
MEUS SONETOS VOLUME 130
Data 31/12/2010 10:29:28 | Tópico: Sonetos
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1
Pra quem plantando colhe em rica lavra Somente interessando um bom futuro, Dedico para ti cada palavra Das tantas que profiro, e te asseguro
Que sempre caminhei ao lado teu, Vencendo as intempéries desta vida. Meu rumo tantas vezes se perdeu, Apenas em teus braços, a saída...
Versejo dedicando esta canção Que fala tão somente ao sentimento, Tocando levemente o coração, Fazendo já calar o sofrimento.
Amiga, venha logo, sem temores, Nos braços; eu te oferto mil amores...
2
Procuro uma resposta e nada vindo Vasculho cada parte do meu ser, Viver se traduzindo em aprender Tornando o dia-a-dia bem mais lindo.
O dom de ser feliz nos conduzindo A estrada que desejo conceber Estrela nos guiando, posso ver Um belo amanhecer já ressurgindo.
Na força da paixão que nos comanda Agigantando assim quem tanto quis Na eterna condição de um aprendiz
De tanto amar andando enfim de banda Pesando como a cruz que ora anuncia A clara mansidão de um novo dia...
3
Procuro uma palavra que traduza A multifacetária sensação Que em lágrimas e risos reproduza
A fantasia intensa da emoção. Que ao mesmo tempo trague e me conduza Entre pedras, espinho e furacão.
Palavra que me livre das tempestas Bebendo cada gota da tormenta, Que traduzindo sonhos, brilhos, festas Também quando a poeira não se assenta
Palavra que moldada em dor e gozo, Permita caminhar em liberdade, E faça do grilhão, maravilhoso, Reproduzindo assim, nossa amizade.
4
Procuro tua imagem, teu retrato E não encontro nada; estou vazio. A solidão se mostra um duro fato Distante do que quero e fantasio.
Na placidez tão calma de um regato, Uma cascata enorme, em desafio E o sonho em que eu vivia, eu já desato, E apenas na esperança inda me fio...
Buscando-te querida, nas estrelas, Nas ruas e nos bares, céu e mar. Meu barco solitário abrindo as velas,
Naufraga em desespero, sem saber Aonde poderia enfim buscar Quem dentro de mim soube se esconder...
5
Procuro tua imagem sacrossanta Em todos os momentos desairosos Qual força mais sublime se levanta E trama nossos olhos desejosos?
Transmites nos carinhos mil faíscas Que sempre numa ardência me dominam, As bocas se procuram, são ariscas, Ao fim em nossa cama determinam...
Magia desse toque que se embosca No canto que não posso mais fingir. A perna que na perna já se enrosca, Desejos e torturas repartir...
Em meu peito, total revolução Causada pelos ventos da paixão...
6
Procuro tua imagem nesta casa, Guardando as proporções, foi meu altar. A chave que esqueci, já não se casa Com lua nem com céu, tampouco mar. Do fogo que restou e não me abrasa, O quanto que tentei não te adorar...
Mas vejo o quanto errei, amor imenso. Meus olhos se perderam sem ter rumo. Saudade quando em branco e puro lenço Mostrando quanto em ti não me perfumo. Do cativeiro sempre em versos penso, A tua imagem sobe como o fumo
Que escorre de meus dedos, meu cigarro... No que restou de ti, frágil, me agarro...
7
Procuro tua face em cada canto, No metrô, nas paredes e nas ruas Nas luzes da cidade o teu encanto, Enquanto aqui caminho, continuas.
Seguindo o brilho intenso, um helianto Buscando imaginar imagens nuas Da deusa que provoca tanto quanto Transborda nas vontades, minhas, tuas...
Tocar teu corpo nu com os meus lábios Conforme preconizam velhos sábios Ninguém consegue o amor já refrear.
Nem mesmo algum cansaço nos detém, Meu peito enamorado sabe bem Do quanto sempre é bom se apaixonar... Marcos Loures
8
Procuro teu retrato no meu rosto. Percebo o quanto é bom estar contigo Nas antigas tristezas, meu desgosto, Decompostas, não levo mais comigo.
