
MEUS SONETOS VOLUME 106
Data 23/12/2010 19:16:51 | Tópico: Sonetos
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1
Neste canto sereno, querida, Minha glória é te ter junto a mim. Nessa história seguindo, na vida, Tenho o brilho de ser teu, enfim...
Se trouxemos as dores antigas, Disfarçamos tão bem, meu amor. Te preparo, nas novas cantigas, Novo tempo sem mal, sem rancor.
Meu carinho por ti, gigantesco, Meu amor não termina, jamais. Pesadelo, terrível, dantesco, Te perder, não terei, nunca mais...
Venha agora, comigo, sem medo; Ser feliz, é o nosso segredo...
2
Neste canteiro enorme da paixão A rosa que se esmera em perfumar, Depois de certo tempo abre o botão Quem sabe poderá de novo amar?
Eu quero ser, quem sabe, o colibri Que pousa nesta rosa e que a deslinda, Não sabes, mas te quero sempre aqui, Tu tens este poder; ó rosa linda!
Por vezes, ao beijar-te me espezinhas Bem sei que pode ser tua defesa, Mas quero tuas noites sempre minhas, Amor sempre nos serve cama e mesa.
Permita que te toque um passarinho Que cego, tantas vezes perde o ninho...
3
Neste caminho simples pro futuro Deixei as amarguras para trás, Por mais que tanto escuro quanto duro, Pretendo desfrutar do amor em paz.
Nesta estranha ousadia do querer Passei a desejar amor intenso, Eu sei que vou tentar sobreviver Sem ver esta mulher em que só penso.
Não vejo mais problemas em ter fé De que esta noite venha e serei teu, Preparas com certeza o meu café No doce de teu corpo, sonho o meu...
Mas sinto que, querida, se revela A solidez do amor à luz da vela...
4
Neste caminho encontro meu tesouro No rosto da mulher que sempre quis. Não quero uma riqueza, nem quero ouro; Com ela já me sinto mais feliz!
Tem toda uma alegria de viver E traz uma esperança sem igual. Envolve de carinhos meu prazer Nas noites de desejo sensual.
É lua e sol que brilham no meu céu Reflexos em minha alma, calmaria, Na cama, uma pimenta em doce mel, Trazendo sedução e ventania...
Neste caminho encontro minha amada, O sol que me invadiu a madrugada!
5
Neste beijo molhado escandalizas ; Avisas que chegaste devagar, Fazendo tempestades destas brisas, Alisas o meu peito sem parar...
Tu és minha esperança mais querida Da vida que duvida e não se cansa. Na lança que descansa e foi sentida, Saída se procura e não se alcança.
Colores o meu peito em teu amor, Amar é mar gigante em que lanço, Sem ranço sempre avanço sem pudor, A todo instante avante e não me canso..
Por mais que te pareça estupidez Amor ensandecido, assim se fez... Marcos Loures
6
Neste beijo gostoso, querida, Nós selamos amor, bom viver. Depois duma esperança perdida, Minha vida, já vai renascer.
No carinho do beijo, molhado, Lambuzado, com gosto de mel. Meu destino ficou bem marcado, Sob a luz cristalina do céu.
As carícias também foram tantas, Que não pude esquecer, meu amor. Na ternura abundante me encantas Esperança de amor salvador.
Neste beijo, carinho divino, Novamente, virei um menino...
7
Neste bar simplesmente a vida passa, Nada me impedirá viver a noite, As minhas esperanças, a cachaça. O frio me servindo como açoite...
Por entre garçonetes e fumaça, Quem me dera encontrasse que me acoite, A vida não repete este chalaça Da lua cortesã, nosso pernoite...
Dançávamos colados, tanta valsa... Sonhava com teu beijo, noite fria... A dama dos meus sonhos vai descalça
As mãos não têm juízo, mão vadia... Nos dedos uma jóia que sei falsa, Nos olhos um desejo, poesia... Marcos Loures
8
Neste anjo que se esconde dentro em mim, Palavras formam asas, me fomentam, No puro sentimento voa sim, Meus sonhos nos teus olhos sempre aumentam.
Cativos pensamentos vão enfim Formar estes desejos que arrebentam Tomando tua boca carmesim, Em versos que teus dias reinventam...
A vida que se faz doce promessa, Não pode recolher velhos espinhos, Mas sabe que o amor traz a remessa
De novas alianças a cada dia. Se feitas com ternuras e carinhos, Prometem novamente uma alegria...
9
Neste amor que eu quero Espera feliz Um toque sincero Que agora me diz
Que quando te espero Do amor aprendiz O sonho libero Tu tens o que eu quis
Estrela primeira Dos céus desse amor Minha companheira
Em ti meu torpor Mas venha ligeira Provar meu calor. Marcos Loures
10
Nesta alma tão gentil, por certo em sonho, Tão cedo se torturam meus desejos... Vivendo num sutil campo risonho Despida se invadindo de azulejos.
Esta alma segue etérea pro futuro, Desvenda cada passo que encontrou. Procura por amor profano e puro, Angélica moldura se pintou...
E rastros destas manhas pueris Espalha pelos campos dos prazeres, Minha alma se traveste em louca atriz E invade esses domínios do quereres.
Encontra a tua alma sertaneja E louca, transtornada, te deseja!
11
NESSES VERSOS QUE FIZ PROCURO VER O BRILHO DO QUE FOMOS E SENTI. DE TUDO QUE PENSEI PODER VIVER SOMENTE O QUE SONHEI , E TE PERDI...
PERCEBO NOS TEUS OLHOS SEM QUERER O MEDO QUE SINCERO ME ESQUECI, O VENTO QUE TE TROUXE POSSO CRER EM TOLOS SENTIMENTOS, LEDO, RI...
O GOSTO QUE PRESSINTO NO TEU BEIJO ME FEZ DE TI REFÉM, DE TEU DESEJO. REFEITO DESTES SONHOS QUERO O MUNDO.
VESTINDO MEUS SEGREDOS, SEM RECEIOS, ENCONTRO NOS MEUS OLHOS,OS TEUS SEIOS. MERGULHO SEM TEMER, E VOU PROFUNDO... Marcos Loures
12
Nesses distantes ermos eu perdi-a, Nas combalidas noites encontrei-a. Tantas vezes com ardor traduzia O medo que devora, tudo anseia...
