
MEUS SONETOS VOLUME 091
Data 18/12/2010 17:37:10 | Tópico: Sonetos
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1
Na beleza do verso espero encontrar luz... Na tristeza do canto espero pela vida... O peso que carrego, imenso desta cruz. Na curva desta estrada, a vida anda perdida..
No peito machucado exposto a tanto pus, A noite se mostrava angústia e despedida... Na mão que guerreava essa expressão do obus, A hora da chegada é hora da partida...
Não posso perdoar, nem quero essas escusas... Nos versos que componho espero pelo encanto... Nas noites que sonhei, por certo tantas musas.
A beleza do sonho está na fantasia... A singeleza clara espelha um doce canto... A lua que brilhava espera um belo dia!
2
Na beleza do sol que se levanta, Numa explosão fantástica do dia. Imensa claridade que me espanta Uma fotografia da alegria.
Assim como este sol em forte brilho, Teus olhos quando acordo me iluminam... Nos reflexos das luzes, maravilho; E seus raios divinos me dominam.
Fulgor estonteante desses sóis, Em ambos o calor que tanto busco. Da noite que tivemos, nos lençóis Macios com carinho louco e brusco...
Flutuo em cada olhar, teu e do sol, E deposito a vida em tal farol...
3
Na brisa que nos toca devagar Eu sinto um manso afago, delicado. Pressinto como é bom poder voar Estando assim, querida, do teu lado.
Quem sabe sobrevoe o grande mar Ao Porto mais querido e desejado No colo de quem amo aterrissar Estando sempre mais apaixonado...
E juntos, sempre juntos, decorarmos O mundo num festejo sensual. Em rendas do Alentejo te vestir,
E todos os momentos desfrutarmos Tomando deste vinho tropical Sem nada nem ninguém para impedir! Marcos Loures
4
Na bela catedral, ternura e prece Clamando em harmonia uma esperança. O quanto te desejo e não parece Deixando bem distante a confiança.
Afianço em cada verso o sentimento Que seja na verdade suficiente Mostrando a calmaria deste vento Que toca o coração; domina a gente.
Não chores mais querida, estou aqui Decerto imaginaste outros caminhos. Não sabes que em teu canto eu percebi Dolência dos divinos, raros vinhos.
Espero que me ouvindo, seque o pranto Em ti eu concebi perfeito encanto...
5
Na beira do São João tu me garantes Existe campeonato de mosquito Um grande outro maior, eu acredito, Pois sei destes insetos tão gigantes.
Um bicho que mordendo o pobre Abrantes Secando todo o sangue deixa aflito Não adianta, é certo, nem um grito, Parecem voadores elefantes!
Pernilongos gorduchos; te garanto, Calamidade igual; só conheci Em terras mais distantes, eu confesso.
Bebendo todo o sangue, tanto, tanto Em gula sanguinária tem ali, Habitam em Brasília, no Congresso!
6
Na beira do caminho Sentado, solitário... Eu ando tão sozinho, Perdi o itinerário...
Quem dera um passarinho, Não fosse temerário Viver sem ter seu ninho, Num mundo ledo e vário.
Sou quase um bicho triste Sem ter o teu carinho, Amor demais existe,
No peito pobrezinho, Querendo o teu alpiste, Amor de um canarinho...
7
Na base do já foi ou quem me dera, A moça na janela espera a banda. O verso que eu buscava já desanda Apenas o vazio me tempera.
Num velho palacete ou na tapera A gente não tem jeito, amor desmanda A lua se escondendo tão nefanda, Quem sabe se eu pedisse, mas pudera!
Pondera sem Pondera, vem careta, A coisa está ficando bem mais preta, Moedas escolhendo o meu destino.
Deu cara novamente pra bater, Não sei nem mais talvez o que dizer, Amor perdendo o rumo em desatino... Marcos Loures
8
Na beira de um regato fiz meu lar; Chamei-te para vir morar comigo Agora já cansei de te esperar. Será que enfim mereço este castigo. Nas noites bem mais claras de luar, Eu busco nos teus braços meu abrigo, Mas nada... Nem sei mais onde te achar. Que faço sem teu braço... Não consigo Viver sem teu afeto, sem carinho.. Saber que sempre irei perdendo o rumo... Meu canto sem descanso, um passarinho Sozinho nunca faz um bom verão. Preciso de teu corpo, sede e sumo, Espero... Venha logo... Amor... Paixão!
9
Na baba que escorria em Babalu Babás e babaquice em altos brados Beata vai mostrando o corpo nu Entre milhões de tombos dos bem dados
Eu gosto de beber cupuaçu Desde que lancem sempre os mesmos dados, Não digo que eles sejam viciados, Mas temo o teu sorriso de urutu.
Mulher que descabida, no cabide Quando não vou tão fundo já decide E faz do guarda roupa o seu motel.
Eu peço então desculpas à platéia Na cena quase explícita a mocréia Tomou de uma princesa o seu papel. Marcos Loures
10
Na ausência deste amigo que partiu Por distantes caminhos dos meus olhos... Na ausência de flores que se viu Dos antigos buquês, de tantos molhos...
Na ausência dessa luz em nossa noite, No brilho que tu brilhas por quem és... Das longas caminhadas, desse açoite Que corta e que maltrata nossos pés...
Na ausência do canto em serenata Que em toda madrugada te acordava, De pássaro canoro nesta mata Que todo alvorecer anunciava.
Na ausência disso tudo, de calor... O que salva: a presença deste amor!
11
Na areia que escaldante nos excita E mostra sedutora uma nudez Mergulho meus desejos de uma vez E encontro com prazer tua pepita...
Roubando desta praia a mais bonita Sereia que encontrei em bela tez. Excitação me toma como vês E esta fome feroz invade, agita...
Carícias mais ousadas permitimos, No fogo da vontade que sentimos Salgando nossa pele nas marés,
Beijando tua boca, seios, pés, Bebendo todo o sal de teu suor, Amor se faz caliente e bem melhor...
Marcos Loures
12
Na ardente fantasia que nos toca, Beijar sem ter fronteiras tua pele, O meu desejo em ti já desemboca Aos teus prazeres, todos, me compele. Tocando um cais sublime, em cada doca Um laço bem mais forte em que se atrele
Os nós que nos permitam navegar Roubando cada raio desta lua Que chega em plenilúnio, devagar, E encontra tal beleza, imensa e nua, Fazendo o meu desejo delirar. Minha alma a te seguir voa, flutua..
E sabe que terá méis como prenda, Enquanto este cenário, amor desvenda...
13
Na apoteose imensa da amizade Que em versos transfiguro em manso cais. No rosto bem marcado da saudade, A vida em novo mundo mostra mais Que apenas o meu canto em liberdade, Amor em amizade é ser demais.
