
sinto o imperfeito e a pecar vou morrer
Data 11/12/2010 23:17:46 | Tópico: Poemas
| num dia em que dormia ao lado de um santo pedi ao céu que me mostrasse deus amaldiçoado apóstrofe (ou seria lúcifer) - tremeram montanhas na minha boca um violento sismo se deu minhas mãos destruídas em cacos as palavras abanaram na minha alma e um alucinante desmoronar de letras caiu dos céus como pássaros na vertical mantive-me intacto sem receio não queria desviar-me do purgatório na espera de me transformar numa prosa:
- meu sangue foi consumido a jacto começara o tempo em que me sentia morrer não se ouviu gritos nem o meu gemer tudo era um branco de silêncio devastado e num crepúsculo vertiginoso surgiu a ausência sideral de tudo e sumptuoso fulgurar de nada
ainda hoje tento me reconciliar soletrando palavras com deus - não quero sentir mais terramotos as minhas marcas já são tantas há uma alma dorida fragilmente protegida por ligaduras feitas de leves enganos um coração que bate e não bate entre um e outro pensamento de revolta este prolongamento incompleto de mim não exausta nem exala a perfeição de deus
ainda temo a calamidade deste estremecer ainda sinto o imperfeito e a pecar vou morrer
b
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