MEUS SONETOS VOLUME 118
Data 27/12/2010 13:13:08 | Tópico: Sonetos
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1
O rastro do infinito encontro em ti, Nos astros que espalhaste em teu caminho. O quanto eu te desejo sempre vi Da eternidade em glória eu me avizinho.
Eu sei do quanto a vida nos maltrata Distante da esperança de um amor, Se a sorte de sonhar já se retrata Tomando em alegria, farto ardor.
Eu quero a tua boca, sem limites, Mergulhos entre conchas, caracóis. Por isso os meus carinhos; não evites Se neles, dentre trevas, sei faróis...
Desejo, qual insano aventureiro, Beijar-te calmamente o corpo inteiro. Marcos Loures
2
O prazer que assassina enquanto cura, O verso que não diz do mal ou bem, Macabra fantasia, criatura Que segue cada passo e nunca vem.
Convenço-me do quanto se tortura Quem sabe que não teve mais ninguém Além da mão soturna da amargura E bebe a madrugada por alguém
Distante dos seus olhos, infinita, Vestígios espalhados nas andanças, O coração que estava de mudanças
Ao vê-la assim ausente já palpita, Palpites que não quero nem aceito, O amor há tanto tempo está desfeito... Marcos Loures
3
O poeta do amor bebeu da morte O riso alucinante, em amargura. Vencido pela sina, frágil sorte, Aguarda tão somente a vã tortura
De quem ao se entregar em pena e corte Mostrou que a vida morde com doçura. Por mais que a fantasia nos recorte O fim em plena paz, já se procura.
Os versos que pensei foram falácias, Anêmica esperança sem hemácias Matando pouco a pouco, o meu lirismo,
A flor apodrecida no jardim, Na fétida esperança vi meu fim, Num último momento, quero abismo... Marcos Loures
4
O pobre carpinteiro sobrevive Em todas as misérias, injustiças. O poder que corrompe sempre vive Matando dia a dia em vis cobiças.
Aqueles que o venderam continuam Na pútrida jornada, sem descanso. Vestidos de senhores sempre atuam Imolam o cordeiro por ser manso.
Nos governos, igrejas, nas empresas, Cuspindo em cada filho teu, meu Pai; Qual fera que mordendo suas presas, Numa tocaia eterna sempre trai.
Exposto em cada esquina sem perdão, Vendido como carne em podridão...
5
O peso do passado em minhas costas As chagas que carrego ainda pesam Enquanto as horas tolas me desprezam As mãos entrelaçadas, sempre postas.
No fundo, deste jogo eu sei que gostas, Enquanto nossos corpos já se entesam Os medos e alegrias se revezam Cortando os nossos sonhos, más apostas.
O novo alvorecer se descortina Tomando tua imagem cristalina Vivenciando o risco da vitória
Em frágeis sensações, doce menina, O amor que nos transtorna e nos domina Estende em suas redes dor e glória Marcos Loures
6
O seu caminhar célere na sala; Passando por qualquer novo orifício, Demonstra o quanto audaz, no seu ofício. Perturba totalmente, e sequer fala...
Não respeitando nada, sal ou bala, Qualquer coisa servindo como vício; Nas mais altas montanhas, precipício, Vive qualquer lugar, mesmo na vala...
Com certeza não sabe ser amiga, Companheira de todos, tão antiga. No campo, na cidade vem, estraga,
Seu nome representa vera praga; Roubando, produzindo velha chaga Não posso suportar essa formiga... Marcos Loures
7
O sentimento nobre e mais humano Que a vida em alegria me declara, Encontro no teu corpo o soberano Prazer que tantas vezes procurara,
Vagando por estrelas, vou insano, Bebendo desta fonte em água clara, Não me deixo levar mais por engano, Meu passo em tuas pernas já se ampara
E mostra ser possível a liberdade Do amor que me ensinou tranqüilidade A cada novo gesto declarado.
Eu vejo finalmente a bela aurora Que em raro amanhecer já se assenhora No encanto a deus amor glorificado. Marcos Loures
8
O sentimento em ti, feliz aporta. Durante a vida inteira eu procurei, Minha esperança estando quase morta Encanto nos teus braços; vislumbrei,
Estando do teu lado, sigo em frente Não temo mais sequer os temporais, Felicidade em glória se pressente Tramando após naufrágio um manso cais.
Acasos tantas vezes acontecem E neles eu percebo esta alquimia Das mãos e dos desejos que obedecem Aos sonhos que trazemos, fantasia.
Completos, dois parceiros em dueto, Ao farto amanhecer eu me arremeto...
9
O sentimento em mim, batendo forte Farnéis que hoje carrego em meu bornal, De um tempo aonde amor sendo usual Não preconizaria farpa ou corte.
Por mais que a solidão agora aporte Ainda me recordo mar e sal, Subindo calmamente algum degrau Ao fim da longa escada, um belo Norte.
Marasmos destes dias tão iguais Palavras repetidas e banais Não podem traduzir o que hoje eu sinto.
Deveras, vou distante da verdade, Não tendo mais sequer fraternidade, Um mundo tão diverso teimo e pinto...
10
O sentimento brota e se recria No eterno carrossel feito esperança, Girando numa eterna alegoria, Ressuscitando enquanto a vida avança.
Semeadura em solo mais fecundo, Nas mãos de um lavrador que assim se entrega, Do quanto de desejos eu me inundo, A terra já responde em mansa entrega.
Amor assim não morre, sobrevive À dura caminhada pela vida, Aonde eu procurei, por onde estive Resposta a tanto tempo percebida.
Mosaicos entranhados, vida afora. Bonança em tempestade revigora... Marcos Loures
11
O sal da terra trago em minhas mãos, Vasculho, procurando em todo ser, Quem dera poderia conhecer, Aquele que transforma seus irmãos...
A mansidão traduz amores vãos, Num único tormento por viver; Instante tão feliz, novo saber. A vida fecundando tantos grãos...
No teu martírio louvo a liberdade, Procuro-te sem nada, sei que tarde; Mas nunca poderei, de ti, fugir.
Castiçal de lanternas a luzir, Um brilho sem igual, jamais vivi. O teu nome traduz felicidade...
12
O senador vaqueiro se mostrando Um homem tão comum ao arranjar Mulher que não queria trabalhar Deixou sua despesa em contra bando.
Ao ver a casa enfim, já desabando, Resolveu num momento, sem pensar, Deixar tomar assento devagar Aquilo que o estava incomodando...
Porém pobre coitado não sabia O que uma ex-mulher se faz capaz. Ao alagar a casa em água fria
Ventilador decerto sempre traz Quanto mais a bosta assim fedia A rês valorizava sempre mais... Marcos Loures
13
O sapo toda noite lá no brejo Ao namorar coaxa sem parar O sapo boi lançando o seu trovejo Começa logo cedo a martelar.