Embalde procurei, passei meu dia Na busca inútil, perco minha teia, Encanto me propõe a melodia Atroz da vida tonta e me incendeia...
O medo preparava seu pavio, Os olhos esquecidos nesta chama... Os tempos rememoram, quente e frio,
Amantes se deitaram noutra cama... Nos ermos que perdi, vencido o cio, Chafurdávamos sujos, mesma lama...
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Nesse vento tão frio, a madrugada Suplica pelo amor que já perdi... Desculpe se permito minha amada Os restos de esperança, guardo aqui...
Janelas de minha alma, tão fechadas, Não deixam mais meu canto solto ao vento, As noites me torturam, des’peradas, Deitado do meu lado, o sofrimento...
Quem dera se encontrasse meu caminho, Por entre tantas sendas mais floridas, Destino em desatino, estou sozinho... Buscando as nostalgias vãs, perdidas...
Meu canto em solidão, triste lamento, Do amor que não me sai do pensamento...
14
Nesse último estertor de minha vida Refaço as minhas contas e te digo, Ainda necessito deste abrigo Do labirinto escondo uma saída.
Uma esperança tola e distraída Afronta ao fim da tarde um vão perigo, Embora já sem forças; quero e brigo Buscando a mocidade assim perdida.
Na lida uma alma esquálida percebe A luz que inda clareia noutra sebe E tenta em salto inútil desvendar
Segredos do que foi e não voltou, Trafego nos cadáveres que sou Fazendo da alegria um doce bar... Marcos Loures
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Nesse teatro Noh, somos artistas Saltimbancos apenas e não mais. Resquícios do que foram vãs conquistas Expressam nossa sanha: amar demais.
Amores que em promessas beijam cais Passando velhas dores em revistas Das ondas se perdendo, buscam cristas Encontram nas areias, pantanais...
Insânia nos vestindo, cruamente Aos pés ata grilhões, sangra em corrente, Paixão morrendo aos poucos, merencória.
Embora num mergulho eu vá com tudo Embate que perdemos; não me iludo, Amor contra razão em luta inglória Marcos Loures
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Nesse mundo fugaz, tu és meu vício. As minhas mãos descem marginais, Buscando-te na veia, quero mais... És o meu sonho, duro precipício.
Amor que não se entrega, sei fictício,, Morrendo na promessa do jamais, Aquele que enfim, tanto fez ou faz... Não deixa nem sobrar sequer indício.
Viciado, portanto, sem ter cura, Na busca interminável por ternura Matando essa criança dentro em mim...
Dos lábios que sonhei, distante assim, A tua ausência, amada, me tortura Secando cada flor deste jardim...
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Nesse minuto, nesse exato instante, Passeiam loucos nos jardins do céu... Cobertos pelas suas mantas, véu... Num só momento, ficarão diante
Do grande trono do Senhor. Avante! Estão cobertos de poeira e mel, Andando, vagam certamente ao léu; Em cada movimento semelhante...
Os seus caminhos se cruzaram, sinto Vir vindo novo sentimento. Absinto Embriagando de loucura e paz.
Pelos jardins, vão caminhando, santos... Os seus segredos são guardados, tantos Medos sentidos, descansar jamais... Marcos Loures
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Nesse banquete; glórias e concertos, As fantasias, loucas e completas... Os sonhos impossíveis de um poeta. No final dessa festa, mais consertos,
Nos tremendos reparos, meus acertos, Amor novo, Cupido trouxe setas. As mágicas orgias tão diletas; E refeitos, meus sonhos vão despertos...
No banquete, bacantes e nudez, A noite espreita, espera sua vez. A morte tocaiando, ri-se, espúria...
Nos olhos, lacrimejo, minha mágoa, A chuva torturante, traz tanta água. Mas na minha alma em seca, resta anúria...
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Nesse balé maldito, roda a vida, Numa dança cruel, sem sentimento. Não poderei jamais fugir, mas tento; Quem sabe então verei uma saída...
Na contradança; o bem querer. Perdida Uma alegria, o dia passa lento. Não deixo de pensar um só momento Na noite que se foi, na despedida...
Apenas vislumbrando uma farsante Que escondes em sorrisos e disfarces. Espelhas, na verdade tantas faces,
Num gesto mais cruel e provocante. Jamais serei comparsa ou teu amigo. Dançar em tal balé? Eu não consigo!
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Nesse amor que sonhamos para nós, Nocivo e delicado, salvador. Atamos, desatamos tantos nós Que tecem nossas teias, nosso amor...
Pois quando te procuro não duvide Que a noite se anuncia toda nossa. Amor quando em amor tudo decide Entranha se deseja e já se empoça.
Vasculho cada canto e cada encanto, Desejo teu amor sem penitência Na pura entrega mansa sem espanto. Mistura de carinho, impaciência...
A noite vai passando sem saber, Nestas mágicas rédeas do prazer...
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Nesse abastardamento, nosso amor... Inclementes percebem nosso fim... Causando sem ter pena, um estupor Matando, lentamente, impede o sim...
Amor que se firmara perde cor, Não quero revestir-me deste brim, Empalideces, passas, um trator... Perdido vou morrendo, espadachim...
Neste caramanchão de buganvílias, Os olhos esgarçados de saudade... Nossos jardins, prometem tantas tílias,
Nada restou senão essa incerteza, Matar o nosso amor, que crueldade! Abastardaste, louca, tal beleza...
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Nessas tênues vertentes deste rio As águas que te banham deliciam. Diluo meus desejos no teu cio Pelúcias que os amores propiciam...
Desfilo meus dedos em teus portos Atraco meu navio no teu cais. Os medos não demoram, vivem mortos, Pois sabem que temor não terei mais...
Cortejo cada toque mais profano, Remessas de delírios e prazeres Noturnas fantasias sem engano, Que são tramadas, basta tu quereres...
Eu quero teu amor, manso cortejo, Em tantas explosões do meu desejo...
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Nessas sombras dos verdes arvoredos Deitada mansamente no meu colo, Expondo seus mistérios e segredos, Voando com meus sonhos, sai do solo.
Comigo, decolando deste chão, Nas asas deste que nos comporta Estendo o nosso sol numa emoção Abrindo, do infinito a velha porta...
E vamos passeando pelos ares, Conforme nossos olhos já pediam. Colhendo as maravilhas dos amares Em mares que jamais nos deixariam
Viver sem poder ter essa brandura Da sombra tão macia da ternura...
