mil escadas Tropeço no infinito e caio em tentação Bebendo gota a gata em gozos e tragadas...
A fada já faz cena em arroubos sutis, Fagulhas acionando incêndios sensuais Posseiro deste enredo, eu sinto-me feliz
Arrombo uma porteira, invado o matagal, Na sanha que se mostra, eu quero sempre mais, Tocando e descobrindo este teu mapa. Astral...
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Desesperança marca em tatuagem Uma alma em desencanto, frágil, fria. Nos versos de uma bela poesia O amor preconizando uma miragem
Que trague farta cor para a paisagem Que o sonho mais sereno quer e cria. Eu sei que tanto amor se fantasia, No fundo, uma paixão, mera bobagem.
Porém não custa nada imaginar Um mundo mais feliz. Um novo lar Protegido dos cortes e navalhas.
Encalho esta esperança nos teus portos, Não quero ter meus sonhos, todos, mortos, Depois de tantas lutas e batalhas. Marcos Loures
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Desesperadamente caos, inferno. Vou paradoxalmente mais feliz. Amor que não cultiva nunca eterno, Rondando a tempestade, por um triz...
Veneno que sorvemos, mata terno. Soturnas violências, foste atriz... O palco anunciava longo inverno, Procelas abismais, mar infeliz...
Não vejo nem pressinto solução, Os ermos descaminhos, nosso gozo... O vento transportando a podridão.
No beijo capcioso uma sangria, Os dentes penetrando, jogo, bozo... A mão que chicoteia, acaricia... Marcos Loures
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Desfolho meu olhar sobre esta imagem Da ausente criatura que foi minha. Nas mortas horas volve esta miragem Que mesmo num olvido, descaminha.
Subindo estes degraus, leda paragem Num átimo, uma esperança se definha Por mais que outras roupagens, sonhos trajem, Cerzidos com as mesma e velha linha.
Intuíra ser bálsamo: mentiras. Embalsamado enredo tu me atiras E em tiras vai puindo uma ilusão.
Vencido em insistência, sou retalho, Contra a saudade; tolo inda batalho, Porém percebo tudo inútil: vão...
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Desfilo um emaranhado de vontades Ardentes fogaréus sem recompensa. Assisto ao desfilar atrás das grades À fantasia; alma seguiu propensa. A moça tinha raras qualidades, Fortuna em possuí-la? Foi imensa.
As coxas mais roliças e gostosas, Na fúria inesgotável dos quadris As noites sempre são maravilhosas; Sorrisos generosos e gentis, As mãos sem ter limite, audaciosas, Fizeram-me decerto mais feliz...
Porém escravizada pela estética, A sílfide desfila hoje, caquética...
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Desfilo nos teus olhos, meu abrigo, Pois sei que assim terei meu pensamento Liberto, sem tortura ou sofrimento, Andando mundo afora, irei contigo.
Um sonho deslumbrante que persigo Fazendo deste mundo um monumento A quem não mais prescinde de um momento Contando com um colo sempre amigo...
Vestindo a fantasia da emoção, Rasgando os velhos trapos dos enganos. A vida nos trará em novos planos,
A pura sensação de liberdade, Que encarna bem mais fundo o coração Nas tramas mais sutis de uma amizade...
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Desfilo meus fantasmas sob olhares Curiosos. Platéia em gargalhadas, As gralhas do passado, revoltadas Pululam, invadindo-me aos milhares.
Aonde imaginei ter meus altares, Apenas ilusões desfiguradas, Vorazes criaturas em lufadas Derrubam tais espectros, vêm aos pares.
E bebem do cadáver cada gota Do sangue que se espalha pelas ruas. O verso que perdeu sentido e rota
Vagando entre as estrelas, perde o senso. As hordas de esperanças morrem nuas Deixando como herança, um vão imenso... Marcos Loures
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Desenhos construídos, bem diversos Da dura garatuja que apresento. Não quero mais beber deste teu vento Nem rumos que sorriam; tão dispersos.
