
MEUS SONETOS VOLUME 090
Data 18/12/2010 17:29:57 | Tópico: Sonetos
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Na festa da amizade, um vento benfazejo Tramando em alegria um mundo bem melhor. Assim no bem que eu quero; eu sei do teu desejo No canto em harmonia, a paz se faz maior.
Na plena sensação do amor que já prevejo O quanto é necessário um sonho se compor Amiga amante amada, um céu bem claro eu vejo Banhando pela glória imensa deste amor.
Que a sorte nos permita, a cada novo dia Ancoradouro firme ao barco que chegar, Na voz desta emoção, suprema poesia
Deixando para trás qualquer desilusão Estrela da amizade, eterna irá brilhar Trazendo imensa luz a cada coração!
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Na febre que nos toma em frenesi, Deliciosamente te desnudo, Ao ver tanta beleza fico mudo, Bebendo deste encanto que há em ti.
Teus íntimos desejos desvendados, As marcas dos meus lábios dos teus dentes, Vontades de prazeres são urgentes, Umedecidos vãos já penetrados.
Depois, corpos suados que se abraçam, Sorrisos aflorando em cada rosto, Das pernas que se tocam e se enlaçam
As gotas testemunhas destes cios No meio dos lençóis, agora exposto, Molhando nossa cama, estes rocios... Marcos Loures
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Na garganta oprimida pelo medo, Contida nossa voz por tantos anos, A força que se esconde no segredo Que marca todo o povo, em duros danos.
Condena nossa vida ao vil degredo Erigida com base nos enganos Matando uma esperança desde cedo, Roubando dos que sonham tantos planos...
O mártir que no Gólgota morreu Apenas é lembrado em punição O canto que embalava se esqueceu
Temendo dos pastores a vingança. Calaram se olvidando do perdão A voz que traduzia-se esperança...
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Na gaiola vai preso o coração, Procura a portinhola, está fechada... Canta triste e distante, esse cancão... Minha alma está vazia e tão cansada.
Espero teu carinho, teu perdão, Não sobrou horizonte, quase nada; Na gaiola transpiro solidão! A minha vida passa amofinada!
Quem me dera pudesse, na verdade; Escapulir, enfim, dessa gaiola, Conseguir verdadeira liberdade...
Passarinho que está pedindo alpiste, Minha alma machucada dói, se esfola... Tua distância me prendeu, sou triste...
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Na fúria de sentir, estou febril, Desejos me assolando frenesi. Tocando o meu prazer, rijo e viril, Imaginando insano, chego a ti
E sinto o teu perfume no meu quarto, Aos poucos me invadindo esta vontade, Onânico caminho até que, farto, Rebento em explosão, saciedade!
E o gozo que se espalha sobre a cama, Permite que eu te sinta do meu lado. Ardendo de vontades, mesma chama, Escuto a noite inteira o teu chamado
E chego num segundo, à tez morena Orgástico desejo toma a cena...
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Na fúnebre lembrança, olhar vidrado, Beijando o meu cadáver insepulto, Nos olhos da pantera riso e culto, Na lápide somente o não grifado.
Os olhos se perdendo no tumulto, Vazios que a saudade traz ao lado, Na imprecisão nefasta do passado, Quem tanto amara morre amaro, inculto.
Necrófaga folia se prevendo Heranças do que fui e não soubera A solidão amiga e dura fera
Aos poucos os meus sonhos corroendo. Amor que se perdeu na primavera, No inverno agora vai apodrecendo...
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Na fúnebre escalada, nossa vida, Percalços e tropeços se sucedem. Aprendizagens longas que precedem A sensação da sina, enfim, cumprida.
Minha alma há tanto tempo envelhecida, Implora às esperanças que não cedem Nem mãos mais carinhosas que me enredem Encurtam esta estrada tão comprida.
Meus versos vão cansados, sem remédio, Apenas traduzindo imenso tédio De quem tanto esperou e nada veio.
Não falo mais da morte com receio, E digo, minha amiga, até anseio, Sonhando com seu riso e seu assédio...
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Na fumaça do cigarro Subindo nas espirais Em cada trago me agarro Neles todos tu te vais
Quando dirijo meu carro Pelas ruas caço um cais. Nas cordas onde me amarro, Procuro, mas não estás.
Tanto tempo nesta busca Sigo, sem ter resultado. A noite tanto me ofusca;
Procurando todo lado Nessa vida tão patusca, Coração desesperado...
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Na frondosa alameda onde esperança Vertera ramos longos, poderosos, Em passos bem mais firmes, vigorosos, Distância mais longínqua amor alcança.
Na longeva vertente em que ele trança Os dias podem ser maravilhosos, Os traços definidos, dão formosos Retratos que traduzem aliança.
Amor, menino arqueiro mirando alvo Não erra em pontaria mais precisa. Ferindo então nos cura em glória e paz.
Virando quase caça então me salvo E passo a ver a vida em doce brisa Que Amor abençoando, já nos traz... Marcos Loures
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Na fresta que se entrega e se entreabre Adentro com luxúria em frenesi. Recebes carinhosa; o duro sabre Que avança até chegar dentro de ti
E teso, reconhece na umidade, Destino que buscara o tempo inteiro. Sorvido com loucura e com vontade, Espalha toda a tinta do tinteiro...
E sinto, quando moves os quadris, Num movimento insano e buliçoso, Teu rosto contraído, mas feliz Às vésperas do sonho feito em gozo
Orgasmos e delírios que nos tomam, Em líquidos e humores que se somam...
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Na faca que cortando tem dois gumes A boca escancarada de tocaia, Bebendo da amizade os seus perfumes A vida num momento já se espraia
Nas fráguas dos meus sonhos, belos lumes, O quanto desejei sereia e praia, Em troca recebi duros queixumes. Amiga, somos dois da mesma laia
Por isso é necessário te dizer O quanto nada tive e nem pretendo. O medo de viver me convencendo
Ser impossível mesmo o tal prazer. Agora que anoitece em nossa vida, Permita que eu não faça a despedida... Marcos Loures
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Na faca que carrego entre meus dentes Afio o quanto fio e desconfio. Cabelos procurando finos pentes, Mulheres se entregando assim ao cio.
No quarto dos poetas penitentes O vento quando adentra traz o frio. Perebas e piolhos que pressentes No teu sorriso manso de um bugio.
Nanômetros de cérebro, neurônios Atrofiados fazem a festança. Rebolam bundas brancas meus hormônios
Aprendem quanto é boa a pontaria Do pau que dá na chica e que te alcança Promessa de onanismo em sacra orgia.
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Na faca de dois gumes dita amor. O corte prenuncia a cicatriz, Vestido de ilusão; vou furta-cor, Deixando para trás outro matiz.