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Nessas horas vagantes, sou procela, Num sentido senil que tanto arvora... Nessa fila de banco, uma demora No final dessa rua, Rua Bela.
Quando fiz papagaio, da janela Lateral do meu quarto, quis a flora... Mas nessas tentativas, perco a hora Da consulta marcada por Gisela.
Fingi que não queria beber cloro, Tomar um formicida, dar risada. Nesses vários papéis que mal decoro,
Existe verdadeiro compromisso: O de nunca ser tudo ao menos nada... O que tenho, pergunto então, com isso?
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Nessas folhas caídas , meu outono Distante de uma bela primavera tragando o pensamento em abandono inverso se aproxima, esta quimera
transborda tão somente mal ressono. Inverno terminal. Ai quem me dera; Meu Pai me concedesse; como abono, um último suspiro que amor gera.
nos meus tempos felizes que se foram Menino, procurando o seu futuro, Não sabendo, entretanto quanto é duro
O perder dos amores que ficaram. As esperanças todas, se acabaram. Já fui. Agora espreito sobre o muro...
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Nessas conchas marinhas, seus segredos; As ondas que marulham prisioneiras... Dedilham esperanças tristes dedos, As noites que vieram, derradeiras...
Os versos me traduzem quaisquer medos. Coqueiros, caranguejos, mar, esteiras... Meus olhos vão buscando os arremedos. As noites que sangraram, as primeiras...
As cordas das montanhas azulejam. Nos cantos dessas conchas sei o mar... Meus olhos os teus olhos se desejam.
O rumo das estrelas caminhar... Saudades nos meus olhos já latejam, Nas conchas, ondas, mares, quero amar... Marcos Loures
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Nessa tristeza sinto, mesa e bar, Distâncias se completam na aguardente; Quem me dera, poder, tão de repente, Rever a tua boca e te beijar...
Minha cabeça roda sem parar, Despeço-me da pútrida serpente. Nesse bar melancólico e demente, As cadeiras vazias têm lugar...
Amei demais e sinto que perdi, Não tenho outra verdade; pois, sem ti, nada de mim restou, estou no fim
Na pele, tens delícias de cetim, Na boca a sutileza do carmim Reflexos deste amor roçando em mim...
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Nessa terra de amor e de esperança Eu vejo uma rainha que caminha. Nos olhos desta moça uma aliança Que traz a poesia nossa, minha...
Na tela que pintei os olhos teus Estrelas se esconderam. Nem a lua Permaneceu; me dando seu adeus, Porém o brilho intenso se acentua.
Na terra desse amor que tenho tanto Meu canto mais suave te procura; Entregue ao teu carinho e ao teu encanto, Que traz a maravilha da ternura...
Na terra da esperança nosso amor, Em meio a tempestades, salvador!
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Nessa nossa cavalgada Coletando mil estrelas Tua pele arrepiada Estas tocas doces, belas
Te fudendo a noite inteira Quero a xana e quero o rabo Putaria corriqueira, Se começa não acabo
Quero a boca no meu pau Minha língua em teu grelinho, Num gostoso bacanal
Vou na frente e como atrás, Vou depressa e de mansinho Como a gente ninguém faz!
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Nessa noite, fantasmas me perseguem, Descobrindo o recanto onde descanso, Por mais que fantasias eu navegue, O rio que pensei, nunca foi manso...
Mortalha dos amores, foi entregue, Nas mãos dos tais fantasmas, sem remanso... A dor que não permite que eu navegue, O passo incoerente onde me tranço...
Nessa noite, miasmas me definham, As almas dos amores já me enfrentam, Os rumos, meus caminhos, desalinham,
A vida se parece vil batalha, Lutando tantas vezes, sei que tentam, Caminhando no fio da navalha...
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Nessa noite eu quero que o luar Invada esta janela do meu quarto, Aos raios desejosos me entregar Até dormir, cansado, morto... Farto...
Da teia dos teus braços sou refém E não desejo nunca uma saída. Tu és toda a certeza deste bem Que é parte crucial de minha vida.
As emoções misturam-se, prazeres, Entorpecido sigo noite afora, Roçando nossos lábios, mil quereres, Sabendo quanto é triste o ir-se embora.
Eu quero a solução mais ardorosa, Na noite que vivemos; maviosa
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Nessa minha oração, peço perdão; A quem, por amor, segue o meu caminho. Quem me fez contemplar, e sou daninho, Andorinha sozinha no verão...
Quem me trouxe certezas, por paixão, Me embriaga, bebendo amarago vinho. Fermentando, devora de mansinho Tudo o que restou. Sem solução...
Vindo da noite, gritam pesadelos, Para viver melhor, não quero tê-los, Mas, mal fecho essa porta, a força é bruta...
Amor, transfigurado, nem me escuta, Cansado, vou vivendo essa labuta, A minha vida envolta em tais novelos...
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Nessa imortalidade, nosso amor, Se rende a teimosia, tantos medos. Vivendo da maneira que se for, Sabendo da distância e dos segredos.
O fio que nos une é tão flexível Embora tantas vezes posto à prova. Amor que se parece perecível A cada novo tempo se comprova.
Rondando pelas trevas, nem se afeta; Cabendo em meus problemas, soluções; A vida se provoca e se completa, Unindo tão diversos corações...
Depois de termos rotos os temores, Imortalizaremos os amores...
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Nessa alvorada pássaros cantando Fazendo tanta festa numa praça Perdida no passado mais longínquo... O tempo nunca pára, sempre passa
Estes mesmos pardais da minha infância As andorinhas se foram, mas voltaram, Porém os meus folguedos de criança... Ah! Já faz tanto tempo se acabaram...
As árvores da praça continuam Assim como estes bancos no jardim... Saudade vai batendo, vai batendo,
Trazendo essa lembrança dentro em mim. Tristezas num momento se atenuam Sentindo assim teus braços me envolvendo... Marcos Loures
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Nessa alameda insana de um amor, Um velho caminheiro se perdeu. Quem dera se inda fosse um bom ator. Porém até roteiro ele esqueceu. Carinho que julgara- sonhador- Pudesse ser somente teu e meu
Agora ao ver ao longe, no horizonte O brilho deste sol que ora te abraça, Deitando o seu poder em outra fronte, E o teu sorriso manso, pleno em graça, Que em nova direção teu peito aponte, Enquanto o sonho meu já se esfumaça...
