HUMANIDADE

Data 07/10/2006 01:24:29 | Tópico: Poemas -> Reflexão

O vento noturno sopra segredos.
Melodiosos segredos em ouvidos surdos.
Incute mútuos desejos
Em pessoas que não se estimam,
Que se desconhecem.

O amor entre humanos
Naufraga em negro mar de incivilidade.
Somos seres sem lealdade.
Somente em nós mesmos
Identificamos justa ambição.
Nosso compromisso é irreal
E envenenadas são as palavras
Que distribuimos indiscriminadamente.

O vento noturno sussurra
Ao silêncio intranquilo da consciência.
A mensagem é inequívoca,
Mas estamos imersos
Em nossos íntimos conflitos,
Tentando superar dores que não sentimos.
Nosso razão é frágil.
Nosso desejo é a prévia do asco.
Nosso amor é produto perecível.

O vento noturno continua soprando.
Continua investindo em nosso escasso raciocínio.
É uma mensagem anônima,
Uma idéia querendo ganhar corpo,
Querendo arrancar de nós
Os nossos egoísmos.
Querendo expor em nós
Nossas melhores facetas,
Nosso lado ainda humano.

Vamos parar por um momento!
Vamos ouvir o vento noturno.
Vamos conjugar a solidariedade.
Vamos obrigar o coração ao amor.
Há mundo suficiente
Para todos os nossos interesses.
Vamos civilizar a percepção.
Vamos praticar a humanidade.

Enquanto nós hesitamos,
Enquanto nós recuamos,
Vamos escapando aos poucos,
Dos olhos vigilantes de Deus.
Nosso ambiente interior
Vai se tornando irrespirável!

E o vento noturno
Seguirá soprando.
Zombando do nosso humano
Coração tombado.

Edileia, em agosto de 2005.


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