Boca do Inferno
Data 06/12/2010 20:37:54 | Tópico: Poemas
| De vaga encrespas cuspos adamastores, devastas mansidões, guisas de cruas cornucópias infinitas no mar que importa aos ombros, o longe das nações solitárias. Bosquejas arbustos de sal, fendes fustes de onda quebrada, que troa inunda um dédalo de torrentes anciãs, qual carrascos crepitantes de seios rudes e frescos no caldeiro que remoinha as translações e percebe as diásporas do limo. Vi-te leques do oriente em intervalos pernoitados a cear pátrias improváveis nas persianas do ocaso. Vi-te cactos de veludo e harpas heróicas a refrescarem mulheres, feitiços, sereias e todas mãos que me acariciaram o peito com afecto, iodo e salina. Tens ritmo sazonal dos séculos em debandada… A erosão perpétua das tuas revoltas são estátuas submersas no tempo que convertem os homens em antepassados. Por isso regresso á escarpa incrédula dos teus gritos atlânticos. Olho o céu das palavras em constelação que me foram corpo, língua, sangue e veia na tua boca ofendida. Sou das tuas correntes o equador e a linha que sopra cálido o processo da vida e das harmonias fecundas. Tenho rimas de ventre que honrei no fim dos horizontes onde desembarcava antárctico o meu corpo pela rosa-dos-ventos. De vaga encrespas cuspos adamastores, devastas mansidões, guisas de cruas cornucópias infinitas no mar que importa aos ombros, o longe das nações solitárias… Serei sempre os teus regressos ainda que vociferes o inferno na tua boca de pedra… Sei-te a calma… Porque te conjuguei todos os verbos num afago de alga e de seda na rebentação dos teus medos. E sereno consigo a noite pelo vento que geme colírios nos olhos. Nada mais que a felicidade… Porque sei o barulho que faz o silêncio bater nas rochas… A cair no chão, nas águas, na alma, no peito… Na boca, na tua boca… Onde o inferno adormece quando olho para ti.
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