Nus e descalços

Data 04/09/2007 15:59:02 | Tópico: Poemas -> Amor

Nus e descalços
seguimos pelos caminhos dos astros
galgando vales em extensão
ao abstracto da hora incerta
e os nossos passos ecoam-se retesos
e hirtos
no abismo cavernoso dos gritos.

A neblina chega a espasmos,
em sons mudos.
Alabastro dúbio, desce a estrada da rua,
recalca o caminho que nos suga,
o caminho que nos pisa a voz da alma.

No horizonte a tempestade ruge nas conchas
híbridas,
em escaras, em feridas…
Num lamento mais forte que próprio vento
mais denso que o alheamento
em que me quedo agora.

Esta ausência, esta distância,
este sonho em que te teço e que me perco…
… ao rumo sem rumo. Incerto.

Não sei de mim, não sei de ti,
não sei porque persisto num voo de velas
e me trucido,
me esfacelo degolada,
me entrego ao peso denso das pedras mós,
onde me abrigo.

São moinhos despidos, os linhos alvos
dos panos em rendição,
dos cereais outrora erectos à vertical abrupta da serra.





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=16820