
MEUS SONETOS VOLUME 071
Data 11/12/2010 20:30:49 | Tópico: Sonetos
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1
Fazendo da palavra uma arma audaz Não posso suportar tanta injustiça; A cada amanhecer, a dura liça Nos distancia sempre desta paz
Que tanto desejamos. Mão voraz Roubando as esperanças nos atiça Enquanto outra alma cega e sempre omissa, Silenciosamente a morte traz.
A raça humana exposta à tal voragem, Durante a mais temível estiagem Procura na esperança o seu esterco
Permita-me Senhor ver a colheita Que em luz e majestade sendo feita Distante da tristeza em que me perco... Marcos Loures
2
Fazendo da palavra uma arma a mais, Ao mesmo tempo firo e cicatrizo Enquanto os versos seguem sem deslizes Encontro mansamente o porto, o cais.
Porém quando em tempestas tu me dizes, Desfiro nas estrofes, vendavais. Palavras de um poeta são atrizes Às vezes acarinham, canibais...
Matando a minha sede simplesmente, Neste egoísmo estúpido retrato, Apenas o que passa em minha mente
E disso vou falando o tempo inteiro. Se o laço que pretendo ato ou desato, A culpa não é minha. É do tinteiro... Marcos Loures
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Fazendo da ilusão este aparato Que enquanto nos domina, desacata. Se o método poluo ou quebro o prato, Veremos se inda existe virgem mata.
Origem dos meus temas, cada fato É quando o vendaval vem e maltrata, A moça empedernida; desbarato Sabendo de antemão quanto é ingrata.
Calando não me importa mais calão. Insuportável sempre a má versão Tenho aversão aos versos que ora faço.
Pereço a cada dia, mais um pouco, E quando no final sou tolo e louco Não deixo no caminho qualquer traço.
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Fazendo da esperança a companheira Além de toda a sorte necessária. Que a dor em nosso peito, temporária Termine na paixão mais verdadeira.
Eu quero ter contigo, a vida inteira, Mesmo que nossa sina procelária Demonstre que emoção viva e sectária Apresente-se às vezes feiticeira.
Apascento a fúria das tempestas, Somando nossas forças, não teremos Motivos pra negarmos belas festas,
Unidos navegamos, nossos remos, Decerto ajudarão na travessia Na busca deste amor em poesia...
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Fazendo da esperança a companheira Além de toda a sorte necessária. Que a dor em nosso peito, temporária Termine na paixão mais verdadeira.
Eu quero ter contigo, a vida inteira, Mesmo que nossa sina procelária Demonstre que emoção viva e sectária Apresente-se às vezes feiticeira.
Apascento a fúria das tempestas, Somando nossas forças, não teremos Motivos pra negarmos belas festas,
Unidos navegamos, nossos remos, Decerto ajudarão na travessia Na busca deste amor em poesia... Marcos Loures
6
Fazendo da emoção supremo andor. Um novo amanhecer se predizia Nos versos que hoje faço, meu amor, Espero te dizer desta alegria
De ter nesta manhã, raro calor, Que o corpo enamorado me irradia, Dizendo nas palavras, deste ardor Que toma meu desejo em sintonia.
Somemos nossos passos nesta estrada, Decerto a vida irá iluminada Toando esta harmonia em sentimento.
Eu quero a temperança deste sonho, Meu barco nos teus passos, quando ponho, Já sabe que terá ternura e alento... Marcos Loures
7
Fazendo da amizade, rumo e norte; Eu trago no meu peito um sonho claro Legando cada dia, bem mais forte, O canto em que me embalo e que declaro,
Cicatrizando assim, um duro corte, Eu agradeço o braço, firme e caro, De quem já se mostrou perfume raro, Fazendo com que a dor, bem cedo aborte.
Valores que preservo: liberdade, Carinho, puro amor, honestidade. Eu sinto em teu olhar, querida amiga.
Por mais tão penosa seja estrada, Não temo nesta vida, quase nada, Sabendo que em teus braços, sorte abriga.
8
Fazendo da amargura o doce vinho Estendo pelas ruas, meus resquícios Jogado nas janelas, precipícios, Esmago, virulento qualquer ninho.
Matando o libertário passarinho Em meio à profusão de gozos, vícios Amores que criei; os mais fictícios Negaram o verdadeiro e bom carinho.
Os muros da esperança eu destruí, O tempo de viver; cedo perdi Felicidade nunca foi alçada
Apenas alcançada a solidão Reajo quando tenho uma ilusão, Mudando de caminho e de calçada. Marcos Loures
9
Fazendo da alegria, porto e foz, Não quero nem saber se a mula é manca, Enquanto a poesia me desbanca Eu tento me lembrar sempre de nós.
O pensamento voa e vai veloz, Saudade em solidão, o peito espanca, Sangria desatada nada estanca Tristeza em noite fria é tão feroz.
Sem ágio eu pagarei a antiga dívida. A face em desamor, pálida, lívida Expressa o que hoje sinto sem teu bem.
Colado no teu corpo qual chiclete, O amor que desejei não me compete, Seguindo a minha vida sem ninguém... Marcos Loures
10
Fazendo no meu verso estripulia A moça não sossega um só segundo, Se o peito sonhador é vagabundo, Um novo amanhecer se fantasia
Nas prendas mais sublimes deste dia Que enquanto vem disperso, eu me aprofundo Vagando pelos céus, ganhando o mundo, Ao final não trará mais alegria.
Mas quanto me vicia coxas, pernas, Eu tento viajar palavras ternas E nada do que faço satisfaz.
Se amando não convenço, o que fazer? No quanto sempre dei sem receber Após a tempestade terei paz? Marcos Loures
11
Fazendo greve, a moça me perturba, Na roupa transparente uma promessa, Desejos vêm chegando numa turba, Porém o meu martírio recomeça
Abrindo as suas pernas me convida Depois fecha depressa e inda gargalha Sabendo que perdi esta partida, Espero a qualquer hora batalha...
Teu cheiro tão gostoso, tua pele, Macia e delicada... Isso é maldade, Enquanto esta vontade me compele, A morena me deixa na saudade...
Venha para cá, pare de manha, No empate, com certeza, ninguém ganha...
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Fazendo em puro amor nossa linguagem Que sempre transbordou em emoção, Permita-nos, Bom Deus, esta viagem Com toda mansidão do coração. Que não se perca amor, qualquer bobagem, É bela esta bagagem, U'a lição.
Estás aqui comigo o tempo inteiro, Nos sonhos, nas palavras, no perfume. O amor é nosso amigo e companheiro, Caminheiro entre as urzes do ciúme. Trazendo nos seus olhos tal luzeiro Que chega em cordilheira ao alto cume.
Não temas a manhã que sempre vem, Vivemos palmo a palmo o nosso bem...
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Fazendo em minha pele, seus carinhos, Saudade faz do gozo, desespero. Vendendo uma esperança em armarinhos Apenas o vazio por tempero.
Sonega-se alegria, amortalhando. Cimitarras cortando a cada noite Tristezas, no caminho, amealhando Restando a solidão neste pernoite.