Revigorando as forças que esquecera Num canto mais recôndito, guardado... De tudo que na vida mais vivera Espelho nos mostrando lado a lado...
Eu amo teu amor, nunca se esqueça, Nós somos tão iguais, o mesmo barro. Por mais que tanto temo que enlouqueça Na corda em que te ataste; eu me agarro.
E temos, no conjunto, a mesma face. Teu rosto no meu rosto, sem disfarce...
9
Procuro te encontrar neste meu sonho Minha alma te buscou por mais de mar. Meu barco sem ter rumo, nada ponho, Vontade de saber te procurar.
Se existem tantos erros, os assumo; No grão que sepultei em pleno solo, De tudo que cultivo, quero o sumo. Eu nunca sei, ao menos, se consolo.
Apenas me iludi, e não reclamo. Não quero mais acordo nem perdão. Apenas a certeza de que eu amo Isso me conturbando o coração.
Fantasmas que se foram, nada tramam Por sobre nossas almas que se chamam... Marcos Loures
10
Procuro te encontrar neste meu sonho Minha alma te buscou por mais de mar. Meu barco sem ter rumo, nada ponho, Vontade de saber te procurar.
Se existem tantos erros, os assumo; No grão que sepultei em pleno solo, De tudo que cultivo, quero o sumo. Eu nunca sei, ao menos, se consolo.
Apenas me iludi, e não reclamo. Não quero mais acordo nem perdão. Apenas a certeza de que eu amo Isso me conturbando o coração.
Fantasmas que se foram, nada tramam Por sobre nossas almas que se chamam... Marcos Loures
11
Procuro te encontrar a cada instante em todos os lugares que passei, um sentimento amargo e tão constante dizendo deste amor que procurei
seguindo cada rastro fascinante da estrela em cujos brilhos me guiei teu corpo mavioso e provocante dourando com delírios bela grei.
aonde se escondeu o meu amor? Aonde encontrarei tão bela flor, a mais perfeita e rara do jardim.
depois de tanto tempo procurando, resposta vem no vento calmo e brando. encontro-te deveras dentro em mim! Marcos Loures
12
Procuro quem me ensine a fazer versos Que tragam como essência um outro mote, Do amor ao qual me entrego, quebro o pote E busco outros caminhos mais diversos;
Quisera compreender ares perversos, Mordazes companhias, dar o bote, Pular no teu pescoço, apertar glote Envenenando todos universos.
Talvez se inda tivesse algum rancor Da vida que, desculpe, foi tranqüila, Assim não cantaria mais o amor,
Peço, por caridade, meu amigo, Se o mel, a cada frase, amor destila, Eu tento ser venal, mas não consigo!
13
Procuro por vestígios que não sei Litígios enfrentara, foram tantos. Meus restos apodrecem pelos cantos Da casa onde por vezes circulei.
Se o verme que alimento, eu entranhei Problemas que são meus, e sem espantos Dos meus escombros faço os velhos mantos, Durante a primavera eu hibernei.
Escaras dentro da alma envilecida, Joguei pela janela a minha vida E fiz do meu passado, a resistência.
Agora em casamata tão estranha Apenas a saudade me acompanha, Como uma espécie assim, de penitência... Marcos Loures
14
Procuro por teus rastros, por pegadas Que tragam as notícias que mais quero. Deslumbro velhas sombras nas calçadas O tempo vai passando, inda te espero....
Saudade faz pousada em coração, Parada obrigatória de um amor. Batuque em desespero da paixão No incêndio que me morde encantador...
Procuro e nada sei, somente sinto O teu cheiro em cada flor deste jardim No gosto inebriante de um absinto E o medo de não ter persiste em mim...
No fim da tarde sei que voltarás.. Maré que te levou depois me traz...
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Procuro por teus rastros neste chão Vasculho cada canto do caminho... Em busca da perfeita solução, Cansado de viver assim, sozinho...
Reviro cada pedra, cada ponto. Pergunto a quem passa, ninguém sabe... De tanto que deixei; como era tonto! Agora meu temor, que tudo acabe.