Comendo pernilongo ou percevejo Mosquito e vaga-lume no jantar O sapo vai mostrando o seu desejo E a sapa não quer mesmo namorar.
A serenata vai a noite inteira Com toda a saparia no romance. Se quero dormir não tenho chance
Vontade de fazer qualquer besteira Um dia vou perder a paciência, E acabo já com toda a sapiência... Marcos Loures
14
O sapo mal sabia quanto a sapa Queria ser do brejo, uma rainha, Quem ama da verdade não escapa, Senão sua alma fica mais sozinha.
As coisas não consertam com um tapa, Quem pensa desse jeito não se alinha, Se o galo solta a franga, o dono capa, No fim cacarejou, virou galinha.
Massacres de mentiras não resolvem, Nem viram a verdade que se quer. Por isso seja como Deus quiser,
Que os erros com o tempo se dissolvem, Mas tendo num amor total franqueza, A gente vence em paz, a correnteza... Marcos Loures
15
O sapo da lagoa ao ver princesa Que andava solitária pelo prado Soltou como coaxo um alto brado Ao ver em sua frente tal beleza.
Depois de tantos anos de tristeza, O pobre se pensando apaixonado, Olhando embevecido para o lado Felicidade enfim, tinha a certeza.
A moça se assustando com o bicho, Saiu correndo sem olhar pra trás. A sorte desditosa, um vão capricho
Ao mesmo instante alaga depois seca. Amor que se mostrou assim fugaz, Levou princesa e trouxe perereca... Marcos Loures
16
O sapo comandante da lagoa Gritando que já foi já foi já foi, Levando a vida inteira numa boa, Um sapo pequenino vira boi
Assim como um grilo faz bagunça Uma arruaça imensa na janela Enquanto o porco vai e ronca e fuça Mamãe vai preparando na panela
O pato que arrumou a confusão Mexendo com cavalo e com o galo, Papai foi pra cidade comprar pão Montado na garupa do cavalo.
De noite a saparia recomeça E a vida vai passando sem ter pressa... Marcos Loures
17
O sangue se esvaindo de teus olhos, Estúpida lembrança do que fomos, No quanto restarão destes abrolhos Mergulho no passado, velhos gomos.
E nada dói mais fundo que a saudade Nem mesma esta incerteza em que se dá A farsa em que esta amarga falsidade Propõe o que sonegas desde já.
Agindo deste modo, nada herdando Talvez na fantasia, algum alento, O beijo da serpente envenenando Matando pouco a pouco em fogo lento.
Carcaças que carrego do passado, Lembrando deste tempo malfadado... Marcos Loures
18
O sangue dos pequenos e inocentes, Martirizando toda a humanidade, As águias rapineiras e dementes Em nome de uma estúpida verdade
Dilacerando os frágeis penitentes, Até quando? Não vejo a claridade No meio dos espíritos doentes A morte da razão na impunidade.
Celeiro que gerou o Redentor, Aquele que ensinando o sacro Amor Morreu crucificado por nós todos.
Os corpos das meninas e meninos, Heróis tanto judeus ou palestinos Condenados por trágicos engodos...
19
O sacrossanto sexo em seu fulgor, Compõe a nossa vida, encharca a pele. Ainda mais se feito com amor, Na sorte abençoada que revele
A força deste laço encantador, Não deixa que emoção já se congele, E mostra a tentação a nos propor Que uma alegria imensa assim atrele.
Louvando a sensual mulher que eu amo, Eu agradeço em prece, ao Deus que é sábio, Tremendo em cada beijo, sinto o lábio
Daquela a quem desejo e tanto clamo Desnuda de pudores imbecis, Fazendo o nosso amor bem mais feliz...
20
O rumo desta vida; jamais mudo Eu tenho bem aqui esta certeza Do jeito que enfrentei a correnteza, Com coisas tão banais eu não me iludo.
Amor vai me servido já de escudo E nele encontro a paz e tal leveza Que possa permitir total beleza, Que com carinho imenso sempre ajudo.
Não quero repetir os mesmos erros, Erguendo o meu olhar, alçando os cerros Percebo toda sorte que buscara,
Por isso, tenho a força de saber Que à margem da alegria e do prazer A vida se tornando então amara. Marcos Loures
21
O rosto tão suave da verdade Explicitando a vida que se faz Distante do que possa em liberdade Trazer a todo ser, imensa paz.
O canto libertário adentra o ninho, Porém farta injustiça engaiolando Não deixa sobrevir ao passarinho O belo que se entorna deslumbrando
O céu que se permite em azulejo, Mas assum preto cego jamais vê Restando tão somente este desejo De um dia o novo encanto em que se crê
E sabe-se capaz de iluminar Mudando a face algoz a nos tocar... Marcos Loures
22
O rosto do poder se mostra estúpido E bebe cada gota da esperança. No olhar de um povo simples, sempre cúpido, A fome se promete a cada dança.
Abutres não disfarçam sua fome, Rasgando a carne frágil do campônio, Aos poucos devorada, se consome Entregue ao paraíso de um demônio.
Na mão já não carregam mais chicotes Disfarçam-se em amigos, protetores, Na fome tal matilha de coiotes Espalham a miséria sem pudores.
Depois já reunidos no Congresso, Brindando, tão amigos, - sangue-expresso..
23
O ritmo deste sonho, encantador Espalha na avenida da esperança O vento tão gostoso, alentador, Fazendo em explosão, divina dança.
Marcado pelos traços de um amor O tempo delicado agora alcança O peito deste louco trovador, Fazendo desde já total festança.
Ensaios que tivemos no passado, Nas alas da alegria, desfilamos. O gozo deste dia iluminado,
Aos poucos toda a vida em harmonia, Retalhos de cetim, quando encontramos, Relembram o esplendor da fantasia. Marcos Loures
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O riso que se escarra em minha face Fazendo-me um palhaço sem futuro, Tristíssimo motivo num disfarce Abraça-me convulso, torpe e impuro.
Satânicos delírios neste esgarce Que lambem meu sentido, opaco, escuro, Bisonhos estandartes onde espace O manto mais vetusto quase puro...
Num estertor agônico me entrego, Na mão trago a fornalha que te queima, Ao menos o diabo que eu carrego
Retesa-se num riso qual sardônico, O meu cadáver lúbrico não teima, Implode em um formato arquitetônico!
11725
O riso preconiza a mansidão, Por mais que dissimule a solidão Demonstra o quão pacífica tua alma E mesmo em tempestades, sempre acalma...
Navego por espaços siderais Usando dos meus sonhos, ganho astrais Mergulho no oceano de teus braços Firmando, ao firmamento, velhos laços...