Acoita-se um sorriso de ironia, Secando cedo a fonte, aborta arroio Do vinho que em outrora eu me embebia A vinha se transforma em ledo joio.
Comboios de serpentes já libertas Enquanto o pensamento; não desertas... Marcos Loures
14
Fazendo em alquimia uma explosão, Temáticas diversas dizem nada. A relação assim analisada Permite tão somente a negação.
Amor quando nos infla qual balão Promete a cada crise, a derrubada, Na mata em que se deu nossa queimada Ocorrerá desertificação.
Não que eu seja, amor, ecologista Apenas por favor, vê se despista E vamos prosseguindo, mesmo assim.
Estou apaixonado, não discuto, Porém se amor não traz outro atributo, Escuto a tua voz dentro de mim... Marcos Loures
15
Fazendo dos meus versos um alerta Que fale sobre a fome de esperança Deixando nossa vida descoberta, Uma amizade resta na lembrança
Do coração ingênuo da criança, A força de um carinho já desperta O quanto é tão sublime uma aliança, Porteira que se encontre enfim aberta
Ao passo em que depois de certos anos Os sonhos que já foram soberanos Transforma-se em temível pesadelo
Por isso, meu amigo esteja certo Ao florescer amor em vil deserto, É importante a paz ao recebê-lo Marcos Loures
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Fazendo dos meus versos minhas lavras Cultivo tanto amor... Não são somente Jogadas ao vão vento, estas palavras. Quem dera se brotasse essa semente... Usando essa esperança como adubo, Eu rego todo dia o meu canteiro, Aos céus com esse canto, eu juro, subo, E sei felicidade por inteiro. Amada, não se esqueça que te quero, Meu mundo não é vago sentimento. Outra realidade; sei que espero Trazida novamente pelo vento... Minha alma em tua alma se completa, Tu és no meu jardim, a predileta!
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Fazendo dos abraços nossa rede Dos sonhos e delícias bela sede, Matando em tua boca a minha sede Nos braços o carinho que me enrede.
Amor quando demais nada contém, Não sabe de correntes nem galés. Buscando em noite imensa por alguém Olhando pra mim mesmo de viés
Eu vejo o teu retrato em minha face Imagem refletindo corpo e alma Amor que não permite mais impasse Ao mesmo tempo açoda enquanto acalma.
Rompendo do pudor antigas grades, Emplaco no teu corpo mil vontades Marcos Loures
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Faz a vida ser bonita O sorriso do menino, Fantasia se exercita Num olhar do pequenino
Lapidar esta pepita Necessita tanto tino, Se quem ama delimita Liberdade é seu destino
Não permita que a dureza Suje esta alma cristalina. Ser feliz é o que se preza
Crueldade desatina, Sendo posta então à mesa Prataria rica e fina...
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Fatal o berimbau metalizado Recado sempre dado em pouca corda Enquanto a poesia não me acorda Eu vivo sempre cheio, vou pesado.
Nascido balalaica seco o brado Meu crime quer castigo e se recorda Andando nos beirais, amor aborda Meu corpo noutro tanto, desviado.
Achando todo axé repetitivo Cultura nacional foi para o saco, Decerto sendo velho eu sempre empaco
E mostro em teimosia porque vivo. Pagode que conheço diz budista Amor necessitando de analista... Marcos Loures
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Fascinas quando chegas de mansinho, Iluminando o quarto, a sala, a casa... Minha alma nada fala, mas carinho Acende num minuto intensa brasa.
O amor que amadurece feito vinho, Jamais derreterá; dos sonhos, a asa. Embora o fogaréu invada o ninho, E a chama do prazer assim, me abrasa.
Sentir o teu perfume inebriante, Viver tão simplesmente, sem porquês De toda a fantasia em que ora crês
Amor feito aguardente fascinante Domina este cenário, faz a festa, Delícia sem igual, então se gesta...
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Fascinas com teus versos delicados, Tais expressões deveras tão gentis, Mudando em alegria, os velhos fados Tornando os meus olhares menos vis.
Os passos no passado, malfadados Apenas tatuagem, cicatriz, Da sorte estão lançados novos dados, Quem sabe poderei ser mais feliz?
As Graças renovando esta esperança Espero, não cambiem de lugar. Podendo mansamente te tocar,
Satisfação eterna, o amor alcança Fazendo deste sonho, realidade, Bradando aos céus que eu amo, de verdade... Marcos Loures
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Fascinado com brilhos do desejo Neste albor mavioso que é a vida Quando a noite cai, logo assim revejo Juventude que há muito achei perdida.
Mocidade remoça um velho peito Queimado nestas chamas da saudade, Que aflora julgando ter direito A viver, neste amor, felicidade!
Amar é mais que tudo, enfim, viver... Frescor duma manhã anunciada, É pleno de ternura se esquecer De tudo que viveu, triste alvorada...
É ter essa certeza, estar altivo, Poder gritar ao mundo que estou vivo!
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Farturas de desejo em lua mansa Soando em meus ouvidos, melodias. O coração decerto sempre alcança Matando as horas tristes, duras, frias.
O canto quando pleno de esperança Permite que se raiem novos dias Quem ama de verdade não se cansa E busca as mais sublimes fantasias.
Menina que se fez doce mulher, Eu quero o teu prazer e o que vier Dos lábios mais gostosos que conheço.
A vida vai passando sem tropeço Se eu tenho do meu lado quem eu quero, Amor sem ter limites, mais sincero... Marcos Loures
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Fartura que me dás deliciosa. No rabo mais gostoso que comi, Buceta se mostrando generosa, Desejo sem igual eu nunca vi.
Enquanto sobre mim, a puta goza, A foda recomeça, adentro em ti. A boca se mostrando mais gulosa, O cu maravilhoso agora abri
Requebras os quadris louca e sedenta, A xana depilada e molhadinha, Depois em minha pica, vem e senta
Até que a porra invada a tua gruta. Sorrindo vem lambendo a cabecinha, Bebendo cada gota, deusa e puta... Marcos Loures
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Fartura de esperança e de emoção Coloco a fantasia em cada verso, Não quero mais saber de andar disperso, Encontro finalmente a direção
Cansado de enfrentar o mesmo não Eu quero abrir o peito ao universo, Nos braços de quem quero, vou imerso, E a vida agora mostra a perfeição.
Depois de tanto tempo, sendo frágil, Após colecionar queda e naufrágio, Encontro o meu destino verdadeiro.
Singrando os oceanos da loucura Percebo o fim de toda esta procura Levando para a praia o meu saveiro. Marcos Loures
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Fartando-me dos sonhos mais audazes Durante tantas noites procurei Ouvindo o coração eu me encontrei, Por mais que a vida trague tantas fases.
As asas tão velozes são capazes Dos anjos me trazerem nesta grei Maná delicioso que provei, Com lábios mais famintos e vorazes
A solidão deveras execrável, Moldara um paraíso inalcançável, Porém quando vieste, outro final.
