MEUS SONETOS VOLUME 071

Data 11/12/2010 20:30:49 | Tópico: Sonetos



1

Fazendo da palavra uma arma audaz
Não posso suportar tanta injustiça;
A cada amanhecer, a dura liça
Nos distancia sempre desta paz

Que tanto desejamos. Mão voraz
Roubando as esperanças nos atiça
Enquanto outra alma cega e sempre omissa,
Silenciosamente a morte traz.

A raça humana exposta à tal voragem,
Durante a mais temível estiagem
Procura na esperança o seu esterco

Permita-me Senhor ver a colheita
Que em luz e majestade sendo feita
Distante da tristeza em que me perco...
Marcos Loures


2

Fazendo da palavra uma arma a mais,
Ao mesmo tempo firo e cicatrizo
Enquanto os versos seguem sem deslizes
Encontro mansamente o porto, o cais.

Porém quando em tempestas tu me dizes,
Desfiro nas estrofes, vendavais.
Palavras de um poeta são atrizes
Às vezes acarinham, canibais...

Matando a minha sede simplesmente,
Neste egoísmo estúpido retrato,
Apenas o que passa em minha mente

E disso vou falando o tempo inteiro.
Se o laço que pretendo ato ou desato,
A culpa não é minha. É do tinteiro...
Marcos Loures


3

Fazendo da ilusão este aparato
Que enquanto nos domina, desacata.
Se o método poluo ou quebro o prato,
Veremos se inda existe virgem mata.

Origem dos meus temas, cada fato
É quando o vendaval vem e maltrata,
A moça empedernida; desbarato
Sabendo de antemão quanto é ingrata.

Calando não me importa mais calão.
Insuportável sempre a má versão
Tenho aversão aos versos que ora faço.

Pereço a cada dia, mais um pouco,
E quando no final sou tolo e louco
Não deixo no caminho qualquer traço.


4

Fazendo da esperança a companheira
Além de toda a sorte necessária.
Que a dor em nosso peito, temporária
Termine na paixão mais verdadeira.

Eu quero ter contigo, a vida inteira,
Mesmo que nossa sina procelária
Demonstre que emoção viva e sectária
Apresente-se às vezes feiticeira.

Apascento a fúria das tempestas,
Somando nossas forças, não teremos
Motivos pra negarmos belas festas,

Unidos navegamos, nossos remos,
Decerto ajudarão na travessia
Na busca deste amor em poesia...


5

Fazendo da esperança a companheira
Além de toda a sorte necessária.
Que a dor em nosso peito, temporária
Termine na paixão mais verdadeira.

Eu quero ter contigo, a vida inteira,
Mesmo que nossa sina procelária
Demonstre que emoção viva e sectária
Apresente-se às vezes feiticeira.

Apascento a fúria das tempestas,
Somando nossas forças, não teremos
Motivos pra negarmos belas festas,

Unidos navegamos, nossos remos,
Decerto ajudarão na travessia
Na busca deste amor em poesia...
Marcos Loures


6

Fazendo da emoção supremo andor.
Um novo amanhecer se predizia
Nos versos que hoje faço, meu amor,
Espero te dizer desta alegria

De ter nesta manhã, raro calor,
Que o corpo enamorado me irradia,
Dizendo nas palavras, deste ardor
Que toma meu desejo em sintonia.

Somemos nossos passos nesta estrada,
Decerto a vida irá iluminada
Toando esta harmonia em sentimento.

Eu quero a temperança deste sonho,
Meu barco nos teus passos, quando ponho,
Já sabe que terá ternura e alento...
Marcos Loures


7

Fazendo da amizade, rumo e norte;
Eu trago no meu peito um sonho claro
Legando cada dia, bem mais forte,
O canto em que me embalo e que declaro,

Cicatrizando assim, um duro corte,
Eu agradeço o braço, firme e caro,
De quem já se mostrou perfume raro,
Fazendo com que a dor, bem cedo aborte.

Valores que preservo: liberdade,
Carinho, puro amor, honestidade.
Eu sinto em teu olhar, querida amiga.

Por mais tão penosa seja estrada,
Não temo nesta vida, quase nada,
Sabendo que em teus braços, sorte abriga.


8

Fazendo da amargura o doce vinho
Estendo pelas ruas, meus resquícios
Jogado nas janelas, precipícios,
Esmago, virulento qualquer ninho.

Matando o libertário passarinho
Em meio à profusão de gozos, vícios
Amores que criei; os mais fictícios
Negaram o verdadeiro e bom carinho.

Os muros da esperança eu destruí,
O tempo de viver; cedo perdi
Felicidade nunca foi alçada

Apenas alcançada a solidão
Reajo quando tenho uma ilusão,
Mudando de caminho e de calçada.
Marcos Loures


9

Fazendo da alegria, porto e foz,
Não quero nem saber se a mula é manca,
Enquanto a poesia me desbanca
Eu tento me lembrar sempre de nós.

O pensamento voa e vai veloz,
Saudade em solidão, o peito espanca,
Sangria desatada nada estanca
Tristeza em noite fria é tão feroz.

Sem ágio eu pagarei a antiga dívida.
A face em desamor, pálida, lívida
Expressa o que hoje sinto sem teu bem.

Colado no teu corpo qual chiclete,
O amor que desejei não me compete,
Seguindo a minha vida sem ninguém...
Marcos Loures



10

Fazendo no meu verso estripulia
A moça não sossega um só segundo,
Se o peito sonhador é vagabundo,
Um novo amanhecer se fantasia

Nas prendas mais sublimes deste dia
Que enquanto vem disperso, eu me aprofundo
Vagando pelos céus, ganhando o mundo,
Ao final não trará mais alegria.

Mas quanto me vicia coxas, pernas,
Eu tento viajar palavras ternas
E nada do que faço satisfaz.

Se amando não convenço, o que fazer?
No quanto sempre dei sem receber
Após a tempestade terei paz?
Marcos Loures


11


Fazendo greve, a moça me perturba,
Na roupa transparente uma promessa,
Desejos vêm chegando numa turba,
Porém o meu martírio recomeça

Abrindo as suas pernas me convida
Depois fecha depressa e inda gargalha
Sabendo que perdi esta partida,
Espero a qualquer hora batalha...

Teu cheiro tão gostoso, tua pele,
Macia e delicada... Isso é maldade,
Enquanto esta vontade me compele,
A morena me deixa na saudade...

Venha para cá, pare de manha,
No empate, com certeza, ninguém ganha...

12

Fazendo em puro amor nossa linguagem
Que sempre transbordou em emoção,
Permita-nos, Bom Deus, esta viagem
Com toda mansidão do coração.
Que não se perca amor, qualquer bobagem,
É bela esta bagagem, U'a lição.

Estás aqui comigo o tempo inteiro,
Nos sonhos, nas palavras, no perfume.
O amor é nosso amigo e companheiro,
Caminheiro entre as urzes do ciúme.
Trazendo nos seus olhos tal luzeiro
Que chega em cordilheira ao alto cume.

Não temas a manhã que sempre vem,
Vivemos palmo a palmo o nosso bem...


13

Fazendo em minha pele, seus carinhos,
Saudade faz do gozo, desespero.
Vendendo uma esperança em armarinhos
Apenas o vazio por tempero.

Sonega-se alegria, amortalhando.
Cimitarras cortando a cada noite
Tristezas, no caminho, amealhando
Restando a solidão neste pernoite.