Os olhos do castigo estão imersos Jogados nos porões do sentimento, Se às vezes te surpreendo num momento, Garanto mais honestos os meus versos.
Não tendo nem saída nem remédio, Eu não suporto assim, terrível tédio E como a apodrecida sobremesa.
Franqueza se é demais, eu sei que assusta, A roupa que me cabe, sendo justa Permite na verdade uma defesa.
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Desenho que demonstra o raro altar, No corpo de quem amo; tatuado Incide num momento abençoado, Matiza em maravilha, já sem par.
O quanto nosso amor sabe encantar Respalda cada dia anunciado, Qual fora amanhecer ensolarado Mergulhos que perfaço no teu mar
De amores infindáveis, reluzentes, Nas tramas sem igual, iridescentes Legando ao meu passado um vil martírio.
Nas sanhas desse amor, garbo e delírio Minha alma engalanada se extasia Traduz, enamorada esta alegria... Marcos Loures
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Desenho nosso nome em nuvens alvas Que passam em desfile pelo céu, Montanhas tão distantes, belas calvas, Azulam horizonte em claro véu. Percebo as alegrias todas salvas Distantes de um vazio mais cruel.
Nas sombras que derramas pelas ruas, Os rastros dos meus sonhos desfilando. Na claridade imensa, sóis e luas, Belezas e magias redobrando. Quais pássaros, teus passos... Tu flutuas; Despertas meus desejos. Até quando?
Pergunto a cada nuvem sem resposta, Deixando uma esperança assim, exposta...
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Desenho no teu corpo mil imagens Sobre esta tela rara, bela e nua... Persisto como visse em tais miragens Formatos tão brilhantes, plena lua.. São barcos, mares, lindas ancoragens, No porto em que meu sonho já flutua....
Nos montes, fontes, ruas e caminhos, São vales, são montanhas, depressões... Os dedos com as tintas buscam ninhos, Matizes delicados, turbilhões... Com beijos, aquarelas e carinhos, Prazeres, arrepios, furacões...
Depois, a bela fonte em água pura Bebendo desta tela... uma loucura...
870
Desenhas; no meu corpo teus afrescos Marcados com batom em lábios quentes. Decifrando vontades, arabescos, Explodem em prazeres mais urgentes.
Nos sonhos mais profanos e dantescos Tu surges em volúpias envolventes. Loucuras deste amor canibalesco Que entorna-nos vorazes e contentes.
Fazemos mil caminhos impossíveis Em trilhas tão fogosas, sem ter siso. Em posições diversas, incabíveis,
No gozo que renova a mocidade, Numa explosão de tal ferocidade, Invado, de repente, o paraíso...
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Desejo-te em total cumplicidade, Além de um simples caso, muito mais. A bela namorada que jamais Permitiria o medo e a falsidade.
O amor quando nos toca de verdade, Vencendo calmamente os vendavais, E enquanto nos delírios sensuais Não se perde em tolices, veleidades.
Andando pelas ruas da alegria, Percebe cedo os becos, armadilhas, E quando em mansidão, comigo trilhas,
Derramas suavemente poesias, Clareias com teus lumes, as esquinas, Sabendo que com jeito, me dominas...
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Desejo-te deveras, não duvide, E mesmo quando ausentas, eu te sinto, O que julgaras longe, mesmo extinto, Agora sobre nós, divino incide.
Assíduas fantasias que povoam O coração artífice dos sonhos, Os dias poderiam ser risonhos, Por mais que as alegrias na alma doam.
Acendo a luz no túnel quando eu ouço O teu convite à festa que ora anseio, Legando ao torpe olvido, um vão receio
De ter como uma herança, o calabouço, Calando bem mais forte esta certeza, Exponho o sentimento em farta mesa...