E traço a solução para os problemas Que a vida, não consegue equacionar, Fartando-me da luz deste luar
Que trazes nos teus olhos. Mas não temas O fim da nossa estrada é congruência, O amor ensina a paz, perdão, clemência...
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O riso escancarado de um sarcástico Demonstra quanto é cáustica a mentira Enquanto em um abismo nos atira, Promessa de um tormento, algoz bombástico.
Sorriso de ironia, feito em plástico Acende da ilusão, intensa pira, Em vão a poesia não transpira, O salto diz amor, finge fantástico.
Macarrônicos versos são comuns A quem não sabe dar real valor Ao frágil sentimento e mata amor
Captando e não deixando nem alguns Momentos que permitam a esperança, Partindo; não nos deixam nem lembrança... Marcos Loures
27
O rio num momento; vê o mar, Na foz ao se entregar enfrenta o sal. A força à qual se dá; descomunal, Incrivelmente, faz-se navegar.
O quanto eu desejei e pude amar Num rito tão fantástico, qual nau Que adentra a fortaleza sem igual Podendo calmamente desfrutar
De toda a maravilha assim exposta, Nas águas e nas ondas do oceano. Por mais que nas tempestas, desengano
A calmaria chega e por resposta, Em mansa placidez se descortina Sofreguidão que incita e me domina... Marcos Loures
28
O rio nega a foz e a correnteza Rolando pelas pedras, seixos, mágoas. Arcando com o vento da tristeza A sorte se deserta, seca as águas.
A sede que matara a cada sonho Na boca delicada em prontidão Revejo o quanto quero e te proponho Um novo amanhecer, novo clarão.
Cevando em nossa vida esta guerrilha Que um dia vencerá qualquer poder. A luz que se irradia mostra a trilha Levando fatalmente ao bel prazer.
Precisos sentimentos, com bravura Amor já se embebeda em tal ternura...
29
O rio não tem mais inundação E desce calmamente para a foz. Nas mãos do amor intenso, ouvindo a voz Trazendo os seus acordes, coração.
E mesmo que vier a negação Ou mesmo a solidão que é sempre atroz, Mergulho o sentimento neste algoz Torcendo que venha a viração.
Deixando já de lado a poesia Eu sinto que preciso do carinho De quem ao espalhar tanta magia
Conquista e logo chama para a festa. Deixando para trás qualquer espinho, Amor adentra a casa e desembesta. Marcos Loures
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O rio deslizando em cachoeira, O vento assobiando mansamente. A mata se entregando vorazmente, Aguarda a noite plena e verdadeira...
Os sapos, as corujas nesta beira De rio, tanto amor solto se sente Nas pedras, nos remansos... Claramente, A terra se enamora mais faceira.
Rios, matas... Meu sonho delirante... Sozinho, procurando minha amante, A vida me traz cura, noite sana...
Dois olhos graciosos se debruçam; Claridade do amor, já me esmiúçam, Acordo em teu olhar, benção! Joana! Marcos Loures
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O Rio aqui de cima neste hotel Milhões de focos soltos como estrelas Multicores caídas lá do céu, Parecem pisca-piscas, lumes, velas...
Estrelas vão desnudas num bordel, Na Lapa, tantos gringos para vê-las No bolso do marujo mel e fel, Em sangue canivete a convertê-las
Ouvindo o burburinho das buzinas Revejo boa parte do que fui. No caos e desencontros das esquinas
A calma me tomando, solto o sonho. O Rio que deixei já não me influi Mas mesmo assim, saudoso... Olhar risonho...
Marcos Loures
32
O retroalimentar da mesma mina Numa inerente força que não cessa, Enquanto esta saudade me domina A sorte não permite uma promessa
De um dia que seria em paz intensa, Levando à calmaria, o vendaval. Por mais que a gente lute, a vida é tensa Causando uma agonia sem igual.
A par do que tivemos noutros tempos Lembrança volta e meia vem à tona. Gerando novamente contratempos Teimosamente a paz nos abandona
Tal moto perpetua os sofrimentos Meu barco já não tem rosa dos ventos... Marcos Loures
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O resto que me sobra por herança Disputo com os cães e com os gatos Entulhos vão enchendo nossa pança Jogados nos esgotos, pátios, matos.
A morte talvez seja uma esperança Rasgando os imbecis e maus contratos Fogueira de ilusões, amores fartos, Voracidade insana já se avança.
Mordazes os meus versos? Nada disso. Apenas o retrato mais fiel Do quanto amor perdeu beleza e viço,
O sexo inda sacia e reproduz Em milhares iguais soltos ao léu Trazendo em suas costas, mesma cruz...
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O resto do que fui caminha a esmo Sem rumo ou direção. Rosa dos ventos Perdida em tempestades e tormentos, E o canto entristecido, sempre o mesmo...
Entorno meus lamentos pelas ruas, O mundo vai girando, bar em bar, Queria pelo menos te encontrar, Aonde, em que planeta tu flutuas?
Errático satélite; perdi Paragem que eu julgara mais segura. Retendo nos meus olhos desventura
Reflexos do luar batendo em ti, Qual fora um pirilampo em lusco-fusco, Escombros deste sonho; inútil, busco...
35
O relógio batendo tantas horas Toda minha energia abandonada... Cavalo corrediço pede esporas, Abelha procurando outra florada...
O tempo vai voando sem demoras, Deitada no sofá, abandonada, Os olhos marejados... Não imploras A vida se esquecendo, na calçada...
Não posso me conter, és imprecisa, A luz não te deixou nenhum lampejo. A mão que te percorre, mansa, lisa...
O relógio dispara, me contenho... Ao te ver reacende meu desejo, Mas triste, ao perceber, já cerro o cenho... Marcos Loures
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O rei que conheceste morre aos poucos, sem ouro e sem castelo, sem gibão. Nem gritos que se espalhem, fortes, roucos, apenas aguardando a solução
daquilo que sonhara mas não veio, da moça que princesa não vingou. Restando uma lembrança feita seio, e o tempo que, inclemente, já passou.
Agora, este reinado segue pobre, deixado quase ao léu, desolação. Do rei que se fez luto em devoção,
nem mesmo a sua origem, rica e nobre o salva da tempesta que se fez, do amor que se findou: insensatez...
37
O que trago em meu peito é tão banal Faz parte deste sonho que não tive, De um mundo mais preciso e natural Formado pela luz que se revive Distante da incerteza; ou bem ou mal, Maniqueísmo estúpido que vive
Em cada situação mal resolvida. Nos olhos deste velho feiticeiro; Amor, que se embargando, nega a vida. No pranto que se fez som derradeiro De toda esta esperança em despedida...
O que trago no peito, cessa abrigo E vive te espreitando, vento amigo...
Marcos Loures
38
O que seria; amor, de minha vida Se nunca houvesse tido esta presença Que torna uma existência mais querida Trazendo a plenitude em recompensa.