Além de qualquer porto de partida, Além de qualquer ponto de chegada, Ancoradouro raro em nossa vida, A sensação tão plena e bem marcada Da sorte que se mostra resolvida. Nas hostes da alegria anunciada...
A perfeição divina está contigo, Quando tu és por certo, um bom amigo...
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Na antiga desventura em que vivia As lágrimas constantes me afetavam. A vida proibia a fantasia Nem mesmo as poesias me alegravam.
Andava sem destino por aí, Catando uma emoção sem encontrar. Por tantas vezes, louco, me perdi, Uivando nestas noites de luar...
Tantos esparsos sonhos me diziam Que ser feliz jamais podia ser. Meus olhos sem ter rumo se perdiam, Vontade desgraçada de morrer.
Mas vejo que me salvo deste tédio, Nos olhos tão castanhos, meu remédio...
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Na amargura sem par dos solitários Segui por tanto tempo em minha vida, Os olhos se tornando temerários Distantes da emoção de uma saída.
Esgueiro pelas ruas, vou sem nexo, Caminho entre mortalhas e sarjetas, O quanto amar se mostra mais complexo Em tramas imperfeitas e incompletas
Peçonhas encontradas em sorrisos, Venais espectadores destes sonhos, Minha alma se esparrama em falsos guizos, Saltimbancos vorazes e medonhos.
Enfadonhos os dias se sucedem, As mãos seguem vazias, nada pedem... Marcos Loures
9016
Na agreste solidão de fim de amor Adormece a menina que sonhara. Esvaece na mulher com tal vigor A vida que se fora bela e rara. O que fazer do sonho sedutor Que morreu boca seca e tão amara.
Brincando em carruagens e reinados, Os olhos se esqueceram de sentir Os dias que se foram enganados Deixaram simplesmente de pedir Momentos mais felizes e encantados Roubando sem querer, o que há de vir..
Um batom, um salto alto, outro sorriso... A porta escancarando um paraíso...
17
Na noite que se mostra especial Sem medos ou disfarces, nos amamos. Teu corpo em languidez celestial, Carinhos que sentimos e trocamos.
No toque mais audaz e sensual, Ao mesmo tempo, insanos, nos chamamos E vamos pela noite sem igual Bebendo do prazer que imaginamos...
Não quero nada mais que ser feliz. Deixando bem distantes as tristezas. Seguimos sem pensar as correntezas
Nem mesmo transportamos cicatriz, Quem teve sorte amarga e carpideira, Já sabe da alegria verdadeira... Marcos Loures
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Não conheço calores mais que frios, Amores e destino tão cruel, Fazendo desses sonhos tão vadios, As águas que refletem nosso céu...
As ruas que atravesso, não protegem, Marquises que se perdem, papelão, As dores que encontrei por certo regem As loucas tempestades, coração...
Mas alamedas tramam no perfume, As altas nuvens negam solidão, Felicidade é bom que se acostume Sabendo que terá muita paixão...
Amor deliciado trama a dança Nas ruas e nas sendas da esperança...
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Não conhecia medos nem quimera. O tempo se esvaia, sem propósitos... Meus invernos, outono e primavera, Das dores simplesmente vãos depósitos!
Amor de tantas cores quem me dera! Não sei, mas pretendi saber compósitos Que formam os caminhos desta fera, Me perdi nestes tolos despropósitos...
Mas, acalmado pelo carmesim Da boca da pantera que me olhava; A vida sem resumo e sem ter fim,
Fazendo das esperas, esperanças. Teu olhar, meu olhar, nada restava... Quimeras, minhas curas e lembranças... Marcos Loures
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Não confie em ninguém com mais de trinta Nem tampouco naqueles que vendem sonhos. Os dias sendo díspares; bisonhos Mantêm nossa esperança enfim extinta.
Extinga os teus momentos onde a tinta Que tinge teus cabelos que; medonhos Antepondo-se aos melíferos risonhos Farrapos que tu vestes; a alma minta.
Mas mesmo que isso seja apenas rito Um risco vale a queda? Não sei mais. No fundo somos simples animais
E o quanto resistir não vale o grito. Chegada; eis a história da partida Que vale pelo menos réstia a vida...
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Não comes poesia em teu almoço Nas jantas que tu fazes, nada serve. Não presta pra parar esse alvoroço. Nem cobre e dá calor quando cai neve...
Quando azeitona comes, sou caroço. A vida não se torna grande ou breve... Não torna moço em velho e velho em moço. Não muda tonelada em coisa leve...
Os pagamentos sempre foram parcos, Sorrisos, xingamentos pés e grama. Não servem para mastro nem pra barcos.
Muitas vezes reclamas dos meus versos. A morte na verdade é de quem clama A voz que sempre solto, no universo! Marcos Loures
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Não chore tanto assim, o dia virá! As dores são promessas de esperança. Nas mãos deste teu Deus, de Jeová, Amor virá com paz numa aliança...
A lua irá brilhar, lado de cá, Nunca deixe morrer esta criança Que brinca no teu peito e viverá Enquanto houver um Deus e confiança!
No brilho das estrelas, o perdão, Nos raios da manhã, sol gigantesco! Nosso amor se alimenta de ilusão.
Não de deixe levar em perdição, Jéssica, um pesadelo assim, dantesco, Não vive em nosso amor, de salvação! Marcos Loures
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Não chore que esta tarde vai passar Embora tão distante dos teus sonhos. A noite se promete num luar Que traga estes momentos mais risonhos.
Não chore que esta dor prevê remédio Nos braços da mulher que logo mais Virá e matará solidão, tédio Deixando uma alvorada rica em paz...
Não chore que esta vida é assim mesmo O corte cicatriza, não se esqueça. Ao coração vadio, sempre a esmo Não há sequer juízo que obedeça.
No lastro de esperança, esta verdade Que mostra esta criança, uma amizade...
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Não chore meu amor;, o sol responde, Teu brilho já se estampa nos meus braços, Por vezes te procuro, mas aonde? Não deixa-se envolver por meus abraços...
Vagueio a te buscar por todo o dia, À noite tão cansado, vou dormir, Quem dera ter amor, tanta alegria, Ó lua, venho agora te pedir
Um pouco de carinho, um manso beijo, Estou apaixonado, em ti me aclaro. Por tantas vezes sonho e te desejo Bem mais que só no eclipse tão raro...
Assim cantando à lua, o pobre sol, Procura sua amada... Girassol...
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Não chore mais menina tão bonita. A sorte se encontrou sempre contigo, A vida não promete uma pepita, Mas saiba que terás sempre este abrigo.
Da minha mão cansada que acredita Na força vencedora deste trigo. Não chore mais, não faça tanta fita Que tudo passará sem ter perigo...
Eu sei que crescerás bem mais feliz No amor que se promete ao fim da tarde. Terá querida, então tudo o que quis.
