
«« Olhares ««
Data 27/12/2010 16:34:13 | Tópico: Poemas
| O corpo corre apressado O dia ainda vai alto Corre de alma trespassada Pela chuva ou pela geada Por murmúrios em espalhafato Movem-se queixas ao desbarato Das costas doridas, cansadas Dos pés e das pernas pesadas
Assim é a lide no campo Os ossos gemem com mágoa Parecem mesa sem tampo Fonte com falta de água
E eu, olho de lado.
Caminho em passo contado Encolho os ombros, não vejo As gentes do vilarejo Que labutam dia e noite Talvez um dia me afoite E lhe ofereça um sorriso Agora, falta-me o siso E finjo, não estou nem aí Espera, aquele velho sorri
Leu-me o pensamento Olho para ele sem jeito Menina repare é o vento Que encana no seu peito
Esta é que não entendo.
Pois olhe fique sabendo Tenho mais o que fazer Diz-me o velho, foi um prazer Trocarmos duas palavras Olhares são como travessas De cadeiras desengonçadas Mas olhe que na cidade Eu perdi a mocidade
Voltei e aqui encontrei Na azafama sem ter tempo O tempo que desperdicei Em horas de contratempo
Segui caminho a direito.
Pensando se será defeito Não olharmos as gentes simples Como canteiros de fores Algo não está igual Não sei descortinar o mal As costas me doem estafadas As pernas ficaram pesadas A alma enegreceu No rosto uma lágrima correu
Um dia nasci no campo Um dia também labutei E hoje desconheço o pranto Das terras que então pisei.
Antónia Ruivo http://porentrefiosdeneve.blogspot.com/ http://escritatrocada.blogspot.com/
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