Arquétipos diversos conhecera, Mas quando eu vi em ti a primavera Do amor eu recebi completo aval... Marcos Loures
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Farsantes, tantos dias que passei Distantes dos meus sonhos benfazejos Constantes ilusões eu recriei Amantes, que se foram sem ter beijos.
Instantes mais felizes desfrutei Cortantes, as palavras e os desejos Rompantes em teus braços velejei, Mas antes de saber de tais ensejos
Venci todos os medos que trouxera De um tempo em que jamais imaginara Saber da renascida primavera
Que em cada novo dia transportara Meus olhos para o longe. Quem me dera Poder falar de ti, mulher tão rara...
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Farsantes sensações vão adentrando Permitem se antever o que virá, Da sorte maltratada nascerá O dia que queria se espalhando.
Imensa catedral que vez em quando Encontro tanto aqui quanto acolá, Resume o quanto o sol não brilhará, Enquanto o céu de uma alma está nublando.
Os cacos; realinho em falsa espera, Falácias iludindo a primavera, Expressam seus sorrisos na tocaia.
A presa, sem noção da fria fera Do nada, uma ilusão agora gera Ao ver a fantasia em minissaia. Marcos Loures
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Farsantes os sorrisos que legaste A quem se fez por vezes idiota, O sol que em minha pele se desbota Recebe do luar frio contraste.
O quanto tão distante navegaste Estronda com vigor qualquer compota. Perdendo esta noção esqueço a rota, Exposto à erosão, vital desgaste.
De todos os resíduos que coleto, Pereço sem saber sequer do afeto Que possa receber assim, de alguém.
Usando o mais surrado paletó, A quem se acostou a viver só, Apenas a mortalha me cai bem. Marcos Loures
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Farsantes nauseabundos sentimentos, Expressão da total insanidade. Vertendo esta amargura, na verdade Entranha no meu corpo vis tormentos.
Gargalho em ironia, desalentos, Escarro sobre a falsa claridade, Aborto o que pensei felicidade, Uivantes sinfonias, meus lamentos.
Amar? É com sarcasmo que me dizes, Que um dia nós seremos mais felizes. Se eu sei que em tuas mãos trazes adagas.
Escondes no teu peito um aço frio, Mergulho que prometes, no vazio, Com tua falsidade, morde e afagas... Marcos Loures
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Farsante caminheiro nega o passo... Os trapos que vesti já não me cabem! As cordas do silêncio, meu compasso. As hordas truculentas nada sabem.
Respeito teu carinho e teu cansaço. Não quero essas montanhas que desabem Sobre os restos mortais onde me esparso... Pergunto muitas vezes, não sei quem!
Farsante companheiro me roubaste! Bastardas tais sangrias não se curam... As fardas esquecidas, velho traste,
Nas ruas estouvadas já se calam. Carícias mais audazes se procuram As balas meretrizes não me embalam... Marcos Loures
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Farrapos do que fui; o fogo queima Deixando por resíduo um vão retrato, Por mais que se emprestando a uma toleima Tristeza quer comer no mesmo prato.
Das ânsias imagina a guloseima Uma amizade vira desacato, Sabendo desta antiga e mesma teima, Nos mãos de uma amargura eu me debato.
Aguardo na esperança um bom causídico Evitando talvez, jugo fatídico Cansado de viver no amor qual réu.
Rompendo esses grilhões, aguardo a sesma, Embora já sabendo ser a mesma Guardada há tanto tempo em negro véu... Marcos Loures
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Faróis que me iluminam neste inverno Os olhos delicados de quem amo. Sorriso sempre amigo doce e terno Trazendo o que desejo e mesmo clamo.
Assim imaginara o nosso caso Mas quando a realidade nos tocou, Mostrando a desventura feita ocaso Dos sonhos, pesadelo, o que restou.
Agora que a poeira toma assento Eu vejo quantos erros cometi. Deixando bem mais solto o pensamento Ainda creio ver sentada aqui
Aquela que se fez bela rainha E um dia, novamente há de ser minha!
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Faróis iluminando nossa vida Tornando bem mais fácil esta andança A fonte do prazer reproduzida No olhar de quem se mostra em aliança
Vou bêbado de luz. Em ti a mina Que tanto desejei o tempo inteiro, O gozo em alegria que fascina Encontra no teu corpo o travesseiro
No quanto eu sempre quis poder te ter Traduzo cada verso que eu fizer. O amor que nos concede este querer Enfrenta a tempestade que vier.
Tua nudez caminha pela casa Deixando como rastro, fogo e brasa. Marcos Loures
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Faremos redentores cada trilho Que possa nos dizer felicidade. O coração audaz de um andarilho Não teme sentir dor, traz liberdade.
O parto que se fez em redenção Já trouxe este rebento magistral. Amor na mais sublime tentação Espalha este desejo sem igual.
Agarro tuas mãos e vou à festa De todos os sentidos, sem receios. A blusa que se abrindo mostra em fresta Delícia sensual de belos seios.
Na doce sedução destas romãs, As luzes irradiam, cortesãs... Marcos Loures
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Farei amor contigo o tempo inteiro Morena tão gostosa, minha amada. O que sinto por ti é verdadeiro. De dia, de noitinha e madrugada.
Eu quero sempre ter comigo o cheiro Gostoso de mulher amorenada, Teu corpo, com certeza, é feiticeiro Assim a minha vida bem marcada.
Mas falo, vê se escuta, por favor, São na verdade sim boas amigas. Se falam quaisquer coisas, são intrigas.
Eu tenho só por ti imenso amor. Agora, meu amor não quero brigas, Estou aqui ao inteiro dispor...
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Fardunços e jagunços de tocaia, No quebra-pau rendendo algum trocado, O corte do facão quando amolado, Não deixa e nem permite que se saia.
A vida sem juízo que se traia Sem ter nenhuma pena do coitado, No pulso da esperança se cortado, Me trouxe de lambuja rabo e saia.
Um companheiro morto, uma bobagem Falada como fosse uma vantagem, A dor que o tempo molda já me invade
E diz que não devia ser assim, O mundo desabando dentro em mim, Pagando o preço caro da amizade...
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Fantástico luar, flores da eterna paz. Na claridade imensa enorme caridade. Um deus, na fantasia, esboça-se capaz Na lua; bela, cheia, expressa a vaidade...
Nos seus clarões, amiga, eu sinto ser capaz De ser muito mais forte. Envolto em claridade, Na mágica torrente, imenso, sou audaz. No brilho do luar, esconde-se a verdade!
Caminho pela rua, a lua é quem me guia, Inflama-se qual chama amansa minhas dores... A lua me transporta, em plena fantasia,
Enorme catedral, no pátio dos amores... Ó lua companheira, amante tão vadia, Em tua poesia, explodem tantas cores! Marcos Loures
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Fantástico delírio em explosão O que sinto por ti já me domina, Amor trazendo sempre a perfeição De todo o meu caminho, fonte e mina.
Viver o que pudesse enfim me dar Um riso bem mais franco e mais sincero Assim que eu conheci, pude notar O quanto que eu desejo e agora quero
Aquela que se fez enamorada, Rainha dos castelos que eu criei. Mulher em raro brilho, enluarada, Fazendo-me sentir, deveras, rei.
