
MEUS SONETOS VOLUME 060
Data 08/12/2010 08:14:31 | Tópico: Sonetos
| 01
Encontro finalmente a luz em finos traços Estrada benfazeja ao fim de uma tempesta. O coração se faz, inteiro em plena festa Alçando num momento os mais altos espaços.
Tocado pelo vento, eu sinto os fortes braços De quem há tanto tempo, uma alegria gesta Um riso mais audaz, a vida então atesta E muda num momento o rumo dos meus passos.
Sacrílego passado, em traumas tão diversos, Deixando eternamente, estilhaços nos versos, Emparedado, agora, aos poucos agoniza
Diamantina luz expressa o quanto eu sonho Buscando refazer um rumo mais risonho, Da dura ventania, apenas resta a brisa
02
Encontro em tuas coxas o caminho Que leva ao mais sublime Paraíso, No toque tão audaz, rumo preciso Prometo te invadir bem de mansinho.
Penetro com ternura e com carinho, Pegando de surpresa sem aviso, Perdendo totalmente o meu juízo, Umedecida senda onde me aninho.
Num jogo sensual, tirar e pôr , Seguro com firmeza teus quadris Até que na explosão veja, feliz,
Teu corpo tão suado e farto. Amor Que a gente sempre faz, doce rotina Que a cada novo dia me alucina... Marcos Loures
03
Encontro em ti total delicadeza Amor que se demonstra cristalino. De tudo que possuis; tua leveza, Transborda neste cálice tão fino.
Nas tuas mãos diáfanas, querida; Uma beleza assim, assaz serena. Melhor do que sonhei por toda a vida, A sorte maviosa já me acena...
Tu tens no coração alvura em neve, Na pele bronzeada, meu desejo. Do amor que nunca quero seja breve Nas ânsias delicadas deste beijo.
Meus olhos não mais temem forte chuva Pois nosso amor se encaixa como luva...
04
Encontro em ti meu grande companheiro, Amigo nas jornadas mais complexas; Contigo percorrendo o mundo inteiro, As almas se completam, são reflexas.
Num sentimento nobre e verdadeiro Se tocam sendo côncavas/convexas; Se permitem dizer que são anexas. Nas horas mais difíceis não me esgueiro,
Encontro na batalha teu apoio, Amigo, te percebo em cada canto, Sabendo quem é trigo e quem é joio.
A vida nos ensina essa verdade, Tão raro o sentimento, em tal encanto, Fazendo em raridade, essa amizade...
05
Encontro em nossos olhos este estábulo Aonde confabulas com iguais Rangendo teus quadris neste acetábulo Já gasto por insanos rituais.
Mexendo tuas ancas com voraz Desejo me engolindo por inteiro A língua se fazendo mais audaz Penetra teus segredos, sinto o cheiro
Dos rios que derramas sem sarcasmo Bebendo de teu sumo cada gota Angorá maravilha em teu orgasmo Represa se arrebenta e perde a rota
Potranca ao cavalgar o teu corcel Tu trazes para mim estrelas, céu... Marcos Loures
06
Encontro em que sonhei felicidade Distante deste porto em que naufrago. A par do que pensara liberdade A vida renegando paz e afago
Quitando minhas dívidas, pensei Que ainda fossem meus os teus jardins. Metáfora sem luzes que eu criei Abortam nos canteiros, os jasmins.
Celeiro de esperança já deu traça Os grãos apodrecidos representam O quanto se esvaiu, negra fumaça. Apenas os vazios se apresentam.
Tentáculos diversos, descaminhos, Fazendo em minha pele, seus carinhos...
07
Erguendo este castelo de ilusões, Durante tanto tempo fui feliz? Minha alma sanguinária meretriz, Vagando pelos sonhos, seus porões...
Vencendo em pensamento os turbilhões, Apenas foi somente triste atriz, A vida em realidade já desdiz No palco, estas falsárias emoções.
Aonde se pensara em tais delírios, Restando tão somente os meus martírios, Nas sombras de meus passos, solidão...
Vestindo hipocrisias, quis talvez Que houvesse pelo menos placidez, Porém, hoje eu percebo, foi em vão... Marcos Loures
08
Erguendo antigas taças de cristal Num brinde inconcebível, desejado. O corpo em plena sala abandonado, Numa aquarela amarga e sensual.
O sorriso quarando no varal, Do cadáver inerme, ensangüentado, A moça lembra os tempos de noivado E veste a sua roupa magistral.
Gargalham-se os abutres de plantão, As bocas rapineiras se inebriam, Embora recendendo à podridão
Um perfume suave invade a sala, E as velhas poesias propiciam O meu féretro numa comum vala...
09
Ergamos nossas taças neste brinde À toda humanidade que navega, Embora tantas vezes siga cega Permite-se um sonhar que se deslinde
Contrato com passado se rescinde, A dor da realidade já sonega Apregoado sonho em que se apega Bem antes que esta história vã se finde.
Assim, podendo crer que uma amizade Trará a necessária liberdade A quem deseja ter um novo dia.
Cordeiros de nós mesmos por ofício, A cada corpo exposto um sacrifício Em nome da esperança que nos guia...
5910
Era tarde! Não mais eu te veria Andando pela casa, desfilando Um último sorriso de alegria... O tempo foi assim, se transbordando... Restava simplesmente a fantasia Jogada pelos cantos, demonstrando Que fomos mais felizes, algum dia... Nada mais restaria, nem o brando Desejo de se estar mais à vontade, Vestida da ilusão que te roubei. Pois disso, pelo menos, hoje eu sei, Agora deste tempo que passei, Não resta mais sequer a claridade, Apenas o murmúrio da saudade...]
11
Envolvido nas marcas da paixão. Bebendo algum licor feito em desejo Às vezes procurando atracação Em outras, solitário ainda almejo O sonho que me desse a direção Que ao fim da tempestade ora prevejo...
Melancolia é como um passaporte Que leve à redenção depois de um tanto. A gente prevenindo qualquer corte, Espera pela sorte noutro canto. Se eu tenho a solução que me suporte Não vivo tão somente em desencanto.
Tomando mais um gole de café Mantenho ainda viva a antiga fé...
12
Envolves com teus braços, meu pescoço, Teu corpo se encostando, me provoca Enquanto com desejo me alvoroço A língua convidando, amor invoca.
Ao ter em minhas mãos, raro colosso, Tesouros encontrando em cada toca, O amor enfurecendo, e sei que posso Sentir aonde o sonho desemboca.
Tesouros que se dão em bela mina, Nas sendas mais profanas, a menina Abrindo o paraíso convidando
À festa desvairada da paixão. Esfaimado, dos gozos um glutão Aos poucos em loucuras, se entregando... Marcos Loures
13
Envoltos pela mesma sensação Que molda cada verso que fazemos. Depositando a luz no coração Usamos na viagem fortes remos.
Paisagem em que se dá transformação Distância, atemporais, ora rompemos, Da poesia, tenra profusão, Na qual, tanto insistimos quanto cremos.