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Desejo-te demais, e nisso eu ponho O barco dos anseios e vontades, Desnudos corpos bebem claridades E vivo neste instante um raro sonho.
E quando a fantasia eu te proponho, E sinto que em loucura tu me invades, Rasgando o coração, esqueço as grades E vago em teus delírios. Vou risonho.
Sugando assim o mel de teus prazeres, Sem nada que pudesse me conter, Vivendo tão somente por viver
Banquete desfrutado em mil talheres, Sem cercas que me impeçam, chego a ti, Estrela que em delícias concebi...
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Desesperação toma toda a casa Não deixa nem meu peito sossegado. Vertido numa imensa e lenta brasa Vivendo sem sentido, magoado...
Sabia que virias mas não quando, Amor quando no outono desespera; O tempo simplesmente vai passando, Deixando bem distante a primavera...
Parece que é o estio que provoca Tentando não morrer no frio inverno, Saudade via tomando toda a toca, Fazendo dessa vida o meu inferno...
Mas sinto que não posso mais sonhar, Inverno me impedindo de te amar...
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Deserto, na savana, em meio a tantas cores... Um peito enamorado em busca de um socorro. Um leão corre solto... As matas, suas flores. Estou apaixonado! Em braços mansos morro...
Lembro-me da menina, uma deusa angolana! A vontade de voltar, o meu coração manda. Distante mar me traz saudades, fome, gana; Vontade de viver o coração comanda...
Distante, no Brasil, um verso doce faço; Pensando neste amor, amor que lá deixei Quem dera viajar rasgando todo espaço Mergulhando encontrando aquela que busquei,
Deitada, mansa, estrela bela, minha, nua... Rainha em plena areia, amando sob a lua...
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Desertei meus dias de tristeza Nos braços desta amiga que encontrei Deixando sempre um rastro de beleza Num mundo aonde em paz imaginei
Que a vida se mostrando com certeza Melhor e bem mais forte sendo a lei Aquela que por vezes procurei Servindo de alegria e de defesa.
Desdéns e sofrimentos, tais heranças Deixadas pelos tempos que se foram, Em outro ancoradouro já se aportam,
Raiando no meu peito as esperanças Que sabem do valor de uma amizade, Na plenitude imensa, a liberdade...
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Desenhos do teu rosto em cada canto, Fotografia clara da esperança Que toma minha vida em tal encanto, De um amor que a saudade ainda alcança. Na nossa casa simples, de amianto, O que restou servindo de fiança.
Qual rio que, em nascente, já secou, Só deixando o vazio em suas margens, Assim também aqui tudo ficou Lembranças que parecem mais miragens. Tomando todo o quarto e o que inda sou. Gigantes, discrepantes defasagens...
Mostrando que já fui feliz um dia, Lembrando que existi: fotografia...
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Desejos que se fazem mais vorazes, Em toques mais sutis, lábios e bocas. Sentidos se enlouquecem quando tocas Carinhos que trocamos bem audazes.
Prazeres e vontades em que aprazes Em corredeiras belas, fontes loucas, Jogadas pelo chão, lençóis e roupas, Devolvo todo o sonho que me trazes
Inflamamos a noite, resolutos, Na sensação de sermos absolutos Num êxtase divino e sem fronteiras.
Depois de conhecermos o Nirvana, A noite se permite soberana Trazendo para o quarto zil lareiras... Marcos Loures
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Desejos que se encontram sem pudores, Viagens por estradas delirantes, No ritual sublime dos amantes, Diamantinos ritos multicores;
Seguindo o teu caminho aonde fores Cenários; com certeza, fascinantes, Em meio aos teus convites provocantes Celebro a maravilha dos amores.
Num êxtase supremo, o Paraíso, Que a cada novo beijo miro e viso Teimando ser possível ser feliz.
Assim, dois navegantes sem fronteiras, Fazendo das paixões nossas bandeiras Tornando a nossa vida menos gris...