Eu te amo, simplesmente e nada mais. Em ti tenho a certeza deste cais... Marcos Loures
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Fantasmas que hoje trago, eu mesmo crio, Resíduos do que fomos. Nada mais... O tempo transtornado em vento e frio Impede que se veja um ledo cais.
Felicidade, um gozo que eu adio Ao vislumbrar ao longe os temporais. Porém o coração sempre vadio Não cansa de lutar. Isso? Jamais!
Assim mesmo em descrédito; eu batalho Tentando renascer das mesmas cinzas. As tarde se refazem grises, cinzas,
Mas sei que mesmo após a poda, o galho Trará com força plena, um novo fruto Não desistindo nunca, então eu luto... Marcos Loures
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Fantasma feito amor, decerto assombra, Fazendo o coração virar sonâmbulo. Do quanto que já fui nem resta sombra, Vagando pelas ruas qual noctâmbulo.
Nas ânsias sem remanso e se descanso, Petardos desferidos pelas dores, Um sonho que virá eu te afianço Talvez inda refaça velhas flores.
Satânicos prenúncios desta sanha, Assanham meus sorrisos, volto à farra; A boca desdentada ainda me apanha E morde, lentamente, dente e garra.
Trazendo este cadáver no meu peito, Eu rolo a noite inteira; insatisfeito... Marcos Loures
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Falta-me tempo. A vida espera nua. Ao procurar pelo meu mundo lasso Os meus sorrisos francos, carne crua, Os dentes que se cravam no meu braço....
A cicatriz deixada continua... Debalde procurei o meu cansaço, Atriz já sem platéia não atua Nem tudo que pedi, perdido, faço...
Me cansei de esperar a tua volta... Navegarei todos os mares, vago... Eu não posso aceitar essa revolta,
Nem quero destruir idades mortas... As dívidas que fiz, por certo eu pago. Por onde caminhei, tranquei as portas...
43
Fazendo da alegria um doce bar Eu vejo o teu retrato no cristal, O amor ao se expressar quer vendaval E nada restará em seu lugar.
Vontade de fugir e de ficar, Carpindo a fantasia em ritual. A força mesmo vã, residual, Permite neste sonho eu me embrenhar.
Por tantas vezes tendo o mesmo quase, A vida se renova em cada fase, Trazendo em fel, raríssimos licores.
Irmanados caminhos, companheira, Na sorte que falsária é verdadeira, Somamos nossos sonhos, sem temores.
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Fazendo da alegria a sua lei Eu tenho a recompensa deste amor, Trazido por um sonho encantador, De tanto que esperanças cultivei.
Sementes/fantasias espalhei E delas recolhi; agricultor O riso mais sincero a te propor, Castelos que criaste, ser teu rei.
Arfante este caminho que nos doura, Rainha que se faz, distante, moura Aguarda um cavaleiro dos andantes,
Na ponte levadiça dos meus sonhos, Vencendo os dias vagos e tristonhos, As manhãs serão mais deslumbrantes
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Fazendo a via sacra nos teus portos, Farturas em orgásticas loucuras, Esqueço dos meus sonhos, quais abortos Nas pútridas vontades, minhas curas.
Meus ideais estão, faz tempo, mortos Restando quase insanas amarguras. Caminhos que percorro são tão tortos Mas viva a sacanagem das procuras
Hedônicas, pilantras, satisfeitas, Bagaços que se encontram nos botecos, Os ritos necessitam velhos ecos,
Nas raves, nas boites, farto cio. Os pobres se entupindo de maleitas Colheita do meu sonho: vou vazio...
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Fazendo a revisão destes meus dias Que andei vestindo a roupa de poeta Provendo a fantasia de sangrias Minha alma se mostrou sempre incompleta.
Quem faz de uma ilusão caminho e meta, Tu sabes muito bem, pois me dizias Que quando a poesia se repleta Encharca em descaminhos nossos dias.
Mereço alguma chance? Nem sei mais, Meus versos tão comuns quanto usuais Sem cântico ou sem cântaro que encharque
Dizendo da figura quase pândega Não deixaram nem que eu passe da alfândega Assim já não terei sequer o embarque..
44
Fazemos parte; eu sei, do mesmo sonho Que em verso e fantasia reproduz A doce sensação de eterna luz, Legando à solidão um céu medonho.
Enquanto em alegrias eu componho O quadro em que dois corpos semi-nus Se tocam. Esta estrela me conduz A um mundo, com certeza mais risonho.
Sorriso de menina, fêmea audaz, Em mansa sedução me satisfaz, Vivificando enfim a primavera
Que um dia, tão distante percebia E agora, finalmente se recria Nos braços da felina, doce fera..
45
Faz tempo que te quero e nem me notas Meus dias sem te ver são tão vazios Amor tão sem limite, sem ter cotas, Trazendo para os sonhos tantos cios. Mas nada do que faço já te atrai Meu canto vai perdido sem resposta. Eu te amo, mas a vida te distrai E mal te vejo, nunca estás disposta A ouvir os meus chamados desmedidos, Às emoções que vivem quarentena Quem dera se me desse, enfim, ouvidos Viríamos viver intensamente, Ao longe minha mão sempre te acena, Talvez tu venhas logo, de repente...
46
Faz tempo que queria te dizer De toda essa alegria que carrego Num mundo tão difícil de viver, Aos braços tão amigos eu me entrego Sabendo que consigo, enfim, prever Um mar bem mais tranqüilo onde navego.
Amigo como é bom poder cantar Em versos, amizade mais sensata. Que embora há tanto tempo sem falar Percebe quanto é forte e não destrata De quem vive distante sem negar A força deste laço que nos ata...
Amigo, o nosso sonho, um relicário, Renova-se no teu aniversário...
47
Faz tempo que não vejo o teu sorriso Nem mesmo o teu perfume sinto mais. Se o medo do futuro, eu exorciso, Me ganhas todo dia e perco a paz. Notícias que procuro pelas ruas, Às vezes desconcertam e não falam, Bem sei que nas mentiras continuas E as dores do que fomos nunca calam... Se telefono nunca me respondes, Se toco a campainha não atendes. Preciso descobrir onde te escondes Por qual nova fogueira já te acendes. Mas sei que esta saudade fora de hora Um dia, com certeza, vai embora...
48
Faz tempo que não vejo alguma anágua, Também não reconheço um galocha A fossa traduzia alguma mágoa A rosa que eu pensei não desabrocha
Cabrocha? Foi embora e não voltou. Amores virtuais são um barato. O beijo numa tela se trocou Paixão se traduzindo em um retrato.
Canastras, canastrões são iguarias Epístolas, pistolas dão recado. Vernáculos diversos, novos dias O resto vai ficando assim de lado.
O dia não permite mais estrelas, Tua nudez, em vídeos me revelas... Marcos Loures
49
Faz tempo que eu queria te dizer De toda a sensação que se transmite Nos olhos de quem sabe dar prazer E sabe do amor já sem limite.