Cremando os nossos medos tão inúteis Deixando para trás momentos fúteis Servimos ao Senhor do amor perfeito
Versejas com suprema maravilha, No amor que é nosso guia, sonho trilha O encanto que desejo, quero e aceito... Marcos Loures
14
Envolto pelas teias da paixão Menina me embalando nesta rede Carinho modifica a direção Nos lábios vou matando a minha sede.
Menina que protege e me acalanta Guiando cada passo, estrela guia Vontade de ficar contigo é tanta Que encanta com fervor e alegria.
Magia que se mostra no balanço Da moça galopando o seu corcel, Dançando no teu jogo eu não me canso Alcança com prazer, invado o céu.
Menina que me guia; estrela e chama, Rolando sideral invade a cama... Marcos Loures
15
Envolto pelas garras da paixão Tomado por intensa obscuridade Procuro em plena treva a claridade Encontro tão somente a escuridão...
Cevando uma esperança, uma ilusão, Perdendo pouco a pouco a liberdade Escravo deste sonho, na verdade A seca vai negando cada grão...
A luz que eu procurara, de um luar, Perdida e tão distante de meus olhos, Recolho em meu jardim tantos abrolhos
E a vida se esvaindo devagar... Quem sabe, noutros braços, noutro dia, Perceba em novo amor, uma alforria... Marcos Loures
16
Envolto nos teus lábios, braços, pernas Na noite tão gostosa do meu bem, As horas que vivemos sendo ternas Anunciando o sol que agora vem
Distante dos momentos em que hibernas Terás todo o calor que este amor tem Decerto as emoções que são eternas São tudo o que queremos e convém.
Em volta desta luz, eu qual falena Entregue sem defesas num mergulho, Do amor que a gente faz e que eu me orgulho
Mantendo a poesia mais serena, Estendo o coração numa ciranda Deitando a fantasia na varanda... Marcos Loures
17
Envolto nos seus braços, vou seguindo, Procuro no teu colo, um acalanto, Amor feito disforme é sempre lindo, Rebenta em emoção, inunda em pranto,
Na lábia do menino, vou fluindo, Entregue sem limites, amo tanto; A lua que nos banha reluzindo Expressa em fantasia cada canto.
E nada do que possas me dizer, Trará além do amor, maior prazer No céu que se ilumina em florescência
Nos olhos decorados por cobiça Vontade sem limites vem e atiça, Roçando os meus instintos, sem clemência Marcos Loures
18
Erguer a taça nobre em brinde raro Fazendo deste encanto nosso guia. Amar é se entregar à tal magia Tornando o dia-a-dia puro e caro.
Calando o sentimento outrora amaro, Sentindo a plena paz em harmonia Ouvindo da esperança a melodia, Nos braços de quem amas, teu amparo.
Não ter outro desejo senão esse Do gozo e da alegria, sacra prece Descanso após as lutas e batalhas.
Beber do mel sagrado de uma entrega Mirar a luz sublime que não cega Andar sem temer cortes nem navalhas... Marcos Loures
19
Erguendo-se do mar, já me sorria Em prata, em pedrarias, vem luzindo. O verde em teu olhar reproduzindo As águas deste sonho em fantasia.
A lua se desmancha em raios, fria, Em gotas de alvo brilho, seduzindo Em busca de um amor que seja infindo Além do que bem sabe, assim teria.
A deusa se mostrando, uma Afrodite Dos mares tropicais, vem nua em pêlo. Desejo! É tão difícil assim contê-lo,
Ultrapassando todo o meu limite. A noite num segundo se incendeia Aos olhos sensuais desta sereia...
5920
Erguendo um brinde à sorte que não veio, Desfilo meus sorrisos, carnaval. O bloco da saudade, sem receio, Refaz na quarta feira, o ritual.
Das cinzas que recebo como herança, Do velho funeral das ilusões, Apenas o fantasma da esperança, Atado nos meus pés, duros grilhões.
Fazendo da alegria, o meu calvário, Esgueiro-me entre brilhos, paetês, O público nem vê o velho otário Que traz nos olhos flores e buquês.
Lembranças dos antigos carnavais, Resquícios de um amor, restos mortais...
21
Erguendo para sempre estas bandeiras Que mostram o poder de uma amizade, Quem sabe em mãos mais firmes e certeiras O mundo se refaça em claridade.
Distante das promessas costumeiras Sabemos desfrutar da liberdade, Nas horas mais difíceis, derradeiras, O que nos salva é ter a lealdade
Que sempre encontraremos numa amiga, Por mais que erramos, somos perdoados, Assuntos mais diversos, delicados,
Podemos já contar com quem se liga À gente por estreitos, firmes laços, Tocando nossa vida em mansos passos...
22
Erguendo o pensamento, cubro espaços E vejo em antegozo minha sina. Resplende simplesmente nos teus braços Tal sorte, que já quero e determina.
Não deixo de falar, rimas patéticas De tramas que julgara me deslumbram Não sei se te farei loas caquéticas Mas sonhos que quisera se vislumbram.
Não peço meu amor que traga idéias De como poderemos ser felizes, Não sinto necessárias epopéias Apenas que mudemos os matizes.
No fundo, meu amor é simplesmente Desejos que trocamos, de repente...
23
Erguendo o meu olhar, vejo a figura Que segue nesta pútrida viagem, Por mais que estas asneiras não ultrajem De ti não resta nem caricatura.
A dama desfilando a falsa jura Empesta totalmente a mansa aragem Cada favor em drágea, uma bobagem Sorriso da imbecil teima em candura.
E o riso viperino dá seu bote Irônico fantasma quebra o pote E mata quem ainda quer sossego.
Tomando algum vermífugo talvez Liquidasse a banal estupidez Quem sabe em ti veria algum emprego?
24
Erguendo o meu olhar encontro a serra Tomando toda a linha do horizonte, Quem dera se eu tivesse ainda a ponte Ligando a fantasia à minha terra.
E quando a realidade me desterra, Secando da esperança toda a fonte, Não tendo a claridade que desponte, Inutilmente e tolo o peito berra
Sem eco que me trague uma resposta Eu vejo uma ilusão já decomposta Criando enorme abismo intransponível.
A serra gigantesca, a enorme fenda, O coração patético desvenda Segredo que mantenha igual tal nível.
25
Envolto em sentimento mais profundo Que traz em nossas vidas, sedução. Vagando meu amor solto no mundo Cenário deste sonho: uma paixão.
Não deixo de pensar um só segundo Segundo já comanda o coração, E cada vez que penso me aprofundo Até chegar ao fundo da emoção.
Monções e tempestades sequer mudam A rota preferida pelo amor. Em tudo se mostrando sedutor,
As dores em remédios se transmudam Assento meu carinho no teu canto E embrenho meu desejo em tal encanto... Marcos Loures
26
Envolto em cores raras, envolventes, Mergulho no oceano de teus sonhos. Sentidos em delícias quando as sentes Permitem novos cantos mais risonhos.
