UM NATAL COMO ACHO QUE DEVE SER

Data 15/12/2010 18:01:07 | Tópico: Poemas


UM NATAL COMO ACHO QUE DEVE SER

Quero mais humanidade
e menos castanhas.

Mais coisas
Arroz com feijão,
Tipo, por que não?
Uma sincera amizade.

Apenas
Por quem amo
Engulo essa
Mortificante rotina
Das nauseabundas festas
De fim de ano

E então?

Então venham os lautos pratos,
Os banquetes incautos,
As tiranias dos presentes,
Os abraços dormentes,
Dementes.

É esse natal das vaidades,
Das veleidades,
Que encobrirá
Um ano inteiro disperso,
Consumido em ilusão
(E tantos e tantos outros
Que, após, advirão)

Prefiro o natal dos índios:
Sem rabanada, peru e vinho
Só nudez de corpo e alma,
Nenhuma falsa emoção
E profusão de inhame e caça

Na aldeia
É natal todo dia
O natal da pescaria,
Da brincadeira,
Da dança, da cantoria
Lá na aldeia
É natal na veia...


[ Um dia destes,
Chegará o "meu" natal
Sem fogos estourando
Na minha praça;
O natal da calma;
O natal sem alma;
O natal do humano

Aquele natal
Do presente sem-presente
Sui generis,
Original...

Ganharei um reles abraço,
Aquele que sempre esperei:
Um sincero, amigo
E emocionado
Abraço.
Só isso

E aquele que me abraçar,
Seja quem for,
Seja qual for esse dia,
Mês ou ano
O fará, ali,
Deus-homem, desnudo,
Como que
Espatifado do céu

E me abraçará
Por ele, por mim,
Por nós, por você,
Pelo mundo...

(E neste
Mágico instante
Essa pessoa
Se tornará,
Só para mim,
Apenas sendo ela,
O meu papai Noel...) ]



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=166231