Desanda a poesia em teu louvor, Minha alma, leviana meretriz, Na liberdade busca ser condor, Às cegas cordilheiras vaga em xis.
Pelejo contra os fardos do passado, Almejo o que jamais conseguirei, Lamento cada gole derramado
E bebo do conhaque da esperança. O amor; este farsante, dita a lei, E aos esmos do infinito em vão se lança...
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Na eterna sensação de um carnaval, Festejo nosso amor indivisível, O gosto em tua boca, sem igual, Além do que pensara previsível.
Recebo o doce alento de um carinho, Entrego o coração a cada encanto. Da glória soberana eu me avizinho, Coberto pelo amor, perfeito manto.
As sendas que percorro; tão floridas, Trazendo este perfume inebriante. Atando dia-a-dia nossas vidas, Eu quero usufruir a todo instante
Da força que tu dás só por amar, De cada vez mais firme procurar. Marcos Loures
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Na estrela matutina, a noite escorre Seu último estertor, mal raia o sol. Amor que em nascedouro, cedo morre, Transformando em tristezas o arrebol O tempo soluçante, já não corre, A vida vai perdendo o seu farol...
Toda a alegria foge e já se esfuma, Distante desbotando, suas cores, Uma onda no meu mar, na praia escuma, Morrendo em fria areia em estertores, A sorte solta ao vento, leve pluma Levando para longe os meus amores.
Ah! Como fui feliz e não sabia... Agora só me resta a estrela fria...
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Na espreita, a velha fera desdentada Aguarda alguma tola criatura. Depois de tanto tempo em vã procura, Retorna aos afazeres, esfaimada.
Pantera pela vida maltratada, A quem uma esperança inda tortura Fazendo a quem percebe; má figura, Recebe como brinde a chibatada.
Assim como esta estúpida quimera Teimando dia-a-dia nesta espera, Eu sigo o meu caminho pela vida.
A fonte que por certo já secou Explicitando enfim, o que ora sou, Uma alma sonhadora e sem saída...
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Na espera deste amor que nunca vinha, As noites que passei foram sem fim... Dormias tão distante... Julguei minha A mão que não passava nem por mim...
Não posso perguntar pois, se advinha Da tua boca o brilho de um carmim, Ou era do meu sangue. Numa linha, Um bêbado bebia do teu gim...
As mentiras formaram as estrelas, Distantes dos meus olhos, não alcanço... Ó Meu Deus, como posso convertê-las?
Amor que me negaste, flecha e seta, Nos bailes que perdemos, nunca danço... A dor de tanto amar, me faz poeta!!! Marcos Loures
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Na espera de um sublime amanhecer Escuto tais palavras mais benditas, O quanto a vida empresta em bel prazer Trazendo para o sonho estas pepitas.
Ourives lapidando passa a crer Em noites e manhãs bem mais bonitas. Quem dera nos teus braços me perder, Buscando o teu olhar quando me fitas
E nele me embrenhando, ser teu par, Vivendo tão somente por te amar, Colecionando risos e venturas.
Entregue ao sentimento mais sublime, No amor que em perfeição já me suprime, Envolto em braços plenos de ternuras. Marcos Loures
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Na escuridão que outrora fora a senda Por onde caminhei em noite tensa, Nos olhos de quem amo, a recompensa Caminho em luz suprema se desvenda
De todos os meus dias, doce prenda A vida se mostrando em luz imensa No quanto em nosso sonho, já se pensa Desejo que se quer e que se atenda.
Faróis que redimindo o meu passado Das trevas de onde vim, tão belo lume, Permite que meu passo então se aprume
Trazendo o meu destino transmudado. Em plena fantasia, o bem gotejo Entorna inundações farto desejo... Marcos Loures
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Na escuma fria, olhos delicados, Amores santos, minha companheira... Os medos se transformam velhos fados, A mão que acaricia, derradeira...
Os montes desse olvido esfacelados, Na boca que beijei mais sorrateira, Teu seio alabastrino, doces prados, Por onde me embrenhei a vida inteira!
Não zombes tão sarcástica, te temo... Amiga tuas pálpebras fechaste. Por mares que perdi, quero teu remo,
Declino-me cansado sem ter haste, És jade que encontrei no meu caminho... Embriagado, cego por tal vinho! Marcos Loures
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Na enorme vastidão dos teus vazios, Estradas tão diversas, mas unidas Durante multidões as nossas vidas Estavam escondidas; lotes frios.
Se o tempo se mostrou em bons estios, Duvido que encontremos tais saídas Porões feitos senzalas, distraídas As almas se condenam sem ter brios.
Sombrios, os olhares que trocaste, O rio se perdendo sem ter foz, Condena-se ao terror feito em contraste
Com luzes que pensaste no horizonte. A boca amortalhando-se feroz Sangrando em nascedouro mina e fonte... Marcos Loures
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Na engrenagem do querer Cada peça tem seu fim, A vontade de te ver Vai tomando tudo em mim
Beijo a boca do viver Entranhando o teu jardim, Teu amor, nosso prazer Tanto bem que sinto enfim.
Envieso o meu olhar E te encontro numa esquina Teu sorriso me fascina
E me chama devagar Vem comigo sem temor, Neste encanto sem pudor... Marcos Loures
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Na embriaguez voraz que nos assoma, Delitos cometidos, mil pecados, Luxúria que nos toca, já nos toma Promessas são cumpridas, nossos Fados.
Dois corpos são um só em nossa soma, Desenhos onde somos mais sugados O mundo se fechando em tal redoma Refaz outros caminhos desejados...
Num êxtase em mergulho, teu suor Mistura-se em humores e salivas. A vida nos parece bem melhor,
Na entrega tão urgente e tão carnal, As horas se passando sempre vivas, No amor que a gente faz, assim, total...
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Na duradoura flama de um instante Estendo os braços meus e te procuro, Deixando bem distante o céu escuro Encontro a fantasia, delirante.
Amor não se guardando em uma estante Suplanta com vontade, espinho e muro, De todas as tristezas, me depuro E vivo finalmente em paz constante.
Amar é não temer vicissitude, Bebendo em fontes claras, juventude, Eternizando enfim quaisquer momentos
Aonde uma bonança já se expresse. Amar é se entregar a Deus, e em prece Cegar em luz pacífica, os tormentos... Marcos Loures
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Na dura sensação que tanto oprime, Espero, enfim, achar uma saída. Amada por mais louco que eu te estime, Essa situação? Mal resolvida.
Desculpe mas demora já não cabe. Eu tenho tanta urgência em resolver Aquilo que em nós já não se sabe, Difícil, minha amada, de conter...
