Não existem palavras

Data 03/09/2007 21:58:36 | Tópico: Poemas -> Amor

Não existem palavras
quando a linguagem é muda
e apenas a voz da alma fala, melódica,
sustenida, em conchas esvaziadas.

Então, no ventre dos tempos, meu amado,
avançamos livres,
avançamos nus,
desbravando os medos do corpo, um a um,
em acordes vibrantes de fogo
num plano fumegante de lava e luz,
em vibrados de Sol.

Tomamos o rumo dos astros
e o horizonte abre-se-nos, fulgurante e vasto,
amaciando, nas sombras da tarde,
as cascas ressequidas de serôdias árvores.

E mais além, nas veias azuis da Lezíria,
nas fímbrias do rio,
tordos e rolas são velas hasteadas
num voo de fragatas à bolina …

E sob a nossa pele,
um reino desconhecido se explode virgem,
em plexo de sentidos,
de desejos incontidos,
num entrançamento de gestos circunflexos
em que as hastes dos salgueiros se dobram
se vergam e se fundem
à madre das águas.




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