Por vezes custo a crer, mesmo duvido De ter a sorte imensa de poder Durante a tempestade enfim, ter tido A calmaria feita no prazer.
Eu não existiria sem você. De que me adiantaria vir ao mundo, Numa procura insana em que se vê Tão somente o vazio. Eu me aprofundo
E encontro em nosso amor uma esperança Da vida em mansidão e temperança... Marcos Loures
39
O que seria a vida sem te ter? Apenas o vazio e nada mais, Encontro uma razão para viver Tocado por teus lábios magistrais.
Envolves o meu corpo e com prazer Eu sinto os teus perfumes sensuais. Na fonte delicada me embeber Fazendo destes gozos, rituais.
E ser o que talvez jamais sonhasse Distando deste encanto sem igual, No peito eternamente é carnaval
Contigo não encontro mais impasse Impávido; percorro os infinitos Usando os teus sorrisos tão bonitos...
40
O que serei eu? Perco meu caminho E não me encontrarei, tenho certeza. Sou cenário sem brilho, sem beleza. Um pássaro sozinho pede ninho
Mas não encontra, sonha, o pobrezinho, A vida se demonstra com rudeza Mata qualquer traço de pureza Engaiola de novo o passarinho...
Vago pelas estrelas, vou sem fim... Tentei um novo mar, mas nada enfim, Tudo o que me sobrou, simples vazio...
O que serei senão o que não fui O barco que não vai, tempo não flui Apenas observando tudo, frio... Marcos Loures
41
O que me resta? Festa, fresta, crosta? Nada mais temeria, nem Maria, Na mão cruzada, em rezas, decomposta. Tendenciosamente, a noite é fria...
Maravilhas sortidas, mares, costa... Nos teus favos, melindres, fantasia... Tua boca escancara a dor exposta, E me cospes, rubores e franquia...
O que restará? Corpos, corvos, vícios? Nada mais temerei, nem precipícios, As retinas cansadas nada sentem...
Meu tempo, meu provento, vento... Séptico, Minhas curas, lamúrias. Epiléptico, Convulso, expulso, exposto. Amores mentem...
42
O que me invade, queima, arde traz luz, Não me deixou jamais perder o canto. As bodas entranhadas, minha cruz. As cordas esquecidas, fino pranto.
Não quero nas esquinas um Jesus, Já existe um mendigo e seu espanto. Não quero a casa escura. Jorra pus Das feridas rasgadas no teu manto...
Uma mortalha assaz fendida, pútrida. A certeza voraz nova, antipútrida. Nas esquinas que formam essa rua,
Vertentes solitárias, solidárias... A tarde enlanguescida anda mais nua... A dor que nos invade, libertária!
43
O que falar de ti, meu grande amigo? Irmão é muito pouco. Pois nem todos Os irmãos estão juntos neste abrigo Que é nossa salvaguarda frente engodos. Às vezes na eminência do perigo Fugindo das charnecas, limos, lodos Não ficam e se vão num "nem te ligo". Irmãos são quase sempre, Amigo é todos... O certo é que nem sempre nosso irmão Consegue ser amigo por inteiro, Nos traços mais profundos da união Dois corações unidos na amizade Num sincronismo belo e verdadeiro, Irmanam-se em total sinceridade...
44
O que dizer do amor que nos tomou? Palavras já não bastam. Muito além De tudo o que tivemos me tocou O sentimento imenso deste bem.
Tão próximo de ti eu sei que estou, Eu não penso em mais nada, a vida vem Coroando tanto tempo que passou Na nossa vida procurando alguém
Que faça nosso canto mais feliz Que traga uma esperança em cada olhar. Amor que não sacia, já quer bis
Na cama, na canção. É de verdade O sonho que sonhamos sem parar, Agora traduzi: felicidade!
45
O que dizer destas mãos que me acarinham? São sedas perfumadas, sem espinho; São noites que as estrelas adivinham, Delícias delicadas, fino vinho.
Por matas e vertentes se encaminham, Encontram solitário passarinho, Nos rumos mais tristonhos já se alinham, Buscando, em tempestades, manso ninho!
Mãos de fada, enfadonhas as quimeras. Nas flores que fecundam primaveras, Nos olhos que me espreitam de tocaia.
Nas barras que seguro, tua saia, Nos vértices dos céus, livre sonho. As mãos tão delicadas... E eu, medonho!
46
O que dizer das mãos que me acarinham? Quais sendas perfumadas, sem espinho. Belezas que as estrelas adivinham, Delícias delicadas, paz e ninho...
Nas matas e nascentes, já caminham, E fazem de quem fora tão sozinho, Um homem tão feliz. Aonde aninham Já forram com perícia e com carinho.
Mãos de fada! Pra sempre, quem me dera, Colhessem no meu corpo a primavera, Cumprindo o meu destino, sem tocaia,
Nos vértices dos céus, liberto sonho, Calor que cedo emanas, te proponho, Carícias mais audazes, sob a saia...
47
O que dirá quem te viu em tal momento Aonde as dores formam leito insano, O campo das discórdias no tormento Que enluta todo o sonho sobre-humano.
A vida é bumerangue em sentimento Que altera num segundo cada plano, Mordaz, a boca cospe e como um vento Abaixa ao fim da cena um roto pano
Sementes de ilusão, as amizades, São quase que um oásis nesta trilha. Do lenitivo dado, na vigília;
Permitem que se tenham liberdades No salto que nós damos num escuro, O verdadeiro amigo, um ser mais puro... Marcos Loures
48
O quase ainda manda nos meus dias Quase poeta, quase um trovador, Quasimodo perdido em plena dor Quaresmas, lobisomens, fantasias.
Quarando no quintal as alegrias, Quadrados inexatos a compor, Qualitativamente sem fulgor, Quarto crescente mata poesias.
O quanto diz do tanto que não trago, Na quântica ilusão de um mero afago Esquartejado, sigo ainda em pé,
Quartéis abandonados, sem defesa, Esquadros desenhando esta incerteza Quando restar ao menos sonho e fé...
49
O quasar que pulsava no meu peito Deixado nos escombros do que fui. Sacio cada gozo do meu jeito A roupa da esperança sempre pui
Vertiginoso salto sobre o nada, Alcanço este vazio qual funâmbulo Noctâmbulo vadio se equilibra, Num passo feito insônico e sonâmbulo.
A morte nunca tarda e já calibra O bote necessário e até bem vindo. Vitupérios esqueço, elevo a fronte,
Percebo o monstro cego se emergindo Na lua que escurece este horizonte. Amiga, eu me despeço por aqui, A dor e o sofrimento? Eu esqueci...
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O quanto sou feliz contigo, amor Permite que imagine um paraíso, Jardim abrilhantando rara flor, Destino que em bonança eu sempre viso.