O céu das andorinhas sem alarde, A lua tão bendita cedo cai, Enchendo os olhos tristes, velho pai...
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Não chegue de tardinha, já te peço. As horas mais gentis eu não disponho. Meus erros e consertos nem confesso. Meu medo dos amores é bisonho!
Ferrabrás, Satanás, tanto faz, meço Palavras e sentidos sonho a sonho. Doçuras e mergulhos! Endereço Dos infernos: meu canto mais medonho!
Mordazes os sorrisos, são safados.. Vasculho nos teus bolsos, meu ingresso. O mundo dos canalhas no congresso.
Permite decifrar sinas e fados, Estremo temeroso, a podre unção. Batuca melindroso, o coração!
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Não chego a ser assim um sacripanta Que vive das carniças dos amores. Nem mesmo se eu disser alguém se espanta Espinhos já não valem muitas flores.
Enquanto uma esperança se agiganta Eu ouço com certeza estes louvores, Mas logo que este verso desencanta Não ouço mais clarins sequer tambores.
Assim vivo somente de teimoso, Há tempos que o meu verso é melindroso E mesmo que andrajoso, sigo em frente.
Falando deste amor que não recebo, Do cerne da questão, só restou sebo, Encarno o meu fantasma, finalmente... Marcos Loures
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Não caso e por acaso nunca amei. No ocaso desta vida vou inverno Sem prazo não cai bem o mesmo terno Que há tempos em calmo azo ainda usei.
Se tanto me defaso é que tentei Quebrar o antigo vaso feito inferno, Sou raso e sem disfarces não hiberno Apenas vou bebendo o que plantei.
Vender bijuterias pelas ruas, Muambas da ilusão em frases dúbias As bocas que não beijo, sinto-as rúbias
Eflúvios de desvios, moças nuas, Em poses desejosas, quase cúpidas... Porém as minhas mãos seguem estúpidas...
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Não cante a voz humana em mais verdade Palavras que soltamos nos retornam Por tantas vezes mera qualidade De versos e cantigas nos adornam...
Não posso prometer-me mais enganos, Se tantas vezes fui abandonado. Amar quem dera fosse, nos meus planos, Saber que estás aqui, sempre a meu lado...
A sorte, tantas vezes tão avara, Não trouxe a prometida recompensa. A vida se mostrando mais amara, De tanto que maltrata sempre cansa...
Por isso companheiro; sempre digo, O braço em que me apóio é teu, amigo!
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Não canso de sonhar e desejar Rolando em minha cama, estou sozinho... Comigo só um raio do luar Tomando em claridade nosso ninho. Aguardo ansiosamente o teu voltar, A noite vai passando sem carinho...
Tua pele macia, o teu sorriso, A boca tão molhada e tão gostosa.. É tudo o que mais quero e mais preciso, Sentir o teu desejo, amada rosa, Tua volta ansiada, sem aviso, Promete nova senda maviosa...
Porém estás distante... e até quando, Eu ficarei aqui só desejando?
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Não canso de querer ficar contigo, Fazendo deste amor minha bandeira, A noite se mostrando companheira, Jamais se saciou, se tem abrigo.
Nos seios perfumados, eu prossigo Sentindo tua pele alvissareira, Entrego-me outra vez, como a primeira Repito noutra dose, beijo o umbigo
E desço sem juízo para o sul, Encontro o paraíso, refestelo, Invado, novamente o teu castelo,
E o dia nascerá, por certo, azul, Famintos vamos nós, insaciáveis, Prazeres e desejos incontáveis...
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Não cale o sentimento que é real, Pois nele existe encanto verdadeiro, Sentir o teu perfume magistral Bebendo a mansidão deste ribeiro.
Trazendo a claridade no bornal, Dos sonhos, o fantástico luzeiro, Que mostra a fantasia triunfal Do amor que se tornou o derradeiro.
Eu tenho nos meus olhos tua imagem, Zelosa companheira de viagem. Toando uma cantiga em que a ternura
Tomando toda a cena, nos permite, Viver amor intenso e sem limite, Tornando uma alma triste em aura pura. Marcos Loures
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Não cale o sentimento imerso no teu ser. Pois dando-lhe vazão, decerto tu terás Durante a tua vida um enorme prazer Às vezes turbulento, em outras tanta paz...
Eu te amo, meu amor e nisso podes crer. O amor que assim nos guia ao mesmo tempo traz Numa instabilidade um norte a se perder, Mas mesmo em tempestade, amor me satisfaz.
Por vezes adormeço e recordo de ti Tocando a minha face em lábios decorada. O quanto assim desejo o bem que descobri
Ao te sentir comigo, amada companheira, Seguirmos lado a lado em marcha pareada Sabendo da emoção sincera e verdadeira...
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Não cabe nos meus versos descrever Beleza sem igual que proporcionas Refém da fantasia – amor/poder Estrelas magistrais quais beladonas
Entornam sobre nós lume poético Marmórea sedução em luz e lua. Um canto que se busca mais eclético Durante a tempestade continua.
Realces entre fontes, chafarizes, Olhares envolvendo, risco zero; Deixando no passado as cicatrizes, Já tendo o que pretendo e sempre quero,
Contendo com sorrisos a sangria, Nós somos passageiros da alegria. Marcos Loures
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Não cabe mais tristezas no teu peito, Pois sabes quanto quero estar contigo Do amor que em rara luz eu faço pleito Cevando com certeza, farto trigo.
Abrindo com meus versos, o meu peito, Expondo o coração, desejo abrigo Em quem com alegrias, desse jeito, A cada amanhecer, sempre persigo.
Olhando para estrelas, vejo o brilho Da rara criatura que me guia, Caminho da esperança agora eu trilho
Rasgando o coração, em destemor, Permita que eu me entregue à fantasia Neste sonho diuturno: nosso amor... Marcos Loures
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Não brinques com meus tolos sentimentos, Eu tanto quis amar, inutilmente, O verso traduzindo o que se sente Expondo o coração a tantos ventos.
Sem ter das esperanças seus proventos, Vontade de seguir forte e contente, Porém somente o frio que atormente Invade toda noite os aposentos
Daquele que se fez em solidão, Acordes dissonantes da ilusão Em pleno desafino ora destoam
Perdoe se meus versos são banais, Eu nunca te esqueci e, digo mais, Teus beijos, o meu sonho, inda povoam... Marcos Loures
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Não brigo com palavras, são amigas. Mas teimo em decifrar significados. Enquanto noutras fases já perigas Os dias são gostosos em pecados...
Servindo como pasto, tu não ligas Se tens em rebeldia, velhos brados, Deveras não concebo que consigas Saltar os mais difíceis alambrados.
No quanto me restando da voragem, Não posso cometer outra bobagem E cismo contra o sismo, temporal.