E sinto que te perco dia-a-dia Na lua assim sem brilhos, fugidia...
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Neófito nas sanhas de um amor, Amargurei cruéis desilusões. Pensando em teu olhar, meu refletor Chuviscos transformados em monções.
No sol das esperanças peguei cor, Mas nada que chamasse as atenções Daquela por quem tive este labor, Minha alma freqüentando os teus porões.
Nos alçapões da sorte, um passarinho, Encontra a fria grade, uma gaiola. Na lama da tristeza já se atola
O que restou das velhas fantasias, Meu brado vira apenas burburinho, Novelo da amargura, tu desfias.. Marcos Loures
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Nenhum amor resiste à solidão, Decerto nela encontro um triste adeus. Teus olhos tão distantes já dos meus Não podem definir a sensação
De ter a cada noite em duros breus O medo de viver sem ter razão. Meus olhos com certeza, mais ateus, Não tem sequer mais rumo ou direção.
Sou teu e disso faço o meu caminho Em meio à tantas pedras, sem destino. A rosa se desnuda e sem espinho
Transforma-se em perfumes benfazejos. Tu sabes que sem ti, me desatino E morro me afogando em meus desejos... Marcos Loures
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Nem tudo que és capaz já te convém Por isso é necessário ter cuidado. A amizade se faz no querer bem Tentando confortar o bem amado, Nem tudo o que fizeres edifica, Às vezes te destrói, só depois sentes. O perfume em quem dá, na certa fica Entranhado. Se amor tu não consentes De nada vale a vida; pois amor É base para ter felicidade. Num edifício feito sem temor Tijolos são os atos de amizade Que enfrentarão as chuvas e tempestas. Inveja e possessão abrem as frestas...
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Nem tempo nem distância nos destrói. Se nós somos metades mais perfeitas. Nem mesmo a solidão que tanto dói, Impedem nossas sortes já refeitas. Apenas todo amor, enfim constrói, Te sinto em cada noite em que tu deitas.
A tua boca chama e logo venho, Morena sedutora, meu desejo... És tudo o que mais quero, onde me embrenho, No sonho delicado, em cada beijo. Extasiado, tanto amor te tenho.. Eternidade assim, em ti prevejo..
E juntos vamos, gozo e alegria, Desejo que esta noite sempre cria...
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Nem sempre conseguimos, mas escute A voz do coração e siga em frente, Enquanto houver um sonho, teime e lute, Vitória com certeza se pressente
Nas mãos que não se cansam da batalha, Arquétipos rasgados e esquecidos, Felicidade vem pra quem espalha Os cantos da alegria, destemidos.
Não posso duvidar do amor que move Montanhas, cordilheiras. Quando chove Tu és a proteção na qual se abriga
Os sonhos deste velho aventureiro. Sabedor do valor tão verdadeiro Que existe nos teus braços, cara amiga... Marcos Loures
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Nem sei se este causídico causava Nos outros ( falsidade ) uma impressão Melhor do que o pelintra bonachão Quando alguém mais ingênuo o contratava
Vendendo a consciência, não pagava Nem na mesma moeda, a direção Forjada com seu ar de vendilhão Enquanto, sem falar, só debochava;
Um dia; um cidadão desesperado Depois de ter sem dó assassinado Aquela a quem, outrora, tanto amou.
Dizendo assim- Meu sonho se acabou, Matei minha mulher! Esse advogado Respondeu então: DIZEM QUE MATOU! Marcos Loures
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Nesta cova que herdaste por consolo, Toda herança maldita que sobrou, Vivendo deste imenso e seco solo, Somente o que contigo carregou; Amigo, neste mundo em que me imolo Percebo que de nada adiantou
A cruz em que o cordeiro consagrado Há tanto tempo morto, em sacrifício, Deixada como um sonho abandonado, Tornando-se pra muitos seu ofício. No sangue há tanto tempo derramado, A flor que mais cresceu foi a do vício
Espalhado pela terra, em tantas faces Moldadas, escondendo mil disfarces... Marcos Loures
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Nesta carnificina anunciada A mão do que não pude faz estragos. Derrubo meus castelos, mato a fada, Não quero dos demônios mais afagos.
Alavancando o medo, vejo o fulcro, Rasgando a minha tênue fantasia. O quanto sobrará deste sepulcro Que a vida em mares negros, sempre cria.
Gerando tão somente o mesmo cardo, Espículas rasgando este molambo Que um dia imaginara ser um bardo, E aos poucos, sem limites, já descambo.
Suspensas ilusões tomando o ar, A nuvem nega o sol que eu quis brilhar...
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Nesta canção de amor; eu te proponho Dançarmos esta noite sem parar, Minha esperança nos teus braços ponho, E esta canção vai solta; ganhando o ar, Te pega pelas mãos e te convida Ao sonho que pretendo realizar; Vivermos tão eternos nesta vida Nos passos desta dança, flutuar... Com palavras sinceras, eu desejo Te fazer mais feliz a cada passo, Em cada novo canto um novo beijo E juntos, navegamos pelo espaço, Eu te proponho agora uma canção No compasso ritmado da paixão...
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Nesta beleza rara, escultural, Suave calmaria leva o mar. Contorno de vitória triunfal, No campo das batalhas do luar.
Beiras a perfeição, és divinal, Uma sílfide leva-me a sonhar. Beleza sem igual, fenomenal, Tradução mais correta: verbo amar.
A boca carmesim, doce e pequena, Os olhos exclamando: formosura, Acena com propósito de cura.
As pálpebras fechadas: vera cena, Dormita tão serena criatura. Acordado, venero esta morena! Marcos Loures
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Nem pude terminar este castelo Que em sonhos eu criei para nós dois. Saudade que em mil versos te revelo; Deixaste nossa vida pra depois.
Tocar a tua pele tão macia, Sentir o teu perfume junto a mim. Manhã sem ter teus lábios, tão vazia, Que faço se esta dor não tem mais fim...
Quisera sem pudores, ter-te nua E ser o teu parceiro noite afora. O mar mais revoltoso continua, Porém meu barco ao léu jamais se ancora.