Num átimo, a beleza sem igual Tomando cada verso, dita o mote Sorriso muitas vezes casual, A lua assiste tudo em camarote
Beijando com seus lábios cor de prata Acena com vontades e ciúmes. A pele bronzeada me arrebata Deitando sobre amor doces perfumes
Derramas teus farnéis feitos carinhos Ao abrires - volúpia- os teus caminhos
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O quanto ser feliz é o que nos resta Amor já não suporta qualquer baque. Toda felicidade a que se empresta Não veste black tie, tampouco fraque
Amor sem ser de araque é sempre assim, Faz festa tão somente por poder Viver o que melhor encontro em mim, Sem medo de ganhar ou de perder.
Acendo o quanto quer a cada instante, Não teme as curvas, tolas, bebe espinho. Em si, amor se mostra triunfante Produz e se inebria em puro vinho
As vinhas de um amor; esteja certa São feitas no lençol sob a coberta...
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O quanto se evolui em mutação Expressa em teoria o que se molda A vida permitindo nova solda Entrega-se à total divagação.
Tristão que vai vivendo sem Isolda Metralha a própria inércia em geração Fomenta nova forma de expressão Meu corpo no teu corpo já se solda.
Roldanas, engrenagens desconexas Complexas ferramentas que utilizo Nas côncavas entranho outras convexas
Sem nexo vou cerzindo um verso tolo, Do grão antes rugoso agora liso, Não faço nem sequer farinha ou bolo... Marcos Loures
53
O quanto representa pra quem sonha O gosto da manhã; em luzes fartas. Do quanto tu desejas; não apartas, Beleza que alegria em paz componha.
A vida será sempre mais risonha Se em cima desta mesa, abertas cartas, E quanto mais teu brilho; aqui repartas, Resposta não será jamais tristonha.
Silêncios muitas vezes dizem nada, Também uma expressão: felicidade, Por mais que se perceba a tempestade
Teremos a manhã iluminada Por sóis que tu derramas sem saber E encharcam minha vida de prazer...
54
O quanto que não trago e cultivei Expressa a mais cruel, pura verdade, Perdendo o que restou, tranqüilidade, A cada novo sonho naufraguei.
Partindo do que busco e não achei, A vida só me trouxe esta saudade Que agora reproduz a falsidade, Dizendo que da vida nada sei.
Quem dera se forjasse a primavera Das garras mais audazes de uma fera Um dia mais perfeito e deslumbrante;
Na luz do imaginário sol imenso Um belo amanhecer do amor intenso Mostrando um novo encanto num instante. Marcos Loures
55
O quanto que já tive em meu passado Demonstra que em verdade inda resisto, De estrume tantas vezes rodeado Eu sei que depois disso ainda existo.
O mar que se faz tênue e engalanado No quase que encontramos, sonho misto De dores e de risos faço o brado Que teimo em soluçar e nisto insisto.
O vento tantas vezes foi benquisto Embora me deixasse mais cansado, À queda deste império assim assisto
E parto na procura de outro Fado Não quero a tua cruz nem ser teu Cristo Apenas eu te quero do meu lado.
56
O quanto que eu amei, foi tudo em vão, Farrapos estendidos na janela. Destino no vazio, a vida sela E leva o barco em nova direção.
De tudo que se fez recordação, Eu lembro-me do sonho que revela Estrela tão fantástica e mais bela, Brilhando bem mais forte na amplidão.
Depois de ter perdido assim seus rastros, Vagando sem destino pelos astros Meus olhos simplesmente irão buscar
A paz que se fez trágica e distante, Das dores eu me sinto um navegante Rolando a noite inteira bar em bar. Marcos Loures
57
O quanto que é possível liberdade No peito de quem luta por justiça, No amor vejo a possível claridade Matando a fera amarga da cobiça.
Há tempos um judeu em fantasia Imolado por crer num novo tempo Aonde amor, perdão, já poderia Vencer qualquer problema ou contratempo.
Daquilo que Ele disse, muita gente Vendendo o que de Graça recebeu Expulsa do hospital, todo ser crente Que a força da serpente não venceu.
Assim, em ironia e podridão, A corja vende amor, rouba o perdão. Marcos Loures
58
O quanto poderemos? A esperança Dançando sobre as árvores famintas, Usando neste céu, diversas tintas Promessa da manhã sincera e mansa.
Além do que este olhar deseja e alcança Arcaicas injustiças vãs, extintas, Jamais para ti mesmo, irmão, não mintas Na vida seja arqueiro, amor é lança.
Pesando na balança, ser feliz Não pesa tanto quanto o que se diz. Unidos, nós podemos, com certeza!
Um tempo onde se veja a liberdade Rompendo preconceitos. Sem a grade, Na ação nações conjuntas: fortaleza!
59
O quanto me entreguei sem ter limites Não sabes meu amigo, como é duro Andar cambaleante em céu escuro, Da dor e da tristeza, vis convites.
Por mais que solidário às vezes grites, Distante de mim mesmo, não procuro Saltar pra liberdade o enorme muro Não ouço mais pedidos nem palpites.
De bar em bar, a vida perambula, Vagando sem sentindo, nem porquês Fantasma que hoje sou e que tu vês
Somente a solidão, cruel adula... Na insana companhia da bebida, Perdendo pouco a pouco, a minha vida... Marcos Loures
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O quanto me apetece cada parte Dos sonhos desfrutados por nós dois, Não posso suportar mais tal descarte, Sabendo do vazio do depois.
Esquece nosso amor: tu me dizias Nas noites mais gostosas que tivemos, O barco se perdeu nas maresias Quem dera se eu tivesse ainda os remos...
Sem vela, sem lamento e sem vintém O quadro se desenha mais nefasto. Depois de tantos anos, sem ninguém Dos portos da ilusão, eu já me afasto.
E trago em minhas mãos somente o calo, Estranho galinheiro, este sem galo...
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O quanto eu te desejo, não disfarço Derrama sobre o mar de imensas ondas Escandalosamente bebo cada passo Deitando em poesia velhas rondas.
Trazendo os pedregulhos do passado, Mergulhos proferidos, imprudências. Em flores e fulgores, sigo atado Sentindo o farto olhar, hipnotizado.
Enchentes, explosões e temporais, As vagas penetrando cada praia. Eu bebo cada gozo e quero mais, A noite em convulsão logo desmaia
No todo sem limites, acredito Espalho eternidade no infinito! Marcos Loures
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O quanto eu quero ser a poesia. Estende em nossa vida este tapete Mudando todo o rumo, amor nos cria Um sonho que eu bem sei não se repete;
Estrelas espalhadas no colchão As luzes na ribalta da esperança Rodando em carrossel tal turbilhão Aos poucos consolida esta aliança
Sentir tua presença junto a mim, É ser um ser liberto sem algemas. Consigo conceber o amor enfim, Distante das mentiras e dilemas.