No teu aniversário eu te proponho Decerto o coração em plena festa Vivendo esta emoção, um belo sonho, Certeza de que a vida sempre empresta
A quem deseja plena liberdade O canto mais feliz, um mensageiro Perfeito se mostrando em amizade No amor que se anuncia, verdadeiro.
É sempre necessário te falar Do quanto me ensinaste o que é amar...
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Falar do sentimento mais profundo Plantando tantas flores no caminho, Iluminando a paz de um novo mundo, Transfunde uma alegria para o ninho,
Mudando humanidade num segundo, Jamais me deixará cantar sozinho. Em tal satisfação eu já me inundo Trazendo para a vida, este carinho
De um mundo mais bonito e mais vibrante, De versos mais sinceros e felizes, Tomando nosso canto a cada instante,
Deixando para trás o sofrimento. Quem sabe assim calamos guerras, crises, E o mundo se refaça num momento....
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Falar do quanto tenho e nada faço, Seguir a falsa estrela que me ilude, O amor que irá vazar o velho açude Ganhando do vazio cada espaço.
Seria prosseguir mantendo o laço Por mais que o tempo tente e ainda mude Minha alma procurando o que me inunde De tantas alegrias, sonhos traço.
Querências que deixei no meu passado, Ardências entre chamas que apaguei, Viver cada momento lado a lado
Daquela que, iludido e em vão busquei. Seria muito bom, mas nada vejo, Sepulto assim, os restos do desejo..
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Falar do nosso amor, manso, insensato Que ao mesmo tempo é rosa e carmesim. No bem de nossa vida me retrato E vivo teu amor imenso, em mim...
Na turbulência doce de um regato, Numa loucura frágil, sinto assim, Com toda uma emoção em cada fato Que torna nossa vida amor sem fim.
Não quero mais perder um só segundo Se quero me atracar em nosso cais, De toda esta certeza que me inundo
Poder ser novamente uma criança Que sabe o quanto amor é bom demais E vive com os olhos na esperança... Marcos Loures
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Falar do nosso amor que me apascenta Enquanto em fantasias me enlouquece. Intensa sensação, tão violenta, A calmaria aos poucos; ela tece.
Distância que deveras desalenta, Pensando no momento em que regresse Minha alma permanece então atenta Olhar te procurando como em prece
Até que; ao pressentir tua presença Recebendo de Deus a recompensa O coração batendo em desvario
Percebe o teu perfume e, finalmente, A vida se refaz completamente Acende; da esperança, o seu pavio...
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Falar do nosso amor quase inconstante Que vaga pela noite qual falena, Pois saibas que te quero a cada instante, Minha alma com certeza sempre acena Querendo te encontrar, da tua amante Pois sabe meu amor, não é pequena... Ao ver o teu olhar tão deslumbrante Registro em pensamento a bela cena... Mulher que emoldurei em minha vida, Certeza de viver meu mundo em paz. Não quero mais que a dor, em despedida Te leve para sempre e me maltrate, Sem teu amor, por certo, um incapaz Coração sobrevive. Lento... bate...
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Falar do nosso amor é repetir Os versos que procuro pela vida. A noite sem te ter cai dolorida Estrela sem te ver não quer mais vir...
Então eu venho em preces te pedir Que nunca mais me fale em despedida. A morte sempre atenta e desmedida Quem sabe, de repente, vai surgir?
Deixa-me em cada noite, vais aos céus Levando em tuas mãos os alvos véus. Em prantos minha noite continua...
Amada, minha deusa por que esfumas? As noites tão distantes perdem plumas Mas ganham no teu brilho, minha lua!
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Falar do bem, do mal, do mais ou menos... Do que restou dos beijos mentirosos... Meus dias se passaram bem pequenos Cobertos de fantasmas e de gozos, Bebendo em cada amor, os seus venenos, Meus olhos se formaram mais brilhosos...
Agora, vou ao nada, nado solto, Em mar que te pariu e me cevou. Procelas, celas, túmulo revolto, O quase que eu não fui, o que restou. No passo tão mal dado em que me escolto Sou outro e já nem sinto o que ficou.
Falar do bom de um sentimento amigo É quase se entregar, correr perigo...
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Falar do aniversário de quem amo, É sempre mais difícil, eu não nego. Do arvoredo tão belo, cada ramo É um sonho em que feliz, sempre navego.
Bendigo cada dia em que prossigo Ao lado da mulher maravilhosa. Que bom que sempre estás aqui comigo, Tornando nossa vida luminosa.
Os filhos, os carinhos, os anseios. Meus passos necessitam deste apoio. Mulher que me tomando em devaneios Tão rara, sobressai ao duro joio.
No maio em que completas mais um ano, Te falo deste amor, sem ter engano...
MEUS PARABÉNS A MIM MESMO NESTE 24 DE MAIO POR MAIS UM ANIVERSÁRIO TEU QUERIDA RITA DE CÁSSIA, MULHER MARAVILHOSA E MÃE FANTÁSTICA
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Falar do amor que tanto procurei, Momentos de paixão e galhardia, Delírios de maná e de ambrosia, No néctar que decerto beberei
A boca delicada que beijei Da qual a vida trama e fantasia Absinto sem igual, sonho inebria, Que tanto, sem descanso, desejei.
Porém já não me queres. O que faço? Soturnas ilusões ainda traço E vejo ao fim do túnel, uma luz.
Quem sabe... A realidade então me acorda, Rompida, sem conserto, assim a corda, Saudada vai pesando como cruz...
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Falar do amor que sinto em plenitude Alvissareiro gozo em noite clara, Amor que se faz forte em atitude Trazendo para nós palavra cara,
Do quanto é necessário que se mude O rumo que esta estrada já tomara Vencendo a solidão em que amiúde A vida em pequenez se transformara.
Agora me entranhando no teu cerne Não temo que em minha alma ainda inverne, Tampouco nesta vida seus marasmos,
Sabendo que te tenho junto a mim, O mundo descoberto traz em fim Um constelar caminho em mil orgasmos... Marcos Loures
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Falar do amor que sinto e jamais nego É algo que me dá prazer imenso. Em ti, a cada dia, mais eu penso, Nos braços deste mar – sonho- navego...
Sentindo cada gota do suor Que escorre em tua pele bronzeada, A lua, velha diva enamorada, Conhece a bela tez, sabe de cor...
Num êxtase supremo, enlaçados, Delírios e prazeres desfiados, Marcados pela insânia venturosa...
Pecado é ter pudores idiotas, E quando o gozo chega e abre as compotas A noite é constelar: Maravilhosa!
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Falar do amor imenso que dedico Àquela que se fez estrela guia. É muito além de toda a poesia, Cenário sem igual, supremo, rico...
Perdoe se em meus versos eu claudico, Por tantas emoções, minha alegria Que a cada novo encanto se recria Gritando a todo mundo: amor, eu fico.
E sigo pelas mágicas veredas Aonde tu entranhas teu desejo, Prazer estonteante; assim prevejo.