Gerenciando a vida chego à tona, Nem mesmo a poesia inda me abona, O resto vai guardado no embornal...
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Não boto mais a mão numa cumbuca Mesmo que esteja cheia, pois surpresa Fazendo do imbecil, a caça e a presa, Quem sabe o quanto dói jamais cutuca.
Sentindo um arrepio pela nuca, A moça pensa logo em safadeza, Porém todo marmanjo que se preza Sem pressa vai deixando ela maluca.
Bisonhos sofrimentos da novela, Na face entristecida se revela Depois dá um trabalho convencer
Que tudo não passou duma ficção, Garante uma hora e meia de aflição, Mal paga com segundos de prazer...
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Não bebo dos teus olhos, sigo cego. E tento – sei que em vão – saber de ti. Bem sei que em descaminhos, te perdi Porém alguma força ainda emprego
Na busca deste mar que não navego, Que outrora, inutilmente, estava aqui. Se em lágrimas riachos eu verti, À vida já não tenho mais apego.
Regando o meu caminho, água barrenta Nas frágeis ribanceiras, erosão. A chuva se aproxima, violenta
Levando na enxurrada todo sonho Que um dia alimentara o coração, Negando cada verso que eu componho... Marcos Loures
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Não bastam ao teu vago sentimento Os meus carinhos. Sinto que te perco Enquanto não houver um novo intento Amor sem ter delírio é sem esterco.
Do quase que tivemos já me cerco E sinto o verso ausente, no momento Em que te buscarei solta no vento, Na imensa multidão fazendo o cerco.
Se acerto ou se desníveis enfrentarei, O certo é que de ti me libertei Usando o destemor álibi exato.
Se como ou se não temos mesmo prato O fato é que disperso não prossigo, Cercando com espinhos meu abrigo... Marcos Loures
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Não basta-me falar em versos tantos Do amor que procurei e não me deste. Diversos nossos mundos, desencantos Servindo como mantos, minhas vestes. Soltando meu cantar por outros cantos Os gritos que soltamos, mais agrestes...
Não quero o que pareça ser verdade Ou mesmo no que tenho como farsa, Se temos sentimento em lealdade A velha roupa gasta não disfarça O medo do futuro em liberdade, Talvez já seja o rumo que se esgarça.
Amar é conviver, disto estou certo, Matarei minha sede em teu deserto?
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Não basta tu amares quem te odeia, Embora; tão difícil ser assim. O sangue que percorre tua veia É tão vermelho quanto. Mesmo assim Às vezes nos parece inalcançável Perdoar quem nos ofende e nos magoa. Mas se tu conseguires; invejável! Merece ter a vida sempre boa... Agora; não se esqueça dos amigos... São anjos que permitem teu caminho Alertam para as urzes e perigos. Quem tem um bom amigo tem carinho, Amar os inimigos? Sim, convém. Mas faça desse amigo o maior bem
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Não basta ter os olhos no futuro, A vida não descansa um só momento. O amor que tantas vezes eu procuro, Não pode ser apenas um tormento.
Eu quero o passo firme e mais seguro, No fogo da emoção queimando lento, No solo em que eu arei, às vezes duro, Poeira vai tomando, logo, assento.
Mas quero desfrutar de cada sonho, E nisso persistindo eu não desisto, Por isso tanto amor que te proponho
Insiste em encontrar ancoradouro, Cansei de sacrifícios. Se eu existo, Nos sóis desta esperança eu já me douro... Marcos Loures
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Não atravessa em mim a luz do dia, Noctívago; eu percorro noite a fio, Arcano sentimento que me esfria Vagando em coração que sei vazio.
Andei por bares, tocas e puteiros, Boates, cabarés, risos e gozos. Amores encontrei mais verdadeiros Nas flores dos asfaltos tenebrosos.
Agora que pressinto o meu final, Sarjetas me servindo de colchão Qual fera sem limites, sensual, Ainda busco em ti uma emoção;
És feita para mim. Uma alma gêmea, Vadia gata em cio, minha fêmea...
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Não ande assim sorumbática Cabisbaixa ou mesmo muda Quando amor ganha a temática É sempre um deus-nos-acuda
Esquecendo a matemática Dois virando um quando gruda Minha pele tão enfática Na tua pele transmuda
E ficando sem fronteiras Caminhamos pareados, As palavras mensageiras
Os prazeres desfrutados, As paixões mais verdadeiras Santificam os pecados... Marcos Loures
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Não agradecerei já que tu pedes, Mas saiba que eu a ti sou muito grato, Qual fora simplesmente um vão regato Distante de onde os louros têm as sedes
Extasiado quando tu concedes Palavra lisonjeira, e isto é fato, Os sonhos num instante eu arremato Transbordante emoção de um Arquimedes.
Um velho trovador interiorano Habitando os grotões deste país, Se sente com certeza tão feliz.
Perdoe, mas deveras já me ufano E embora tu não queiras, eu te peço, E no verso final, eu te agradeço!
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Não adianta, amiga, este burburinho... A gente se queimando em tanta lava Trazendo a lua cheia por carinho, Nos olhos da saudade já se lava
Quem sempre desejou beber o ninho. Porém que esperança namorava, Agora se permite andar sozinho Deixando para trás a velha trava.
Navego por teus mares mais diversos Andando tão somente em sempre não. Fazendo falcatruas dos teus versos,
Destruo o que constróis com emoção. Parecem os meus atos mais perversos, Mas saiba que eles trazem salvação...
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Não creio que este amor inda te queira. Seus atos me demonstram diferente... Quem ama tem que dar à companheira A plena sensação do amor urgente.
A mansidão suave no seu canto, Ao mesmo tempo intensa proteção. A cada novo dia, novo encanto. Jamais adormecer uma emoção...
Saber de tantas datas importantes, Que foram cruciais para este amor. Sangrar tantos desejos delirantes, Vivendo em tal prazer, pleno de ardor...
Amiga, recupere tua vida, Não deixe ela acabar, adormecida...
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Não creio neste Deus que tu me deste, Um ser que é tão cruel, beligerante. Que mata e, torturando ao mesmo instante Entre os seus filhos trama fome e peste.
A mão de um salvador que seja agreste Impede uma alegria agonizante. Usando da vingança discrepante Trazendo sanguinário sonho e veste.
Um Deus que em sacrifício deu seu filho, Não pode ser o mesmo que o gatilho Dispara contra aquele que não crê.
Eu creio no cordeiro que se deu Salvando toda a Terra deste breu Trazendo enfim a luz e seu por que. Marcos Loures
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Não creio neste Deus antropomorfo Que vendes nos altares, nos botecos, Sentimental e vingativo. Eu formo Imagem bem distinta destes ecos.
Um Deus que se faz éter, clorofórmio E cansa com tamanhos repetecos. Apenas criador, não me deformo Por mágicas insanas doutros becos.