Acoita-se um sorriso de ironia,
Secando cedo a fonte, aborta arroio
Do vinho que em outrora eu me embebia
A vinha se transforma em ledo joio.

Comboios de serpentes já libertas
Enquanto o pensamento; não desertas...
Marcos Loures


14

Fazendo em alquimia uma explosão,
Temáticas diversas dizem nada.
A relação assim analisada
Permite tão somente a negação.

Amor quando nos infla qual balão
Promete a cada crise, a derrubada,
Na mata em que se deu nossa queimada
Ocorrerá desertificação.

Não que eu seja, amor, ecologista
Apenas por favor, vê se despista
E vamos prosseguindo, mesmo assim.

Estou apaixonado, não discuto,
Porém se amor não traz outro atributo,
Escuto a tua voz dentro de mim...
Marcos Loures


15

Fazendo dos meus versos um alerta
Que fale sobre a fome de esperança
Deixando nossa vida descoberta,
Uma amizade resta na lembrança

Do coração ingênuo da criança,
A força de um carinho já desperta
O quanto é tão sublime uma aliança,
Porteira que se encontre enfim aberta

Ao passo em que depois de certos anos
Os sonhos que já foram soberanos
Transforma-se em temível pesadelo

Por isso, meu amigo esteja certo
Ao florescer amor em vil deserto,
É importante a paz ao recebê-lo
Marcos Loures


16

Fazendo dos meus versos minhas lavras
Cultivo tanto amor... Não são somente
Jogadas ao vão vento, estas palavras.
Quem dera se brotasse essa semente...

Usando essa esperança como adubo,
Eu rego todo dia o meu canteiro,
Aos céus com esse canto, eu juro, subo,
E sei felicidade por inteiro.

Amada, não se esqueça que te quero,
Meu mundo não é vago sentimento.
Outra realidade; sei que espero
Trazida novamente pelo vento...

Minha alma em tua alma se completa,
Tu és no meu jardim, a predileta!


17

Fazendo dos abraços nossa rede
Dos sonhos e delícias bela sede,
Matando em tua boca a minha sede
Nos braços o carinho que me enrede.

Amor quando demais nada contém,
Não sabe de correntes nem galés.
Buscando em noite imensa por alguém
Olhando pra mim mesmo de viés

Eu vejo o teu retrato em minha face
Imagem refletindo corpo e alma
Amor que não permite mais impasse
Ao mesmo tempo açoda enquanto acalma.

Rompendo do pudor antigas grades,
Emplaco no teu corpo mil vontades
Marcos Loures


18

Faz a vida ser bonita
O sorriso do menino,
Fantasia se exercita
Num olhar do pequenino

Lapidar esta pepita
Necessita tanto tino,
Se quem ama delimita
Liberdade é seu destino

Não permita que a dureza
Suje esta alma cristalina.
Ser feliz é o que se preza

Crueldade desatina,
Sendo posta então à mesa
Prataria rica e fina...


19

Fatal o berimbau metalizado
Recado sempre dado em pouca corda
Enquanto a poesia não me acorda
Eu vivo sempre cheio, vou pesado.

Nascido balalaica seco o brado
Meu crime quer castigo e se recorda
Andando nos beirais, amor aborda
Meu corpo noutro tanto, desviado.

Achando todo axé repetitivo
Cultura nacional foi para o saco,
Decerto sendo velho eu sempre empaco

E mostro em teimosia porque vivo.
Pagode que conheço diz budista
Amor necessitando de analista...
Marcos Loures


20

Fascinas quando chegas de mansinho,
Iluminando o quarto, a sala, a casa...
Minha alma nada fala, mas carinho
Acende num minuto intensa brasa.

O amor que amadurece feito vinho,
Jamais derreterá; dos sonhos, a asa.
Embora o fogaréu invada o ninho,
E a chama do prazer assim, me abrasa.

Sentir o teu perfume inebriante,
Viver tão simplesmente, sem porquês
De toda a fantasia em que ora crês

Amor feito aguardente fascinante
Domina este cenário, faz a festa,
Delícia sem igual, então se gesta...


21

Fascinas com teus versos delicados,
Tais expressões deveras tão gentis,
Mudando em alegria, os velhos fados
Tornando os meus olhares menos vis.

Os passos no passado, malfadados
Apenas tatuagem, cicatriz,
Da sorte estão lançados novos dados,
Quem sabe poderei ser mais feliz?

As Graças renovando esta esperança
Espero, não cambiem de lugar.
Podendo mansamente te tocar,

Satisfação eterna, o amor alcança
Fazendo deste sonho, realidade,
Bradando aos céus que eu amo, de verdade...
Marcos Loures


22

Fascinado com brilhos do desejo
Neste albor mavioso que é a vida
Quando a noite cai, logo assim revejo
Juventude que há muito achei perdida.

Mocidade remoça um velho peito
Queimado nestas chamas da saudade,
Que aflora julgando ter direito
A viver, neste amor, felicidade!

Amar é mais que tudo, enfim, viver...
Frescor duma manhã anunciada,
É pleno de ternura se esquecer
De tudo que viveu, triste alvorada...

É ter essa certeza, estar altivo,
Poder gritar ao mundo que estou vivo!


23

Farturas de desejo em lua mansa
Soando em meus ouvidos, melodias.
O coração decerto sempre alcança
Matando as horas tristes, duras, frias.

O canto quando pleno de esperança
Permite que se raiem novos dias
Quem ama de verdade não se cansa
E busca as mais sublimes fantasias.

Menina que se fez doce mulher,
Eu quero o teu prazer e o que vier
Dos lábios mais gostosos que conheço.

A vida vai passando sem tropeço
Se eu tenho do meu lado quem eu quero,
Amor sem ter limites, mais sincero...
Marcos Loures


24

Fartura que me dás deliciosa.
No rabo mais gostoso que comi,
Buceta se mostrando generosa,
Desejo sem igual eu nunca vi.

Enquanto sobre mim, a puta goza,
A foda recomeça, adentro em ti.
A boca se mostrando mais gulosa,
O cu maravilhoso agora abri

Requebras os quadris louca e sedenta,
A xana depilada e molhadinha,
Depois em minha pica, vem e senta

Até que a porra invada a tua gruta.
Sorrindo vem lambendo a cabecinha,
Bebendo cada gota, deusa e puta...
Marcos Loures


7025

Fartura de esperança e de emoção
Coloco a fantasia em cada verso,
Não quero mais saber de andar disperso,
Encontro finalmente a direção

Cansado de enfrentar o mesmo não
Eu quero abrir o peito ao universo,
Nos braços de quem quero, vou imerso,
E a vida agora mostra a perfeição.

Depois de tanto tempo, sendo frágil,
Após colecionar queda e naufrágio,
Encontro o meu destino verdadeiro.

Singrando os oceanos da loucura
Percebo o fim de toda esta procura
Levando para a praia o meu saveiro.
Marcos Loures


26

Fartando-me dos sonhos mais audazes
Durante tantas noites procurei
Ouvindo o coração eu me encontrei,
Por mais que a vida trague tantas fases.

As asas tão velozes são capazes
Dos anjos me trazerem nesta grei
Maná delicioso que provei,
Com lábios mais famintos e vorazes

A solidão deveras execrável,
Moldara um paraíso inalcançável,
Porém quando vieste, outro final.