Eu sinto o quanto é bom poder dizer Do amor que nos emprenha de prazer... Marcos Loures
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O quanto em ilusão amor perfuma. Vagando por estrelas belas, claras, Curando as chagas, pragas, as escaras, Evaporando um sonho que se esfuma,
Bebendo o maremoto em alva espuma, Escunas se perdendo em noites raras, Sorvendo as velhas dores tão amaras, Matando em louco viço, amor espuma.
Sidéreas emoções, palavras vis, Amargas sensações, sonhos febris, Essencialmente louco e formidável.
Noctâmbulo desejo em doce espera, Amar é renovar-se em primavera Trazer dentro de si, o inalcançável...
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O quanto é persistente quem deseja Poder alçar enfim, felicidade. Mesmo que esconda em si fatalidade Amor glória maior e tão sobeja.
Quem luta e nas batalhas já dardeja Uma ilusão que, mesmo em liberdade Procura ver a paz, tranqüilidade, E dela ser cativo, amor almeja.
A solidão se mostra dura fera, Saudade em violência desespera E deixa tão somente um vago imenso.
Por isso e tão somente é que procuro A claridade em dia tão escuro, No amor que assim espero e tanto penso... Marcos Loures
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O quanto é necessário o bem querer! Menina que se fez mulher e amante, Em teus carinhos posso conceber No palco- minha vida, luz vibrante.
"Minha alma cheira a talco", renascida Fortalecendo os sonhos que eu tivera, Refaço em cada passo, a nossa vida Condeno nosso amor à primavera.
Embora o tempo seja sempre o rei, Contigo ele caminha mansamente. A ti, a cada verso dediquei O sonho de viver eternamente.
Mirando em teu olhar, vejo e confesso Das minhas esperanças, o regresso... Marcos Loures
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O principesco sapo foi pro brejo E nele coaxando fez sucesso. Fugindo de Lisboa ou do Além-Tejo No Rio de Janeiro, recomeço
E tento ser feliz, mas a princesa Ao ver o meu abdômen de batráquio Convida toda noite para a mesa O tolo do vizinho, o tal Eustáquio.
Não resta na verdade solução Se o príncipe é guloso o que fazer? O amor nunca serviu de refeição No fundo o que preciso é de prazer,
E o sonho se perdendo diz que foi Há tempos para o brejo, o sapo-boi...
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O quanto é necessário navegar Por mares tão distantes e sombrios, Invernos se sucedem aos estios E a gente vai tentando suportar.
Não posso e nem devia acreditar Nos velhos e terríveis desafios, Tecendo novamente os mesmos fios Imagens se confundem: céu e mar.
Sem ter múltipla escolha, sim ou não Apenas me restando a solidão Depois de tanto sonho, sempre inútil.
O velho coração já não suporta Saber deste vazio atrás da porta, E a vida se transcorre, amarga e fútil...
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O quanto é necessário estar em paz Vendendo esta minha alma à prestação Se à pé o meu destino não me traz Eu pego sem pudor, a condução.
Enjeito o que se mostre mais fugaz O resto não me deixa, encarnação. E o bote que se espera, se falaz Aguarda seu momento: precisão.
Ilíadas venci, mas deixo Tróia Penélope se cansa de Odisseu. Estóica fantasia se perdeu
Bucólica figura da jibóia Que morde enquanto assopra, sem veneno, E enquanto me sorri, ao longe aceno...
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O quanto de preguiça tu me dás Matando a minha sede, trazes sono. Amor quando se deu a Satanás Deixando como herança um abandono.
Fugindo deste amor, nosso Alcatraz, Eu tenho um novo tempo em que ressono Dormindo no passado aonde vás Percebo que somente fui um mono.
Aguardo mais notícias, mas não vêm. No coração mineiro cabe um trem Apenas se quiser quero de novo.
A cama perfumada dá saudade, O resto? Na lixeira, e com vontade. O gosto do teu corpo quer? Eu provo! Marcos Loures
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O quanto de amigável resta aqui Depois do que sonhei e não retive O amor que tantas vezes persegui E sei que dentro em mim, resiste e vive.
Somando o que perdi e o que ganhei Elas por elas. Sinto que valeu. A porta que em momentos adentrei Agora tão distante se perdeu.
Mas peço que tu lembres da estadia Do amor que tantas vezes foi inútil. Embora minha pobre poesia Pareça aos teus ouvidos, sempre fútil
Espelha na verdade o sentimento Marcado em solidão e sofrimento... Marcos Loures
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O quanto a noite em luzes principia Permite que se sonhe colorido Porém a tempestade e a ventania Sonegam qualquer lume ali contido.
Eu sei que talvez seja um exagero Um verso que se faz em pessimismo De tudo que em verdade, penso e gero Não quero só falar em cataclismo.
Mas quando vejo o abismo se alargando Na estúpida rapina que se trama Castelo da esperança desabando, A voz já não se cala e assim declama
Sonhando com a força da amizade Deixada há tanto tempo, na saudade... Marcos Loures
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O quadro na parede representa Os sonhos que se foram pra não mais. O amor que tantas vezes apascenta, Em nós se transformou em vendavais.
A vida se mostrando violenta, Palavras se tornando tão banais, Apenas o vazio representa O que restou do amor. Voltar? Jamais...
Não quero mais as pedras, nem caminhos, Deixando para trás velhos espinhos Quem sabe poderei amar em paz...
Se tudo o que tivemos se perdeu, De todo o sentimento, meu e teu, Nem mesmo uma saudade, o vento traz... Marcos Loures
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Ó prenda, nas coxilhas te buscando; Seguindo o cantar do minuano, No mate, meu amor se temperando. Espero te encontrar, mas desengano
Te leva pros arroios mais distantes. Tomar as tuas mãos, guapa guria, Vibrar os nossos sonhos delirantes, Nestas belas estâncias da alegria...
Te guardo na guaiaca-coração, Não sabes quanto quero-te morena. Envolto nestas tramas da paixão, Na sensação divina, amada e plena
De ter teus braços sempre do meu lado, Mineiro-jardineiro apaixonado...
Marcos Loures
74
Ó Prenda desejada, quanto quero, Carinho que tu trazes para mim. O sonho mais airoso que eu espero, Na boca tão carnuda e carmesim,
No gosto mavioso me tempero Vivendo todo amor que sei, enfim. Num sentimento manso, duro e fero, Te quero sem temor, melhor assim...
Meus versos te buscando a cada dia, Corcéis que já cavalgam pelo azul Do céu que se azuleja em poesia
Vibrando em cada nota, tudo encampa, Viajo num momento até o Sul, Procuro minha prenda pelo pampa..
11775
O preço que se paga é mesmo caro, A liberdade é bem que se conquista Com sangue, com suor; ao desamparo Montanha tão distante que se avista.
