Chamam-se algemas...

Data 31/08/2007 18:46:48 | Tópico: Poemas -> Amor

Silvestres as sedas e as silvas deste amor.
Silenciados os rumores que se elevam no teu peito de condor,
na vacuidade de uma ausência rumorejada em cada brida,
em cada vaga,
em cada clave de sol, em genésica permanência.

Chamam-se algemas, estes grilhões de dedos
a escorrer dos gestos insurrectos,
dos vultos e dos rostos metafísicos d’afectos;

Correntes de gesso a esporearem
este desejo ilimitado que elanguesce a rijeza dos músculos,
que fermenta, leveda e cresce, em coreografias simbólicas,
de dois barcos, de dois corpos, inventados no silêncio;

De dois astros fundeados no barro dos beirais d’intimidade
em estilhaços fulgurantes de lágrimas incontidas.

Silvestre as sedas e as silvas, meu amado,
d’amoras a esvoaçarem-se em perpétuos bailados,
em movimentos cadenciados,
ritmados em aromas,
em essências,
em fragrâncias,
num baloiço de pele, de sal e de saliva,
d’ilhas de degelo, insuladas, soltas à deriva.

… e esta saudade, a deslizar na corrente sanguínea,
em resplandecência - de fome e de jejum -, repartida.






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