Natureza morta

Data 10/12/2010 00:05:12 | Tópico: Poemas

O vaso das flores repousa sobre o parapeito mal feito da janela. Aquela que não abre. Nunca abriu e mesmo assim deixa ver ao longe como se tivesse intenção que o desejo de ter vontade fosse eremita. Isolado. De encontro ao vidro esborracha-se o orvalho exterior e a, antes, respiração interior.
Morre o oxigénio nas folhas da planta, que batidas pelo sol se mantêm verdes e vivas.
A inércia do corpo distendido pelo sexo acabado mostra que já não lateja, que os pulmões exauridos já não enchem. Desentenderam-se com o a respiração. Expiraram. Há queda no ar. O ar cai aos caídos sem resposta nenhuma.
Podia dizer-se vivo se mais não houvesse que um riso compulsivo de satisfação. Mais não há e não se diz.
Aconteceu por ali liberdade expressa e solta, sem limites e sem regra, selvagem e faleceu.

Valdevinoxis



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