Não creio nesta imagem malfadada Do cordeiro que, quieto, se degola. E tanta falsidade em si, encerra.
Amiga, na verdade, a derrocada Se faz quando se enforca pela gola, Por isso, o bom cordeiro? O que mais berra!
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Não creio mais no amor, peço perdão Se às vezes me iludi, terrível erro. O coração entregue a tal desterro, Encontra por resposta o mesmo não.
Serpente que se arrasta pelo chão, O encanto se perdeu sem dar um berro, No peito outrora chama, o frio ferro Inverna a sonegar qualquer verão.
Verás os meus fantasmas pelas ruas, Bebendo nas sarjetas, cada gole Enquanto a solidão, voraz me engole
Distante de meus olhos, continuas. Não quero mais no amor acreditar, Tampouco com meus versos, te enganar... Marcos Loures
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Não consigo esquecer o nosso caso, Amada não permita que isso ocorra, A vida irá chegar a um triste ocaso, Não deixe que este amor, tão cedo morra.
Sou teu e nada impede o meu querer, Vencendo todo o medo que detinha Meu passo rumo ao doce do prazer Querendo-te decerto toda minha.
Eu não conseguirei mais ser feliz, Somente em teu carinho me realizo. Tu és esta mulher que eu sempre quis, Não posso mais ouvir o triste aviso
Aonde me dizendo que já vais Tu levarás também a minha paz... Marcos Loures
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Não consigo esquecer o nosso caso, Amada não permita que isso ocorra, A vida irá chegar a um triste ocaso, Não deixe que este amor, tão cedo morra.
Sou teu e nada impede o meu querer, Vencendo todo o medo que detinha Meu passo rumo ao doce do prazer Querendo-te decerto toda minha.
Eu não conseguirei mais ser feliz, Somente em teu carinho me realizo. Tu és esta mulher que eu sempre quis, Não posso mais ouvir o triste aviso
Aonde me dizendo que já vais Tu levarás também a minha paz... Marcos Loures
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Nada mais segue, nunca mais o norte. Não consigo nem quero te esquecer... Nos cassinos da vida perco a sorte, Sem teus olhos responda, vou viver?
Esse amor já deixou de ser esporte, É tentativa insana de morrer! Para quem sempre disse ser tão forte, De maneira cruel testa o saber...
As cores pardacentas deste abril, Não há mais tempestades nem açoite A rosa mais fechada já se abriu,
Não há segredos loucos que se acoite Nem medos tenebrosos, nem um til, Nada mais restará senão a noite! Marcos Loures
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Nada mais que tristeza, meu amor... Nada além do vazio em desespero Dessa vontade louca em desamor, Da falta de alegria e de tempero...
Nada além de sombras do que fomos Espalhadas pela alma em abandono. Jogada nossa história em tantos tomos Deixadas simplesmente... Perco o sono
E nada mais virá, sequer saudade.... No fundo desejávamos por isso. Eu nunca pude ter felicidade A folha que não brilha, perde viço?
Ah! Mas tenha uma certeza minha amada... Depois de toda noite; uma alvorada!
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Nada mais pedir posso, dê amor! Amor ao companheiro desvalido, Amor ao companheiro sofredor. O mundo que vivemos é bandido,
Nem sempre justifica-se uma dor! O povo solitário está banido, Jardim onde regamos mata a flor. O templo que sonhamos, demolido!
Nas mãos dessa criança mais faminta, Os olhos esqueléticos da morte! Um sorriso andrajoso, o rosto pinta.
Só posso te pedir por piedade. Esperanças num rumo, nova sorte, Não deixe sufocar a claridade! Marcos Loures
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Nada mais nos resta senão irmos Beber da louca fonte que proponho, Um fogo alucinante que, ao sentirmos, Nos traz em realidade todo o sonho.
Tua beleza nua em minha cama, Cavalga meus sentidos, te devasso, Roubamos toda a cena em nossa chama, Entrando mansamente, em teu espaço.
Lambendo tua boca; insensatez Rasgando todo o verbo, sem pudor O nosso amor sedento assim se fez,
Meus olhos em teus olhos de repente Ardendo loucamente em teu calor, Sem pressa... sem temores... indecente... Marcos Loures
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Nada mais do que sempre imaginara, Meus versos se perdendo sem destino. Amar é descobrir como é tão cara A vida que sonhei desde menino.
Eu quero te saber bem junto a mim, Num sonho tão divino; ser feliz. Não quero te perder. Viver, enfim, É ser decerto, tudo o que se quis.
Eu sinto teu sorriso convidando À vida que pretendo maviosa. As mãos que te carinham vão plantando Milhares de desejos, minha rosa...
Eu quero teu amor, não mais duvide. É mar em quem a vida se divide!
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Nada além do que mostre alguma chance De luas entre névoas me mirando. O vento outrora frágil segue brando Molambo de meus sonhos, num nuance
Aonde a vista busque e, cega alcance Ribaltas da ilusão não sei nem quando Talvez pudessem loucas desabando Enquanto o quanto quero ainda avance...
Um mero prisioneiro, pirilampo Cavando desde agora o velho campo Minando os meus desejos, sigo só.
Caminhos deste sol que não voltou O medo tantas vezes me tocou Fazendo deste amor poeira e pó... Marcos Loures
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Nada além do que eu desejo Eu percebo ser possível Tanta sorte que eu prevejo No teu mundo, pois incrível
Caminhada sem tropeço Num momento mais feliz, Tendo amor por endereço Encontrei tudo o que eu quis
Sou teu par, e não discuto, Quero mais e sempre assim. Coração do antigo luto Refloresce em meu jardim.
E no teu aniversário Dou vivas ao calendário...
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Nabucodonosor, senhor das almas O rei que em Babilônia fez jardins, Distante desta cena nos confins Procuro quem decifre os velhos traumas.
Enquanto me dominas e me acalmas, Teus lábios doces sendas carmesins, Trazendo à Terra magos querubins, Cevando nos jardins sublimes palmas.
Jogando uma biriba, um sete e meio, Canastras que fizeste, lanço os dados, O gozo alucinante quero e anseio
Nos seios da morena, sem ter grilos, Os dias são decerto abençoados Eretos meus desejos, teus mamilos... Marcos Loures
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Nababesco o teu reinado, Mas sem ter com quem divida, Se não vale assim a vida É melhor ficar parado.