Encontra quem tentara ainda um cais Desilusões somente e nada mais. Marcos Loures
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Negando o que se fora amargo fel Poeira no meu peito toma assento Depois de ter tocado imenso céu, Achado que era Deus por um momento,
Provado da ilusão, perfeito mel, Ausência se tornando sofrimento. Vagando sem destino o meu corcel, Refaz esta ventura em pensamento
E; viva, uma saudade faz do afago A tempestade imensa em calmo lago. Depois de tanto tempo, sobrou nada.
A gente se perdendo em noite fria Matando o que restou de poesia Tornando a nossa sina malfadada... Marcos Loures
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Negando com vigor a claridade, O céu de minha vida é nebuloso. Não tendo no horizonte, a liberdade, O tempo se mostrando caprichoso.
Retumba a tão dorida tempestade, O quanto que não tenho, mata o gozo, Vencido tão somente por saudade, O medo se tornando desairoso.
Chegando pouco a pouco em noite fria, A nuvem de falenas quer o lume Apenas encontrando alma vazia
Não deixam mais sequer algum perfume. E quase no final da noite imensa, A vida não promete recompensa.... Marcos Loures
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Negando cada verso que compus Os dias vão em mágoas, desgraçados. A mão que entediada me conduz Expressa sentimentos torturados.
Legado que carrego, a minha cruz Em dias mais cruéis, desventurados. Negando a claridade, morta a luz, Em trevas os antigos flóreos prados...
Apenas nos meus olhos, ansiedades, Temíveis, doloridas tempestades, A vida vai secando cada veio.
Os olhos se tornando rasos d’água, A solidão no peito já deságua. A morte se tornando o meu anseio... Marcos Loures
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Negando bruscamente o meu porvir A voz do meu passado não se cala, Tomando com firmeza quarto e sala, Não deixa nem sequer o sol se abrir.
Quem dera se eu pudesse te pedir Ao menos um carinho, mas se cala Minha alma, da tristeza, uma vassala; Algoz que nada mais possa impedir
Agônica expressão que toma a cena, O beijo que recebo me envenena, A mão que me acarinha, desabriga.
Ouvir o mar distante sob a lua, Numa tênue esperança, continua Trazendo em seu marulho uma cantiga. Marcos Loures
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Negando a ventania e o vão granizo, Amor faz deste estio, eterno mote. O passo que se dá, sendo preciso, Não deixa nem serpente, medo ou bote. Fartura que se mostra em um sorriso, Do mel de tua boca quero um pote.
O vento em mansidão, agora avisa Da doce melodia que me alcança. Palavra mais sublime e mais concisa, Na brisa se transborda; nossa dança. A cada novo verso mais se frisa A força deste amor, uma esperança.
Rebenta, no caminho, pedregulhos, Não deixa mais restar sequer entulhos.
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Negando à fantasia o seu espaço, Pressinto num momento de inquietude Que ainda me permito ao teu abraço Mudando de caminho e de atitude.
Quem sabe na amizade o meu sustento, Trazendo algum alento, uma esperança. O quanto que eu desejo e mesmo tempo Criar alguma forma de aliança
Que possa permitir algum remédio, A droga que fascina e me entontece Legando à solidão a dor e o tédio, Um novo amanhecer assim se tece.
Nos braços que estiveram do meu lado, Um novo amanhecer tão esperado...
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Negando a dor solene, amargo drama Avanço sem temores, ganho o cais, Estrelas derramadas, sensuais, Decoram todo o quarto, nossa cama.
Desejo que atendamos quando chama Em movimentos loucos, divinais, Não quero te perder, amor, jamais, À noite uma vontade nos inflama
E o jogo continua sem descanso, Depois a calmaria de um remanso Sentindo o bom perfume das madeixas
Que tocam o meu rosto- tentação, E entregue a tais desígnos da paixão, Decifro teus desejos, tuas deixas. Marcos Loures
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Nefastas, minhas noites se esgarçando Medonhas fantasias. Podridão. A morte se declara e desde então O tempo entre meus dedos escoando...
O Amor, um cruel vândalo tomando O que restou da estúpida ilusão, Naufraga a minha torpe embarcação Sem regras, sem o leme e sem comando.
Os corvos sobre mares de heliantos Crocitam no horizonte e já são tantos Que nublam mesmo em pleno meio dia
O céu que tolamente azulejei, Grisalha realidade toma a grei E entorna a tempestade em agonia...
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Nefasta humanidade, esgoto aberto Que exala em podridão seu cerne obscuro, Vestindo esta carcaça com apuro É como fosse um tétrico deserto
Nas garras desta fera, mal desperto Tento uterino abrigo, calmo e puro, Porém, intransponível, este muro Condena sem perdão ao passo incerto.
Envolvido somente por mecônio, Sulfúrica impressão deste demônio Que trago dentro da alma, inexorável.
Eu tento resistir, inutilmente, Tentáculos escusos, plenamente Tornando este ar terrível e intragável... Marcos Loures
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Nefasta criatura andando solta Qual fosse um lobisomem em sexta-feira. Matilha de calhordas faz escolta Vasculha sem pudor cada lixeira. Imagem nauseabunda me revolta Diabólica figura, a mensageira
Estúpida da súcia mais abjeta Enquanto vaga à toa pelas ruas Vociferando asneiras se completa Uivando para estrelas, pensa luas, Procura a companhia predileta Nas podres e infelizes almas cruas
Ao espalhar infernos, pária escroto, Mimetizado bóia num esgoto...
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Necrofágico sonho, amortalhando Um ser que em liberdade tenta a paz. No gládio destemores se entornando Num gozo mais profano e sempre audaz.
A pérfida emoção me transtornando Carnívora ilusão se faz voraz, O resto da alegria vai sugando Anêmica esperança, o sonho traz.
Malditos os teus olhos, dura fera, Os teus grilhões impedem meus caminhos Negando a floração da primavera
Escárnio demonstrando num sarcasmo, Na viperina face entorna em ninhos A imensa sensação de um louco orgasmo...
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Necessito de um beijo, quem me dá? Amores temerários, não os quero. Querida, tantas vezes, onde está A noite que tragamos, peço, espero...
Preciso urgentemente, não dará? Que faço destas flores? Desespero? Não sei se Rio Grande ou Amapá Só sei que sem amor, cadê bolero?