Amores, testemunhos de um bom dia Encetam maravilhas nestas sanhas. O quanto amor em paz nos propicia Deixando estas etapas, todas ganhas.
Vertente imaculada, quase seita, Adorna nossa vida em luz sobeja. Luzindo mesmo quando a lua deita Em mágica emoção brilhos poreja
Nos céus de nosso amor, bela tiara Imagem constelar perene e rara... Marcos Loures
27
Envolto em braços plenos de ternuras Eu faço de meu verso o que bem quero, O quanto coletando em desespero Demonstra quem viveu somente agruras.
Palavras benfazejas sempre puras Não servem pra quem sofre de tempero, Na costumeira forma, este godero Invadindo o trigal, tolas procuras...
Eu bem te vi tentando ser alguém, Porém quem um vazio assim retém Não pode, na verdade ser mais nada,
Senão uma pessoa amargurada Reflexos tão cinzentos, constatados, Em versos desconexos, malfadados... Marcos Loures
28
Envoltas nos cristais, raras Estrelas Nascidas das vontades, vão se erguendo Desenham siderais, divinas telas Emoldurantes nuvens envolvendo
Quem dera se eu pudesse inda contê-las Porém este cenário se perdendo Revela as fantasias, que tão belas Distante dos meus laços. Vão morrendo...
As ânsias e os desejos... Ritos vários. No canto inebriante dos canários O som caleidoscópico dos arcanjos
Vagando pelos astros, vãos corcéis, Saturnina esperança busca anéis Na harmônica ilusão cítaras, banjos... Marcos Loures
29
Envolta em tanta luz, na noite mais espessa Nas fimbrias desta lua, adormece em martírios. O vento descobrindo impede que se aqueça Mostra para quem ama e trama os seus delírios
Beleza que não tem quem não mais obedeça E siga já buscando em procissão de círios Mulher tão magistral, embora a sorte avessa Impede que eu consiga a cura dos colírios.
Pudesse eu mitigar a dor da solidão Ao ter sempre comigo esta beleza rara. Mas nada conseguindo, apenas me contento
De ter sua amizade. E conter ilusão De um dia enfim poder, que o tempo nunca pára, Ter seu amor pra mim. E ser – quem sabe- o vento...
5930
Envergonhado, expresso neste canto Uma maneira a mais pra te falar, De toda esta loucura em puro encanto, Trazendo uma amargura a desnudar
Meu coração, tirando o fino manto Que tantas vezes pode disfarçar Agora vai se expondo e neste tanto Esboça um novo jeito de sonhar
O amor que eu já sentia e nunca quis Admitir, mas me faz ser mais feliz... Tomando minha vida, é um tormento
Podendo destruir, eu não espero, Manter sempre mais forte, o que mais quero; Uma amizade feita num momento Marcos Loures
31
Enveredo caminhos tão diversos Daqueles que busquei sem ter proveito, Vivendo tolamente e insatisfeito Sei da inutilidade dos meus versos.
Se na água poluída estão imersos Sentindo este vazio, rasgo o peito, Derramo o que apodrece e não aceito Mais dias entre as trevas, vãos, dispersos.
Queria algum momento feito em paz, E tudo o que encontrei sendo incapaz De preencher os meus dias sem sentido
Eu volto cada olhar ao meu começo, Se eu recebi de Ti mais que mereço, Perdoe este egoísta e tolo olvido...
32
Enveredei por braços, pernas, bocas... Nas camas das bacantes e vorazes... Gargalhadas histéricas tão loucas, De sonhos e penumbras são capazes!
Conheci nas orgias, tantas tocas, Nas noites sensuais e mais falazes... Nos delírios carnais, tontos, que enfocas, Perdido me encontrei nas mãos audazes!
As mulheres, fagulhas sensuais, Incendiavam todos os meus dias... Nas festas formidáveis, bacanais,
As pernas misturadas nas orgias! As horas que passei não voltam mais. Noites outrora em brasa, são tão frias!!!
33
Enveredar por sendas caprichosas, Roubando o teu perfume inebriante. Olores que recendem a mil rosas, A bela silhueta provocante.
Por mares tão perfeitos, navegados, Netúnica paisagem, sou tritão Buscando da sereia, seus agrados, Tomado pela insânia da paixão.
Aguçando os sentidos, sinto o cheiro, Da bela criatura inigualável, Mergulho e sem limites, vou inteiro, Além do que julgara imaginável.
E assim nas profundezas do oceano, O amor além de um deus é soberano... Marcos Loures
34
Envelheço, pressinto já meu fim... O tempo doloroso sempre passa Com ele vou perdendo toda graça Morte se aproximando mais de mim.
Quem sabe se demore, mesmo assim, Não há nada que pare, se esfumaça A cada novo dia, e nem disfarça; As rugas no meu rosto em um festim
Cravando suas marcas implacáveis. Saudade dos meus tempos memoráveis. Eu tinha a liberdade como lema.
Agora, que esta noite vem chegando, O peito tanta mágoa lagrimando, A morte já domina meu poema... Marcos Loures
35
Entulho carcomido andando solto, Lambendo as botas sujas dos burgueses. Jamais será capaz de um gesto afoito, O cão obediente ladra às vezes, A fêmea finge orgasmo em cada coito Agradecendo a Deus poucos revezes.
Um belo casamento para a filha Com aquele imbecil, rico de terno, Mudando sua vida em outra trilha Deixando já de lado o duro inferno Um genro traduzido em maravilha É quina, quadra, bingo, sorte e terno.
Ao ver o cão de guarda ali roncando, Com gozo sem limites, vai sonhando...
36
Entrelaço teu corpo junto a mim, Enlaço tuas pernas com as minhas. Perfumes nas janelas, meu jardim, Revoam aos milhares, andorinhas... O dia vai passando... É bom assim... Há quanto tempo eu quis; mas nunca vinhas...
Agora estás aqui, junto comigo. Na transparência, bela camisola; Se é noite ou se é de dia, já nem ligo, O pensamento livre; sim, decola Teus seios... tua pele.... meu abrigo. Desejo em tempestade vem e assola...
E beijo tuas coxas torneadas As horas em paixão... extasiadas...
37
Entregues às delícias destes ventos Que trazem tua voz bem junto a mim. A paz que se permite em sentimentos Estampa o que mais quero até o fim.
No aroma que se emana do teu ser, No frêmito indomável da alegria, Eu quero e necessito me embeber Da glória que este amor tanto irradia.
A direção que tanto eu persegui, O rumo procurado há tantos anos. Eu reconheço agora, encontro em ti, Calando eternamente os meus enganos.
Meus dedos no teu corpo deslizando, Um dia mais em perfeição se deslindando...
38
Entregue-se sem medo à fantasia Que doma um coração demais aflito Tornando o nosso dia mais bonito, Permita-se sonhar, clara magia.