Procuro me esconder, mas não agüento. Eu juro que prestei toda a atenção, Porém, sem resolver, eu me arrebento Aí; que vou fazer? sem solução!
Querida, eu daria o meu salário, Em troca deste vaso... sanitário!
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Na dura frialdade do granito, Reflexos do que fora o nosso caso... Amor que se findou fora do prazo, Amor que não resiste nem ao grito...
Amor que desconhece qualquer rito, Nasceu já terminando num ocaso, Viveu na teimosia, por acaso... Amor, tanta mentira te fez mito...
Na dura certidão que não me dás, Na dura solidão que me consola... Amor tão vagabundo se desfaz...
Nas pedras das paixões derrapou triste... Nas perdas da saudade entrou de sola. Amor que não existe não resiste... Marcos Loures
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Na dor tão solitária da saudade, Nos versos que te fiz, minha querida. O medo de encontrar fatalidade Que ponha mais em risco nossa vida...
Andando pelas trevas do passado, Encontro muitos rastros do que fui. Por vezes desse amor me vi privado, Castelo que sonhara, cedo rui.
Mas tenho uma esperança em ramaria, Da árvore mais frondosa do arvoredo. Passando por floresta mais sombria Agora, do teu lado, perco o medo...
Amor que me impedira de ter ninhos, Clareia todas pedras dos caminhos!
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Na dor em genuflexo punida Algozes “semideuses” disfarçados, Tomando as rédeas todas desta vida Perpetuando assim os seus prelados.
De coisas que até Deus, eu sei, duvida, Capazes são diabos desgraçados, Verdade que omitindo, adormecida Guardada pelos cães "ILUMINADOS.
Amar na plenitude do perdão, Recebo do meu Mestre esta ambrosia, Do néctar produzido em profusão
Produz cada pastor o amargo fel, Vendido qual castigo a cada dia, Um passaporte imundo para o CÉU.
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Na doçura desta boca Bebo mel a me fartar, A saudade sai da toca Vem depressa namorar.
No palácio, na maloca, No sertão, à beira-mar, Quando a lua se desloca Vou seguindo o seu luar.
Na areia desta praia A minha alma já se espraia E procura uma sereia
Que eu pensei que fosse minha, A saudade vai sozinha, Meu amor logo incendeia...
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Na doce podridão de cada beijo Roubado nestes becos, nas entranhas. No cheiro da cachaça e do desejo Misturas de malícias e de manhas.
Na venda sem pudores, sem lampejo, Tuas bocas abertas são tamanhas Vibrando sem sorriso e sem latejo, Nas procissões diversas, tão estranhas.
Os gritos simulados desta atriz Deitada em tantas camas, seco o mel. Fingindo finalmente ser feliz,
Deitada sob o peso desmedido Brincando de princesa em carrossel, Os olhos se perdendo, sem sentido...
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Na doce mansidão de um verso ameno, O amor mostrando a força leva o leme, Quem ama, com certeza nada teme, Trazendo o coração em paz, sereno.
A vida se mostrando em calmaria Permite cada verso que hoje faço, Moldando da esperança o fino traço, Raiando com virtudes, cada dia.
Um velho que semeie com cuidado, Espera, paciente; recolher Sabendo discernir joio de trigo
Assim ao ter o Amor sempre a meu lado, Encaro a minha vida com prazer Legando à força da alma, apoio, abrigo... Marcos Loures
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Na divina criatura Onde amor se fez mais claro, Encontro todo anteparo Traduzido por ternura.
Distante de uma perjura, Amor que se fez tão raro, No mesmo instante em que paro Seu carinho imenso cura
Tornando meu braço forte, Navegando nossos mares, Cicatriza um fundo corte.
Amor igual nunca vi. Por isso quando chegares, Tu me encontrarás aqui.
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Na desmedida forma da paixão Uma avassaladora descoberta Mostrada em cada verso, a sedução Amor adormecido; já desperta,
Fazendo de teu corpo uma coberta Meu agasalho encontro em tentação. Desejo de te ter, em doce alerta Provoca em nossa cama uma explosão.
Sabendo deste sonho que me entranha Além do que deixara no caminho A força se transborda, pois tamanha
E deixa o coração em desalinho. Alçando amor sereno, a vida ganha E não me deixa mais andar sozinho..
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Na derradeira noite deste amor Que nos trouxe tristeza e alegria A vida se mostrou ao teu dispor, Em plenas convulsões da fantasia
Dançávamos felizes sem temor Das horas de torpor, melancolia... Esquecemos que toda bela flor Por certo murchará, num triste dia!
Dores antigas matam sentimento. Nada mais restará senão adeus... Palavra sem sentido, leva o vento.
Minha alma não se cansa de lembrar O beijo que trocamos, sonhos meus, Ah! Brígida! No amor, foste ao luar!
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Na delícia e magia nosso amor A cada novo dia se transborda Fazendo da alegria seu sabor A solidão, por isso, nunca acorda!
Não vamos deixar de ser assim Roubamos da manhã raio de sol, Lutamos pelo amor até no fim, Sabemos, nele está nosso farol!
O nosso amor vadio vale a pena Percorrendo as paredes quando em cio, Uma doce paixão nos envenena, Não sabemos de inverno, só do estio...
Amando-te já sei desse amor pleno, Gostoso como o mel, doce veneno...
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Na dança tão sacana e desejada, Os lábios percorrendo uma nudez Que aos poucos, com vontade devorada Até chegar total insensatez.
Teus seios, minhas mãos, teus orifícios Abertos e pedindo sempre mais. As fodas que tiramos, loucos vícios, Em gozos sempre são fenomenais.
Tua xoxota aberta em minha boca, Teu grelo bem durinho, teu tesão. Invado com meu pau a tua loca Requebras, verdadeiro furacão.
Te quero bem vadia, uma cachorra, Teu mel se misturando à minha porra...
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Na dança sensual que tanto atrai Encantos esparramas pela cama. Meu beijo carinhoso sempre vai Na busca desejosa, fonte e chama.
Eu quero o teu prazer, que é bom demais E tudo se refaz em sintonia, Dois corpos que se encontram, canibais Na fome que fomenta e não se esfria
No céu de teus desejos, minha amada Cavalgas nos meus sonhos vens inteira. E beijo tua tez amorenada Na fúria que se fez tão costumeira
E todos os sentidos são usados, Até chegar ao fim, extasiados... Marcos Loures
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Na dança sensual em que passamos A noite tão gostosa que tivemos. Desejos e prazeres encontramos E todas as loucuras nós fizemos.
Qual árvore que cede tantos ramos, Abriste teus caminhos e vivemos Viagens divinais que desfrutamos Dos poços e das fontes nós bebemos.