880
Desejos que se alinham, em partilhas. Das bocas se buscam apressadas. Contornos delineiam maravilhas De todas as vontades conquistadas.
Exílio do prazer, tua nudez, Beber deste licor delicioso... Tomado por total insensatez Guardando em minha boca todo o gozo...
Teus montes e teus vales, teu relevo, Percorro em manso passo, explorador. Nem mesmo um simples canto não relevo,
Tocando com meus lábios, cada flor... No orvalho de um jardim tão delicado, Eu mato a minha sede, apaixonado...
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Desejos que me tomam, delirantes De ter tua nudez em minha cama. Passeios no teu corpo tão vibrantes Acendem toda noite imensa chama
Marcando esta vontade, dois amantes Que a gente só conhece quando se ama. Carinhos tão profusos, transbordantes Vem logo que teu homem já te chama....
Eu quero me adentrar em cada senda Deliciosamente umedecida Caminho sem ter pedras, se desvenda
E mostra meu destino, o teu prazer. Mulher que desejei por toda a vida Agora em meu abraço, entorpecer... Marcos Loures
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Desejos que eu bem quero e me segredas De toda a poesia que eu fizer Deixando as amarguras cegas, ledas, Sentindo o teu perfume de mulher
Descreves com teus lábios nossa sanha Tocando a nossa pele em arrepios, Vontade de te ter tanto me assanha Envolto em teus prazeres, gozos, cios.
Somando nossos corpos, sem fronteiras Podemos vislumbrar o paraíso Além destas vontades costumeiras Inigualável sonho sem aviso
Trazendo este recado tão amável Da eterna juventude, inesgotável.
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Desejos que em lirismo são divinos, Palavras sedutoras, sensuais, Querendo me aportar em manso cais Encontro em teus carinhos, meus destinos.
As rotas que tracei, sem desatinos Encontram nos teus braços, tanta paz, Embora em minhas veias tropicais Às vezes os meus versos não são finos
Porém eu te proponho amor sereno Com tal sofreguidão de quem adora, No vinho, sei que há curas ou veneno
Depende da dosagem que se der. Eu quero neste instante, ter a aurora Maravilhosa em forma de mulher... Marcos Loures
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Desejos que desejas para mim, Amor ou dor intensa em vago frio. Percorro nos teus olhos o vazio E bebo cada gota até o fim.
Demônio se disfarça em querubim, Distrai o meu caminho enquanto crio O tempo de sonhar, inferna o estio E tudo corroendo. Sempre assim.
Dos dardos que me lanças, teu veneno, Que mata por insano, louco e pleno, O fogo da paixão não me comove.
Por mais que tu prefiras a ferida, A volta desde agora concebida, Fazendo que, quem lance, também prove. Marcos Loures
85
Desejos meus, carnais percorrem grutas, Singram bocas, respiros e gemidos... Sussurros, nos espasmos, nos sentidos; Vão dominando cada assalto, lutas...
Buscam o complemento, nas astutas Cartadas. Cada novo tom, ouvidos Abertos, sinfonias, som, batutas... Nesses livros deveras versos lidos...
Catedrais, orações, partilha, reza... Todo grande desejo que se preza Traz a sensação louca, divinal...
Não permite nem dúvidas nem medos... Devora, audaz, não restam mais segredos, Todo desejo prima bem e mal... Marcos Loures
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Desejos me tomando em noite clara Deitado em minha cama, vejo a estrela Que em sonhos farejando, se revela Além do que eu sozinho imaginara.
A vida que em outrora fora amara Agora se tornando bem mais bela, Somente por poder sentir e tê-la Roçando a minha pele, já dispara
O peito em mil vontades, seduzido, Num átimo em divino frenesi, Percebo que sonhando chego a ti
Nos braços de um desejo, conduzido Beijando tua boca em noite imensa, Sentindo do prazer, a recompensa...
