
Lamentos II
Data 22/12/2010 12:07:26 | Tópico: Poemas
| Lamúrias desta voz castrada Que estando velha e cansada Se fez nua à trôpega estrada E repousa só à sombra, sem nada. Castas vozes lamuriantes Que nos nevoeiros figurantes Cegam em bravos ecos contagiantes, Braços de guerreiros navegantes Que em noites de ventos ofegantes Empunham suas espadas desafiantes Espadas que empunham desafios Matam homens e tingem rios Deixam corpos castrados e frios Aos olhos secos e pios Loucos de gastos elogios A seus corpos esguios Noites que respiram o vento Levam-lhe o medo e o sentimento O tempo e a chuva, o momento O ar e a terra onde me sento Cobertas de letras que invento Maldito seja o ressentimento Mares onde navegam braços guerreiros Outrora fadistas e marceneiros Povos bons, alguns verdadeiros Agora somente pais... sem herdeiros De velhos olhos feiticeiros Mares que vos levam, marinheiros Bravura de ecos que se contagiam Que soltariam a palavra e a gritariam A lembrar como a viviam Tudo o que dela sabiam Sem saber onde iam Mas como... viviam! Nevoeiros que desfiguram o horizonte E esquecem o sabor da água na fonte, O cantar dos pássaros no cimo do monte A cada fio de sol que aí desponte...
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