Nunca se Morre no Porto

Data 30/12/2010 16:41:03 | Tópico: Poemas

Aqui está a cidade que nunca vi nas minhas mortes
desenhada numa tela de água
flutua emergindo entre margens de luto branco

Cascata negra em sobressalto, lascadas madeiras nas fachadas
pinturas a fresco esfolado
golpeiam com veemência
uma muralha, onde se inscreve toda a verdade,
os erros do meu caminho intenso
e também as pessoas que entraram na minha morada.

Escombros, ruínas que desagrega o vento,
sangue seco,farrapos esvoaçantes embebidos em cloroformio
testemunham silenciosos de que o tempo não existe.

Calcinadas escarpas,
esqueletos de fragas brotam do solo
com essa solidez das mãos dos afogados quando se agarram
debaixo das gretas do granito que
despertam na minha janela uma voz ninar.

Levanto os meus olhos, vejo uma cidade que nunca se morre
onde não existem estrelas nem tão pouco o azul
está fechada, à espera de ser levantada nessa altivez
por uma” palavra-chave”:
Antiga Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto



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