A glória deste amor; peço, concedas Permita que eu te faça mais feliz, Fazendo muito além do que já fiz...
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Falar deste meu canto sem paragem Nas margens deste mar que nunca veio. Fazendo sem amo qualquer bobagem; Vivendo tanto amor, vou sem receio...
Eu quero este perfume quando exalas, Eu quero a sensação de liberdade, Ouvindo o teu respiro quando falas, Em tudo que tiver, felicidade...
Eu quero um só momento do teu lado. Eu quero a vida inteira se puder. De tanto que te amei,vou encantado, Irei seguir teu rastro onde quiser.
Tu és o que sonhara em minha vida, Vivendo tanto amor, assim, querida...
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Falar deste desejo de amizade Depois de estar desfeito; opaca bruma, É como procurar a divindade Num paladar sereno que acostuma
A quem se descobriu em majestade E sabe que esta vida, nos perfuma Em acalantos doces, liberdade Para a qual quem conhece sempre ruma.
Meu peito dolorido e machucado Esgarçado sem dó por um amor, Gritando tresloucado em alto brado,
Na busca de um carinho acolhedor, Amiga, me perdoe meu passado, Recolha deste esterco a bela flor...
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Falar desta saudade que inda trago Pesando como cruz nas minhas costas, Por mais que tu me dizes que inda gostas Tristeza a cada dia, novo afago.
Se as dívidas que tenho, ainda pago, Eu faço neste amor velhas apostas O sol não vencerá estas encostas Não quero a placidez de mansos lagos.
Tempestuosamente me entregando Ao vento que trouxeste calmo e brando, Quisera ser feliz; não consegui.
Palavras sem sentido; repetidas, Tomando as direções de nossas matando, Matando esta saudade que há de ti.
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Falar desta mulher que me conquista A cada novo dia, destemida, Razão maior que trago em minha vida, No carnaval dos sonhos, a passista.
Doutora, lavradora ou diarista, Menina muitas vezes desnutrida, Por mais que o dia-a-dia corte, agrida, Mantém uma alma livre e otimista.
Não tendo neste mundo quem resista À moça que desfila na Mangueira, Cientista, poetisa ou costureira,
A bela professora comunista, A fama se espalhou na Terra Inteira, Mulher maravilhosa? A brasileira...
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Falar desta amizade Estrela que nos guia, Trazendo a claridade Que justifica o dia.
Eu quero, na verdade, Bem mais do que sabia Falar da liberdade Que em sonho sempre via.
Serena minha vida, Afaga meus cabelos, Estrada mais comprida,
Enleva em seus novelos, Meus dias; ilumina, Mudando minha sina...
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Falar dessa ingrata tempestade, Cruel ansiedade corta fundo... Não pude perceber ansiedade, A corda arrebentada corta mundo...
Quem fora campesino, traz cidade. Cicatriz que deixei neste profundo Sonho que se traduz urbanidade... Produto de total fervor imundo...
As fadas, floras, faunas, musas, santas... As mudas, plantas, restos, fossas, frio... Nada mais conseguiram, senão tantas
Mentiras. Coração se faz vadio, Mas não consigo ter nem me omitir. Pior de tudo está inda por vir.... Marcos Loures
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Falar de uma esperança, amor e glória Que mude destes ventos, direção Fazendo de alegria, a nossa história Toando dos prazeres a canção...
O amor que se espalhar na plantação Trará tais maravilhas sem vanglória Quem ceva com ternura cada grão Conhece a cada dia, uma vitória.
Um brinde feito em taça cristalina Com brilhos; moldurada sempre traz O gosto que, suave, sendo audaz
Permite a sensação que nos domina Do gozo de um amor pleno e sincero, Que há tempos, calmamente, aguardo e espero
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Falar de uma amizade é ser bendito, Quem tem um grande amigo tem saveiro Que cruza por mil mares. Mesmo aflito, Sabe que terá um timoneiro. Amizade nos leva ao infinito Mesmo que o temor, tão verdadeiro, Transtorne; um bom amigo cumpre o rito De ser assim completo, por inteiro. As horas tão difíceis, como as vagas Presentes no oceano desta vida, Amigo, sei o quanto tu me afagas E torna meu futuro mais sereno. Uma amizade é sempre tão querida Pois torna- me mais forte, livre e pleno.
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Falar de tal amor que a gente sente Com tanta mansidão, delicadeza. Mostrando quanto amar se faz urgente A quem quer, nessa vida, tal beleza Que o faça ser feliz integralmente, Seguindo da esperança a correnteza.
Os olhos perfumados deste amor Ao verem que este canto não se cansa, Mirando no futuro promissor Que a vista de quem sonha sempre alcança Mostrando quanto a vida tem valor, Firmando amor e sorte em aliança.
Dois corpos que se sentem bem amados, São fortes, não se vergam se acoitados...
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Falar de nosso amor, querida eu posso, Pois nele mergulhei em puro encanto, Um sonho em liberdade, assim esboço, Viver felicidade sem espanto.
Nos traços desta luz eu me remoço, E de alegria, amada, aqui eu canto. Além do que desejo e sei que posso Eu te amo sempre mais, e tanto, tanto...
Cruzando na esperança de outros mares, Encontro em cada espelho, os teus olhares... Trazendo ao dia-a-dia, a confiança.
Depois de vagar cego pela rua, O sonho em maravilha assim flutua Meu canto te buscando já te alcança. Marcos Loures
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Falar de nosso amor é tão sublime Que nada nos impede de cantar. Se às vezes há quem nunca nos estime, O rio não se cansa de passar... Cantar o nosso amor nunca foi crime O preço, minha amada, irei pagar
Com toda uma alegria no meu peito, Pois sei quanto te quero e não me calo. O mundo que se dane, insatisfeito, Que toda uma tristeza de que falo Em desamor por certo, contrafeito Aquele que esperança foi pro ralo.
Te quero e cada vez desejo mais, O teu doce sabor a vida traz... Marcos Loures
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Falar de amor liberto e sem correntes Ao mesmo tempo atado nos teus braços, São rios que misturam as torrentes E dormem desfazendo velhos traços...
As tramas que concebo são as minhas As minhas alegrias de viver Viver como se fossem avezinhas Avizinhas amor com tal sofrer...
Não faço destes versos os meus motes Até por que não caço solidão. Efeitos dos amores são rebotes, Bobeia, infartando o coração...
Eu amo tanto amor que a vida tem, Te quero bem aqui, morena, vem...
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O que dizes não importa, Mulher é como biscoito: Sai um e , na mesma porta, Em que saiu, vêm dezoito! Falo-te querido camarada Que a vida não é mesmo deste jeito. No rosto da mulher enamorada A vida tem o brilho mais perfeito. Perdendo quem se ama, sobra nada, O tempo vai passando, insatisfeito, A noite despencando vem nublada Por que Meu Deus? Amar é meu direito! Desde que esta mulher partiu; amigo, Foi tudo se acabando dentro em mim; Morrendo em cada dia, sem abrigo. Que faço; meu amigo, diz-me então! Mulher a gente encontra, sei que sim, Mas não a que nos pede o coração! Marcos Coutinho Loures Marcos Loures
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Falei sobre teu nome com a bruxa Que fez a previsão mais acertada, A dor quando lateja e já repuxa, Na perna que senti, foi amputada
É como uma saudade do que fui Num tempo mais distante e sem sentido. De tudo o que passamos já se intui Que nada foi bem feito e resolvido.