Arquétipos diversos conhecera,
Mas quando eu vi em ti a primavera
Do amor eu recebi completo aval...
Marcos Loures


27

Farsantes, tantos dias que passei
Distantes dos meus sonhos benfazejos
Constantes ilusões eu recriei
Amantes, que se foram sem ter beijos.

Instantes mais felizes desfrutei
Cortantes, as palavras e os desejos
Rompantes em teus braços velejei,
Mas antes de saber de tais ensejos

Venci todos os medos que trouxera
De um tempo em que jamais imaginara
Saber da renascida primavera

Que em cada novo dia transportara
Meus olhos para o longe. Quem me dera
Poder falar de ti, mulher tão rara...


28

Farsantes sensações vão adentrando
Permitem se antever o que virá,
Da sorte maltratada nascerá
O dia que queria se espalhando.

Imensa catedral que vez em quando
Encontro tanto aqui quanto acolá,
Resume o quanto o sol não brilhará,
Enquanto o céu de uma alma está nublando.

Os cacos; realinho em falsa espera,
Falácias iludindo a primavera,
Expressam seus sorrisos na tocaia.

A presa, sem noção da fria fera
Do nada, uma ilusão agora gera
Ao ver a fantasia em minissaia.
Marcos Loures


29

Farsantes os sorrisos que legaste
A quem se fez por vezes idiota,
O sol que em minha pele se desbota
Recebe do luar frio contraste.

O quanto tão distante navegaste
Estronda com vigor qualquer compota.
Perdendo esta noção esqueço a rota,
Exposto à erosão, vital desgaste.

De todos os resíduos que coleto,
Pereço sem saber sequer do afeto
Que possa receber assim, de alguém.

Usando o mais surrado paletó,
A quem se acostou a viver só,
Apenas a mortalha me cai bem.
Marcos Loures


30

Farsantes nauseabundos sentimentos,
Expressão da total insanidade.
Vertendo esta amargura, na verdade
Entranha no meu corpo vis tormentos.

Gargalho em ironia, desalentos,
Escarro sobre a falsa claridade,
Aborto o que pensei felicidade,
Uivantes sinfonias, meus lamentos.

Amar? É com sarcasmo que me dizes,
Que um dia nós seremos mais felizes.
Se eu sei que em tuas mãos trazes adagas.

Escondes no teu peito um aço frio,
Mergulho que prometes, no vazio,
Com tua falsidade, morde e afagas...
Marcos Loures


31


Farsante caminheiro nega o passo...
Os trapos que vesti já não me cabem!
As cordas do silêncio, meu compasso.
As hordas truculentas nada sabem.

Respeito teu carinho e teu cansaço.
Não quero essas montanhas que desabem
Sobre os restos mortais onde me esparso...
Pergunto muitas vezes, não sei quem!

Farsante companheiro me roubaste!
Bastardas tais sangrias não se curam...
As fardas esquecidas, velho traste,

Nas ruas estouvadas já se calam.
Carícias mais audazes se procuram
As balas meretrizes não me embalam...
Marcos Loures


32

Farrapos do que fui; o fogo queima
Deixando por resíduo um vão retrato,
Por mais que se emprestando a uma toleima
Tristeza quer comer no mesmo prato.

Das ânsias imagina a guloseima
Uma amizade vira desacato,
Sabendo desta antiga e mesma teima,
Nos mãos de uma amargura eu me debato.

Aguardo na esperança um bom causídico
Evitando talvez, jugo fatídico
Cansado de viver no amor qual réu.

Rompendo esses grilhões, aguardo a sesma,
Embora já sabendo ser a mesma
Guardada há tanto tempo em negro véu...
Marcos Loures


33

Faróis que me iluminam neste inverno
Os olhos delicados de quem amo.
Sorriso sempre amigo doce e terno
Trazendo o que desejo e mesmo clamo.

Assim imaginara o nosso caso
Mas quando a realidade nos tocou,
Mostrando a desventura feita ocaso
Dos sonhos, pesadelo, o que restou.

Agora que a poeira toma assento
Eu vejo quantos erros cometi.
Deixando bem mais solto o pensamento
Ainda creio ver sentada aqui

Aquela que se fez bela rainha
E um dia, novamente há de ser minha!


34

Faróis iluminando nossa vida
Tornando bem mais fácil esta andança
A fonte do prazer reproduzida
No olhar de quem se mostra em aliança

Vou bêbado de luz. Em ti a mina
Que tanto desejei o tempo inteiro,
O gozo em alegria que fascina
Encontra no teu corpo o travesseiro

No quanto eu sempre quis poder te ter
Traduzo cada verso que eu fizer.
O amor que nos concede este querer
Enfrenta a tempestade que vier.

Tua nudez caminha pela casa
Deixando como rastro, fogo e brasa.
Marcos Loures



35

Faremos redentores cada trilho
Que possa nos dizer felicidade.
O coração audaz de um andarilho
Não teme sentir dor, traz liberdade.

O parto que se fez em redenção
Já trouxe este rebento magistral.
Amor na mais sublime tentação
Espalha este desejo sem igual.

Agarro tuas mãos e vou à festa
De todos os sentidos, sem receios.
A blusa que se abrindo mostra em fresta
Delícia sensual de belos seios.

Na doce sedução destas romãs,
As luzes irradiam, cortesãs...
Marcos Loures


36

Farei amor contigo o tempo inteiro
Morena tão gostosa, minha amada.
O que sinto por ti é verdadeiro.
De dia, de noitinha e madrugada.

Eu quero sempre ter comigo o cheiro
Gostoso de mulher amorenada,
Teu corpo, com certeza, é feiticeiro
Assim a minha vida bem marcada.

Mas falo, vê se escuta, por favor,
São na verdade sim boas amigas.
Se falam quaisquer coisas, são intrigas.

Eu tenho só por ti imenso amor.
Agora, meu amor não quero brigas,
Estou aqui ao inteiro dispor...


37

Fardunços e jagunços de tocaia,
No quebra-pau rendendo algum trocado,
O corte do facão quando amolado,
Não deixa e nem permite que se saia.

A vida sem juízo que se traia
Sem ter nenhuma pena do coitado,
No pulso da esperança se cortado,
Me trouxe de lambuja rabo e saia.

Um companheiro morto, uma bobagem
Falada como fosse uma vantagem,
A dor que o tempo molda já me invade

E diz que não devia ser assim,
O mundo desabando dentro em mim,
Pagando o preço caro da amizade...



38

Fantástico luar, flores da eterna paz.
Na claridade imensa enorme caridade.
Um deus, na fantasia, esboça-se capaz
Na lua; bela, cheia, expressa a vaidade...

Nos seus clarões, amiga, eu sinto ser capaz
De ser muito mais forte. Envolto em claridade,
Na mágica torrente, imenso, sou audaz.
No brilho do luar, esconde-se a verdade!

Caminho pela rua, a lua é quem me guia,
Inflama-se qual chama amansa minhas dores...
A lua me transporta, em plena fantasia,

Enorme catedral, no pátio dos amores...
Ó lua companheira, amante tão vadia,
Em tua poesia, explodem tantas cores!
Marcos Loures



39

Fantástico delírio em explosão
O que sinto por ti já me domina,
Amor trazendo sempre a perfeição
De todo o meu caminho, fonte e mina.

Viver o que pudesse enfim me dar
Um riso bem mais franco e mais sincero
Assim que eu conheci, pude notar
O quanto que eu desejo e agora quero

Aquela que se fez enamorada,
Rainha dos castelos que eu criei.
Mulher em raro brilho, enluarada,
Fazendo-me sentir, deveras, rei.

Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Em ti tenho a certeza deste cais...
Marcos Loures


40

Fantasmas que hoje trago, eu mesmo crio,
Resíduos do que fomos. Nada mais...
O tempo transtornado em vento e frio
Impede que se veja um ledo cais.

Felicidade, um gozo que eu adio
Ao vislumbrar ao longe os temporais.
Porém o coração sempre vadio
Não cansa de lutar. Isso? Jamais!

Assim mesmo em descrédito; eu batalho
Tentando renascer das mesmas cinzas.
As tarde se refazem grises, cinzas,

Mas sei que mesmo após a poda, o galho
Trará com força plena, um novo fruto
Não desistindo nunca, então eu luto...
Marcos Loures


41

Fantasma feito amor, decerto assombra,
Fazendo o coração virar sonâmbulo.
Do quanto que já fui nem resta sombra,
Vagando pelas ruas qual noctâmbulo.

Nas ânsias sem remanso e se descanso,
Petardos desferidos pelas dores,
Um sonho que virá eu te afianço
Talvez inda refaça velhas flores.

Satânicos prenúncios desta sanha,
Assanham meus sorrisos, volto à farra;
A boca desdentada ainda me apanha
E morde, lentamente, dente e garra.

Trazendo este cadáver no meu peito,
Eu rolo a noite inteira; insatisfeito...
Marcos Loures


42

Falta-me tempo. A vida espera nua.
Ao procurar pelo meu mundo lasso
Os meus sorrisos francos, carne crua,
Os dentes que se cravam no meu braço....

A cicatriz deixada continua...
Debalde procurei o meu cansaço,
Atriz já sem platéia não atua
Nem tudo que pedi, perdido, faço...

Me cansei de esperar a tua volta...
Navegarei todos os mares, vago...
Eu não posso aceitar essa revolta,

Nem quero destruir idades mortas...
As dívidas que fiz, por certo eu pago.
Por onde caminhei, tranquei as portas...


43

Fazendo da alegria um doce bar
Eu vejo o teu retrato no cristal,
O amor ao se expressar quer vendaval
E nada restará em seu lugar.

Vontade de fugir e de ficar,
Carpindo a fantasia em ritual.
A força mesmo vã, residual,
Permite neste sonho eu me embrenhar.

Por tantas vezes tendo o mesmo quase,
A vida se renova em cada fase,
Trazendo em fel, raríssimos licores.

Irmanados caminhos, companheira,
Na sorte que falsária é verdadeira,
Somamos nossos sonhos, sem temores.


44

Fazendo da alegria a sua lei
Eu tenho a recompensa deste amor,
Trazido por um sonho encantador,
De tanto que esperanças cultivei.

Sementes/fantasias espalhei
E delas recolhi; agricultor
O riso mais sincero a te propor,
Castelos que criaste, ser teu rei.

Arfante este caminho que nos doura,
Rainha que se faz, distante, moura
Aguarda um cavaleiro dos andantes,

Na ponte levadiça dos meus sonhos,
Vencendo os dias vagos e tristonhos,
As manhãs serão mais deslumbrantes


42

Fazendo a via sacra nos teus portos,
Farturas em orgásticas loucuras,
Esqueço dos meus sonhos, quais abortos
Nas pútridas vontades, minhas curas.

Meus ideais estão, faz tempo, mortos
Restando quase insanas amarguras.
Caminhos que percorro são tão tortos
Mas viva a sacanagem das procuras

Hedônicas, pilantras, satisfeitas,
Bagaços que se encontram nos botecos,
Os ritos necessitam velhos ecos,

Nas raves, nas boites, farto cio.
Os pobres se entupindo de maleitas
Colheita do meu sonho: vou vazio...


43

Fazendo a revisão destes meus dias
Que andei vestindo a roupa de poeta
Provendo a fantasia de sangrias
Minha alma se mostrou sempre incompleta.

Quem faz de uma ilusão caminho e meta,
Tu sabes muito bem, pois me dizias
Que quando a poesia se repleta
Encharca em descaminhos nossos dias.

Mereço alguma chance? Nem sei mais,
Meus versos tão comuns quanto usuais
Sem cântico ou sem cântaro que encharque

Dizendo da figura quase pândega
Não deixaram nem que eu passe da alfândega
Assim já não terei sequer o embarque..


44

Fazemos parte; eu sei, do mesmo sonho
Que em verso e fantasia reproduz
A doce sensação de eterna luz,
Legando à solidão um céu medonho.

Enquanto em alegrias eu componho
O quadro em que dois corpos semi-nus
Se tocam. Esta estrela me conduz
A um mundo, com certeza mais risonho.

Sorriso de menina, fêmea audaz,
Em mansa sedução me satisfaz,
Vivificando enfim a primavera

Que um dia, tão distante percebia
E agora, finalmente se recria
Nos braços da felina, doce fera..


45

Faz tempo que te quero e nem me notas
Meus dias sem te ver são tão vazios
Amor tão sem limite, sem ter cotas,
Trazendo para os sonhos tantos cios.

Mas nada do que faço já te atrai
Meu canto vai perdido sem resposta.
Eu te amo, mas a vida te distrai
E mal te vejo, nunca estás disposta

A ouvir os meus chamados desmedidos,
Às emoções que vivem quarentena
Quem dera se me desse, enfim, ouvidos

Viríamos viver intensamente,
Ao longe minha mão sempre te acena,
Talvez tu venhas logo, de repente...

46

Faz tempo que queria te dizer
De toda essa alegria que carrego
Num mundo tão difícil de viver,
Aos braços tão amigos eu me entrego
Sabendo que consigo, enfim, prever
Um mar bem mais tranqüilo onde navego.

Amigo como é bom poder cantar
Em versos, amizade mais sensata.
Que embora há tanto tempo sem falar
Percebe quanto é forte e não destrata
De quem vive distante sem negar
A força deste laço que nos ata...

Amigo, o nosso sonho, um relicário,
Renova-se no teu aniversário...


47

Faz tempo que não vejo o teu sorriso
Nem mesmo o teu perfume sinto mais.
Se o medo do futuro, eu exorciso,
Me ganhas todo dia e perco a paz.

Notícias que procuro pelas ruas,
Às vezes desconcertam e não falam,
Bem sei que nas mentiras continuas
E as dores do que fomos nunca calam...

Se telefono nunca me respondes,
Se toco a campainha não atendes.
Preciso descobrir onde te escondes
Por qual nova fogueira já te acendes.

Mas sei que esta saudade fora de hora
Um dia, com certeza, vai embora...


48

Faz tempo que não vejo alguma anágua,
Também não reconheço um galocha
A fossa traduzia alguma mágoa
A rosa que eu pensei não desabrocha

Cabrocha? Foi embora e não voltou.
Amores virtuais são um barato.
O beijo numa tela se trocou
Paixão se traduzindo em um retrato.

Canastras, canastrões são iguarias
Epístolas, pistolas dão recado.
Vernáculos diversos, novos dias
O resto vai ficando assim de lado.

O dia não permite mais estrelas,
Tua nudez, em vídeos me revelas...
Marcos Loures


49


Faz tempo que eu queria te dizer
De toda a sensação que se transmite
Nos olhos de quem sabe dar prazer
E sabe do amor já sem limite.