Me visto, me revisto, quedo mudo. Me mudo me remendo, fico manso. Não posso nem pretendo, mas contudo,
Meus versos são inúteis, um desejo... Meu grito segue embalde, já me canso... Imploro simplesmente por um beijo!!!! Marcos Loures
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Navego um mar intenso de prazeres Arcanjos encontrando no caminho Bebendo desta festa em mil talheres Adentro com certeza o belo ninho
Que sabes com fineza ofereceres A quem se fez amante e de mansinho, Percebe este prazer que tu mais queres. Vibrando em frenesi, tanto carinho...
Banhando tuas praias com meus mares, Encontro em tua tez belos altares Aonde professando em prece insana
Recebo teus desejos sensuais, Invado tuas sendas, catedrais Erguidas para a deusa mais profana...
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Navego no teu mar, ondas e ventos, Depois em tais procelas, eu naufrago, Transbordo meu amor em sentimentos, Qual gato vou buscando o teu afago.
Ronrono nos teus braços, por momentos Depois mergulho insano neste lago, Amor sem ter limites, eu te trago, Desejos que na cama têm assentos.
Em sensações tão loucas, pueris, Eu galgo meus prazeres, quero o bis. Amar é simplesmente me afogar
E crer sem ter temores na ilusão Que toma nossa vida, e qual um mar, Explode depois na arrebentação... Marcos Loures
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Navego neste mar, tranqüilidade; As âncoras jogadas nos teus braços. Depois de imaginar já ser bem tarde Estreito fortemente nossos laços.
Eu sei quanto é preciso a liberdade Mas nada me detém, nos teus abraços Encontro no prazer diversidade E assim já vão mais firmes os meus passos.
Num frágil sentimento que tomara A vida de quem soube ser amara A sorte destrutiva que maltrata.
Querida, eu te dedico este soneto, Trazendo uma esperança, eu te prometo Meu verso em transparência mais exata
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Navego entre teus mares e me perco Vibrando de emoção; naufrágios busco, De todos os delírios eu me acerco Deixando no passado o lusco fusco. O quanto nosso amor se fez mais brusco, A dor é pra quem ama, um bom esterco,
Ouvir a noite inteira os teus apelos, Cerzindo com palavras cada bote. Misturas entre sedas, nossos pelos, E a volta ao velho e santo, amargo mote. Calor ao derreter terríveis gelos, Galope aonde houvera simples trote.
Apago os meus rancores, chego a ti, A estrela que em mil versos persegui...
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Navego com delícias por teus mares, oceanos divinais de brandura, desfruto a maravilha de pomares, mergulho nos teus braços, a ventura
de ser teu companheiro de viagem por céus, tantas estrelas como guias. Felicidade é meta, uma estalagem aonde nós teremos alegrias.
Tapetes de galáxias, nebulosas, corcel que se liberta em asas plenas. No teu caminho, amada, tantas rosas.
Teus olhos, meus faróis, teus braços, redes, teus lábios doces fontes, matam sedes de quem já se entregou em belas cenas... Marcos Loures
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Navegas tuas mãos por sobre mim, Com tal sofreguidão que não resisto, Eu quero o teu carinho até o fim, Desejo sem igual, jamais foi visto.
Teu corpo no meu corpo um estopim, Teus seios em meu peito, eu tudo assisto E vou neste tempero sempre assim, Do teu prazer, amada, não desisto...
E toco-te com lábios mais audazes, Que buscam a nascente dos prazeres. Mirabolantes gestos são capazes
De todo o doce gozo que quiseres, Depois a boca aberta em um sorriso, Bebendo o que vier do paraíso... Marcos Loures
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Navega entre enxurradas, barco à vela Papéis que se transformam; liberdade, O vento que o carrega nos revela Do quanto a vida traz fragilidade.
Pintando esta paisagem numa tela Encontro virtual tranqüilidade. Corcel que nos meus sonhos, gozo sela, Moldando esta emoção que agora invade...
Efêmeros momentos de alegria Que valem toda a vida, eu te garanto. Se a noite se apresenta mais sombria,
Dos olhos gotejando dor e pranto, Criar um frágil barco de esperança Que um dia, imenso mar, decerto alcança...
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Navalha e canivete na cintura Bornal trazendo um resto de esperança, A faca penetrando esta amargura À margem do riacho da lembrança.
Tomando no boteco se depura A dor de ser refém desde criança De um medo que ancestral vira amargura, E sempre que ele pensa vem e alcança.
Nas manhas do moleque já crescido, Manhãs adormecidas na saudade, Restou talvez, quem sabe, uma amizade,
Do tempo que se fora, transcorrido Nas léguas dos caminhos não trilhados, Dos sonhos que mal teve, abandonados...
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Naufrago nos teus mares, meu saveiro, Tu és já com certeza, o ancoradouro, No qual com esperanças eu me douro Bebendo deste amor tão verdadeiro.
Maravilhado eu sinto o doce cheiro Do amor que transformou no nascedouro A vida num raríssimo tesouro, Trazendo esta alegria ao garimpeiro,
Ourives que lapida a jóia rara, Encanto que em teus braços se declara, Querendo no oceano, navegar
No porto que é teu corpo encantador, Aporto com volúpia, franco amor, Tomando a mansa areia, devagar...
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Naufrago no teu corpo, doce enchente Vazando pelas margens, algas, águas. Tocando em cada rio, um afluente Eu deixo para trás antigas mágoas
E invado tua praia sem licença Avanço pelos cabos, ilhas, portos. Não vejo ser possível desavença Embora meus caminhos sejam tortos...
Ao invadir teu cais com meu saveiro Adentro cada ponto de chegada. Mergulho no teu corpo e vou inteiro, Não deixo, meu amor, sobrar mais nada...
E tudo se transforma em tempestade, Só resta bendizer felicidade.... Marcos Loures
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Náufrago dos sonhos, cais distante, O mar entre sargaços, celacantos, Fantasmas dos meus olhos, desencantos, Um pesadelo a mais, a cada instante.
Ourives que perdeu seu diamante, Mortalhas me servindo como mantos. Salgando todo mar com os meus prantos, Por mais em agonia, essa alma cante.
Do amor que fugidio, já morreu, Bem antes de poder trazer o alento Que mitigasse enfim, meu sofrimento,
Estrela que de mim tanto esqueceu Vagando em outros céus, brilhando intensa, Deixando ao coração medo e descrença... Marcos Loures
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Nem preciso dizer quanto te quero... As cordas esquecidas do meu pinho... As notas que procuro enquanto espero, Roubadas no cantar dum passarinho...