Tantas vezes de bom grado Cicatrizas a ferida, Mas a sorte dividida Modifica ou não meu fado
É verídica esperança Que te toca e te balança Quando a gente mal percebe
Se a saudade invade a sebe O calor já não vigora, Sendo assim, eu quero agora! Marcos Loures
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Na xoxotinha quente, viciada A língua não dispensa de manhã, Lambendo esta grutinha tão molhada A vida já começa em doce afã
Eu gosto de senti-la contraída Espasmos mais sacanas e dengosos. Depois não tendo amor, outra saída Beber com bom trazer todos os gozos
Que possam encharcar a minha boca E deixam um meladinho no meu rosto, Ouvindo esta mulher gritando louca Deixando umedecido, este meu rosto
Que gosta desta bela putaria Mal logo surja quente um novo dia...
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Na xícara que trazes, bom café, O gosto do passado, mãe e roça. A lágrima dos sonhos não se empoça Restando tão somente a falsa fé.
Mergulhos no vazio; vou até Aonde houver ainda esta palhoça Que um dia se fez sonho e me remoça, A vida se cobrindo de sapé.
Esquálida figura da ilusão, Batendo em minha porta, nada traz, Senão a vestimenta mais voraz
Que espalha o fogaréu no barracão. Do fogo que alimenta e que destrói, Imagem escondida; volta e dói...
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Na voz desta menina mansa trança Eu tranço minhas pernas e tropeço Avanço com desejo e não me cansa A dança que começa e que te peço.
Espero uma esperança noite avança A moça não decide se mereço Vontade de deitar, fazer criança Mas acho que eu errei este endereço.
A chave mil segredos cofre fecha As pernas permanecem mais fechadas, Cabelo me entornando em cada mecha
Vedando tuas portas quê que faço? Às vezes eu as pego descuidadas Nas pernas eu encontre algum espaço! Marcos Loures
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Na volúpia das noites que tivemos, Rolando em nossa cama, sem segredos. Ardentes nossos sonhos, pois sabemos, Que a vida não permite tantos medos...
Eu quero essa nudez que me prometes, Na cama que sonhamos abandonos... As histórias de amor não mais repetes, Não somos nem escravos, sequer donos...
Nós somos complementos, sem temor. Nós somos igualdade e divisão. Amamos com certeza o mesmo amor, O sangue em diferente coração.
Agora não consigo mais fugir, Do amor que sempre foi de repartir...
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Na volição transmuda um sentimento Que fora extasiante e vai sombrio Abscedando num último momento Cortado bem profundo a sangue frio.
É melhor abortar o sofrimento Do que seguir sozinho e tão vazio. Tua amizade serve como ungüento E permite, afinal, que tenha estio.
Voláteis as palavras de quem ama, Apenas são figuras de retórica Numa passagem leda e meteórica
Amor que não passou de simples chama, Agora adormecendo sem sentido, Merece por outrem ser substituído...
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Na viva sensação de nosso amor Que é mar, que é tempestade e que é maré. Ao mesmo tempo esfria e faz calor, A um só tempo voa e vai a pé. Por vezes me encantando, sedutor; Em outras me magoa e rouba a fé. Mostrando este meu lado sonhador, Desilusão me toma, sangra até. E gosta de ferir enquanto beija Mordendo de ciúmes, corta fundo. No golpe que me cura e que me aleija Amor se faz carrasco e me redime. Afaga enquanto afoga, nele inundo O bem que me maltrata e quer que estime.
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Na virginal manhã de nosso amor... Senti as rosas brancas sobre a mesa... Flutuavas num átimo. Beleza Alva; aromas, amoras, amador...
Bebias vinho, lanças, danças flor... Singravas sonhos, sombras, minha alteza, Por cetro luz, concertos, com certeza De pássaros canoros, teu albor...
Nessa manhã, sedosa quão sincera, Sentias paz. Audaz fiz da quimera Somente riso, límpidas centelhas...
As rosas brancas, belas como o dia, Deixadas esquecidas, mas eu via, Lentamente, coravam-se vermelhas!
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Na viração do tempo te encontrei, Depois de tempestades, é bonança. Fazendo deste amor a nova lei. Trazendo novo vento de esperança...
Pairando o novo sol lá no horizonte, Vicejo meu olhar, refaço o brilho. Percorro um manso rio, bebo a fonte, Depressa, num segundo, maravilho...
Na viração da vida renasci. Agora não pretendo mais remanso. A tempestade louca; bebo aqui, As ondas mais gigantes, tudo alcanço...
Na viração do mar, sou timoneiro, Querendo tanto amar, mergulho inteiro...
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Na vida, imenso bem, fundamental, O amor que nos movendo, desampara, Um rito em fantasias, sensual, Transporta-nos à jóia bela e rara.
Porém nas mãos de um sonho magistral A dúbia sensação já se declara, Negando a provisão deste bornal, Tornando a nossa estada mais amara.
Exposto a tal dilema guerra ou paz, O amor tanto maltrata quanto traz Prazer insuperável. Gozo pleno.
Em tal dicotomia sigo tenso, Nos olhos desejados sempre penso, Também amargo espectro concateno... Marcos Loures
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Na vida tantas vezes desalento Tomando o pensamento abaixa a guarda Num ato tresloucado e violento Parece até que a morte já retarda. Depois de certo tempo, num momento A dor que nos tocou enfim não tarda
E some de repente na neblina. Porém em outras vezes persistente, O desalento vem e nos domina Um fogo embora lento, mas ardente Toda ilusão num átimo extermina. Apenas um remanso faz contente
Trazendo num resquício a claridade Que sempre se irradia da amizade...
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Na vida sem te ter a luz deserta E deixa escuridão tomar a cena. O amor que nos servindo de coberta Já torna a nossa vida mais serena
Permite que eu consiga vislumbrar Depois da noite um claro amanhecer, Um rio que se entranha em grande amar Conhece do oceano, o seu poder.
Assim emaranhando nossas pernas Em tramas que se tecem noite afora, As vidas se misturam mansas, ternas Tear feito emoção nos revigora
Abarcas meus desejos negas farsas, Vivendo nosso amor, somos comparsas... Marcos Loures
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Na vida qual gravela, incrustada neste vinho, Exposto a podridão, espasmos, convulsões... Nas flores, no rosal, exposto à dor, espinho; Busquei a solidão das grandes multidões...
Não sou senão um rastro; um rato busca o ninho, Viperino veneno, escarro aos borbotões. Embalde tanta vida, estou melhor sozinho. Humanidade triste, eunuco das paixões...
Em vão! Se já sonhei, fagulhas impotentes... Lutando pela vida, esquecido do que sou, Castelos que criei foram tão imponentes!
Rasguei meu pesadelo imerso em tolo mar... A noite, imaculada, em sonhos me beijou.. Gravela desgraçada, enfim, a me acordar... Marcos Loures
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Na vida o que preciso Já tenho um companheiro, Saber do teu sorriso, Abraço verdadeiro, Tua amizade eu friso Num sonho mais certeiro.
Meu patrimônio, amigo, É ter a companhia Que quero e que persigo Tramando em tal magia, Defesa em um perigo, Um poço de alegria...
