Himalaias

Data 21/12/2010 02:12:45 | Tópico: Poemas

Há nesses olhos fronteiras de insuperáveis silêncios.
Coroa gélida intransponível, crepúsculo das noites cegas, montanha dos Himalaias.
És multidão longe de ti, desabono dos ateus que augura magra a fé nas empresas do teu peito.
Triste logra a negra lágrima que desbota no teu rosto pinturas de guerra fria.
Eu não sei como alcançar o topo dos abandonos dessas fugas alpinistas.
Sei que nos cumes do teu só há cordilheiras de utopia onde o sol apaga a luz.
Sou cabeça aos teus pés, assustada no divórcio das nossas palavras viúvas…
No álcool dos instantes desinfecto memórias tuas congeladas no passado.
Quero cansar-te o calar dessa ideologia que protesta os nossos corpos aquecidos…
Puxa-me ao nível dos teus olhos e deixa-me olhar contigo as alturas que não alcanço.
Não quero ser carne que se arrasta na avenida atlântica a mendigar amor…
Farrapo de nação desamparada, coração em hipotermia com saudades do teu calor.
O interstício das montanhas retalha raios de luz nos teus seios amanhecidos...
Quando te vejo sorrir sei que há degraus de sol que brilham o nosso mundo.
Nesse trilho sem sentinelas, nem silêncios mortuários tens os teus braços estendidos...
Abraça-me.
Deixa-me trepar ao teu só...
Montanha dos Himalaias.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=167001