Nem preciso dizer quanto venero, A boca que me morde, com jeitinho, O mundo que navego, não tem clero, Totalmente profano o meu carinho...
Nem preciso dizer que te esperava... A tarde que sonhei, audaz e brava, Nas mãos que acariciam, meus pecados...
Amores que perdi, desesperados... Compensam esta espera que passei... Castelos que constróis, neles sou rei... Marcos Loures
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Nem mesmo uma vontade de ficar, Apenas a distância tão sofrida De quem quis aprender demais amar, E foi-se numa estrada, vã, perdida...
Mas sinto que talvez, uma esperança, Aporte nesta porta sem bater. No vento que me trouxe, na lembrança, O gosto e bom perfume do prazer...
Amada, por favor, te espero aqui. Imerso na terrível solidão. Esqueça se, meu rumo; já perdi, Encontro em teu caminho, a salvação.
E peço, meu amor, esta alegria, E traga, pros meus braços, novo dia!
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Nem mesmo a sombra passa pela rua Escura de meus sonhos esquecidos. Eternamente morta, ausente a lua Os astros se perderam, distraídos...
Tão somente escuridão que continua Em rumos mais diversos, repartidos Palavra sem sentido, nua e crua Vagando entre vazios divididos.
Vivo buraco negro dentro da alma, Não deixando nenhuma claridade. Mas ando sem problemas na cidade,
Mantendo incrivelmente toda a calma. Mesmo sem nada ouvir, sigo o caminho, E Deliciosamente, ando sozinho...
Marcos Loures
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Nem mesmo a solidão, barca vazia, Impede aventureiro coração Que busca o paraíso na amplidão Deitado sob o sonho, a fantasia.
Contendo da tristeza uma sangria, O vento se mostrando em turbilhão, No fogo tresloucado da paixão Projeto de esperança não se adia.
Ardendo nos teus braços, fogaréus, Adentro com firmeza claros céus E bebo cada gota deste orvalho
Enquanto em sedução gozos espalho Tramando um novo tempo de viver Hedônicos caminhos do prazer. Marcos Loures
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Nem mesmo a nossa morte nos separa, Atados por eterno sentimento, Sabemos, meu amor, como é tão rara A vida que vivemos, sem tormento.
Te quero tantas vidas que vierem, Nas doces emoções que nos envolvem, As almas desejosas, sempre querem Na sensação que dás, eterna, jovem...
Meu coração jamais se calará Nos versos que te faço, a cada dia. A lua que nos trouxe brilhará No canto deste amor, em poesia...
Amada, eu não temo mais o fim, O bom de toda vida vai, em mim...
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Nem deixam os amantes mais em paz, Invejas de outra gente solitária Distante da sublime luminária Falenas se matando em fúria audaz.
Apenas a vontade satisfaz? Decerto sei que é sempre necessária, Porém a claridade temporária Não mostra todo o bem que amor nos traz.
Faminto de teu cheiro, teu perfume, Bebendo a cada dia farto lume Um mundo mais perfeito descobrindo,
Imito em pensamento a bela lua Que ao ver-te assim deitada seminua Entrando no teu quarto te sentindo. Marcos Loures
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Nem árvores frondosos já tombadas Nem mesmo algum riacho que se seca, Bandeiras esquecidas, destroçadas. Homens fazem da morte a sua Meca Cadáveres servindo de almofadas A quem quando destrói não vê que peca.
Porém da natureza, uma armadilha Num bote mais certeiro, seca e fome. Pegadas vão formando a dura trilha Que aos poucos, nos devora e nos consome. Os lobos no poder, voraz matilha E o povo ensandecido, o resto come.
E ao Deus maravilhoso em seu ofício, Indago se valeu Seu sacrifício.
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Negaste teu amor a quem, um dia, Vivendo uma ilusão te quis aqui. Meu canto se transtorna, uma agonia, Tomando seu lugar onde vivi
Os sonhos que julgara de alegria, Em pesadelos mostram quanto em ti Destrói-se sem motivo a fantasia, Até uma esperança eu já perdi...
Mas canto minha vida sem tristezas, Apenas aprendi como se faz. Deixando para o lado as incertezas,
Seguir cabeça erguida minha estrada, Depois de tudo a morte vem em paz, Do amor que não me deste; levo nada....
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Negaste o teu carinho em verso triste, Matando o que nos fez bem mais felizes. A solidão aponta o dedo em riste E faz as minhas sortes meretrizes.
Um passarinho morre sem alpiste, Abriste novamente cicatrizes, Somente uma esperança inda resiste Depois de tantas dores e deslizes.
Amiga, tu prometes inda ser, O que me poderia ser melhor Restando simples gota de prazer,
Percebo um amanhã menos nublado, Teu rosto; ainda guardo e sei de cor, Dentro do coração vai retratado...
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Navego pelos mares da esperança Neste caminho sem saber de volta O quanto se aproxima e me revolta Depois que a poesia nada alcança,
Jogado pelos cantos, sem lembrança Do todo que sentira em tua escolta A mão não me segura e se me solta Invado sem saber de confiança
As ermas madrugadas em sarjetas E quando outro caminho me prometas No fundo sei somente do vazio.
E o tanto que pudera adivinhar Perdido neste encontro sem luar Traduz o quanto quero e desafio.
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Negando cada passo rumo ao mar E sei da praia ausente e nada mais, Ainda quando vejo os vendavais O tempo se mostrando a divagar,
Pudesse nos teus braços mergulhar, Quem sabe noutros tempos, desiguais Os dias entre tantos, triunfais Erguendo para além o vago olhar.
Espero sem sentido nem razão As horas que decerto me trarão Somente um lenitivo, e quando vejo
O todo se esvaindo num instante A sorte no vazio não garante Sequer o que pudesse num lampejo.
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Negar o quanto pude e não sabia Vencendo o dia a dia mais audaz E sei que a fantasia se desfaz Matando o quanto posso, alegoria.
A sorte desenhada se desfia E deixa o meu caminho para trás E o rústico cenário tanto faz Marcando com terror o dia a dia.
Esparramando o sonho sem destino, E quando noutro passo eu determino A minha mansidão, mesmo que vaga
A pútrida verdade se decifra E a vida se traduz em leda cifra E o corte a cada instante se propaga.
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Ninfetas e lolitas, sonhos vãos E os dias entre turvas consciências As sortes não seriam providências Colheitas sem saber dos novos grãos.