Bem mais que tantos bens, Feliz; pois sei que vens...
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Na vida nunca quis um outro risco Que não levasse aos braços de quem amo... Vivendo tanto tempo sendo arisco, Inundo em santo amor e não reclamo...
Vivendo sem querer prosperidade Apenas prosperar no sentimento Que nada mais me traz felicidade Somente teu amor, queimando lento...
As notas que me emprestas, da canção, Acordes dissonantes e cantatas. Aguardo por teu mago coração Em meio a madrugadas, serenatas...
E falo, sem temer qualquer rancor, Sou nada nessa vida sem amor...
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Na vida não há nada por acaso, O amor tem seus propósitos, decerto, Do quanto em teu prazer eu já me aprazo Mostrando este caminho agora aberto
Deixando para trás um triste ocaso, Aguando em esperanças o deserto. Refaz em perfeição, partido vaso, Por isso tanto amor, assim te oferto.
Sabendo que contigo irei em frente Vencer a solidão que me apavora Mandando uma tristeza amarga embora
Vivendo esta alegria tão somente, Abraço o teu carinho com ternura, É mais do que uma simples aventura... Marcos Loures
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Na vida me equilibro qual funâmbulo, Amores rufiões não mais os quero... Vagueio pelos bares sou noctâmbulo Irônico sorriso trago, fero....
Por vezes qual colérico sonâmbulo, Nefandos pesadelos, desespero. A vida nos seu trágico preâmbulo, Me trouxe estes remendos onde impero.
Tavernas e bodegas são meus lares, Conhaque, vinho e rum meus companheiros Sarcasmos, falso amor, paixão e bares,
Sou noivo da mortalha que me espera... O sangue que escorreu, podres tinteiros, Amansam coração da louca fera... Marcos Loures
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Na véspera do gozo, a tempestade Inundação destrói todas as margens Mudando num segundo tais paisagens Qual fora um furacão que tudo invade
Não pude mais conter minha ansiedade, Distante dos abrigos e estalagens Aonde descansasse das viagens Que fiz na busca inútil: liberdade...
Horrendas garatujas me perseguem, Lembranças do que fui e descartei, E quando o Paraíso enfim neguei
Sabendo dos augúrios que soneguem O riso redentor que nunca veio, Deixando o meu olhar vazio, alheio...
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Na velha jogatina, sorte/azar E o quase dominando o carteado, Olhando para o quadro amarrotado Jogado pelos vãos do lupanar
Eu posso sem errar, imaginar As dores coletadas do passado, E quando me mostrei preocupado Não tive reação. Só me entregar...
Derrubo antigos ícones, mergulho Nos mares, encontrando o pedregulho Resisto bravamente, mas me entrego.
E quando ainda tenho uma ilusão, O vento vai mudando a direção E, barco sem destino, mal navego...
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Na velha jogatina feita amor, Perder traz muitas vezes, a vitória. O que julgava ser a senda flórea Trama um deserto imenso e mata a flor.
Pesando em minhas costas, tal andor, Mudando todo o rumo desta história, Deixando só restolho e vã escória Matando o que restou de um sonhador.
Somando, no final, dá quase nada, A lua dos poetas se degrada E míngua num estúpido vazio.
A colcha de retalhos tão puída Traduz o que pensei de nossa vida O inverno toma conta deste estio...
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Na velha chama da paixão me queimo E trago um sentimento mais sutil. Às vezes não percebo o quanto teimo Em verso que pareça mais gentil.
Vivendo reclamando do que faço, Nao sei se te encontrei ou me perdi O rumo em que desenho cada traço Desaba tolamente, assim, em ti.
Uma criança nega seu futuro O medo te transtorna e contamina Fazendo da manhã um céu escuro Destruindo meu fado em tua sina...
Tu tens em tuas mãos a faca e queijo Somente não me castre em cada beijo...
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Não acredito em nada que não seja Produto do carinho e da verdade. A noite que não quero me dardeja Trazendo uma tristeza, uma saudade...
Numa imagem que alberga o sonho meu, De mágicas lembranças do passado Do tempo que sem rumo se perdeu, Vogando pelo amor, apaixonado..
Mas sei que não desisto deste sonho Pois sei que um desengano custa caro, Nova realidade me proponho Trazendo para o amor todo esse amparo
Que só nosso carinho, amor, garante, Na imensidão divina deste instante!
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Namoro tão gostoso no portão Teus pais dormiam cedo, lembro agora, A gente, juventude em explosão, Sabia que quem sabe não demora
E as mãos audaciosas – tentação – A saia sempre curta já decora Um corpo amorenado- sedução, E a noite assim passava sem ter hora.
Tempos felizes sonhos e castelos, Sem medo, desfrutávamos querida Porém hoje a terrível violência
Não deixa mais sequer namoros belos, Aquela doce fase em nossa vida Jamais retornará. Morreu dolência... Marcos Loures
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Namorar o tempo inteiro Sem dar tréguas, que alegria! Vou viver esta magia Diamante verdadeiro.
No desejo costumeiro, Desfraldar a fantasia Tanto bem que eu te queria, Nesse amor tão companheiro.
Venha logo, estou aqui, Minha amada, a sorte acena, Nos teus braços me perdi,
Tua boca tão serena, Tanto amor sinto por ti, Minha menina morena... Marcos Loures
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Namorados passeiam sob a lua Que traz tantos abraços no luar. A vida sem dar tréguas, continua Assim como a vontade de te amar!
Oh! Abre-me em teu seio, o coração, Não deixe que o receio nos domine, Eu vivo por amor e por perdão Sem isso não há luz que me ilumine...
Tu falas de alegria e fantasia, Te falo deste amor sem ter sossego, Quem dera se pudesse, todo dia, Viver no nosso amor, com tanto apego!
Se vim deste passado de amarguras, Espero em ti viver tantas loucuras!
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Nadando contra a forte correnteza Cardumes vão pra lá, eu para cá, Enxames de delírios com destreza Quem queira destruir sequer verá.
Banquetes; já serviste em minha mesa, Eu quero que tu saibas desde já Que o pássaro sem asas, por defesa, Um dia, com certeza voará
E tendo como cais belo horizonte, Garimpando palavras, soltas asas, Caminha sem temor por sobre brasas
Atravessando mares, cada ponte Ultrapassada diz ser mais possível O que pensara outrora ser incrível...
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Nada mais tétrico, infeliz querida, Viver apartamento guerra bélico... Nas rotas das vertentes desta vida, Funesto e mentiroso, mas angélico...
Não quero reviver amor famélico, Nem quero ultrapassar sequer ferida, Amor que tempestua, vai procélico, Não rompe nem se cura, vira brida...