Teu leito qual de rio seca o peito Amante que te quis por toda a vida, Vingando meu destino já desfeito Eu agradeço a ti, minha querida,
O cálice salgado que me deste, Do amor que prometeu ser inconteste...
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Fale baixinho, eu peço por favor, Senão este menino não descansa, A noite inteira, saiba, trabalhou, Futuro quem não corre, não alcança.
Na mão deste moleque uma aliança Dourada no suor trabalhador, O medo se afastando da lembrança, Menino vai mostrando o seu valor.
O filho do lixão agora ensina E a todos, com vontade já domina Na faca, canivete ou no fuzil, (A mão deste menino é mais gentil)
E sempre carinhoso, mata a fome, Correndo; pois senão o bicho come, E leva pro congresso do Brasil...
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Falava desse amor á minha amada Que nem sabia o quanto que eu amava Sentado no beiral duma calçada A lua testemunha nos calçava.
Temia pois tremia por inteiro. Das pernas que tremulam, qual bandeira, Meu Amor me mostrava, companheiro, Quanto amar faz mudar a vida inteira.
Depois de tanto tempo sem dizer, Que o medo nos tortura e enfraquece, A mão de quem declara é só tremer, Parece que se perde numa prece...
Aos poucos como quem pede perdão, Amor, de tanto amor, declaro em vão...
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Falas de mãe de mar e maremotos Cães, reinados, falácias e princesas. Momentos do passado tão remotos E as fomes desfilando suas mesas
Não quero o quase tenho e não terei, Tampouco a gargalhada de ironia Daquele que vestindo império e rei Fantasmas e correntes; busca e cria.
És o que teima, bocas e manhãs, Risos, gritos, mercados e donzelas. Os cortes prometidos nas maçãs, No gosto adormecido que revelas
E teces os teus céus iridescentes Com olhos tão famintos e descrentes...
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Falar-te de sonetos e de rimas, Parece ser inútil, companheira. Se zombas de quem sabe e discriminas Mostras uma ignorância verdadeira.
Não quero nem desejo t’as estimas. Palavra tão ferina, uma besteira. Desiludida sempre, quando afirmas, A causa se demonstra assim, inteira.
Quem guarda tanto fel por estandarte Maltrata quem não quis te magoar. Atira sem saber, em qualquer parte,
Berrando, vocifera, sem motivos. Difícil te entender e perdoar, Soberba nos teus olhos mais altivos... Marcos Loures
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Falar que desta dor eu não me vingo, Embora te disseste que não vinha, Preparo meu sorriso de domingo E mato esta tortura toda minha.
Se a noite que não veio se reclama, Se o dia que sonhei não chegará. Não vou ficar calado, de pijama, Esperando o que vem, lado de lá.
Falar que neste mar eu não navego, Falar que deste gosto nem sei mais, Se a rosa que plantei eu não carrego O resto que me trouxe foi jamais.
Mas sobra o teu sorriso, caro amigo, No mundo que colhera joio e trigo.
81 Falar quanto desejo o teu carinho, Deitado do teu lado, meu prazer. Podendo totalmente te fazer Gozar assim que esteja enfim sozinho
Contigo num recanto, nosso ninho, Tocando esta nudez que quero ter, Lambendo, te beijando, até verter O mel que tanto quero, com jeitinho...
Sentir teus seios belos, minha boca, Roçar teus pelos junto com meus lábios. Deitar-te nos meus braços, voz tão rouca,
Gemidos e sussurros, noite inteira, Nos dedos, olhos, mãos, que são mais sábios Poder satisfazer-te, companheira...
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Falar em versos soltos, da amizade Que criva nosso peito em diamantes. Bem antes de saber de uma saudade, Palavras de um amigo são calmantes.
Ajudam na batalha dia-a-dia Trazendo ao coração, imensa glória De termos esperanças e alegria, Mudando todo o rumo desta história
Se somos derrotados, nos ajudam, Com toda uma certeza em tons gentis, Amigos nas tempestas tudo mudam, E deixam nosso mundo mais feliz,
No canto de amizade que propago, A vida com certeza, traz afago...
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Falar em nosso caso, nosso amor, Dizer que nós vivemos ilusões, Furtamos da esperança toda a cor, Nossa alma esmeraldina, corações... Eu sei que tantas vezes me ocultaste A dor que no teu peito se calava, Por isso meu amor, tu foste a haste Que toda nossa vida sustentava... Eu sou um sonhador, tu sabes bem, Andando sempre a esmo, bebo ruas.... Nos bares, nas esquinas, sem ninguém, As minhas fantasias quase nuas... Por isso te agradeço, nos meus versos. Meus sonhos e meus mundos tão dispersos....
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Falar do sentimento que nos une, Bater na mesma tecla o tempo inteiro, A vida sendo ingrata tanto pune Enquanto um bom prazer foge ligeiro.
Pudesse libertário coração Sentir tua presença e ser feliz, Viver desta cruel recordação Que a dura realidade já desdiz.
Num átimo, meu último alarido, O canto derradeiro que te faço, Viver sem teu amor não faz sentido, Vencido pelo medo e por cansaço,
Não tendo mais escolha, sigo só, Das velhas ilusões, restando o pó...
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Falando deste sonho de moleque Que soube ser feliz por certo tempo. A vida vai se abrindo em frágil leque E nega, por instantes, passatempo.
Carrego no meu peito tal saudade Das coisas que não fiz, nem mesmo quis. Agora a noite impede a claridade, Mas mesmo assim percebo ser feliz.
Por ter essa morena, amor demais, Rainha dos meus dias de criança. Amar é descobrir que a vida traz Além de uma verdade em aliança
Um canto benfazejo de alegria, Amor que se faz festa todo dia...
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Falando do que outrora se fez mago, O verso inusitado de quem ama, Mudando de endereço, acesa chama Legando muitas vezes outro afago,
Os erros que cometo, busco e drago, Contratando os serviços da mucama Que morde enquanto beija; serva e ama Retendo esta avalanche que hoje trago.
Causando algum estrago no meu peito, No verso que não faço me endireito E risco o Paraíso dos meus sonhos.
Serões entre serpentes e dragões, Malditas as heranças das paixões, Criando sentimentos tão bisonhos...
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Falando dos amores mais ardentes Que sempre me trouxeram perdição Agora que não tenho nem mais dentes Amores que vieram? Solidão!
Mas tenho tanta sorte em minha vida, Que mesmo assim depois de tanta dor A noite que temia adormecida Sem juras ou promessas de um amor;
Vazia como tudo o que vivera Sem jamais ter sequer uma esperança Que faça vir, enfim, a primavera, Resquícios que ficaram na lembrança...