O dote desejado, pois mais caro, Está nos pés macios do passista, Nos olhos da mulher que amo e declaro, Nos sonhos deste antigo comunista.
A boca miserável, desdentada, As armas esquecidas no porão, As cores do luar do meu sertão,
A morte em tantos campos espalhada, É flor que necessita de cuidado, Num solo em tantas mortes, adubado...
76
O prato dos desejos eu refogo E como pedacinhos de prazer Mergulho sem limites no teu jogo E faço desta entrega o meu viver.
Sabendo que virás de tarde, eu logo Esquento este edredom e passo a crer No estio que tu trazes com teu fogo Querências renovando o bem querer.
Esgarço minhas dores, vou liberto, De ti quero ficar sempre mais perto Apertos que passei, simples passado.
Jorrando as alegrias noite imensa, Bendigo a nossa rara recompensa Voltando a me sentir um felizardo. Marcos Loures
77 O pranto que salgou cada momento Aonde eu procurara ser feliz, Agora se tornando este lamento Não sabe qual criança o que te diz.
As cordas do passado, eu arrebento, E volto ser apenas o aprendiz Que um dia imaginara ser ungüento Aquilo que hoje trago em cicatriz.
E quando estás comigo, eu bebo a sorte Que tanto me inebria feito um corte, Aprofundando assim, minhas feridas.
Mas quando o meu castelo em ti desaba, Restando do palácio, simples taba Aonde caberão as nossas vidas...
78
O povo pelas ruas, esfaimado Não sabe na verdade discernir O bem que se mostrara no passado Numa presença bela a se investir
De todo este poder imaculado, Mostrando o quanto é belo repartir. Cordeiro entregue a lobo desgraçado Morrendo pra de novo ressurgir
Depois de tanto tempo o belo Rei Exposto nas vitrines natalinas, Numa inclemente, dura e triste lei
Servindo como fonte de riqueza; Aos olhos dos meninos e meninas Vendido no comércio. QUE TORPEZA!
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O pouco se derrama em quase nada E faz do que é fartura, desengano. Entrando novamente pelo cano, Minha alma parecendo depenada.
Usando a fantasia como escada, O quanto imaginei ser soberano Apenas derrubando sina e plano, Prepara a cada instante a derrocada.
A moça debochada inda faz bico, Empobrecendo o sonho outrora rico, E quando não está de bom humor
O olhar para outras bandas, eu estico, Porém pago com juros outro mico, Refém dos desencontros deste amor...
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O porejar sublime, teu rocio Tomado gota a gota me inebria. Do quanto eu te proponho e me vicio A noite em mil loucuras principia.
Nas grutas, furnas, locas, explosões, Inundação de gozos e de risos, Na cama em que se entregam furacões Certeza de delírios mata os sisos.
Rolando sobre nós estrelas nuas, Uma arquejante insânia nos colore. Entregue a tais prazeres continuas, Teu corpo que eu perceba e que eu decore
Os rumos que me levam aos orgasmos, Sem medo, sem limites, sem marasmos... Marcos Loures
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O poder que traz uma amizade Nos molda para a luta, esteja certo, Escuridão valora a claridade, Oásis se enobrece no deserto.
Apenas a distância mostra o perto, Uma ilusão seduz realidade Porém somente em plena liberdade A gente reconhece um peito aberto.
Assim quando se faz a tempestade A calmaria é tudo o que queremos, Por ela nós lutamos e sabemos
Que nós temos na paz, finalidade, E enfim poder contar com alegria Vivendo nossa vida em harmonia...
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Ó pobre carpinteiro, não sabias, Do preço que hoje cobram pelo Amor Nas mãos incontroláveis as sangrias Que fazem nos cordeiros, um Pastor.
O Rei que entre mendigos morarias Fazendo do perdão, mote e louvor, Agora nas mais ricas pedrarias Percebe o seu altar se decompor.
A corja vendilhã te expondo nu, Vendido como massa de manobra Serpente que aos milhares se desdobra,
Rapineiros esgares do urubu Que explora uma carniça redentora, Cevando com a dor, farta lavoura.. Marcos Loures
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O peso que me deste fraudulento, O rosto que me mostras enrugado. Nos braços que me ergueste fui detento, Amores que sangraram no passado.
Não peço nem desculpas nem alento. Retorno desse sonho apaixonado. Amores que singraram pedem vento. Agora vou ficar aqui do lado...
Não quero me omitir deste defeso, Nem volto minhas costas para o mar. Amores que sangraram, indefeso
Deixaram coração que quis amar... Amores que sangraram, vou obeso O peso que roubei deste luar... Marcos Loures
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O peso do passado ainda cobra Os juros pelas dores que causou. O vento que deveras te levou, O sino mais constante volta e dobra.
Desígnios contumazes desta cobra Que um dia em bote fútil me picou, Do quanto de emoção me destroçou, Passado sobre as flores já soçobra.
Imagem carcomida se reflete No espelho que por certo, só repete A velha ladainha: ser sozinho.
Atordoado; vejo que ao final, Tristeza se fazendo um ritual, Destrói o que pensei abrigo e ninho.
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O peso da saudade me esmigalha, Transforma a minha força em simples pó Restando-me somente esta mortalha Lembrando-me, cobrindo, que estou só.
Não tendo o refrigério da navalha O mundo me tragando, duro mó, Não quero que tu sintas nem mais dó, Nem mesmo a morte vem e me agasalha
Meus olhos embotados, na verdade, Apenas refletindo a mocidade Perdida há tanto tempo, no passado.
Refém de uma ilusão; sinto saudade Do pouco que bebi da liberdade Deixando-me p'ra sempre, embriagado..
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O peso da palavra corta fundo, Adaga que entre sílabas perfura. Farnel pleno de mel e de amargura Perfume delicado ou nauseabundo...
Das cores mais diversas eu me inundo E posso ser venal, mas com ternura. Ao mesmo tempo mata, alívio ou cura. O verso, este fantasma vagabundo...
As farsas que se criam, poesia, Verdades encobertas, falsos guizos. Lidar com tais cristais, brilhos diversos.
Ao mesmo tempo amor, dor e agonia, De infernos tão dantescos; Paraísos... Usando por buril somente versos... Marcos Loures
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O pesadelo outrora tão remoto Chegando tão feroz sem poesia Transtorna totalmente cada dia, Do nada que já tive; o vago broto.
O mundo se repete, e neste moto A gente vai matando a fantasia. Não tendo mais sorriso que eu queria Os olhos no vazio, agora eu boto.
Na dura caminhada pela vida, Estrela que guiara está perdida, Não vejo nem mais sombra da alegria.
