DO FOGO DAS ESTRELAS À MINHA BOCA ALUADA

Data 12/01/2011 13:30:23 | Tópico: Poemas

DO FOGO DAS ESTRELAS À MINHA BOCA ALUADA

Madrugada corre solta
Pela fresta da janela

Outrora insone, a cama agora dorme
Quieta, prostrada. Sonha um corpo
Para justificar sua existência

Um resto insolúvel de vida fremindo,
Enfim, se aquieta

Um quinhão inútil de morte,
Gemendo, supõe a si que revive

Engrosso a noite n'um caldo magro
Amargado n'uma ininteligível mágoa

Muito rápido, entorno o ensopado
Curtido n'uma vasilha sideral
Direto do fogo das estrelas
Até a minha boca aluada...

Pode ser que o caldo afogue a sede...
Talvez o calor do céu tatue a pele
Da carne que já carrega as marcas
Dessa vida planetária tamanha...

Se todo o caldo cair
Ainda assim o chão se alimenta mais
Do que os ais do desastrado vertedor

É preciso... é preciso...
Viver a parte da vida que vai doendo
Ao tempo de ir desvivendo essa dor...






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