Ainda sinto o gosto desta boca, Voraz e sem limites, tão molhada. A fome de te ter desnuda e louca,
Abrasa o dia desde a madrugada. Somente o pensamento já treslouca, A noite volverá mais aguardada... Marcos Loures
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Na dança que fazemos, Na cama que encontramos, De tudo já sabemos, Do quanto nos amamos.
Aos poucos percebemos Que sempre navegamos Os mares que queremos, Em luzes nos tornamos.
Desfruto deste sonho De ser teu cavaleiro, Amor nos traz risonho
Prenúncio costumeiro Do amor que te proponho Teu corpo tão faceiro..
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Na febre intensa; ardendo-me querida, Em teu corpo volúpias do desejo. Na tocha flamejante, nossa vida Se encontra nos prazeres que prevejo...
As ânsias no meu corpo já palpitam Incendiadas levam à loucura. Num turbilhão de gozos mais se agitam As noites tão sedentas na procura.
Errante me encontrando em tua selva Que salva sem ressalva, salga o gosto Semeio meu anseio nessa relva, Granando nossa festa, amor bem posto.
E os ventos que me sopras, delicada, Em tempestade intensa, apaixonada...
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Na febre delirante deste amor Que doma os sentimentos plenamente. Viver felicidade totalmente, Um sonho mavioso a se compor.
Entregue aos meus desejos, num torpor, Um frêmito domina o corpo, a mente Esfusiante anseio que se sente Na insensatez que é feita em puro ardor
Saber que a cada noite sou mais teu, Meu rumo nos teus braços se perdeu Vibrando de emoção num gozo intenso.
Mergulho que fazemos em nós dois, Sem medo do que venha, assim, depois, É tudo o que eu mais quero. Amor imenso! Marcos Loures
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Na fantasia louca da paixão, Tatuada em meu corpo a tua imagem, O amor que fora um dia, uma miragem Acorda intensamente qual vulcão.
Tomando o pensamento em cada vão, Permite ao coração rara viagem, Encontra no meu peito uma estalagem E farta-se de vinho luz e pão.
Indivisíveis partes, de nós dois Formamos um só ser que d’ora em diante Seguindo este caminho fascinante,
Sem medo do que foi nem do depois, Da soma que este amor já multiplica Alquímica mistura rara e rica...
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Na fantasia inútil eu me deleito E sei da falsidade, mas não ligo, Quem dera se eu tivesse o que persigo, Porém sozinho eu juro não me deito.
Por mais que o temporal invade o peito, Eu tenho dentro em mim meu próprio abrigo Na raridade imensa desse artigo Qualquer carinho eu fico satisfeito.
Agita o coração um verso breve O gosto de teu beijo já se atreve E muda toda a sorte de onde eu vim.
Plantando amor perfeito nada deu, O quanto que sonhara e já morreu Permite qualquer flor em meu jardim... Marcos Loures
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Na fantasia intensa, amor flutua Num ato de divina insanidade, Deitando sobre nós a clara lua Permite vislumbrar felicidade.
Quem há de duvidar desta potência Que estende tanto encanto em meu jardim. Aroma em que se dá paz e clemência, Exala tal fragrância sobre mim.
Assim sem duvidar da fortaleza Que é feita com carinho e com ternura, Espalha em meu canteiro esta beleza Além do que se quer e se procura
Por isso, eu não me canso de falar, De todas as maneiras hei de amar!
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Na fantasia intensa do prazer Que imersa nossa imensa sensação Nos insensatos sons sabemos ser Sortidas inserções, intercessão,
Sessões quase diárias, convulsões, Se temos concessões a nos ceder Cedemos aos sentidos sem senões, Sabemos insensato proceder.
Se sim ou sem senso sou servil E sinto como é vil se assim não fosse, Não quero me sentir um ser tão vil, No incenso que acendemos, solto e doce.
Na fantasia acesa deste sonho, Pressinto procissões de amor risonho...
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Na face carcomida e tão medonha A podridão se exala em cada poro. Da trágica figura, mais bisonha, Reprodução é feita por esporo.
A cérvice em faceta má, tristonha, Em garatujas tuas, me decoro, Arcaicas ilusões para quem sonha, Não tendo nem um pingo de decoro
As velhas meretrizes se encontrando, Profanam as verdades e as embotam, Na cópula em todos penetrando,
Sodomitas, nos pobres sempre botam, No atrito que isto faz; uma inclemência, Ao povo restará somente ardência...
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Na dança dos corpos que se buscam Intensas sensações se derramando, No amor que nos queimando em fogo brando As horas doloridas já se ofuscam.
No lusco fusco vejo a silhueta Da moça que desejo. O peito espera O renascer enfim, da primavera, Riscando este infinito, qual cometa
Remansos nos teus braços, plenitude. O amor que renascendo em juventude Alvíssaras; espalha em meu caminho.
Sabendo que tu vens neste momento, Recebo deste sonho paz e alento Em forma de palavras de carinho... Marcos Loures
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Na dança deste amor sem medo, em glória, Os versos se tornando bons acordes, Na vívida impressão desta vitória Não quero mais dormir, e não me acordes.
Amamos sem juízo; em nossa história, Com toda uma fineza fossem lordes, No fundo nossa mesa é bem simplória; Porém no nosso amor tantos recordes
De beijos, de carinhos sem ter fim, Do mundo que roubamos para nós. Do sentimento puro e bom assim
Que nada neste mundo nos supera. Atados na medula, nossos nós, São mansos e tão doces como fera... Marcos Loures
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Na colcha de retalhos, poesia São asas entre os ases e os coringas, As águas cristalinas nas moringas Morangas e morangos; tango cria.
Rimando por rimar, romãs e Romas Remando contra o mar, manhãs e sóis. As ondas dos cabelos caracóis Comando; se desando, dando em comas.
No lombo do cavalo fogaréu Corsário coração sabe das teimas, E quando em contrabando tudo queimas,
Espalhas o andaluz, seduz corcel, E assim sem sim sem não, senão talvez, Prefiro um puro sangue em mangue inglês...
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Na claridade intensa, novos dias Que possam me esconder o que passamos. Levando assim em conta as melodias Que há tempos tão crianças escutamos.
O tempo que em amores, fantasias Felizes, num momento relembramos. Os versos das sensíveis poesias Dizendo de ilusões que já riscamos.
Ariscos corações são solitários, Desejos que escreveste em teus diários Apenas são retratos na gaveta
A bela adolescente envelheceu, Porém a voz jamais se emudeceu No rastro indecifrável de um cometa...
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Na ciranda dos braços, carrossel. Rodando em minha mente, leve encanto. Vagando nas tiaras deste céu Tocada pelos olhos, pelo manto
Coberto de esperança, frágil mel, Roubado num segundo, noutro canto, Voando um coração perdido, ao léu, Ao ver tanta beleza, assim, me espanto...