Mergulhe sem defesas na alegria Fazendo da emoção amável rito, Persistência perfura este granito Amor nos glorifica em harmonia.
Na força insuperável da amizade As mãos unidas tramam liberdade Rompendo com certeza estes grilhões
Terás a maravilha de saber Que a vida se enternece em teu prazer Tocando em suavidade os corações. Marcos Loures
39
Envolto nos carinhos da tigresa Que sempre me inocula mais veneno, Quem sabe faz agora e já põe mesa, Sabendo que este mundo é bem pequeno.
As cores que te prendem me retratam Em formas mais carnais esse desejo Se matam não mais sangram nem retratam O canto de um passado em realejo.
Na rigidez das mãos que me carinham Os cantos que fizemos deste barro As noites sem teus seios se avizinham. Amor que se pretende mais bizarro,
Acendo no teu carro minhas dores, Jardins que nós plantamos: cadê flores?
5940
Envolto nas delícias de um orgasmo, Relógio não faz parte do programa, A cada novo beijo um outro espasmo, Quem gosta do prazer jamais reclama;
Porém quando me calo e fico pasmo Tu finges ser a vítima de um drama. A vida sem amor? Cruel marasmo. Teu corpo junto ao meu sempre se inflama...
E a gente não quer mais saber de nada, O templo emoldurado em nosso quarto, Sabendo que amanhã, querida eu parto
A noite mergulhando na alvorada Felizes somos nós, deixe os vizinhos. Os pobres apodrecem nos seus ninhos.. Marcos Loures
41
Envolto em triste treva, tão sombria, No corte da navalha e do machado, Um canto quase inerte, amargo brado Estúpida loucura que se erguia
Das turbas sanguinárias, vaga e fria A mão que me tocara em triste enfado Ressurge novamente aqui ao lado Na nebulosa tarde que surgia.
Minha alma, no passado, era canora, Em liberdade, encantos, passarinhos. Que uma gaiola em farpas mostra agora
Qual cicatriz e sombras de outros ninhos Guardados no suplício aonde aflora A temerária senda, meus caminhos...
42
Entendo a salvação feita amizade Que possa em sintonia nos mostrar O rumo em que se quer felicidade Toando um sonho bom de se sonhar.
Janelas do meu peito sempre abertas Permitem que eu entenda toda a luz Rasgando das tristezas as cobertas Alerta em paz intensa reproduz
O som que antes ouvira tão somente Na boca de uma mãe extasiada, Uma expressão divina que contente A sorte que se mostra delicada.
Assim nesta corrente interminável O mundo pode ser bem mais amável... Marcos Loures
43
Envolto em triste treva, tão sombria, No corte da navalha e do machado, Um canto quase inerte, amargo brado Estúpida loucura que se erguia
Das turbas sanguinárias, vaga e fria A mão que me tocara em triste enfado Ressurge novamente aqui ao lado Na nebulosa tarde que surgia.
Minha alma, no passado, era canora, Em liberdade, encantos, passarinhos. Que uma gaiola em farpas mostra agora
Qual cicatriz e sombras de outros ninhos Guardados no suplício aonde aflora A temerária senda, meus caminhos...
44
Envolto em tanta lava, sangue e terra Na doce podridão, maduro fruto, Trazendo uma batalha, intensa guerra, Mortalha tão voraz em louco luto.
Nesta alucinação que me transporta Aos gritos desumanos da saudade, Destroça esta parede, arromba a porta E mostra em meio ao caos, a liberdade.
Nos uivos da luxúria e do prazer, Lascivos; os meus lábios te procuram, Vontade extasiante de beber Teus gozos que me salvam e me curam.
Nestes punhais secretos do desejo, As bocas se lambendo em novo beijo.
45
Entregue ao jogo pleno em sedução, Assisto o teu olhar em farto brilho. Moldando em minha vida rumo e trilho, Fartura de carinhos, a paixão.
No abraço prolongado, a sensação Da paz que assim redime um andarilho, Não tendo mais sequer um empecilho Vogando em liberdade em teu clarão.
Somando nossos corpos, somos um, Na soma inesgotável de prazeres. Bendita procissão de raros lumes
Olhando a transparência, invado em zoom E vejo em ti o quanto inda me queres, Sem medo, sem rancores ou queixumes... Marcos Loures
46
Entregue a teu poder de sedução, Me sinto desarmado e sem defesa. Tomado pela doce sensação De ser assim somente tua presa.
Aprendo todo dia esta lição Das garras delicadas da princesa. Refém deste desejo e da paixão, Nesta vontade imensa, firme e tesa...
Que faço se te quero amor demais? Não quero me soltar mais dos teus laços. Em toda tentação que a noite traz,
Sem medos ou limites, nem disfarça. Agora que me encontro nos teus braços, O caçador virou somente caça...
47
Entregue a sensação de ser amado Amando tantas vezes sem descanso. Meu verso se por certo está cansado Por outras as alturas eu alcanço...
A sorte tão diversa, passos lassos Pesando sobre as costas de quem segue Sentindo tal calor nos teus abraços Depois de tantas quedas se prossegue.
Se o canto que te canto soa fútil, Amiga, não se esqueça que num dia, Amor que te pareça mais inútil Apóia quando em queda, escadaria...
Deitada no meu colo vê se acalma O furor desmedido de tua alma...
48
Entregue à mansidão nego pudores, Tampouco quero freios e correntes, Nem mesmo sentimentos penitentes Apenas no jardim, perfume e flores.
Deixando para trás os dissabores Amar enfrenta em paz velhas torrentes E tudo o que se quer decerto sentes Colhendo em farto solo estes alvores.
A marca de teus lábios junto aos meus Impedem que se pense num adeus, Iremos para sempre, passo a passo.
Amor vai demarcando nossa sanha, A vida do teu lado sempre ganha Tomando com carinho cada espaço... Marcos Loures
49
Entregue a esse amor tão delirante Que trama uma esperança a cada dia. Sabendo que te amar é ter constante Um peito transbordando em alegria.
Eu sei que meu caminho se perdeu Nas ondas agitadas deste mar, Que sabem quanto amor, amor me deu, Em busca de teus cantos, tanto amar!
A febre que me queima e que me cura É febre que procuro qual remédio, A febre que em minha alma traz fervura E salva meu amor do triste tédio...
Difícil caminhar se estou entregue, Preciso que teu corpo me navegue...
5950
Entregue a belos sonhos sou feliz, Caminho por distâncias tão extensas, Cavalgo o meu corcel. Tanto te quis Quem sabe assim mereça as recompensas.
De ter esta alegria que se diz Nos olhos e na boca; noites tensas Sonhando com amor, a cicatriz Marcada, bem maior do que tu pensas..
Eu sei que esta demora é aflitiva, Em cada novo dia, mais aumenta, Vontade de saber da luz altiva
Que mostra qual caminho vou seguir. Amada, esta paixão tão violenta, Pronta no meu peito a explodir...
