Contra a luz

Data 08/12/2010 22:12:19 | Tópico: Textos -> Outros

Tamanha foi a loucura, a demência o histerismo que me deitei sentando-me naquele quarto vazio e silencioso que não era quarto nem sala, mas um cubículo espaçoso ao qual eu chamo nada. Sentada com os olhos fechados vi o que desfiz sem nada ter antes feito e desmanchei-me em lágrimas, que não correram por me estar a sentir tão plena e tão pouco vaga num devaneio da alma.
Decidi ir em frente, pôr-me de pé, manter-me deitada, e sem sair do meu lugar percebi que embora calada estava bem ali, a ser picada, relembrada e enxovalhada de algo que já há muito não ouvia falar, num frenesim de diálogos que não podia mais entender, num aclamar de paz que não conseguia mais ignorar. Fartei-me destas vozes na minha cabeça, então gritei um pouco mais para me fazer ouvir no meio de todo aquele silêncio. Dentro de mim continua a estar escuro e frio, e é reconfortante essa sensação de conforto e vazio.
Sei descodificar no entanto alguma da informação que em abundância chega escassamente ao meu pensamento, sei quem sou, não me conhecendo, sei no que acredito, desacreditando tudo o que me completa.. Mas acima de tudo, sei onde estou, sei onde me encontrar.. Perdida em pensamentos, na minha cabeça a vaguear.


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