87
Desejos e vontades que se trocam Em versos e palavras delicadas, Vontades que se fazem desejadas Em corpos que se buscam e se tocam.
Meus olhos te encontrando se deslocam, Procuram nos teus olhos as escadas Aos Céus. Por mim, bastante procuradas. Os teus, neste momento, me provocam
Fugidios, mirando em outro espaço Deixando tão somente um leve traço De olhar já se esgueirando de soslaio.
Implorando atenção, tu logo ris, E neste gesto então; quando me traio Declaro: finalmente, eu sou feliz! Marcos Loures
88
Desejos violentos insensatos... Vontade de tocar teu corpo inteiro. Beber de doce fonte em teus regatos E ser vulcão em lavas, gozo e cheiro.
Numa loucura intensa tropical A pele tão suada, mil prazeres. Viajem por teu corpo sensual Além de todo o fogo que acenderes
Sentir teu gozo quente sobre mim, Matar a minha fome em línguas, dentes, Bacantes sensações que sem ter fim Se mostram mais audazes, tão urgentes
Sonhar além do amor, nossa paixão Que é feita na ternura, em furacão...
89~
Desejos tão vaidosos e profanos, Habitam nosso quarto a noite inteira. Dos gozos mais divinos e mundanos Da forma mais gostosa e corriqueira Os beijos e delírios mais insanos, A noite sempre é nossa companheira...
Fazendo tanto amor sem piedade, Bebendo de nós dois, nada separa... Num raio trovejando claridade, No gosto desta boca doce e rara; Tornando nosso amor, cumplicidade Num jogo que começa e nunca pára...
Abrindo calmamente tua blusa, Os seios maviosos, deusa, musa...
890
Desejos que se ofertam quando deitas Proliferam prazeres. Não me esqueço Do quanto aos nossos sonhos obedeço Enquanto com certeza já deleitas.
Carinhos em carícias tão perfeitas Não deixam que se tenha algum tropeço Se aquilo que tu dás eu te ofereço As noites serão sempre satisfeitas.
Reflexos destes gozos repercutem Por mais que nossos risos já se escutem A vida nunca cessa de querer
Vibrar um paraíso que não cessa Sabendo ser além de uma promessa Encanto de uma vida, só prazer..
91
Desejo te encontrar em lua cheia Vagando, um vaga-lume coração Que vive tão somente e se incendeia Por ter os teus anseios de emoção.
O gozo em que este fogo imenso ateia Reparte sem limite a sedução. Eu quero te tomar pura na veia Num vício que entorpece. Esta paixão!
Na lua; caminhantes vagam leves Reflexos de uma luz que não termina. Amor se determina em sonhos breves
Ao partilhar meus passos com os teus, Percebo quanto vida sempre nina Quem ama e nunca pensa num adeus... Marcos Loures
92
Desejo te encontrar em calmo prado Talvez na tempestade de verão, Há tanto tempo sinto estar guardado Somente para ti meu coração.
Queria tanto estar sempre ao teu lado Estrela que me guia na amplidão, Mesmo distante estou enamorado Da prenda que se fez plena emoção
Poder te acarinhar, deitar contigo Amores tão imensos, que sem fim. Cometa, teus sinais eu já persigo
Encontro todo o brilho dentro em mim. Vem logo que meu tempo de viver Se esgota pouco a pouco, bem querer.... Marcos Loures
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Desejos e prazeres se confiscam Nas chamas que se querem e se buscam, Em lutas sensuais carnes se riscam E os brilhos sem limites sempre ofuscam.
O quanto determina cada ensaio No jogo principal, ferventes ritos. Deitando esta vontade, eu já me espraio Entregue aos teus destinos, sonhos, mitos.
Fomentos e delírios, riso farto, Momento inesquecível, fogaréu... Lareiras incendeiam todo o quarto Trazendo sobre a cama imenso céu.
Depois de tanto tempo quase agônico Amor se mostra em canto harmônico...