51
Entrego-me ao poder desta amizade Que sabe conquistar e permanece Trazendo por princípio tal bondade Que enquanto nos enreda, nos aquece.
Permita-me falar da lealdade Que é dom que na verdade não fenece Trazendo a vida em paz, tranqüilidade, É fruto que se dá que se oferece
Sem ter qualquer cobrança no futuro, Não pede e nem deseja, existe e ponto. Ajuda a suplantar um alto muro,
Nos braços da amizade posso ver, Um mundo em maravilha sem desconto, Que existe tão somente por prazer... Marcos Loures
52
Entrego o pensamento perdendo a alma, Jogado entre as correntes, nos junquilhos, Apenas a ilusão inda me acalma De dias que não sejam andarilhos.
O vento em tempestade, amargo trauma Ofusca a caminhada e cega os brilhos, Mas tento no final manter a calma, Vislumbro tão somente os empecilhos
Empedernido sonho que se fez, Matando em nascedouro a sensatez Não dando qualquer chance à esperança
Fagulhas de ilusões riscando o céu, Fosforescência mostra o negro véu Da morte que em ironia já me alcança... Marcos Loures
53
Entrego nos teus braços, lua e mar, No limiar da vida eu te proponho, Bem mais do que te amar, eu me entranhar Em ti, suavemente como um sonho.
Estar dentro de ti cada momento Num só respiro um passo sempre igual, Dois corpos vencerão qualquer tormento, Intento que nos doura, magistral.
Fazer da poesia, a nossa amante, E ter a cada verso, esta certeza Do quanto amor imenso e fascinante Impede qualquer forma de tristeza.
Num ato tresloucado, tu és eu, Meu mundo no teu mundo se perdeu... Marcos Loures
54
Entrego em tuas mãos, meu coração Pois sei que tratarás com tal carinho Que mesmo que aproxime um furacão, Contigo, não serei jamais sozinho.
É certo que esta vida traz lição Mostrando a direção deste caminho. Abrindo da alegria, o seu portão, Chegando, calmamente, de mansinho...
Na força tão sutil de uma amizade, Eu sempre percebi, me fortaleço, Por isso em cada verso eu te confesso
Que tenho, em minhas mãos, a liberdade De ter uma esperança bem mais forte, Fazendo da amizade, rumo e norte...
55
Entregarás o que resta Eu bem sei do teu disfarce Quem, desde origem não presta, Nem precisa mudar face
Novo nome nunca empresta Valor novo que me embace Canibais vivendo em festa Nada mais há que embarace!
De tudo que foi roubado, Vendido sem compaixões, Muito pouco foi deixado...
Velha corja de ladrões Nosso templo violado Voltarão tais vendilhões? Marcos Loures
56
Entre viços, estrelas e perfumes, Meus sonhos tolos, líricos; prossigo. Viajo em cordilheiras, altos cumes, Sem medo de aventuras e perigo. Sem asas que me levem, que me aprumem Em nuvens delirantes peço abrigo.
Meus olhos destemidos e proféticos, Abrandam o calor das altas plagas Os ideais distintos, hipotéticos Prosseguem incansáveis ledas sagas Em meio a tempestades olhos céticos, Abrandam tuas mãos enquanto afagas
Obuses que derramas em meus passos, Em pedras e em espinhos forjas laços.
57
Entre todas as Divas, a mais bela Decerto nos altares celebrada, Por todos sonhadores evocada Nos céus dos sonhos claros, uma estrela.
Beleza sem igual, somente dela Clareia uma esperança pela estrada, Tornando fabulosa a madrugada, No quanto a fantasia se revela.
Espalha com carinhos, gentileza, Dourando uma emoção que peregrina Aos poucos com coragem me alucina
Dizendo da fantástica beleza Forrando de alegrias nosso chão, Deitando sobre todos; a ilusão... Marcos Loures
58
Entre os altares belos dos meus sonhos, Ergui o meu castelo com carinho. Tijolos de esperança mais risonhos, Com beijos e delícias fiz o ninho.
Protegem-me teus olhos, meus faróis, No pátio, nossa cama, meus folguedos, Nos holofotes fortes, dois mil sóis, No cofre, coração, nossos segredos.
Na ponte levadiça do desejo, No fosso da promessa, teu orvalho, Das mãos que se procuram, azulejo, Descubro cada morro, cada talho...
Mesmo que, no castelo, há cicatriz, Rainha que desnudo... Estou feliz! Marcos Loures
59
Entregue sem limites ao carinho, Vagamos, pirilampos pela rua. Tocados pela argêntea e clara lua, Irmanados, seguindo este caminho
Que leva à fantasia feita em ninho, No qual a nossa sanha continua No encanto de minha alma que flutua A Deus, neste momento eu me avizinho.
Um pássaro que sabe da gaiola Da fria solidão que nos assola Reconhece a janela, num instante.
No amor que prosseguimos sem entrave A marca destes sonhos já se grave Promessa de outro tempo; cativante... Marcos Loures
5960
Entregue às mais temíveis penitências A vida vai seguindo entediada, A sorte tantas vezes adiada Mortalha que prossegue em insolvências
Os olhos vão banhados por demências Tantas vezes por ti remediada A dor que não se fez aliviada Entranha no meu corpo tais ardências.
Gerando um ninho envolto por serpentes Cravando em minha pele finos dentes Prevendo ao fim de tudo, uma desgraça.
Deitado sobre um rio caudaloso O beijo que me dás, tão asqueroso Destino mais cruel, assim se traça. Marcos Loures
61
Entregue aos desatinos, penitentes Carrego em minhas costas esta cruz. Os olhos se perdendo sempre ausentes Falena em desespero pede a luz.
Algozes, as correntes que me cortam, Esfacelando a carne, expondo os ossos As fantasias tolas já se abortam, Restando tão somente os meus destroços.
O tempo de sonhar não mais existe O canto que ora entôo é de agonia. Seguindo pela rua, amargo e triste Nublado, em névoas densas, o meu dia.
Mas mesmo nesta estrada tão deserta Irei sobreviver, esteja certa! Marcos Loures
62
Entregue ao teu poder de sedução, Teus olhos são decerto meus faróis, Amor que sempre traz transformação Estende em nossa cama, raros sóis.
As horas do teu lado são amenas, O quanto que em desejos tu traduzes Fazendo com que eu busque qual falenas Atrás de claros lumes, belas luzes.
A marca que se entranha em minha pele, Das garras e dos dentes da pantera Ao teu prazer meu sonho já compele Prazer que mil prazeres sempre gera.
Somando nossos passos: infinito. Amor feito em bonança, em paz, bendito... Marcos Loures
63
Entranho um sentimento mais voraz Frementes sensações que se apoderam, Não deixam mais pensar e nem ponderam, É muito além do quanto se é capaz.
Porém em tanta insânia satisfaz E mostra nossos sonhos que se geram Do amor, suas entranhas. Pois vieram Do sonho de ser muito além de um cais.