No teu aniversário eu te proponho
Decerto o coração em plena festa
Vivendo esta emoção, um belo sonho,
Certeza de que a vida sempre empresta

A quem deseja plena liberdade
O canto mais feliz, um mensageiro
Perfeito se mostrando em amizade
No amor que se anuncia, verdadeiro.

É sempre necessário te falar
Do quanto me ensinaste o que é amar...


7050

Falar do sentimento mais profundo
Plantando tantas flores no caminho,
Iluminando a paz de um novo mundo,
Transfunde uma alegria para o ninho,

Mudando humanidade num segundo,
Jamais me deixará cantar sozinho.
Em tal satisfação eu já me inundo
Trazendo para a vida, este carinho

De um mundo mais bonito e mais vibrante,
De versos mais sinceros e felizes,
Tomando nosso canto a cada instante,

Deixando para trás o sofrimento.
Quem sabe assim calamos guerras, crises,
E o mundo se refaça num momento....


51


Falar do quanto tenho e nada faço,
Seguir a falsa estrela que me ilude,
O amor que irá vazar o velho açude
Ganhando do vazio cada espaço.

Seria prosseguir mantendo o laço
Por mais que o tempo tente e ainda mude
Minha alma procurando o que me inunde
De tantas alegrias, sonhos traço.

Querências que deixei no meu passado,
Ardências entre chamas que apaguei,
Viver cada momento lado a lado

Daquela que, iludido e em vão busquei.
Seria muito bom, mas nada vejo,
Sepulto assim, os restos do desejo..


52



Falar do nosso amor, manso, insensato
Que ao mesmo tempo é rosa e carmesim.
No bem de nossa vida me retrato
E vivo teu amor imenso, em mim...

Na turbulência doce de um regato,
Numa loucura frágil, sinto assim,
Com toda uma emoção em cada fato
Que torna nossa vida amor sem fim.

Não quero mais perder um só segundo
Se quero me atracar em nosso cais,
De toda esta certeza que me inundo

Poder ser novamente uma criança
Que sabe o quanto amor é bom demais
E vive com os olhos na esperança...
Marcos Loures


53

Falar do nosso amor que me apascenta
Enquanto em fantasias me enlouquece.
Intensa sensação, tão violenta,
A calmaria aos poucos; ela tece.

Distância que deveras desalenta,
Pensando no momento em que regresse
Minha alma permanece então atenta
Olhar te procurando como em prece

Até que; ao pressentir tua presença
Recebendo de Deus a recompensa
O coração batendo em desvario

Percebe o teu perfume e, finalmente,
A vida se refaz completamente
Acende; da esperança, o seu pavio...


54

Falar do nosso amor quase inconstante
Que vaga pela noite qual falena,
Pois saibas que te quero a cada instante,
Minha alma com certeza sempre acena

Querendo te encontrar, da tua amante
Pois sabe meu amor, não é pequena...
Ao ver o teu olhar tão deslumbrante
Registro em pensamento a bela cena...

Mulher que emoldurei em minha vida,
Certeza de viver meu mundo em paz.
Não quero mais que a dor, em despedida

Te leve para sempre e me maltrate,
Sem teu amor, por certo, um incapaz
Coração sobrevive. Lento... bate...


55

Falar do nosso amor é repetir
Os versos que procuro pela vida.
A noite sem te ter cai dolorida
Estrela sem te ver não quer mais vir...

Então eu venho em preces te pedir
Que nunca mais me fale em despedida.
A morte sempre atenta e desmedida
Quem sabe, de repente, vai surgir?

Deixa-me em cada noite, vais aos céus
Levando em tuas mãos os alvos véus.
Em prantos minha noite continua...

Amada, minha deusa por que esfumas?
As noites tão distantes perdem plumas
Mas ganham no teu brilho, minha lua!


56

Falar do bem, do mal, do mais ou menos...
Do que restou dos beijos mentirosos...
Meus dias se passaram bem pequenos
Cobertos de fantasmas e de gozos,
Bebendo em cada amor, os seus venenos,
Meus olhos se formaram mais brilhosos...

Agora, vou ao nada, nado solto,
Em mar que te pariu e me cevou.
Procelas, celas, túmulo revolto,
O quase que eu não fui, o que restou.
No passo tão mal dado em que me escolto
Sou outro e já nem sinto o que ficou.

Falar do bom de um sentimento amigo
É quase se entregar, correr perigo...


57

Falar do aniversário de quem amo,
É sempre mais difícil, eu não nego.
Do arvoredo tão belo, cada ramo
É um sonho em que feliz, sempre navego.

Bendigo cada dia em que prossigo
Ao lado da mulher maravilhosa.
Que bom que sempre estás aqui comigo,
Tornando nossa vida luminosa.

Os filhos, os carinhos, os anseios.
Meus passos necessitam deste apoio.
Mulher que me tomando em devaneios
Tão rara, sobressai ao duro joio.

No maio em que completas mais um ano,
Te falo deste amor, sem ter engano...

MEUS PARABÉNS A MIM MESMO NESTE 24 DE MAIO POR MAIS UM ANIVERSÁRIO TEU
QUERIDA RITA DE CÁSSIA, MULHER MARAVILHOSA E MÃE FANTÁSTICA


58

Falar do amor que tanto procurei,
Momentos de paixão e galhardia,
Delírios de maná e de ambrosia,
No néctar que decerto beberei

A boca delicada que beijei
Da qual a vida trama e fantasia
Absinto sem igual, sonho inebria,
Que tanto, sem descanso, desejei.

Porém já não me queres. O que faço?
Soturnas ilusões ainda traço
E vejo ao fim do túnel, uma luz.

Quem sabe... A realidade então me acorda,
Rompida, sem conserto, assim a corda,
Saudada vai pesando como cruz...


59

Falar do amor que sinto em plenitude
Alvissareiro gozo em noite clara,
Amor que se faz forte em atitude
Trazendo para nós palavra cara,

Do quanto é necessário que se mude
O rumo que esta estrada já tomara
Vencendo a solidão em que amiúde
A vida em pequenez se transformara.

Agora me entranhando no teu cerne
Não temo que em minha alma ainda inverne,
Tampouco nesta vida seus marasmos,

Sabendo que te tenho junto a mim,
O mundo descoberto traz em fim
Um constelar caminho em mil orgasmos...
Marcos Loures


7060


Falar do amor que sinto e jamais nego
É algo que me dá prazer imenso.
Em ti, a cada dia, mais eu penso,
Nos braços deste mar – sonho- navego...

Sentindo cada gota do suor
Que escorre em tua pele bronzeada,
A lua, velha diva enamorada,
Conhece a bela tez, sabe de cor...

Num êxtase supremo, enlaçados,
Delírios e prazeres desfiados,
Marcados pela insânia venturosa...

Pecado é ter pudores idiotas,
E quando o gozo chega e abre as compotas
A noite é constelar: Maravilhosa!


61


Falar do amor imenso que dedico
Àquela que se fez estrela guia.
É muito além de toda a poesia,
Cenário sem igual, supremo, rico...

Perdoe se em meus versos eu claudico,
Por tantas emoções, minha alegria
Que a cada novo encanto se recria
Gritando a todo mundo: amor, eu fico.

E sigo pelas mágicas veredas
Aonde tu entranhas teu desejo,
Prazer estonteante; assim prevejo.

A glória deste amor; peço, concedas
Permita que eu te faça mais feliz,
Fazendo muito além do que já fiz...