Depois de tantas noites tão tristonho, Te encontro, meu amor, a vida em sonho...
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Falar da santidade que se torna Mulher em um momento mais sublime Desta meiguice imensa que contorna As dores nos mostrando o quanto estime A vida que em seus braços sempre adorna Numa alegria ou dor, mesmo no crime.
Falar desta mulher que além de tudo Guerreira sem temor, no dia a dia, Meu verso mais perfeito, não me iludo, Jamais, e com certeza, bastaria.
Bastião de uma esperança verdadeira, Incondicionalmente um ombro amigo. Na vida, a mais perfeita companheira. Certeza de carinho em santo abrigo.
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falar das coisas todas que passamos, dos astros em distâncias infinitas do todo que em pedaços desfrutamos, das horas com certeza mais bonitas
momentos em que luzes vislumbramos, no quanto que te quero e acreditas de todos os tesouros que encontramos douradas emoções, raras pepitas.
falar de toda a sorte que nos toma, do sentimento imenso que nos toca, junção que é bem maior que simples soma,
de toda a maravilha em esplendor da força que se ganha em farta troca, é como se eu falasse enfim, do amor... Marcos Loures
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Fabricas artimanhas, antas crias Frangalhos que carrego são assim, Matando com certeza as cercanias Deixando sem defesa o meu jardim.
Enquanto me azucrinas, poesias São restos que colhi dentro de mim, As ondas quando voltam, tantos dias, Retornam, movimento não tem fim.
Afim de ter a paz que se procura A moça quer além desta ternura, Acende esta fogueira, ceva amargo.
A boca se calando sem embargo, O amor quando ao revés, esquece encargo Pendura enfim a cruz, pela cintura... Marcos Loures
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Façamos ao desejo um belo brinde, Pois ele nos brindou em gozo e festa, No fogo do desejo se deslinde Todo o fulgor a quem a sorte empresta
Orgásticas luxúrias satisfazem E fazem desta vida, um novo acorde, Aonde mil calores que se aprazem Permitem que a vontade nos acorde
Convidam quais bacantes em delírio, Ao louco despudor de cada entrega, Um corpo tão sedento, sem martírio, Tomando em tentação, amor se esfrega
Nas pernas, boca, coxas e nos seios, Quem quer ser mais feliz; pra que receios? Marcos Loures
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Façamos deste amor belo e bendito A força que nos move e nos redime. Alçando nos teus braços o infinito, Detrás desta cortina, seda e vime.
No canto deste amor, eu acredito Palavra que me encanta em que se estime Amor maior que existe. Solto o grito, Liberto do temor que sempre oprime.
Plenamente encantado com teus versos Eu sinto o teu perfume junto a mim E sigo cada passo na procura
De quem apascentou dias perversos Florindo em meu canteiro, meu jardim, Regando com carinho e com ternura... Marcos Loures
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Façamos deste amor um algo mais Que simples penetrar em mata escura. Além de simples atos sensuais É necessária sempre uma ternura.
Senão ao parecermos animais, O amor vendo o vazio não perdura. Desejos e vontades tão carnais, Só servem quando a coisa fica dura.
Tampouco quero ter amor insosso, Sem beijos nem carinhos no pescoço. Platonismo não serve para nós.
Eu quero simplesmente amor amigo, Que serve como apoio e como abrigo Unindo em calmaria nossos nós... Marcos Loures
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Face a face com Deus dos desgraçados, Atento a cada olhar deste infeliz, Ousando debochar da cicatriz, Das chagas nos seus pés já torturados.
Cadáver deste sonhos malogrados A genealogia isso desdiz. A podre criatura imbecil, gris; Adora estes cenários mal pintados.
Vender cada pedaço que restar, Expondo numa Igreja ou lupanar Usando para tal, pincel e tinta,
Dourando o corpo frágil numa cruz, A corja que te explora, bom Jesus, Não a tua face assim, faminta... Marcos Loures
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Face conservadora do burguês Que vende no atacado a hipocrisia. Às vezes contamina a poesia E fala com total desfaçatez,
Além do que esta corja sempre fez A mente ultrapassada rodopia E gira o tempo todo, numa orgia Roubando o que restar de lucidez.
Macabras sanguessugas não se cansam E quando os objetivos vis alcançam Crocitam e gargalham; rapineiras,
Comprando a adolescência dos famintos, O sexo em meio às cáries e os helmintos Arrancam da esperança estas bandeiras...
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Facetas de um mosaico tão diverso Neste caleidoscópio multicor Renova sua imagem, cada verso, Do mundo um talentoso refletor.
De toda a magnitude do universo Um sábio e sem igual observador, Colhendo cada aspecto mais disperso, Poeta que se sabe fingidor.
Seguido pelos vates sonhadores, Rebanhos ele guarda no infinito, Tocado por mais raros esplendores
Da estrela que surgiu lá em Lisboa Fazendo da beleza quase um rito, É multidão em forma de Pessoa... Marcos Loures
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Fagulhas espalhadas num palheiro Nas tramas, velhos trâmites sem nexo. Amortalhando o gozo corriqueiro No jogo abençoado amor e sexo.
Incêndios espalhando este braseiro Num simples desafio não indexo E bebo deste corpo por inteiro Tentando ter ao menos um reflexo
Que esconda as velhas rugas, meus esgares, Partilhas onde ganhos são vulgares Mas valem toda a vida, com certeza.
Na boca carcomida da saudade, Rebordos seculares da vontade Afloram num orgasmo em sutileza.
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Falando dessa prenda que me dás Solfejo melodias, nossos cantos, Dedilho enquanto penso ser capaz De ter em nossas mãos fartos encantos.
Urgindo esta vontade de poder Seguir a mansa andança rumo ao céu Revejo cada passo e passo a crer No amor em roda-viva, carrossel.
Meu corpo em tua pele tatuado Marcado como enorme cicatriz Do quanto te desejo sempre ao lado Concebo um tempo manso e mais feliz.
Orquestras com carinhos nova trama Dos sonhos em que trazes, brasa e chama... Marcos Loures
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Falando desse amor assim tão belo Que nesses pampas nunca ouvi igual, No sonho em que me mostro e te revelo Que a vida se mostrando natural Impede que a tristeza em ser rastelo Nos leve todo o brilho do quintal.
Quarando no varal, uma esperança Regada com as chuvas do verão, Não resta nem sequer uma lembrança Do tempo em que passara rente ao chão, Agora amar se faz uma aliança Nas trovas de uma roda; chimarrão...
Pois tira um banco e senta venha, aqui, A prenda mais bonita que já vi... Marcos Loures
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Falando desse amor de todo dia Novelas, vizinhança e futebol, Mil dores disfarçadas da alegria Cotidianamente o mesmo sol.
Cansado de matar a poesia, Amor vai se fingindo girassol. Na boca que beijou não beijaria A noite mais escura sem farol.
Crianças desfilando pela casa, Deitando no sofá domingo afora. Chamusca bem mais fraca a forte brasa.
Segunda recomeça a ladainha Felicidade chove, mas lá fora, Aqui a noite segue tão sozinha...
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