Em júbilo, num êxtase sublime, Augúrios; benfazeja intemperança Vulcânica explosão em fonte e chama,
Amor que com delícias me suprime, Ao ápice contigo já se alcança, E traz em divindade toda trama... Marcos Loures
64
Entranho teus desejos no meu corpo, Um porto onde atracar loucos delírios. Atiro-me em teus braços, roço a pele Compele-me a vontade de beber
Sabores, tua boca, sexo, aromas. Romãs deliciosas dos teus seios, Nos veios que entreabres penetrando, Alçando o infinito em tuas pernas,
Cisternas, locas, furnas, fendas, gozo... Repouso meu tesão nestas lareiras, Fogueiras que umedecem e me encharcam, Aplacam quando acendem em fulgores
Impudicos altares onde tramo Segredos, belos vales que eu entranho... Marcos Loures
65
Entranho em tua xana, dentes, língua E sorvo no teu grelo, mil prazeres, Não vou deixar que a noite venha à mingua, Adentro ao fogaréu como quiseres
Aprofundando sempre quero mais Introduzindo os dedos, umidade... No gozo que se chega, faço o cais Aonde aporto, louco de vontade.
E sinto em teus orgasmos as tempestas Que invadem, temporais e furacões, Vasculho com desejo tuas frestas E bebo cada gota, aos borbotões.
Depois em calmaria nem descanso, Ouvindo teu gemido, eu quero e avanço...
66
Entranham com delírio a mesma dança Meus olhos que te buscam nestes sonhos, O gozo da alegria já se alcança Deixando para trás dias tristonhos.
Realce que se mostra em cada verso Denota todo o bem que eu também quis. Viver em harmonia este universo Demonstra o quanto quero ser feliz.
Contendo a cada olhar o teu retrato, Reluz em nós um brilho inigualável. A fantasia inunda este regato Legando ao mar beleza incomparável.
Sentir o teu perfume junto a mim, Demonstra quão divino este jardim....
67
Entranha por meus olhos, rasga o peito, Adentra nos momentos mais fortuitos, Deveras se permite por direito A conhecer do sonho seus pertuitos.
Satisfazendo torna insatisfeito Em cortes tão profundos e gratuitos Amor conhece já qualquer defeito E vence assim mostrando os seus intuitos.
Vencido pela seta do moleque Não tendo outra saída sigo assim, Das dores e prazeres todo o leque
Baderna vão fazendo dentro em mim. Na lágrima que o tempo nunca seque Certeza: flor/espinho em meu jardim. Marcos Loures
68
Entranha o mais gostoso e doce cheiro Na pele de quem quer e não descansa, Do jeito que se pensa, verdadeiro Amor o tempo inteiro é lua mansa. Do sonho em que navego, gondoleiro Deixando à solidão sequer lembrança.
Nas praças os coretos fazem festa, Um suburbano trem faz reboliço Mergulho todo o tempo que me resta E quero muito além de apenas isso Amor sem ter juízo, sempre presta Gozo compartilhado, o que eu cobiço.
Nas danças e delícias, danações. Delitos espalhando tentações... Marcos Loures
69
Entranha no meu peito esta vontade de ser além de um simples sonhador, do amor que me trará felicidade um novo dia, eu quero recompor.
vivendo finalmente esta verdade, eu vejo o teu olhar a me propor um gesto com total suavidade, com toda fantasia e farto ardor.
beijar a tua boca mansamente, seguir os meus desejos sem pudores, teus lábios, mensageiros redentores
clamando ao gozo intenso, num repente, chamando para a glória de poder viver a plenitude de um prazer... Marcos Loures
5970
Entranha cada raio em nossa vida, O desejo mais sincero e sempre intenso Da sorte e da alegria repartida Vivendo amor em paz e gozo imenso.
Dançando sobre estrelas e faróis Arcando com meus erros e pecados. Inundação divina em arrebóis Cardumes de prazeres revelados.
Mergulhos em nós mesmos, riso farto, Viagens por incêndios fogaréus, Altares catedrais em nosso quarto Trazendo os mais insanos, belos, céus...
No quanto eu te desejo, assim, demais Corcéis entre brilhantes e cristais Marcos Loures
71
Entrando tantas vezes pelo cano Não aprendi na vida a ser sacana, Embora guarde em mim o desengano, Eu sei da podridão da raça humana
Tem gente disfarçada de bacana Gatuno sem vergonhas, um bichano Nesta arte de roubar, mas não me engana Enquanto sacaneia já faz plano
Renova o repertório de trambiques, Os barcos naufragando nos seus diques Cambada na verdade é bem astuta
Traíras, não conhecem a amizade, Sorrisos, quando dão, de falsidade. Ó turma de pilantra fédaputa!
72
Entrando pela porta de teu quarto, Na noite tão querida de meu bem, Teu corpo delicado... Não me aparto E manso, te chamando, agora... vem. Depois de tanto amor, deitar bem farto; Lá fora não existe mais ninguém...
Sentado em tua cama, minha rosa, Ver toda esta beleza iluminada À lua que se mostra radiosa, Nudez de uma rainha de uma fada... A pele tão sensível, tão gostosa, A vida se mostrando extasiada...
Depois que o sol chegar recomeçar, O tempo nunca mais irá passar....
Marcos Loures
73
Entrando nesta mata sem ter mapa Eu vi os meus remendos pelo chão. Enquanto a fantasia não escapa Teimoso vou buscando atracação E o tempo com certeza em viração Prefiro guarda-chuva, pois sem capa
Jamais enfrentaria a tempestade, Anônima figura mostra a bunda Andando pelas ruas da cidade Enquanto a poesia já se afunda, Matando da expressão a liberdade, Palavra com certeza é nauseabunda.
Melhor esta ignorância feita em créu Vendida com nobreza de bordel... Marcos Loures
74
Entrando em conexão, desejos e vontades Delírios que concebo, encontram seus caminhos. Na fúria em explosão fartas saciedades Brindando no teu corpo; insanos, raros vinhos.
Carinho tão profano, imensas tempestades Adentro em alegria invadem nossos ninhos As fontes deste sonho em que tais claridades Nos olhos feitos gozo; em seda, organdi, linhos...
Viajo em tua pele, abraços e prazeres Sementes do desejo, ardentes madrugadas, Na festa qual banquete, as taças e os talheres
Chamado em que se escuta a força do querer. Vagando sem destino, encontro estas estradas Traçando em tua pele um rumo a percorrer... Marcos Loures
75
Entrando em cena a atriz, brilha o cenário, Cabelos longos, negros, enfeitados. No canto e no teatro, encanto vário Delírios em desejos provocados.
Tu tens na fortaleza, a tua marca, Os lírios no teu nome, sol e mel. O amor que dominando sempre abarca Os sonhos que te levam para o céu...