62

Falar deste meu canto sem paragem
Nas margens deste mar que nunca veio.
Fazendo sem amo qualquer bobagem;
Vivendo tanto amor, vou sem receio...

Eu quero este perfume quando exalas,
Eu quero a sensação de liberdade,
Ouvindo o teu respiro quando falas,
Em tudo que tiver, felicidade...

Eu quero um só momento do teu lado.
Eu quero a vida inteira se puder.
De tanto que te amei,vou encantado,
Irei seguir teu rastro onde quiser.

Tu és o que sonhara em minha vida,
Vivendo tanto amor, assim, querida...


63



Falar deste desejo de amizade
Depois de estar desfeito; opaca bruma,
É como procurar a divindade
Num paladar sereno que acostuma

A quem se descobriu em majestade
E sabe que esta vida, nos perfuma
Em acalantos doces, liberdade
Para a qual quem conhece sempre ruma.

Meu peito dolorido e machucado
Esgarçado sem dó por um amor,
Gritando tresloucado em alto brado,

Na busca de um carinho acolhedor,
Amiga, me perdoe meu passado,
Recolha deste esterco a bela flor...


64


Falar desta saudade que inda trago
Pesando como cruz nas minhas costas,
Por mais que tu me dizes que inda gostas
Tristeza a cada dia, novo afago.

Se as dívidas que tenho, ainda pago,
Eu faço neste amor velhas apostas
O sol não vencerá estas encostas
Não quero a placidez de mansos lagos.

Tempestuosamente me entregando
Ao vento que trouxeste calmo e brando,
Quisera ser feliz; não consegui.

Palavras sem sentido; repetidas,
Tomando as direções de nossas matando,
Matando esta saudade que há de ti.


65

Falar desta mulher que me conquista
A cada novo dia, destemida,
Razão maior que trago em minha vida,
No carnaval dos sonhos, a passista.

Doutora, lavradora ou diarista,
Menina muitas vezes desnutrida,
Por mais que o dia-a-dia corte, agrida,
Mantém uma alma livre e otimista.

Não tendo neste mundo quem resista
À moça que desfila na Mangueira,
Cientista, poetisa ou costureira,

A bela professora comunista,
A fama se espalhou na Terra Inteira,
Mulher maravilhosa? A brasileira...


66

Falar desta amizade
Estrela que nos guia,
Trazendo a claridade
Que justifica o dia.

Eu quero, na verdade,
Bem mais do que sabia
Falar da liberdade
Que em sonho sempre via.

Serena minha vida,
Afaga meus cabelos,
Estrada mais comprida,

Enleva em seus novelos,
Meus dias; ilumina,
Mudando minha sina...


67

Falar dessa ingrata tempestade,
Cruel ansiedade corta fundo...
Não pude perceber ansiedade,
A corda arrebentada corta mundo...

Quem fora campesino, traz cidade.
Cicatriz que deixei neste profundo
Sonho que se traduz urbanidade...
Produto de total fervor imundo...

As fadas, floras, faunas, musas, santas...
As mudas, plantas, restos, fossas, frio...
Nada mais conseguiram, senão tantas

Mentiras. Coração se faz vadio,
Mas não consigo ter nem me omitir.
Pior de tudo está inda por vir....
Marcos Loures


68

Falar de uma esperança, amor e glória
Que mude destes ventos, direção
Fazendo de alegria, a nossa história
Toando dos prazeres a canção...

O amor que se espalhar na plantação
Trará tais maravilhas sem vanglória
Quem ceva com ternura cada grão
Conhece a cada dia, uma vitória.

Um brinde feito em taça cristalina
Com brilhos; moldurada sempre traz
O gosto que, suave, sendo audaz

Permite a sensação que nos domina
Do gozo de um amor pleno e sincero,
Que há tempos, calmamente, aguardo e espero



69

Falar de uma amizade é ser bendito,
Quem tem um grande amigo tem saveiro
Que cruza por mil mares. Mesmo aflito,
Sabe que terá um timoneiro.

Amizade nos leva ao infinito
Mesmo que o temor, tão verdadeiro,
Transtorne; um bom amigo cumpre o rito
De ser assim completo, por inteiro.

As horas tão difíceis, como as vagas
Presentes no oceano desta vida,
Amigo, sei o quanto tu me afagas

E torna meu futuro mais sereno.
Uma amizade é sempre tão querida
Pois torna- me mais forte, livre e pleno.


7070

Falar de tal amor que a gente sente
Com tanta mansidão, delicadeza.
Mostrando quanto amar se faz urgente
A quem quer, nessa vida, tal beleza
Que o faça ser feliz integralmente,
Seguindo da esperança a correnteza.

Os olhos perfumados deste amor
Ao verem que este canto não se cansa,
Mirando no futuro promissor
Que a vista de quem sonha sempre alcança
Mostrando quanto a vida tem valor,
Firmando amor e sorte em aliança.

Dois corpos que se sentem bem amados,
São fortes, não se vergam se acoitados...


71

Falar de nosso amor, querida eu posso,
Pois nele mergulhei em puro encanto,
Um sonho em liberdade, assim esboço,
Viver felicidade sem espanto.

Nos traços desta luz eu me remoço,
E de alegria, amada, aqui eu canto.
Além do que desejo e sei que posso
Eu te amo sempre mais, e tanto, tanto...

Cruzando na esperança de outros mares,
Encontro em cada espelho, os teus olhares...
Trazendo ao dia-a-dia, a confiança.

Depois de vagar cego pela rua,
O sonho em maravilha assim flutua
Meu canto te buscando já te alcança.
Marcos Loures


72



Falar de nosso amor é tão sublime
Que nada nos impede de cantar.
Se às vezes há quem nunca nos estime,
O rio não se cansa de passar...
Cantar o nosso amor nunca foi crime
O preço, minha amada, irei pagar

Com toda uma alegria no meu peito,
Pois sei quanto te quero e não me calo.
O mundo que se dane, insatisfeito,
Que toda uma tristeza de que falo
Em desamor por certo, contrafeito
Aquele que esperança foi pro ralo.

Te quero e cada vez desejo mais,
O teu doce sabor a vida traz...
Marcos Loures


73

Falar de amor liberto e sem correntes
Ao mesmo tempo atado nos teus braços,
São rios que misturam as torrentes
E dormem desfazendo velhos traços...

As tramas que concebo são as minhas
As minhas alegrias de viver
Viver como se fossem avezinhas
Avizinhas amor com tal sofrer...

Não faço destes versos os meus motes
Até por que não caço solidão.
Efeitos dos amores são rebotes,
Bobeia, infartando o coração...

Eu amo tanto amor que a vida tem,
Te quero bem aqui, morena, vem...


74

O que dizes não importa,
Mulher é como biscoito:
Sai um e , na mesma porta,
Em que saiu, vêm dezoito!

Falo-te querido camarada
Que a vida não é mesmo deste jeito.
No rosto da mulher enamorada
A vida tem o brilho mais perfeito.

Perdendo quem se ama, sobra nada,
O tempo vai passando, insatisfeito,
A noite despencando vem nublada
Por que Meu Deus? Amar é meu direito!

Desde que esta mulher partiu; amigo,
Foi tudo se acabando dentro em mim;
Morrendo em cada dia, sem abrigo.

Que faço; meu amigo, diz-me então!
Mulher a gente encontra, sei que sim,
Mas não a que nos pede o coração!