Amantes de nós mesmos, traição, Veredas tropicais são vis engodos, Na porta que tenebra o coração,
Nas vestes que não portas, importadas, Heróis e tempestades, visigodos, As noites mais sutis, engabeladas...
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Nada mais tenho, nem sequer pretendo. Vou vida afora, percorrendo o mundo... E cada vez que tento, nem desvendo Tal mistério, perdido me confundo...
Se quis simplicidade, vou vivendo Na complexa agonia, mar profundo... Respirando acredito estar morrendo. Tanta dor, me calando lá no fundo...
Quis ter verdades, sempre refletidas Nos olhos da mulher que nunca tive... as canções que cantei, por essas vidas,
São as mesmas que ensinas e não crês. Quero teu beijo, todo dia e mês, Mas nunca omitirei por onde estive...
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Na tosca sensação de vaga mente, Refém de lerdos sonhos em volteios. Sem tréguas que refaçam meus esteios, Entrego-me aos teus olhos de serpente.
Veneno me inoculas, ás ardente Na sôfrega ilusão de meus anseios. Arrefecendo os sonhos, ledos freios, Agônico, mergulho em lagos quentes.
Tua sensualidade, doce fúria, Fomenta nossa noite mais espúria, Tornando meu desejo tão disforme.
A noite semimorta já não dorme, Tomada por luxúria, insensatez... No gozo venenoso em que se fez...
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Na torre dos meus sonhos, altaneira, A noite mergulhando em vago espaço, Tocando levemente, num abraço, Pressinto a solidão por companheira,
De todas as mulheres, a primeira, Ferindo com sorrisos, medos, aço Na marcha sem destino, eu me embaraço Quem sabe uma esperança derradeira
Permita inda um sorriso, mesmo falso, Amor vai preparando um cadafalso Que leva à mais terrível das masmorras.
Quem sabe, minha amiga; me socorras E deixe a solidão restar tão só, Seria renascer em outro pó...
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Na tez que voltaria se não fosse Melânico verão com fortes raios... Bronzeia tempestades. Me confesse Amores que te ferem e balaios
Onde astutos teus gatos já não miam. Neologias criaste com versões, As horas quando passam não se fiam, Imersas as imensas amplidões...
Se quiser esperar não te retorno, Meu barco não virá, tenha a certeza! Nas palhas da tapera um velho forno,
Nos olhos da morena essa tristeza, A vaca que mugia era holandesa, O sol que me incendeia, manso adorno... Marcos Loures
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Na terra que encharcara com anseios Em lágrimas e gozos misturados. Vertendo cada gota nos teus seios Rompendo tantos sonhos represados.
Ao ver-te embriagada nos delírios Que formam um exército sem rumo, Nas bombas explosões, velhos martírios, Bebendo no teu corpo todo o sumo...
Recebo teus carinhos canibais Sedentos e famintos, desespero... E peço, minha amada, quero mais. Em toda essa loucura me tempero...
E sugo teu amor, na nossa noite; Com marcas de prazer e duro açoite...
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Na terra dos meus sonhos, castanheiras Derramam sobre o solo, grandes frutos. Os dias vão passando; ledos, brutos, Palavras que maltratam, costumeiras.
Estrelas vão morrendo, derradeiras, Olhares que nos miram, bem astutos, Nas mãos de quem amou, terríveis lutos, As almas se tornando carpideiras.
Amores que guiaram os meus dias, Jogados pelos cantos, abandonos... Apenas enaltecem a saudade,
Outrora bons momentos, alegrias, Agora tão somente frios sonos, Mortalhas que cerceiam liberdade...
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Na terna sedução destes teus versos, Um acalento sinto meu amor. No fogo que nos toma, tentador, Os sentimentos puros e diversos.
Meus dias se passavam tão dispersos Distante de teu corpo. Teu calor Tomando minha vida a recompor Os meus perdidos sonhos, universos.
Vieste com clarão de novo dia Na entrega sensual de cada instante. Numa explosão de gozo e fantasia,
Permita que eu prossiga teu amante. No sonho que tivemos, te dizia Do amor que nos cativa, delirante.
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Na tênue sensação de mar e sol, Vivenciando sonhos mais audazes, Tiaras constelares, luas, fases, E o vento toma conta do arrebol.
Mergulho no oceano sem farol, Palavras que me dizes são vorazes, E mesmo que em silêncio tu te atrases Persisto feito insano girassol,
Seguindo cada brilho de teus olhos, Nefastos, meus jardins plenos de abrolhos, Sonâmbulos espectros vagam sós.
Quimeras dos recônditos desejos, Mordazes esperanças em cortejos, Pressentem o vazio logo após...
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Na teia que nos prende uma palavra solta Causando o reboliço em nova tempestade Sentindo o meu desejo invadir a cidade Procuro te encontrar em ruas sem escolta.
Às vezes o cansaço ao mostrar que a revolta Se faz em cada canto, ao ver que a liberdade Mostrada em esperança, alcança na verdade O sonho em que te vejo, a solidão se solta
E vai buscar quem sabe abrigo noutro canto. Eu agradeço sempre o poder te dizer Do quanto que é mais forte a beleza do encanto
Que domina meu dia ao te saber por perto. Muitas vezes esqueço- amor- de agradecer O verso enamorado aguando o meu deserto... Marcos Loures
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Na teia dos teus braços me prender, Cercado por carícias envolventes, Delírios sensuais, gozos dementes, Entranharemos todo o bel prazer.
Nas sendas, sem pudores, me perder, Sentindo em minha pele, garras, dentes, Os gozos se tornando mais urgentes, De tudo o que te der vou receber.
Audaciosas línguas explorando Recantos escondidos, delicados. Rancores num segundo se afastando,
No leito em que dá tão bela cena, Sem medo de castigos, sem pecados, Felicidade em paz se mostra plena... Marcos Loures
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Na tarde tenebrosa uma saudade Fartando-se de mim lembra este amor Que tantas vezes chega e quando invade Destrói o que restou do sonhador.
Arcando com as dores, na verdade, Murchando inapelável, mata a flor, Procuro quem me diga, mas quem há de Lograr este meu peito em tanta dor.
Amor que às vezes tive em alta estima Agora por anzóis ferozes, prima E marca meu futuro em chaga e riso.
Viver o mar que tanto naveguei Alçando o que tentara e não mais sei, Percebo que sonhar inda é preciso... Marcos Loures
9100
Na tarde tão dolente e mais festiva, Amor tão envolvente me convida Fazendo deste amor uma alma viva Que ambígua me permite amar a vida.
A mente se permite tal recosto Neste ofegante sonho de prazer. As horas se passando, vou exposto, Vontade delirante de viver...
Nos braços dessa amada poesia, Em plena tentação sem contratempo, Se não mais me concentro nem no dia, A perdição encontra todo o tempo...
Minha vontade explode em tentação, Deitado no teu colo, com paixão....
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