Independente, segues tua estrela Que nada impedirá o forte brilho. Na voz que fascinando, rara e bela Florindo este caminho que ora trilho
Na doce fantasia de poder Em versos, meu amor, te enaltecer... Marcos Loures
76
Entre nuvens tão negras vejo o sol Tornando imaginável a esperança. Palpável fantasia que se alcança Tomando num instante este arrebol.
O amor tem seus segredos; disso eu sei. E nada impedirá que eu os desvende, E enquanto a luz do olhar sublime acende Vassalo se imagina feito um rei.
Carruagens e lacaios, festas, valsas, Por mais que estas palavras soem falsas Eu sei que isto eu senti; quando te vi.
E neste emaranhado de teus braços, Os gozos que já foram tão escassos Proliferam delírios junto a ti.
77
Entre meus dedos, passa o tempo todo, Brincando com a sorte, louco ri. Permite tanto engano, tonto engodo, Depois, finge que nunca esteve aqui.
Moleque solitário não dispensa A gargalhada firme depois disso. Por mais que tolamente, a recompensa, Se mostra numa flor, quase sem viço.
O tempo é companheiro predileto De uma saudade feita em mil lembranças. Por vezes tão vazio, outras repleto Matando devagar as esperanças.
Agora que se foi o bonde e o trem, Amor fora do tempo, sinto, vem...
78
Entre beijos, carinhos, corações. Nossos passos são mansos e macios... Vivemos das eternas emoções Que tramam e nos chamam nossos cios.
São deuses dos amores nossos pais... Amando sem sequer saber limite. Nos braços deste amor eu quero mais, Delícias, te desejo; Nefertite...
Eu quero me salgar na tua praia Eu quero te encontrar na minha cama. As ondas vão subindo tua saia, Acendem de repente minha chama...
É minha, com certeza, uma alma gêmea. Minha mulher amada, minha fêmea...
79
Entraste em minha vida no momento Em que, sem ter defesas me encontrava. Ao mesmo tempo imerso em tanta lava Não pude segurar o sangramento.
Por vezes quando insano, eu te atormento Minha alma em vão cativa, tua escrava Tentando disfarçar, romper a trava Sonega o que maldiz o sentimento.
Espúrio, vago em versos o infinito Inútil disfarçar, por isso eu grito Infecto não consigo a liberdade.
Entraste neste traste que sou eu No mesmo instante o rumo se perdeu, Não posso suportar tal claridade... Marcos Loures
5980
Entraste em minha vida como o sol Que invade a senda outrora tão escura, Trazendo claridade ao arrebol Calor em luz intensa, com brandura.
Ao permitir que o sonho já renasça No coração outrora tão sombrio, Tristeza num momento se esfumaça E um mundo mais sublime; eu fantasio.
Espalhas a esperança verdejante Que toma este cenário ao mesmo instante Em que ressurge, enfim, o alvorecer
Amor que em farto brilho me domina, Dos olhos radiantes da menina Imagens fascinantes; posso ver... Marcos Loures
81
Entende por que sou o Zé do Jegue? Um velho repentista desdentado Que usando as velhas do passado Não tendo nem diabo que carregue.
Se às eu pareço meio entregue, No fundo não prescrevo samba ou fado, Fazendo do forró meu canto e brado, Eu não suportarei falso que empregue.
Você bem que podia vir comigo, Mas sei que represento algum perigo A quem se faz tão culta, assim solene.
Viola dedilhada num ponteio Sem mágicas nem técnica eu receio Que ao te tocar macia, já lhe empene... Marcos Loures
82
Entenda; a solidão nunca acompanha Quem sabe da certeza deste amigo. Por mais que tua dor seja tamanha Decerto nos meus braços, teu abrigo...
Nunca estará sozinho, com certeza. A mágoa que perturba já consolo. Não deixe que te toque tal tristeza Amiga deite aqui, toma meu colo...
Tanta dificuldade pela vida Somente uma verdade te liberta. E saiba, meu amor, minha querida; Terás o meu apoio, esteja certa...
Não tema que esta vida te magoe E se te maltratar, amor; perdoe...
83
Então vamos; querida, em carrossel, Girando neste parque da emoção. Tiaras são estrelas deste céu A flor do meu desejo em sedução Roubando desta flor, fazendo o mel Que emana em nosso sonho de paixão...
No doce do algodão da paz imensa, No lúdico prazer de estar contigo. Que a força deste amor, pra sempre vença Que encontre em nossos braços seu abrigo. Tu és, em minha vida, a recompensa A paz que há tanto tempo, enfim, persigo...
A roda da fortuna me mostrou A glória deste amor que nos tomou...
84
Então se não me queres quero um meio De ter ao fim da festa algum consolo, Quando deste infinito fui ao solo, Mudando a direção do antigo veio.
O amor que me fez sábio e me faz tolo Promete a solidão que de permeio Dizendo com certezas ao que veio Traduz o que fizeste com vil dolo.
A moça que vestiu falso recato, Do nó que tantas vezes não desato A forca como herança, meu brinquedo.
Quisera ser quem sabe um adivinho Talvez ao perceber estar sozinho Teria terminado desde cedo...
85
Então prepare bem esta grutinha Que vou fazer contigo uma festança Espero que ela esteja molhadinha Mais firme e mais gostoso o pau avança.
A boca mais sedenta e safadinha Com força me chupando logo alcança Vontade de foder tua bundinha Querida, devagar, a gente amansa
Prometo que coloco com jeitinho, Do jeito que tu queres, com tesão, Depois tu vais beber todo o leitinho
E não desperdiçar nenhuma gota. Encharco com a lava este vulcão, Na sede que jamais, amada, esgota...
86
Ensinou o poder de uma brandura Quem fez do amor em paz o seu pendão. As dores de minha alma vêm a cura Na força tão sublime do perdão.
Durante tanto tempo em vã procura Imerso na terrível solidão Ouvindo essa palavra com ternura Eu aprendi sem prece ou oração
Que o bem que nos foi dado em plena graça Destino de quem sabe, logo traça Mudando em paz e glória o seu caminho.
Num Pai que é nosso irmão, ao mesmo tempo, Mesmo no mais temível contratempo, Expõe em suas mãos, manso carinho. Marcos Loures
87
Entorpecido, insano, noite afora. Em gozos mais profanos, mil espasmos. Entornas teus humores, me decora Nas sensações mais loucas, nos orgasmos...
Em relampejos tantos, chama e fogo, Nos corpos que se tocam, furacões, A vida se passando neste jogo Marcado pelas brasas das paixões...
Tu sabes quanto eu quero o teu prazer, Fazer amor contigo não me cansa, O sonho tão gostoso de viver, Nas nossas doces noites já se alcança.
Tu és minha mulher, fêmea, querida... A luz que é derradeira em minha vida... Marcos Loures
88
Entorno uma esperança tão querida, Caminho entre estas fontes deslumbrantes E penso em paraísos por instantes, Minha alma enamorada e distraída...