Ciranda dos abraços, da amizade Que faz nosso futuro majestoso, Dedilha novos versos, liberdade,
Semeia um novo mundo em redenção. Matando o que se foi, tempestuoso, Mostrando na ciranda, a solução... Marcos Loures
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Na cicatriz do amor que foi demais, O gosto do que fora já se aflora. Não sei se poderei falar agora Do tempo que não volta nunca mais.
Descendo de esperanças ancestrais Na voz que se calou, antes canora, A tarde dessa vida, não sonora Morrendo em cada curva, cala a paz.
Restando o sentimento de costume Quando deste rosal, seca o perfume. O medo do futuro sei que invade.
Não vivo mais pensando em ilusão, Fechando toda a porta, coração, Te peço pelo menos, amizade...
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Na chama sem limites, luz intensa Sentindo este calor deveras mago Vagando sem destino em noite imensa, Recebo o teu carinho e teu afago,
Amor que traz amor por recompensa É placidez divina em calmo lago. Que a sorte em nossa vida nos convença Bebamos deste amor divino trago.
E neste embalo vamos sem demora, Quem sabe faz melhor, pois faz agora! Caminhos do passado desprezando.
Eu tenho uma esperança que não cala De toda esta emoção que me avassala Futuro destemido, embora brando... Marcos Loures
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Na chama que provoca as ardentias Incêndios que não posso mais conter. Vertendo uma vontade em alegrias, Sangrando nas delícias do prazer.
No fogo deste gozo, estas folias, Loucuras que teremos por fazer. Luxúrias e desejos, fantasias, Não quero mais calar nem vou conter.
Prepare-se querida, pra emoção Que eu sei fará do dia imenso sol. Fartando nossos corpos em pecados,
Bacantes que se mostram qual vulcão Ateamos fogueiras no arrebol, Juízos, precauções? Exterminados...
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Na chama da saudade, de repente, Ardendo em mais cruel e quente fogo, Meu coração se mostra renitente E foge num momento deste jogo,
No qual não adianta qualquer rogo, Nem mesmo uma palavra condizente Assim tua lembrança, tão ardente, Refaz o sofrimento e desde logo,
Marcando no meu peito tais feridas Tatuam com imagens más, doridas Matando o que se fora liberdade.
Na luta desigual, por toda a vida, Desde o começo, a sorte já perdida... Vencer esta saudade, quem há de? Marcos Loures
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Na certa, minha amiga, ainda sofres Em cada noite fria, sem ninguém... A vida se guardando em tantos cofres, Depois dessa saudade, triste bem...
Eu desejo um futuro mais risonho, Capaz de te livrar da solidão. Em todos os momentos te proponho Os sonhos tão divinos da paixão.
Eu quero que tu sejas mais feliz Embora certa dor nos acompanhe. Brindemos ao futuro que se quis, Nestas tantas borbulhas de champanhe.
E viva o novo mundo que te espera, De amor e de alegria, se tempera...
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Na casa de sopapo o cheiro do café Entrando na janela, a brisa da manhã A roupa no varal, na missa, reza e fé. E logo recomeça o mesmo e duro afã.
O galo que cantava encontra já de pé A moça debruçada ao sol dum amanhã O velho namorando um gole de rapé Já sabe sem pecado, o gosto da maçã.
Na foto da parede, antigos moradores, Amarelado sonho em prazeres e dores. A moça coça a coxa, a saia levantada
O velho num olhar percebe a bela cena. Lembrando da senhora em foto amarelada Na coxa desta moça, o passado inda acena.
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Na casa casamata e cachoeira. Nos trapos, meus farrapos e camisas... A vida vadiou vagou inteira. As brasas abraçaram mansas brisas.
Repelente, passei, qualquer maneira... De repente vesti perdi as frisas... Lá fora vou dormir na trepadeira. Chegavam as falsárias mona lisas...
Perdido fui vencido sem ter chances... Nas bocas que beijei forjei romances... As tralhas carreguei, virei alforje...
Cavalos que fugi, quem dera Jorge. Dragões que não venci, são meus fascínio. Amores que perdi, finos declínios! Marcos Loures
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Na carta que enviaste, triste fim... Chegamos sem querer ao fim do poço! A dor que sempre esteve, guardo em mim. As lágrimas me causam alvoroço.
Resumem nossa vida. Do festim Que preparamos resta o fosso, As noites debruçadas no cetim Memórias deste quadro sem esboço...
Não posso permitir que assim termine, Amores que vivemos, são mais fortes... Os beijos que trocamos, velho Cine...
Carícias e delírios , não esqueço... Amor que vai morrendo, fundos cortes, A carta que enviaste: não mereço! Marcos Loures
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Na carta que deixaste sobre a mesa, Usando este perfume que eu te dei, O amor já se perdeu na correnteza. Tristeza faz a festa. Eu me estrepei.
Castelo se perdendo sem ter rei, Rainha preparando esta surpresa De tanto que em loucuras eu te amei Fingiste me querer. Que safadeza!
Nas folhas cor-de-rosa do caderno, Certeza de viver em pleno inferno, As lágrimas caindo do meu rosto
Molhando este papel onde selaste Destino que tu mesmo comandaste Deixando ao coração frio e desgosto... Marcos Loures
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Na carne decomposta, em podridão Os vermes que passeiam mal concebem O quanto todo o sonho foi em vão, Eflúvios mais mordazes já recebem
De quem dilacerou, rendida ao não, Venenos que os entranham, não percebem. Estrela que se fez em negação, Das carnes putrefatas, comem, bebem...
Entregue a tal banquete, a bela diva, Seus olhos devorados, em carniça Aquela que já fora tão altiva
Motivo de rancores e cobiça A carne resguardada é dividida Ao menos refará então, a vida.
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Na carícia perdida este vazio De amor que não se fez, restou ausente. Do verso que não brota; o nada eu crio Deixado como um rastro, simplesmente.
A boca procurando um beijo frio De quem partiu outrora descontente. Nenhuma piedade eu principio Até porque minha alma nada sente.
Do nada que já fomos; nada resta Senão as simples cinzas de um cigarro Jogadas no cinzeiro da esperança.
Carícia que não veio já me empresta O gosto lancinante onde me esbarro, Às vezes no vazio da lembrança...
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Na capa da revista, ei-la desnuda. Pensando ser a dona do pedaço. A vida com certeza tudo muda, Depois de certo tempo. Só bagaço.
Minha alma só por vê-la ficou muda, Do amor que a gente teve, sequer traço. Sem ter uma ilusão que inda me acuda Eu perco o meu caminho passo a passo.