Bem sei como é importante para mim Saber se tu me queres e se voltas. Depois desta avalanche vou assim, Vazio, minhas noites tão revoltas...
Eu quero teu amor, minha querida, Razão do meu cantar; da própria vida!
16
Procuro por teus rastros na campina... A noite inteira, busco essas pegadas... A lua, companheira me ilumina. As horas que passei, nas madrugadas,
Nesta busca, beleza descortina... Te quero, mais que tudo... São aladas As velhas esperanças. Na menina Que procuro, as ternuras encantadas!!
Procuro por teus passos, não os vejo! Ao longe, vai tocando um realejo... Um verde passarinho, da esperança,
Me mostra teu caminho, uma criança Que aprendi tão risonho tanto amar! Teus rastros encontrei. Vão dar no mar!
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Procuro por teus lábios olorosos Espero o carmesim maravilhoso. Meus medos vão perdidos, andrajosos, Mas sonham com delícias deste gozo.
Cambiantes os desejos mais sutis, Verdejas teus olhares sobre a mata. Eu quero novos sonhos mais gentis, Na lua que domina, rica prata.
Correndo mansa brisa, me acalenta. Amor não se permite duvidar. Quem pensa que essas luzes; não agüenta, Esquece da beleza de brilhar.
Eu quero te encontrar de qualquer jeito, É cura que deseja um velho peito...
18
Procuro por meu bem em meio a flores As cores se misturam, nada vejo... O tempo que me engana sem amores, Apenas uma flor inda desejo...
Mas nada dessa flor no meu jardim... Procuro por perfumes, reconheço, Naquela densa moita, estás enfim. Sentindo teu aroma te obedeço...
Mas quando chego perto... Que surpresa! Estava diferente a mansa flor... Agora se vestia em tal nobreza Que espantava meu triste e velho amor...
Descubro; minha sina é ser sozinho, Aroma que senti? Somente espinho...
19
Procuro por Luiz, velho Gonzaga Dizendo num baião do sofrimento Do gozo da alegria, num lamento, A luz que o coração jamais apaga.
Sanfona dedilhada; deusa e maga, O xote se derrama e o pensamento Encontra num forró ternura e alento Do povo nordestino, glória e saga.
A lua de Catulo se esparrama Deitando sobre a areia sonha grama E escuta o menestrel numa vitrola.
Assum preto vivendo da saudade Na cegueira esqueceu da liberdade, Mas minha alma sertaneja inda decola...
20
Procuro pelo amor nestas estradas Distantes e doridas de minha alma. A luz que me ilumina e que me acalma Responde que andará nas madrugadas...
Em vão, pergunto então às alvoradas Que fazem meu destino em cada palma, Dizem-me que eu não perca nunca a calma Nas tardes, talvez ache, ensolaradas.
Cansaço desta busca já me alcança; A vida passa, o tempo sempre avança E nada deste amor que prezo tanto!
Buscando em cada flor, na primavera, Apenas sua face, vil quimera. Procuro pelo amor... Só desencanto!S Marcos Loures
21
Procuro pelo amor em tantos trilhos Sem ter sequer notícia desespero... Durante meu caminho, os empecilhos Tornaram tal procura um gesto fero...
Amor nunca encontrei nessas viagens Em busca dos meus sonhos, só quimeras, São secas essas sendas e paragens, Que sempre me negaram primaveras...
Os olhos enlutados, sem destino, A voz tão embargada nega o canto. O mundo se desaba em desatino, Cessando de uma vez qualquer encanto...
Amor que procurei, alegre ou triste, Restando perguntar: será que existe?
22
Procuro pelas ruas da cidade Notícias de quem foi pra nunca mais, Nos bares, nas esquinas... Na verdade Sou barco que perdeu seu rumo e cais.
Seguindo estes perfumes sensuais, Saudade num momento vem e invade, Depois dos mais terríveis vendavais A calmaria e enfim, tranqüilidade...
Mas sei que talvez seja um simples sonho, Futuro que esperava, tão risonho, Agora se transforma em pesadelo.
Ao ter uma visão de Paraíso, A vida te levou sem dar aviso, Daria tudo, tudo, pra revê-lo...