Há tanto que buscara nesta vida E nunca percebera interessantes Momentos sensuais e provocantes, Na força desta sanha concebida
Açoda-me a alegria, eu alço os céus E a noite derramando raros véus, Estende-se em luar, regendo os passos
De um venho caminheiro apaixonado, E agora que te tenho aqui do lado, Só quero em minha noite os teus abraços. Marcos Loures
89
Entornas, nos teus olhos, poesias; Convite irrecusável para a festa . Agreste sensação alegorias Que amor insuperável quer e gesta.
Harmônico desejo em que me guias, Vencendo a solidão que ainda atesta O quanto foram vagos velhos dias, Impregnar-me de ti, o que me resta.
Sentir o teu perfume, tua pele, Roçando o teu cabelo em minha tez. Arfante este delírio, insensatez,
Argúcias já permitem que se atrele Ao corpo um outro corpo que esfaimado Transita um infinito do teu lado...
5990
Entornando sedução A morena desfilando, Parecendo um furacão No recanto, às vezes brando,
Meu olhar te procurando Vai seguindo a procissão Pouco a pouco penetrando Acelera o coração.
Da morena tão brejeira Que sorrindo traz a festa, Meu desejo entra na fresta
E balança esta roseira, Seu molejo já me atesta, A morena é brasileira!
91
Entorna sobre nós rara esperança O brilho em carrossel do amor que trazes, Não tendo mais palavras sequer frases, Apenas este amor que agora alcança
Minha alma que guardara na lembrança Distantes ilusões, longínquas fases De dias tão doridos quanto audazes Matando o que restou de uma criança.
Das farpas que trazia em ironia, A mansidão na voz demonstraria A força deste amor, claro e preciso.
Mulher maravilhosa, bela e sábia Trazendo na doçura, tanta lábia, Sabendo transformar a dor em riso. Marcos Loures
92
Entoas sinfonias em gemidos Trazendo pirilampos para a cama. Tocando em profusão nossos sentidos, Prazer que a todo tempo se reclama.
Decifro em signos, beijos repartidos, De senhas e loucuras, farta gama, Além dos velhos ritos percebidos, O fogaréu intenso nos inflama.
Senhora tentação nos braços teus, Desejo se assenhora e não descansa, Enquanto a vida trama noite mansa,
Os olhos se devoram sem adeus, Espalhas fulgurantes labaredas, Nas teias e centelhas, já me enredas... Marcos Loures
93
Entendo teus reclames, teu queixume, E até percebo nisso o teu carinho. A rosa quando exala um bom perfume, Demonstra quanto vale o seu espinho.
Depois de ter contigo este costume Dos versos que se mostram tal caminho, Percebo teu amor neste ciúme, Reinando tantas vezes, nesse ninho.
Tu és a minha amiga, amada amante Que sabe cada sonho que possuo, Futuro nos teus braços eu construo
E traço meu destino em fino trato, Do amor que se fez sempre triunfante Vibrando em teu olhar o meu retrato..
94
Entendo sermos feitos deste barro Estercados por sangue e por vanglória. Quais meros passageiros desta história, Capotamos; por vezes cada carro.
E quando em sortilégios eu esbarro, Refletindo defesas que a memória Preparo-me pra dor ou pra vitória, Na tábua da beirada, enfim me agarro.
Mistérios que enfrentamos vida afora, Entorpecente luz que nos ancora, Momentos de ilusão e fantasia...
E, quando em desespero, sem saída, A sorte se mostrando distraída, O lenitivo vem da poesia...
95
Entendo o verdadeiro amor, querida Como aquele que traz a liberdade. Um pássaro encontra uma saída Seguindo o que trouxer a claridade.
Às vezes na nossa alma uma ermida Transporta ao pensamento a fria grade. Porém qualquer batalha a ser vencida Terá firme suporte na amizade.
A luz que sempre emanas pode dar O rumo que cansaste de buscar E mesmo acreditavas não haver.
Romper os elos tolos do passado, No encanto por Jesus anunciado Verás a magnitude do prazer...
96
Entendo finalmente o bem de amar, Na noite que em cruzadas descobrimos Caminhos geniais que pressentimos Na força inusitada a nos tomar.
A vida se mostrando devagar, Tirando do passado velhos limos, Estrelas percorrendo serras, cimos, Momento deslumbrante, constelar.
Tiaras de esperanças e prazeres, Percorrem nossos céus, olhos reviram, Girando em carrossel, a noite passa...
Encontro em fantasia bens quereres Os anjos vendo a cena já se atiram A solidão, vazia, se esfumaça... Marcos Loures
97
Enquanto tu me negas primavera Minha alma tantas vezes esquecida Do nada já prossegue convencida, Restando tão somente a fria espera.
Um sonho em alegrias. Quem me dera... Porém recebo em troca a despedida, Trazendo este abandono à minha vida Abrindo no meu peito uma cratera...
Olhar segue tristonho, amargo e vago, De uma esperança eu bebo mais um trago, E a seca se refaz no meu jardim...
Uma ilusão rondando a minha casa. Lembrança do que fomos tanto abrasa... Enchente gotejando dentro em mim... Marcos Loures
98
Enquanto tu falseias e reluzes Um falso diamante mavioso. Os erros que cometo e reproduzes Premissas dum cardápio belicoso.
Às vezes nos carinhos os obuses, Um jeito de prazer mais caprichoso, O quanto tanto queres ou recuses Ferrenho borbulhar doce e jocoso.
A carga divida que tramamos Peçonhas entranhadas quando falo, Bebendo este caminho no gargalo
Vazios infinitos nós somamos E vemos bem mais perto a solução Amor que seca o vinho e louva o pão. Marcos Loures
99
Enquanto trazes paz, suave alento, A vida descortina um pesadelo. Queria, amor, por certo nunca tê-lo, Porém já não me larga. Eu sempre tento
Fugir da solidão, meu pensamento Envolto em tuas teias, num novelo; Quem dera finalmente em ti vertê-lo
Assim teria a paz que em vão procuro. O chão que outrora arei, deveras duro, Negando em aridez, semeadura.
Felicidade, aonde pode estar? Desfilo as amarguras bar em bar, Na embriaguez encontro a minha cura... Marcos Loures
6000
Enquanto se faz tola profecia Falando deste tal Apocalipse Decerto, meu amor, se poderia Juntar os nossos corpos num eclipse
Fazer a brincadeira mais gostosa Aquela do crescer, multiplicar, Eu sei que pode ser maravilhosa Deixando colocar bem devagar.
Às vezes eu tentei ter a resposta De uma pergunta simples que ora faço, A mão do Nosso Deus sempre foi posta Cobrindo este universo, em todo espaço.
Igreja nos tratando feito boi, Dizendo: Voltará quem não se foi...
A EXISTÊNCIA DE UM DEUS ONIPRESENTE E ONIPOTENTE É TOTALMENTE INCOERENTE COM A VOLTA DE QUEM ESTÁ PRESENTE. Marcos Loures
|
|