Apenas é papel e nada mais, Depois de certo tempo vira nada, A pose mesmo sendo tão ousada
Dizendo os tais ensaios sensuais. Porém quem fez da luta o seu refrão Agora é vaca em plena exposição... Marcos Loures
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Na capa da revista a moça bela Revela que não deu pro jogador. Acendo ao infeliz alguma vela A culpa na verdade é do doutor.
Que quando se aproxima da procela, Faz cara de babaca e sofredor. Mostrando o seu sorriso nesta tela Ao caso num descaso sem valor.
Rancor eu nunca guardo, aguardo o fim E desde que não seja um bom final, Pouco me importa a porta ser assim,
Se é cômodo se a cômoda acomoda A moda vai mudando, é sempre igual. A terra não descansa, sempre roda...
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Na cantiga de roça, uma emoção Que vestida da chita da esperança Canta nas asas livres do azulão Nos acalantos mostra nova dança Voando nestas asas da ilusão. Deixando nossa vida em confiança.
Batendo bem mais forte no meu peito Um coração sofrido e já marcado Que nem sabe bater mais satisfeito De tanto que cortou-se, machucado. Agora sem saber se vai direito Exposto neste vento do passado...
Restando esta cantiga de amizade Do canto que se fez da liberdade...
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Na canoa furada deste amor Vazando em mil buracos, água tanta Enquanto a poesia já se espanta Eu sigo sem ter algo a te propor.
A culpa é deste insano sonhador Que tenta sem embargo qualquer manta A moça se faz louca, mansa ou santa, Deixando como herança frio e dor.
Acendo o meu cigarro e vou à luta Arcando com enganos, força bruta Jamais justificando meus enganos
Senzala da emoção, eu bem mereço, O amor já se esqueceu deste endereço E sabe o bem quer, tem outros planos...
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Na canção que preparo em serenata Versos inevitáveis sobre amor. Que pega, acaricia e que maltrata, Me leva, nos seus braços, onde for...
As noites que passei, todas em claro. Olhando essas estrelas e cantando. De tanto, tanto amor que te declaro, Nos braços deste amor vou me encontrando...
Serenata que faço; madrugada, Trazendo uma esperança de viver Ao lado de quem sempre foi amada, Nos braços em que quero me perder.
Trazendo lenitivo a tanta dor, Nos lábios que beijei, em puro amor...
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Na canção em que louvo uma amizade Cintilam esperanças sonhadoras. Meu verso traduzindo uma verdade, Dourando esta certeza, revigoras.
Passando pela força de vontade O tempo vai passando, em outras horas. Resplandece portanto em claridade, Imagens tão felizes, redentoras...
Mostrando a limpidez deste meu canto, Que emerge em noite clara, verso e luz, Pintando nossa vida em tal encanto
Dos astros mais brilhantes, sonhadores, Além desta vontade reproduz Mais forte ,em amizade, meus amores...
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Na canção de despedida Que cantavas para mim, Tu levavas minha vida, Dura seca em meu jardim
O que faço se perdida Minha sorte, pois no fim, Sem saber mais a saída, Como viverei assim?
Mas o tempo muda tudo Cicatriza qualquer corte, Quem pensava até na morte,
Coração ficando mudo, Noutro olhar fazendo o ninho, Abre o peito, passarinho... Marcos Loures
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Na cama sem limite, a desfilar, Constelação de gozos mais profanos, Os olhos se procuram, sem enganos, Fartura que se mostra e quer ficar.
O gozo de um prazer faz levitar, Desejos entre sendas soberanas, Do tanto em que mergulhas, tenho ganas Entremeando pernas; par em par.
A boca umedecida de vontades, Os lábios sequiosos não se cansam, Enquanto outros orvalhos não se alcançam.
Reflete em transparência e claridades, A chama que incandesce e nos domina, Enquanto jamais seque, o poço, a mina... Marcos Loures
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Na cama esta mulher se faz tão puta Abrindo suas pernas com sorrisos, Entrega sem pudor os paraísos E mostra-se cruel enquanto astuta.
Na louca sensação abrindo a gruta, Permite que meus lábios mais precisos Acenda o fogaréu sem mais avisos E finge que resiste, em falsa luta.
Disfarçando-se em mito e castidade, Se esconde sob um véu, uma donzela, Da puta que conheço, na verdade,
Apenas uma marca no pescoço Mostrada para poucos, se revela, A foda mais gostosa em alvoroço...
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Na calça que trocaste Macetes diferentes, Depois deste desgaste Prazeres sei que sentes.
Defeito que mostraste, Por certo para as gentes, A calça virou traste, Em cortes mais prementes.
Pegaste uma rasgada Em troca mais fecunda, Costura desmanchada?
A mão ali se afunda, Levaste camarada, Rasgada bem na bunda...
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Na caça que se faz a cada dia A presa não esboça reação, Enganos que se extremam, ilusão Transforma a realidade em fantasia.
A mão que assim tortura, audaz e fria Ancora em cada peito a negação. O tempo que passamos foi em vão A vida na verdade é mais sombria.
Sem jeito de encarar a correnteza, Vencido pela dor de uma incerteza Humanidade corre contra o vento
Caminho sempre o mesmo, se perdeu, Deixando para trás o que aprendeu Marcado pela cruz, o sentimento. Marcos Loures
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Na caça pela casa que não vem Depois de tanta curva, verso e lua. Chegança de mais nada nem ninguém Apenas a beleza exposta e nua
Na calçada do nada. Pego o trem; Velha senha esquecida, continua Estrada tão extrema sem alguém Deitada sobre as pedras desta rua.
Deixar amor crescer e ser mais forte, Beirando este caminho já sem volta. Ao refazer o pão tramando a morte.
Ao se tornar o vinho entorna a vida. No sangue que não causa mais revolta, A noite das estrelas vai perdida...
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Na caça do que sou e não podia, Fagulhas esparramo sem sucesso. Vencido pelo tanto quanto iria Não tenho em minha sina este progresso.
Meus erros na verdade eu não confesso, Decerto abalaria a alvenaria Por isso, minha amiga aqui te peço O empréstimo que o préstimo devia.
Servia qualquer coisa, te garanto, Um resto de lençol, um vaso fosco, O quanto sou vadio e sigo tosco
Ofusco teu crepúsculo com sóis. Não tendo a garantia, nada após Aposto qualquer risco em qualquer pranto. Marcos Loures
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Na busca pela Serra, Jatobá, Deserto sertanejo se agiganta. O sonho que domina levará Decerto ao paraíso que me encanta.
Festança tão gostosa, uma ciranda É dança que se faz a noite inteira, A lua derramando na varanda, Perfume de botão de laranjeira...
