Opressão do rigor nos resquícios da dor

Data 20/12/2010 17:36:52 | Tópico: Poemas

No trampolim da memória
desvendei grandes riquezas,
defraudadas no seu porvir.
Foram raízes dissipadas
na contenção do declínio
e no sortir de outros efeitos.

Constatação assaz ilusória,
desvanecendo de certezas,
muitas delas a fingir.
Atitudes defraudadas,
que padeceram do fascínio
daquilo a que fomos sujeitos.

Lembranças de outro matiz,
enredadas de preconceitos
em sátiras sem rancor feito;
na envolvência de aliados
pela hora de despertar
para outra imagem ferida.

Nuances dum mesmo cariz,
acumulação de direitos
perante o semblante desfeito.
Fulgores então deturpados,
sem sentido para avançar,
pela razão que foi perdida.

Atenuantes nunca houve
neste espezinhar profundo,
ensaiado em mundo louco…
nos solavancos do prosseguir,
sem as promessas cumpridas
e com desígnios por cumprir.

Nada existiu que se louve
neste sentir moribundo,
onde tudo sabe a tão pouco.
Neste apetecer tanto partir
para secar todas as feridas
que não nos deixam mais sorrir.


António MR Martins

2010.12.20


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=166940