
E toda a Lezíria se agita e o rio é um lago manso…
Data 01/09/2007 15:27:04 | Tópico: Poemas -> Paixão
| Só a voz se emudece… amado, só a voz, que o sangue, a cada fim de tarde, a cada fim de dia, pulula e grita e eu sou somente, saudade …
E toda a Lezíria se agita e o rio é um lago manso… e logo, incontido, jorra em hipérboles de ruído… num rio de silvas… num rio de riso…
Lateja no sal das lágrimas, explode-se na adrenalina da pele, no momento em que deslizo no ventre da tua voz, no instante em que sou Sol a naufragar no rouco do teu mar.
Oh, meu amado, nesse instante demente e inacabado, viajo sem porto ou rumo nas asas que escrevo por ti; Vogo palavras que não digo, cogito gestos, teço lendas e mitos, bordo astros num bastidor de verdades…
… teço-me e sou o teu linho, num fio supremo de fino, ao tear dos teus dedos, e te ofereço, amado, integral, a roca dos meus segredos …
E tu chegas … e és barco no meu mar revolto, o sossego dum farol, o porto à minha espera, na campina sobre a fera, a dominação do campino.
E eu sou de ti, ventania e bonomia, no negrume da noite … e tu cavalgas o meu desejo num tempo sempre menino, num amor intemporal … na fúria de um açoite, e partes, deixando no meu corpo o teu beijo de sal,
... e sou de ti, amado e tu de mim, um grito inteiro.
E de novo, toda a Lezíria se agita e o rio é um lago manso, agora embriagado no perfume do teu cheiro …
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