A boca quer a boca da morena, Mil juras de um amor que não tem fim, Enquanto um gozo imenso já se acena Esqueço pra onde vou e de onde vim.
Porém em falsidade o diamante, De vidro se quebrou num só instante. Marcos Loures
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Na busca deste amor mais verdadeiro Estive em mil estrelas, belos sóis, Além de um sonho simples corriqueiro A vida necessita seus faróis
Na mão de um raro artista tal tinteiro Espalha a maravilha em girassóis, De todos os meus cantos o primeiro Tramando a fantasia em meus lençóis.
Agora ao ter teu corpo junto ao meu O mundo em um momento renasceu E trouxe uma esperança em poesia.
Vencendo esta saudade que ficara A vida se tornando bem mais clara Encharca o meu viver, pura alegria.
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Na bruma em que te escondes, Solidão, Sentindo-me falena em busca ao lume, Aguardo o seu carinho, uma ilusão, Na cura que se mostra de costume...
Vagando sem ter rumo, na amplidão, Espreito e vou imerso num queixume, Às voltas com beleza; solução, Da mulher que inocula o seu perfume....
Chegando para o náufrago qual bote, Que salva da terrível tempestade, Amor é muito mais que simples mote.
Essência de uma vida salutar. Não posso conceber felicidade, Sem lua que esparrama-se no mar...
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Na dança das palavras deste verso Vencidos os meus medos insensatos. O sentimento invade-me diverso Mostrando na parede teus retratos. Paredes infinitas do universo, Desejos instintivos pois inatos Aos poucos me tornando tão disperso, Distante das vontades e dos atos. Mas sei quanto te quero, isso me basta. Por mais que sejam duros os caminhos, A sola de minha alma já bem gasta É testemunha clara dos meus dias, Buscando noutros braços os meus ninhos, Tentando em tua boca, as alegrias...
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Na dádiva sublime da paixão Ancoro o meu saveiro da esperança Fazendo com a paz, clara aliança Encontro finalmente a direção.
O rumo se perdera na amplidão, Agora ao perceber tal temperança, Não deixa para a dor sequer lembrança E avança sem temor ou negação.
Carrego no bornal, estrela e lua, Meu passo com firmeza continua Até chegar a ti, maravilhosa.
Eu planto uma alegria em meu canteiro, Colhendo amor sincero e verdadeiro, Minha vida se mostra em palma e rosa.
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Na cripta do meu sonho artemísias plantei Vulcânica falácia em torno das entranhas O vaso incandescido em amor mergulhei Farturas em fornalha, arpejos e montanhas.
O quanto desusado amor que te guardei Mostrando alvoroçado as mais divinas manhas Somando este nós dois o total encontrei. Nas horas que hora são as luzes são tamanhas.
Mas tenho esta redoma aonde recebera A flor do teu desejo em álgica quimera Agora sem queixume eu sigo o teu rocio.
No rastro já rastejo um fênix ressurgido No amor regurgitado o gozo dolorido No qual insanamente a mente eu já vicio..
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Na corrente tão calma deste rio Coloco meu desejo, embarcação, Jamais me esquecerei do nosso estio, O cais onde pretendo atracação.
No tempo mais preciso deste afeto Abrias para mim o paraíso. O frio, no teu cio ganha veto, Calor tão flamejante que preciso.
Ao mar deste delírio, meu destino, No labirinto perco meus sentidos. Neste rubi que trazes, perco o tino E sinto levemente os teus gemidos.
Amada. Neste rio busco o mar, Imerso em tal fartura, quero amar!
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Na contraluz das sombras, a tristeza, Em caricatas cenas chama à luta. Indiferente à sorte e à beleza, Eu permaneço insosso em minha gruta, Um eremita busca uma defesa Que seja sem discórdias, impoluta.
Noctâmbula vontade se liberta Nas fráguas de uma lua sedutora. Paixão que vai servindo de um alerta Atesta minha sina sofredora. Se deixo o coração com porta aberta Nem mesmo uma alegria redentora.
Nos sóis que me amortalhas, ledo amor, Poente da saudade a me compor...
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Na brasa que te queima, vou me arder Eu não deixo apagar esta fogueira, Querendo no teu corpo, ter prazer, E assim vagar contigo a noite inteira.
Paixão que nos tomou, é conselheira? Não quero nem preciso mais saber. Somente nos teus braços a verter Magias desta fome verdadeira
Que chama para a festa, pro banquete, Soltando mil rojões, tanto foguete, Em forma de alegria, e louco gozo.
Irei me dedicar, amada lua, A tanta maravilha, bela e nua, Do jeito mais sublime e mais gostoso...
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Na boca sequiosa, carmesim, Beleza feminina extasiante, Querendo te tocar a cada instante Percebo-te mais perto, bem assim...
Qual rosa enrubescida em meu jardim, Com rubros tons divinos; deslumbrante Num beijo mais ardente e tão picante Desejos acendendo dentro em mim...
Perfumes e carinhos, qual miragem, Invades minha cama e me conquistas. Procuro pelos passos, rastros pistas
Que deixem percorrer louca viagem. Fazendo no teu corpo mil revistas, Aos poucos, desfazendo a maquiagem... Marcos Loures
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Na boca que sorri, santa malícia Expressão de pudica insensatez; Sabendo deste sempre, nas primícias Adivinhei sem medo do talvez.
A moça em timidez mal disfarçada Chegando calmamente, se desnuda Mostrando em provisão, ser abastada Um pássaro que vi, em plena muda.
Agora em multicores, maravilha E toma este cenário, sem perguntas. Almas que se buscando encontram trilha Aonde possam ir decerto, juntas.
No respiro ofegante sou corcel, Viagem que fazemos rumo ao céu... Marcos Loures
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Na boca que mordendo me beijou Bijuterias fingem ser tesouro O couro que em teus lábios desancou Matando o que pensei ancoradouro.
A lebre levantada já fugiu Na cajadada em falso, fiquei só. Castelo de esperança cai sutil Restando em minha cama o vago pó.
Vadeia pela noite a meretriz Vendida nos bordéis, pintando borda Levando toda espera do infeliz Rebenta do meu lado, a mesma corda.
Acordos pendurados na janela, Vontade de voltar e ser só dela... Marcos Loures
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Na boca que me beija vem bactérias Nas horas que rolamos, a canseira... Misturas que fazemos, de matérias, Roubamos toda cena, verdadeira...
Não posso conceber tantas misérias, Nem posso reclamar desta bandeira, Desculpe meu amor, entrei de férias, Dormimos noutras camas, minha esteira...
Não quero nem mereço um novo pódio, Nem sinto a liberdade que vivi, Destilas pouco amor mas queres ódio.
