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 Encantadora de HomensData 27/12/2010 23:38:24 | Tópico: Poemas
 
 |  | Noite fria e mal passada a de ontem... Hoje me despertei pela madrugada
 Vi chegar "Aurora dos dedos rosados"
 E Febo beijando a relva orvalhada...
 
 Pardais num chilrear chato e triste...
 Vi três cisnes voando em vértice...
 Peito nu... Recebo raios rubros do sol
 Que chega a todos... A todos os lugares
 Num constante conúbio sem fim...
 
 Uma Betelgeuse e uma Antares
 Ardem aqui... Dentro de mim...
 É um filho que pede para nascer.
 Sinto uma forte e dolorosa contração...
 
 Queixo na mão...
 Papel e caneta...
 Caderno brochurão...
 Vai vim à luz um poema...
 
 O canto de hoje é para ti... Encantadora.
 Lúdico universo com poucas constelações
 Onde nasci... As trevas fizeram temporada
 Furtando-me tudo, dos eflúvios, sensações...
 Palavras flutuando, se chocando, pululando...
 
 Os sentimentos eram apenas estrelas anãs...
 Veio-me tu, um astro azul, me encantando
 Com palavras veludosas, volúpias das manhãs.
 Depois, mais palavras. Palavras lindas palavras
 Eruditas, inusuais, que se usam, que se sentem
 Como pelúcia macia que toca o tecido... A derme...
 
 Palavras perfumosas, odorosas, coloridas, mágicas
 Palavras belas feras, cães que ladram, serpentes
 Que se enroscam e apertam até que a boca se abra
 Para que se possam pingar, gota a gota, o fatal veneno...
 Quem se encontrava por detrás de tal magia?
 
 Lábios mutantes, multicolores, metálicos
 Olhos monocromáticos (seriam azuis ou seriam verdes?)
 Por onde respira a poesia e todo o mundo se recria,
 Coexistindo, coabitando, invadindo todo meu coração,
 Fazendo do mundo-seu, do mundo-meu,
 O mundo-meu-seu-nosso...
 
 Vieste no bico de uma ave alada de enormes asas,
 De esbranquiçadas plumagens e penugens,
 Entrecortando-me, transpareceu diáfana, translúcida,
 Maga, fada, Deusa Encantadora dos Homens Nus
 De palavras, com palavras, com tudo, com nada...
 Uma doce beleza pura, ametista rara... Que abala
 Uma voz que não se ouve... Se sente... Não se cala...
 Borboleta das asas de luzes douradas emanadas,
 Devoradora de poemas, de homens e de canções,
 Mobilizaste esse meu coração cigano num porto seguro,
 Tornaste densa a lacuna que preenchia minha alma...
 O furo...
 Sopraste em mim o vento
 Da transcendência.
 Em ti faço acampamento...
 Fazendo-te reverências...
 Minha querida, minha amada,
 Em ti... Encontrei a luz...
 Achei morada.
 
 
 
 
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