em legítima rendição

Data 14/12/2010 14:03:15 | Tópico: Poemas

Ei.lo, o corpo que é embriaguês no delírio da noite
e que flutua nas uterinas águas do prazer
punhos, peito, nervos são pedaços de uma perseguida divindade,
partir do efémero e do vulgar para captar o sagrado e o fantástico
corpo de sexo refulgente à procura do amor para navegar,
símbolo da geração contestatária em que me integrei
esplêndido corpo de ternura felina no desejo de dar a mão
transcende a terra sem permanecer
corpo provocador,
tensa energia de ocultos lumes e de novo os poros
incitam a saborear o que falta viver
intrínsecos sonhos com pernas e braços, suor, veias e emoções
esplendorosa geografia da volúpia
rigorosos traçados de uma irreprimível gestualidade
soltam.se do corpo, tornando.o imorredouro
na ampulheta dos instantes que o olhar guardou para embalar.
como se fora imperecível o torso na voragem de enevoadas madrugadas,
o corpo dos sentidos galopa a lua enquanto prodigiosos estilhaços de luz inflamam a inquietude.
por isso, desenho o corpo sem rosto que identifico com o mundo à minha volta,
com o que eu quero ser:
inesperadamente misteriosa, com corpos a romper dos meus dedos.




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