Revelas mais cruel, vil propensão Não posso nem preciso estar aqui, Perto de ti já bate o coração! Marcos Loures
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Na boca que me adoça um puro mel, Mordida nos meus lábios, sangue à vista. O corte se mostrando mais cruel Sem nada que o tampone, amor despista.
Mandei o nosso caso ao beleléu, Agora em outros braços sou turista, Não quero mais juiz, nem sou bedel, Agora, pra negócio, estou na pista.
Não pude ser romântico ou otário, Poesia é um mal desnecessário, Melhor é ser cambista da emoção.
Não sei tocar sanfona nem pandeiro, Soltando os passarinhos, sem viveiro Eu faço das mentiras meu bordão Marcos Loures
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Na boca mais voraz que tanto busca Prazeres infinitos e sedentos, A luminosidade nos ofusca, Tomando sem limite os pensamentos.
Afago tua pele, e beijo manso, Descubro tuas minas e segredos, Adentro sem juízo o teu remanso, E alcanço a plenitude, boca e dedos.
Recebo teu carinho sensual, E vibro em mil prazeres, transtornado. Amor que a gente faz, já sem igual, Tem o poder e a força de um tornado.
Numa avalanche em gozos e luxúria, Prazer tempestuoso, fogo e fúria... Marcos Loures
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Na boca graciosa, o riso franco, De quem sabe viver e ser feliz. O sangramento na alma sempre estanco Nesta alegria imensa que me diz Que a vida, meu amor, já vale a pena, Que mesmo a fantasia nos consola. Por mais que esteja só, a vida acena E toda uma tristeza se controla Com palavras mais doces, mais sinceras, Tu sempre conseguiu ser lenitivo, Mesmo quando sozinho, entregue às feras, Mesmo quando da dor eu fui cativo... Por isso minha amada companheira, Preciso estar contigo a vida inteira!
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Na boca do dragão, a labareda Lambendo as esperanças, queima tudo. Por isso é que cansado, eu não me iludo, E sigo com firmeza outra vereda.
Na tua camisola, pura seda, Beleza que me deixa sempre mudo. Porém o teu amor, pouco e miúdo, Não deixa que ilusão já se conceda.
Beirando a mais estúpida loucura, A farsa que montaste não me engana, Não posso assoviar e chupar cana,
Nem quero mais no amor qualquer tortura, Apenas ser feliz viver em paz, Atrás deste dragão; vi Satanás! Marcos Loures
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Na boca da botija perco o gol, Um artilheiro sabe do que eu digo, Dizer do que pensei, porém não sou, É tudo o que não quero; vão perigo.
Se tudo o que não tive assim restou Estou sempre à procura de um amigo. O vaso da esperança não quebrou Quem sabe, de outra forma? Não consigo...
Eu tenho meus defeitos, sou sincero, E tudo o que desejo, o que mais quero Jamais imaginei poder tentar.
Vivendo por viver, nada mais resta Senão a solidão que enfim protesta: - Espere a tua morte, devagar! Marcos Loures
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Na boca da botija ele foi pego, Comprando um delegado, por milhão. Porém isso jamais foi corrupção Declara um advogado sem apego.
Verdade é que jurando eu sempre nego, Não tenho por dinheiro uma afeição Nem mesmo representa tentação, Eu sigo totalmente surdo e cego.
Dinheiro pra banqueiro não faz falta, Nem mesmo o que o ladrão esperto assalta Problema é com a tal seguradora..
A gente já tem cara de babaca, Não sei como livrar-me desta inhaca, Coloque suas barbas na salmoura... Marcos Loures
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Na boca da botija dei um beijo, Do pé de vento veio pontapé. A goiabada sonha com um queijo Até de chimpanzé um cafuné.
A boca desta noite está fechada A cárie em cada dente estragando alho Quem tanto espera nunca encontra nada, O galo acorda cedo e tem trabalho?
São tantas discrepâncias nesta vida, Tem coisas que até Deus, creia, duvida. Parece São Tomé, vendo pra crer.
Mas saiba que somente uma certeza Domina o meu caminho sem surpresa, Em ti querida, eu tenho o meu prazer! Marcos Loures
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Na boca abençoada, louca e pura, Recolho cada gota de prazer, Chegando assim às raias da loucura Percebo a maravilha de viver.
A noite que já fora tão escura, Clareia a cada novo alvorecer, A dor da solidão encontra cura, Nos braços da mulher, meu bem querer.
Trafego por espaços siderais, Viajo em teus caminhos sensuais, Em cada porto um manso ancoradouro,
Agora que descubro a bela rota, Amor que tanto faço e não me esgota Permite que eu vislumbre este tesouro... Marcos Loures
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Na boca carmesim que me ofereces, Cintilam as estrelas em tiaras, Os beijos são altares, nossas preces, Alagam-se em ternuras, claras, caras...
Pedindo que o amor demais; confesses, Teus braços nos meus braços quando amparas, Propagas ilusões, tresloucas, teces Com fios prateados, luas raras...
Na limpidez tranqüila de teus lábios, A lividez do medo não desponta. Meus sonhos já procuram rumo. Cabe-os
Nesta harmonia imensa e sedutora Desta emoção sincera que desponta, Na boca que ofereces, redentora...
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Na briga da parede com o mar Não quero ser uma ostra na parede... Só tenho mais pancadas pra tomar, Morrendo no final, de frio e sede...
Maré quando subia me avisava Cai fora qu’uma noite não é nada, Teimoso, bicho burro, que ficava, Se não morrer agora, madrugada.
Não quero mais ficar exposto tanto E tomo meu partido, tô partindo... Mas, pena que te amei, prá teu espanto... Uma onda arrebentando vem surgindo...
Depois de tanto tempo sem amor, Destino inda me faz esse favor!
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Na blusa levantada da menina Os seios apontando tão famintos. O quanto de desejo me alucina Ao invadir depressa os seus recintos.
Deixando o meu olhar quase que alheio Fixando meu prazer em carne fresca, Mordisco em pensamento cada seio, Na fome sem limites, gigantesca.
Guardando no seu corpo o gozo imenso De quem sempre adivinha uma vontade. Depois de certo tempo me convenço Da fúria da menina- liberdade.
Na blusa transparente ela percebe Olhares mais famintos que recebe.
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Na brisa que amizade agora traz Eu sinto em meus cabelos, teu afago, Na placidez divina deste lago, Resumo o quanto a vida é bem capaz.
O bem que me entregaste satisfaz Bebendo mansamente cada trago Cicatrizando enfim, do amor o estrago Meu passo com certeza mais audaz.
A calmaria feita em rara festa A luz vai penetrando pela fresta E inunda todo o quarto, teu luar.
Percebo que talvez inda reste A cura para a triste e fria peste, Posso agora, enfim, recomeçar. Marcos Loures
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