Os tempos entre tantos são meus nãos E os cortes nos meus sonhos evidências Dos partos onde as mortes, sem ciências Invadem madrugada; abortam grãos.
Grisalhos os cabelos de quem sonha, A sorte se mostrando mais bisonho, Neste retrovisor a vida capotava
E o quanto do passado se perdeu, Meu mundo na verdade não é teu, E o todo se transforma me medo e lava.
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Níveas as manhãs onde buscara Sorriso de quem amo e nunca veio, O tempo se mostrando em tal receio, A sorte na verdade sempre rara,
Somente coletando nova escara O olhar se presumindo em ar alheio, E o quanto poderia em devaneio, A morte a cada curva se prepara.
O ocaso se transforma em tal momento E quando alguma luz, inútil tento, Esbarro nos meus erros mais constantes,
E o caos se desenhando após o medo Ainda quando posso me concedo Vencendo estes tormentos que adiantes.
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Negar a minha sorte E crer noutro futuro Aonde se conforte O quanto inda procuro
No passo feito em corte O dia mais seguro, E a vida sem aporte Prepara o solo, duro.
Esvaio em verso e medo E quando quis assim, No nada me concedo
E bebo até o fim, A vida sem segredo O sonho dentro em mim.
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Na cúpula dos sonhos A sorte se desenha E quanto mais risonhos A vida traz na lenha
Momentos enfadonhos E neles já contenha Os dias que bisonhos A dita não se empenha.
Resulto deste ocaso E quando ali me aprazo Esbarro nos meus erros,
Planícies, vales, ermos A vida traz em termos, Apenas ledos cerros.
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Na mão esta roseira No olhar enamorado A vida que se queira O tempo em novo brado,
A sorte derradeira O canto do passado, A lua verdadeira O sonho desejado.
E assim nada pudesse Além da rara messe Do amor sem mais fastio
E o todo continua Beleza rara e nua, Ainda a desafio.
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Nefasta madrugada Aonde o dia traz Após a degradada Imagem mais mordaz
O tempo quando invada E dite o tom tenaz Da sorte desenhada Em nada, morta a paz.
Espero qualquer dia E quando pude ver A morte me traria
O novo alvorecer Matando a poesia Gerando o desprazer.
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Não vejo mais o fim Nem mesmo o quereria A sorte em fantasia Trazendo este estopim. Vivendo dentro em mim A noite mais sombria Traçando desde assim O quando poderia. Resulto deste ocaso E quando assim me atraso Esbarro neste engano. Opaca madrugada A sorte desejada No fundo enfim me dano.
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Repare muito bem Os erros do passado E quando a noite vem Traçando o quando evado
Esbarro neste alguém E sei do adivinhado Caminho onde também Não tenho outro traçado.
O verso se traduz No quanto pude crer E a farta e bela luz
Já não mais posso ver Aonde se conduz Um triste alvorecer.
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Necessitando a sorte De quem se fez além Do quanto inda retém E nada me conforte,
O passo não suporte A vida em tal desdém, O quanto quero bem No fundo aumenta o corte,
Esbarro no vazio E sei que desafio O verso em redenção,
As noites mais sombrias Matando as fantasia Momentos não virão.
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Negando cada engano Matando a minha luz O quanto deste plano Ainda me conduz
E o tempo em ledo dano O corte feito em cruz O risco sobre o pano O parto contraluz
Fechando assim a porta O sonho se deporta E mata quem sonhara,
Depois deste veneno Aonde eu me condeno Renego tal seara.
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Negociando a queda Ainda que pudesse Trazer o quanto enreda E dita a rara messe,
A sorte se envereda E nada mais tropece A vida não mais seda Quem sabe o que se esquece.
Resplandecente lua E nisto continua O todo não permite
O quanto se fizera Do todo em primavera A vida sem limite
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Vivendo a cada dia O quanto pude ou mais Em frente aos temporais O todo se faria,
Na sorte em poesia Ou mesmo em dias tais Os passos desiguais O corte não traria.
O mundo se calando Moinho onde se mói O tempo já destrói
E mostra desde quando A vida não condiz A morte, por um triz.
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No caos gerando o medo E o tempo em ventania O quanto além procedo Traduz o que eu veria
Assim na fantasia A vida sem segredo O rumo me traria O tempo desde cedo.
Esgoto cada verso E sei que sigo imerso Nos antros mais vulgares
E sei dos meus sinais E neles outros tais Realçam meus altares.
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Reinando sobre o nada A sorte se desfia E gera a alegoria Há tanto, desenhada
A noite na sacada A lua em poesia A sorte me traria A vida prateada
Resumos de um passado Aonde quero e invado Gerando novo sonho,
E o tanto quanto pude Embora siga rude Traduz o ser risonho.
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Ouvindo este marulho Na praia da esperança A vida quando amansa Prepara o que me orgulho
E sei quando mergulho Do todo quanto alcança E a sorte já se lança Além de algum entulho.
Esvaio num instante E o nada se garante Ainda quando pude
Vestígios de outros tempos Em meio aos contratempos Matando a juventude.
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Eviscerando a sorte Aonde nada houvera Sequer a primavera Além do que me corte,
A porta não suporte O quanto ainda espera E gera a louca fera E nela sei a morte
A marca se aprofunda Uma alma moribunda Negando qualquer luz
E o parto se anuncia Aonde a voz sombria Aos poucos me seduz.
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Idolatrando o sonho Enfrento os meus enganos E sei dos mais profanos Caminhos e me ponho
Audácia no enfadonho Momento em tantos danos, Os dias soberanos O corte mais bisonho.
Apenas não consigo Vencer outro perigo Tocaias entre espreitas
E sei do quanto pude Viceja a plenitude E em vão tanto deleitas.
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Repare muito bem E veja o fim do caso A sorte por acaso Jamais deveras vem, E o quanto sei de alguém E nisto sempre atraso O mundo quando aprazo Traduz outro desdém, Refaço cada passo E sei que nada traço Somente o fim de tudo, E o medo se anuncia E nisto a fantasia Ainda desiludo.
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Ninando cada sonho Aonde poderia Ousar ser mais risonho E crer nesta alegria
A morte não proponho Tampouco outra agonia O mundo mais medonho Marcante alegoria,
Expresso o quanto posso Num mundo sou destroço E sei do quanto resta
De toda esta verdade Ainda quando brade O quanto enfim não presta.
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