Sombria, cada noite se perdeu E quem sonhou demais sem himeneu, Jogado sempre às traças, ventania. Marcos Loures
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O pernilongo até que ainda encaro, É bicho xexelento, mas tá bom. Percebo pernilongo pelo faro Pior se desafina ou muda o tom.
Porém picada sempre perigosa Daquelas doloridas, na verdade É dessa criatura tenebrosa Que vive na total obscuridade
Arrasta pelas pedras, pelo mato E tem em duas presas tal veneno Que mata se não trato, eis o fato.
Pois medo deste bicho em mim já sobra Faz pernilongo ser café pequeno Mordida venenosa de uma sogra... Marcos Loures
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O pensamento voa Sem asas pra voar Virando uma canoa Encontro mais o mar
Viver a vida à toa Com quem eu quero amar. Felicidade é boa Não canso de sonhar
Com quem amor revoa E encontra onde aninhar Um som que assim ressoa
Fazendo outro ecoar Minha alma já se escoa No mar a te buscar... Marcos Loures
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O peito, deste amor, bom funcionário, Não deixa que se atrase uma esperança Sonhar eu sei ser sempre necessário. Quem teima, com juízo vai e alcança.
Amiga, neste teu aniversário A gente comemora com festança, Um bem que se mostrando forte e vário Conquista pela simples temperança.
Que Deus iluminando os teus caminhos Demonstre quanto amor; amiga espalhas. Se a liberdade esquece das cangalhas
Mais fortes, poderosos, os carinhos. Na data benfazeja comemoro A festa de quem amo, pois te adoro!
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O peito se tornando, aberto, exposto Demonstra assim o quanto amor domina. O tempo de viver já determina De toda a minha história, cada gosto.
Amanhecer me encontra mais disposto, Frondosa e necessária a minha sina Setembro apascentando o frio agosto, A primavera chega; em clara mina.
Assim, ao ver as flores pelos campos, Vagando pelas noites pirilampos Mostrando em lusco fusco outro caminho.
O coração que outrora fora vago, Agora ao perceber um manso afago Não quer e nem pretende andar sozinho... Marcos Loures
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O peito não sossega, a mão se atreve E busca a liberdade. Mesmo tarde. Uma alma se sentindo bem mais leve Tentando prosseguir sem dar alarde
Recebe o vento forte da esperança E beija as corredeiras deste rio. Mas quando no chicote, uma aliança, Futuro se mostrando tão vazio...
A terra tem seus donos, coronéis, A bala de um revólver faz estragos. Tocaias preparadas são cruéis Os sangues espalhados formam lagos.
Destino de jagunço é mesmo assim, Com sangue vou regando o meu jardim... Marcos Loures
93
O peito escancarado segue aberto E trama um novo encanto, uma ilusão, Que traga ao meu caminho, a redenção Que o faça navegar, solto e liberto.
Sentindo esta presença aqui por perto Percebo em vento manso, a sedução. Porém ao acordar, o mesmo não Traduz o que eu carrego, um vão deserto.
Procuro pelos sons que recebera Nos cantos mais diversos, primavera. Os pássaros se foram, revoando...
A seca se espalhando em meu inverno, Interminável, duro, frio, eterno... O nada, meu olhar vai vasculhando. Marcos Loures
94
O peito enamorado diz: laurel! De todas as batalhas, vencedor. Alçando num momento todo o céu, Espalha em seu caminho, brilho e flor.
No quanto quero agora te propor, Eu vejo o delicado e farto mel, Trazendo à nossa vida o bom sabor Matando o que já fora tão cruel.
Reféns desta divina sensação, Andamos pelos bares da cidade, Vivendo novamente a mocidade
Jogada há tanto tempo no porão. Amor que se renova em atitude, Segredo para eterna juventude...
95
O peito de um sujeito apaxônado Bateno bem mais forte disparano, Trazeno uma aligria pru seu lado, Viveno um grande amô sem tê engano
Sentino u seu perfume, meus amô, Incontra nos cantêro já brotano A belezura toda dessa frô Que um dia me dexô quage chorano.
Num dêxe que esse sonho assim desande Morena trais o sor do Rio Grande Prás mata mais bunita das Gerais.
Fazeno da viola sertaneja O puntiá que a lua mais deseja Beleza sem iguá, ela mi trais... Marcos Loures
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O peito de quem ama é só festança; Riacho atravessando o vilarejo No litoral o mar traz a lembrança Do tempo em que, riacho, era desejo...
Eu me pego no sonho a procurar Sintomas e sinais do que virá. Quem dera se amor fosse o farto mar Aonde o pobre arroio chegará.
As águas vão buscando paciência, Um dia, no final da nossa história, Na areia desta praia a florescência Do sol ao laurear clara vitória.
Quem tem imensidão como destino, Jamais se perderá em desatino... Marcos Loures
97
O peito de esperanças se repleta Não deixa mais espaços pra tristeza A refeição, querida se é completa Permite um bom banquete em cada mesa.
Decerto tantas vezes imagino A dor ou a saudade como amiga, Cansado de viver tal desatino Permito que o amor sempre consiga
Vencer minhas defesas, velho dique, Promessa de gostosa inundação. Se o barco, no caminho for a pique, Eu tive, pelo menos a emoção.
Assim eu não permito tais dilemas, Há tempos que eu rompi tristes algemas...
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O peito apaixonado já soçobra O barco vai cortando esta procela, Enfrenta com malícia cada dobra, Redobra o meu amor, saudade dela.
Recebo o que te dei, amor em dobro, Dobrões neste tesouro descoberto, O rumo/timoneiro, enfim recobro, Navego a calmaria em mar aberto.
Sabendo que terei enfim, uma ilha Aonde possa ver a bela ilhoa, Nos vales encantados, sigo a trilha, A vida do teu lado é muito boa!
Morena graciosa e sensual, Sereia do meu mar, sensacional!
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O peito amarrotado pelos cantos Jorrando o podre sangue da esperança, Aonde o meu olhar não mais alcança Ainda resta um traço feito encantos.
A mão abençoada com seus mantos Tentara dar a nós sua fiança, Matando a cada dia uma criança Depois não reclamemos dos espantos.
Os olhos de um menino maltrapilho, Permitem vislumbrar o melhor trilho, Porém na negação que agora trago
Um cúmplice canalha; reconheço, Condenado ao eterno e vil tropeço, O coração pedinte segue vago. Marcos Loures
11800
O passo que se mostra a cada dia Depois de certo tempo faz liberto O peito que tivera por deserto Refrão tão repetido em mão vazia.
Inverno de repente já se estia O quanto que carrego, sem aperto, Distante se tornando bem mais perto, Vigora agora a lei feita alegria.
Não quero reviver a dura seca, Também não necessito de ama-seca Eu quero simplesmente estar amando.
Se o tempo traz verdade e mata a crença Começo e recomeço, recompensa, Não quero e nem me importa desde quando. Marcos Loures
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