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures


75

Falei sobre teu nome com a bruxa
Que fez a previsão mais acertada,
A dor quando lateja e já repuxa,
Na perna que senti, foi amputada

É como uma saudade do que fui
Num tempo mais distante e sem sentido.
De tudo o que passamos já se intui
Que nada foi bem feito e resolvido.

Teu leito qual de rio seca o peito
Amante que te quis por toda a vida,
Vingando meu destino já desfeito
Eu agradeço a ti, minha querida,

O cálice salgado que me deste,
Do amor que prometeu ser inconteste...


76


Fale baixinho, eu peço por favor,
Senão este menino não descansa,
A noite inteira, saiba, trabalhou,
Futuro quem não corre, não alcança.

Na mão deste moleque uma aliança
Dourada no suor trabalhador,
O medo se afastando da lembrança,
Menino vai mostrando o seu valor.

O filho do lixão agora ensina
E a todos, com vontade já domina
Na faca, canivete ou no fuzil,
(A mão deste menino é mais gentil)

E sempre carinhoso, mata a fome,
Correndo; pois senão o bicho come,
E leva pro congresso do Brasil...


77

Falava desse amor á minha amada
Que nem sabia o quanto que eu amava
Sentado no beiral duma calçada
A lua testemunha nos calçava.

Temia pois tremia por inteiro.
Das pernas que tremulam, qual bandeira,
Meu Amor me mostrava, companheiro,
Quanto amar faz mudar a vida inteira.

Depois de tanto tempo sem dizer,
Que o medo nos tortura e enfraquece,
A mão de quem declara é só tremer,
Parece que se perde numa prece...

Aos poucos como quem pede perdão,
Amor, de tanto amor, declaro em vão...


78

Falas de mãe de mar e maremotos
Cães, reinados, falácias e princesas.
Momentos do passado tão remotos
E as fomes desfilando suas mesas

Não quero o quase tenho e não terei,
Tampouco a gargalhada de ironia
Daquele que vestindo império e rei
Fantasmas e correntes; busca e cria.

És o que teima, bocas e manhãs,
Risos, gritos, mercados e donzelas.
Os cortes prometidos nas maçãs,
No gosto adormecido que revelas

E teces os teus céus iridescentes
Com olhos tão famintos e descrentes...


79

Falar-te de sonetos e de rimas,
Parece ser inútil, companheira.
Se zombas de quem sabe e discriminas
Mostras uma ignorância verdadeira.

Não quero nem desejo t’as estimas.
Palavra tão ferina, uma besteira.
Desiludida sempre, quando afirmas,
A causa se demonstra assim, inteira.

Quem guarda tanto fel por estandarte
Maltrata quem não quis te magoar.
Atira sem saber, em qualquer parte,

Berrando, vocifera, sem motivos.
Difícil te entender e perdoar,
Soberba nos teus olhos mais altivos...
Marcos Loures


80

Falar que desta dor eu não me vingo,
Embora te disseste que não vinha,
Preparo meu sorriso de domingo
E mato esta tortura toda minha.

Se a noite que não veio se reclama,
Se o dia que sonhei não chegará.
Não vou ficar calado, de pijama,
Esperando o que vem, lado de lá.

Falar que neste mar eu não navego,
Falar que deste gosto nem sei mais,
Se a rosa que plantei eu não carrego
O resto que me trouxe foi jamais.

Mas sobra o teu sorriso, caro amigo,
No mundo que colhera joio e trigo.


81
Falar quanto desejo o teu carinho,
Deitado do teu lado, meu prazer.
Podendo totalmente te fazer
Gozar assim que esteja enfim sozinho

Contigo num recanto, nosso ninho,
Tocando esta nudez que quero ter,
Lambendo, te beijando, até verter
O mel que tanto quero, com jeitinho...

Sentir teus seios belos, minha boca,
Roçar teus pelos junto com meus lábios.
Deitar-te nos meus braços, voz tão rouca,

Gemidos e sussurros, noite inteira,
Nos dedos, olhos, mãos, que são mais sábios
Poder satisfazer-te, companheira...


82

Falar em versos soltos, da amizade
Que criva nosso peito em diamantes.
Bem antes de saber de uma saudade,
Palavras de um amigo são calmantes.

Ajudam na batalha dia-a-dia
Trazendo ao coração, imensa glória
De termos esperanças e alegria,
Mudando todo o rumo desta história

Se somos derrotados, nos ajudam,
Com toda uma certeza em tons gentis,
Amigos nas tempestas tudo mudam,
E deixam nosso mundo mais feliz,

No canto de amizade que propago,
A vida com certeza, traz afago...


83

Falar em nosso caso, nosso amor,
Dizer que nós vivemos ilusões,
Furtamos da esperança toda a cor,
Nossa alma esmeraldina, corações...

Eu sei que tantas vezes me ocultaste
A dor que no teu peito se calava,
Por isso meu amor, tu foste a haste
Que toda nossa vida sustentava...

Eu sou um sonhador, tu sabes bem,
Andando sempre a esmo, bebo ruas....
Nos bares, nas esquinas, sem ninguém,
As minhas fantasias quase nuas...

Por isso te agradeço, nos meus versos.
Meus sonhos e meus mundos tão dispersos....


84


Falar do sentimento que nos une,
Bater na mesma tecla o tempo inteiro,
A vida sendo ingrata tanto pune
Enquanto um bom prazer foge ligeiro.

Pudesse libertário coração
Sentir tua presença e ser feliz,
Viver desta cruel recordação
Que a dura realidade já desdiz.

Num átimo, meu último alarido,
O canto derradeiro que te faço,
Viver sem teu amor não faz sentido,
Vencido pelo medo e por cansaço,

Não tendo mais escolha, sigo só,
Das velhas ilusões, restando o pó...


85

Falando deste sonho de moleque
Que soube ser feliz por certo tempo.
A vida vai se abrindo em frágil leque
E nega, por instantes, passatempo.

Carrego no meu peito tal saudade
Das coisas que não fiz, nem mesmo quis.
Agora a noite impede a claridade,
Mas mesmo assim percebo ser feliz.

Por ter essa morena, amor demais,
Rainha dos meus dias de criança.
Amar é descobrir que a vida traz
Além de uma verdade em aliança

Um canto benfazejo de alegria,
Amor que se faz festa todo dia...


86

Falando do que outrora se fez mago,
O verso inusitado de quem ama,
Mudando de endereço, acesa chama
Legando muitas vezes outro afago,

Os erros que cometo, busco e drago,
Contratando os serviços da mucama
Que morde enquanto beija; serva e ama
Retendo esta avalanche que hoje trago.

Causando algum estrago no meu peito,
No verso que não faço me endireito
E risco o Paraíso dos meus sonhos.

Serões entre serpentes e dragões,
Malditas as heranças das paixões,
Criando sentimentos tão bisonhos...


87

Falando dos amores mais ardentes
Que sempre me trouxeram perdição
Agora que não tenho nem mais dentes
Amores que vieram? Solidão!

Mas tenho tanta sorte em minha vida,
Que mesmo assim depois de tanta dor
A noite que temia adormecida
Sem juras ou promessas de um amor;

Vazia como tudo o que vivera
Sem jamais ter sequer uma esperança
Que faça vir, enfim, a primavera,
Resquícios que ficaram na lembrança...

Depois de tantas noites tão tristonho,
Te encontro, meu amor, a vida em sonho...