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Desejos e loucuras sem iguais Nas rendas organdis, em transparência. Dançando em mil requebros sensuais, Amor com maestria na regência Permite que eu navegue sempre mais, Atrás da louca insana incandescência.
Adentro as casamatas, tocas, grutas, Vencendo qualquer tipo de defesa, Enquanto sem vontades finges lutas A noite salpicada em tal beleza Promete o paladar de doces frutas, No prato principal e sobremesa.
Perpetuando o gozo que não cessa, Amor a sacra face da promessa... Marcos Loures
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Desejo tua boca a cada instante Sentir a maravilha de poder Tocar teu corpo inteiro com prazer Momento tão sublime e fascinante.
Mulher plena em beleza, fascinante, No encanto sem igual saber te ter, Assim, no amor infindo eu passo a crer, No brilho sensual de um diamante.
Perceba com carinho que estes versos Matando os sofrimentos tão diversos Aos quais eu me entreguei há tanto tempo.
Nos braços sedutores de quem amo, Esplêndido raiar o sonho trama, Vencendo qualquer medo ou contratempo...
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Desejo teu amor, bocas e manhas, Tamanhas as vontades que me dás, Na paz que prometida, tantas sanhas; Arranhas e te peço: quero mais....
Demais amor não teme um manso peito Do jeito que quiser estou aqui Senti nosso momento satisfeito Direitos ao prazeres, me esqueci...
Vivi tão molemente do teu lado Adoro a cada dia teu amor Mordendo lentamente, apaixonado Aprisionado adoro meu feitor.
Refeito deste susto que me dera, Agora tenho em ti, a mansa fera...
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Desejo ter um pouco de sossego Deitado no teu colo, sem ter pressa. De tanto que esperei pelo aconchego Eu temo que te canse mais depressa...
Não deixe que eu me perca nos ciúmes Não deixe que eu me esqueça destas datas. Escute; paciente, os meus queixumes, Não deixe que eu me perca em tuas matas...
Sou parvo, tantas vezes sou obtuso, Mas quero teu amor, como o desejo! Tu sabes, meu passado foi recluso, Vivendo em plenitude, enfim, me vejo...
Permita, meu amor, essa alegria, Que trouxe, em minha vida, a fantasia...
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Desejo te tocar tão brevemente Fazer de tua toca o meu abrigo, Sorver todo o prazer molhado e quente, Sabendo me esconder se vem perigo.
Desejo penetrar tuas entranhas Forrando tua gruta com doçura, As sedes, nossas fomes são tamanhas, Se enredam nessas teias com ternura...
Eu quero te beber, gota por gota, Até secar a fonte em jorro e gozo, Deixar-te em plenitude, quase rota, Nesse perdido olhar, corcel fogoso.
Molhado no rocio de prazer Na noite que jamais vou esquecer!
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Desejo te rever amada minha Perpetuando em mim, uma saudade De todo o grande amor, que ao certo tinha No tempo em que vivi tranqüilidade, O certo é que perdi o rumo, a linha; Mas ajudar-me assim, Senhor, quem há de?
Caminho natural do pensamento No puro afeto feito, com certeza É ver em teu semblante tal tormento Que negue de per si, tua beleza. Amada; não pensei um só momento Usar desta mentira, uma torpeza.
Tu és minha rainha e nunca nego, Mesmo distante amor por ti carrego...
4900
Desejo que tu sintas desde agora Suave paladar que já se impera Na lei que nos domina vida afora: Amor que nos amores amor gera.
Se é dando que eu recebo muito mais, Nas cores deste sonho eu me matizo, Dos gozos mais incríveis, triunfais Multiplicado amor contabilizo.
Em progressão geométrica, infinitos Prazeres nunca devem ser guardados Corações solitários são aflitos Ao sofrimento sempre malfadados.
Por isso, peito aberto em pleno vento, Jamais eu negaria um sentimento
Marcos Loures
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