88

Falar da santidade que se torna
Mulher em um momento mais sublime
Desta meiguice imensa que contorna
As dores nos mostrando o quanto estime
A vida que em seus braços sempre adorna
Numa alegria ou dor, mesmo no crime.

Falar desta mulher que além de tudo
Guerreira sem temor, no dia a dia,
Meu verso mais perfeito, não me iludo,
Jamais, e com certeza, bastaria.

Bastião de uma esperança verdadeira,
Incondicionalmente um ombro amigo.
Na vida, a mais perfeita companheira.
Certeza de carinho em santo abrigo.


89

falar das coisas todas que passamos,
dos astros em distâncias infinitas
do todo que em pedaços desfrutamos,
das horas com certeza mais bonitas

momentos em que luzes vislumbramos,
no quanto que te quero e acreditas
de todos os tesouros que encontramos
douradas emoções, raras pepitas.

falar de toda a sorte que nos toma,
do sentimento imenso que nos toca,
junção que é bem maior que simples soma,

de toda a maravilha em esplendor
da força que se ganha em farta troca,
é como se eu falasse enfim, do amor...
Marcos Loures


7090


Fabricas artimanhas, antas crias
Frangalhos que carrego são assim,
Matando com certeza as cercanias
Deixando sem defesa o meu jardim.

Enquanto me azucrinas, poesias
São restos que colhi dentro de mim,
As ondas quando voltam, tantos dias,
Retornam, movimento não tem fim.

Afim de ter a paz que se procura
A moça quer além desta ternura,
Acende esta fogueira, ceva amargo.

A boca se calando sem embargo,
O amor quando ao revés, esquece encargo
Pendura enfim a cruz, pela cintura...
Marcos Loures


91

Façamos ao desejo um belo brinde,
Pois ele nos brindou em gozo e festa,
No fogo do desejo se deslinde
Todo o fulgor a quem a sorte empresta

Orgásticas luxúrias satisfazem
E fazem desta vida, um novo acorde,
Aonde mil calores que se aprazem
Permitem que a vontade nos acorde

Convidam quais bacantes em delírio,
Ao louco despudor de cada entrega,
Um corpo tão sedento, sem martírio,
Tomando em tentação, amor se esfrega

Nas pernas, boca, coxas e nos seios,
Quem quer ser mais feliz; pra que receios?
Marcos Loures


92


Façamos deste amor belo e bendito
A força que nos move e nos redime.
Alçando nos teus braços o infinito,
Detrás desta cortina, seda e vime.

No canto deste amor, eu acredito
Palavra que me encanta em que se estime
Amor maior que existe. Solto o grito,
Liberto do temor que sempre oprime.

Plenamente encantado com teus versos
Eu sinto o teu perfume junto a mim
E sigo cada passo na procura

De quem apascentou dias perversos
Florindo em meu canteiro, meu jardim,
Regando com carinho e com ternura...
Marcos Loures


93

Façamos deste amor um algo mais
Que simples penetrar em mata escura.
Além de simples atos sensuais
É necessária sempre uma ternura.

Senão ao parecermos animais,
O amor vendo o vazio não perdura.
Desejos e vontades tão carnais,
Só servem quando a coisa fica dura.

Tampouco quero ter amor insosso,
Sem beijos nem carinhos no pescoço.
Platonismo não serve para nós.

Eu quero simplesmente amor amigo,
Que serve como apoio e como abrigo
Unindo em calmaria nossos nós...
Marcos Loures


94

Face a face com Deus dos desgraçados,
Atento a cada olhar deste infeliz,
Ousando debochar da cicatriz,
Das chagas nos seus pés já torturados.

Cadáver deste sonhos malogrados
A genealogia isso desdiz.
A podre criatura imbecil, gris;
Adora estes cenários mal pintados.

Vender cada pedaço que restar,
Expondo numa Igreja ou lupanar
Usando para tal, pincel e tinta,

Dourando o corpo frágil numa cruz,
A corja que te explora, bom Jesus,
Não a tua face assim, faminta...
Marcos Loures


95

Face conservadora do burguês
Que vende no atacado a hipocrisia.
Às vezes contamina a poesia
E fala com total desfaçatez,

Além do que esta corja sempre fez
A mente ultrapassada rodopia
E gira o tempo todo, numa orgia
Roubando o que restar de lucidez.

Macabras sanguessugas não se cansam
E quando os objetivos vis alcançam
Crocitam e gargalham; rapineiras,

Comprando a adolescência dos famintos,
O sexo em meio às cáries e os helmintos
Arrancam da esperança estas bandeiras...


96

Facetas de um mosaico tão diverso
Neste caleidoscópio multicor
Renova sua imagem, cada verso,
Do mundo um talentoso refletor.

De toda a magnitude do universo
Um sábio e sem igual observador,
Colhendo cada aspecto mais disperso,
Poeta que se sabe fingidor.

Seguido pelos vates sonhadores,
Rebanhos ele guarda no infinito,
Tocado por mais raros esplendores

Da estrela que surgiu lá em Lisboa
Fazendo da beleza quase um rito,
É multidão em forma de Pessoa...
Marcos Loures


97

Fagulhas espalhadas num palheiro
Nas tramas, velhos trâmites sem nexo.
Amortalhando o gozo corriqueiro
No jogo abençoado amor e sexo.

Incêndios espalhando este braseiro
Num simples desafio não indexo
E bebo deste corpo por inteiro
Tentando ter ao menos um reflexo

Que esconda as velhas rugas, meus esgares,
Partilhas onde ganhos são vulgares
Mas valem toda a vida, com certeza.

Na boca carcomida da saudade,
Rebordos seculares da vontade
Afloram num orgasmo em sutileza.


98

Falando dessa prenda que me dás
Solfejo melodias, nossos cantos,
Dedilho enquanto penso ser capaz
De ter em nossas mãos fartos encantos.

Urgindo esta vontade de poder
Seguir a mansa andança rumo ao céu
Revejo cada passo e passo a crer
No amor em roda-viva, carrossel.

Meu corpo em tua pele tatuado
Marcado como enorme cicatriz
Do quanto te desejo sempre ao lado
Concebo um tempo manso e mais feliz.

Orquestras com carinhos nova trama
Dos sonhos em que trazes, brasa e chama...
Marcos Loures


99

Falando desse amor assim tão belo
Que nesses pampas nunca ouvi igual,
No sonho em que me mostro e te revelo
Que a vida se mostrando natural
Impede que a tristeza em ser rastelo
Nos leve todo o brilho do quintal.

Quarando no varal, uma esperança
Regada com as chuvas do verão,
Não resta nem sequer uma lembrança
Do tempo em que passara rente ao chão,
Agora amar se faz uma aliança
Nas trovas de uma roda; chimarrão...

Pois tira um banco e senta venha, aqui,
A prenda mais bonita que já vi...
Marcos Loures


7100

Falando desse amor de todo dia
Novelas, vizinhança e futebol,
Mil dores disfarçadas da alegria
Cotidianamente o mesmo sol.

Cansado de matar a poesia,
Amor vai se fingindo girassol.
Na boca que beijou não beijaria
A noite mais escura sem farol.

Crianças desfilando pela casa,
Deitando no sofá domingo afora.
Chamusca bem mais fraca a forte brasa.

Segunda recomeça a ladainha
Felicidade chove, mas lá fora,
Aqui a noite segue tão sozinha...



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=165627