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Procuro o teu olhar em toda parte Nos céus e nas estrelas, noite e lua. Meu Deus como eu queria enfim, achar-te, Minha alma tão sozinha; continua...
A cada amanhecer procuro o olhar Nos raios deste sol, mas nada vejo. Onde talvez eu possa o encontrar, Vai virando obsessão este desejo...
Um sentimento forte e tão singelo Aos poucos me domina e não explico. Apenas num momento quero vê-lo. Pasmado sem sentidos, logo fico...
Depois de ter sofrido tanto assim, Descubro o teu olhar... dentro de mim...
24
Procuro o teu olhar em cada estrela Debruçada na janela de meu quarto. E sigo calmamente o brilho dela, Em pensamento livre, assim eu parto
Na busca deste amor incandescente Qual fora uma falena hipnotizada Encontro tua imagem sorridente. Somente uma miragem. Sempre nada...
Quem dera se eu pudesse num momento Tomar as tuas mãos e caminhar Liberto, entregue ao manso e calmo vento, Sem rumo e sem destino. Namorar...
Beijar a tua boca e em teu carinho, Certeza de que não sou mais sozinho... Marcos Loures
12925
Procuro o paraíso neste céu Vasculho cada estrela, nada vejo. Montado neste sonho, qual corcel Espero pela cor do teu desejo...
Nos mares e na lua, não está, Nos campos e montanhas, mas cadê? Nos raios deste sol que brilhará, Numa simples choupana de sapê;
No rio que escorrega para o mar, Em todas cachoeiras e cascatas. Em todo esse deserto, onde achar? Nem mesmo nessas brenhas, nessas matas.
Depois de procurar, sem achar nada, Descubro em tua boca, minha amada!
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Procuro o mar, obsessão mineira. Navegante sem barco, solidão... Meus portos, cais, meus mastros sem bandeira; Meu pensamento cria a embarcação!
Nas horas mais tristonhas, sento à beira De qualquer novo porto, atracação. Das rosas que plantei, foi a primeira, Dos sonhos que sonhei no meu sertão!
Mineiro pesadelo com as ondas. As horas circulando,vão redondas, Os medos mais cruéis as tempestades...
Os olhos salpicados das saudades. A vida me negou tais maresias, Restam-me tão somente as fantasias!
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Procuro novamente, um outro rumo Que sirva de caminho, como um guia, Distante deste sol que queima, a prumo, Dourando levemente a fantasia.
Por vezes me magôo e me consumo Nas lutas tão vorazes, dia a dia, Percebo que jamais eu me acostumo Sem ter uma certeza de alegria.
Às vezes vou seguindo tão cansado, Na busca de teu braço doce e amigo. Querida, me perdoe ter alçado
Um vôo bem maior que imaginara. Nas horas de confronto e de perigo, Percebo que amizade é jóia rara... Marcos Loures
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Procuro nosso amor, assim profano; Em meio a tantas noites, solidão... Depois de me saber num abandono, Resolvo revolver meu coração.
Em busca de palavras mais gentis, Que possam despertar um sentimento. Durante tanto tempo sempre quis, Que me canto se espalhe como o vento...
Eu quero a sensação de teus abraços, Envoltos nos meus braços, com paixão... Deitando mansamente em teus regaços, Espero em novo tempo a solução...
Que faça meu amor ser bem mais leve, Nas asas em que voa, calmo, breve...
29
Procuro nosso amor pelo infinito Buscando nas estrelas ,nossa cama... Amor que te prometo, mais bonito, Acende sem ter pressa, brasa e chama....
Amor que não permite mais meus erros, Pois sabe que de amar errei demais. Nos olhos tão distantes meus desterros Caminhos que procuro e sei jamais...
Procuro pelos cantos dessa casa No quarto, nessa sala de jantar, O tempo sem amor já tanto arrasa... Espero pela noite e quero amar...
Onde estás meu amor ,que não te vejo. Deitado em minha cama, eu te desejo...
30
Procuro nas montanhas e no mar Quem foi demais amada e já partiu. Nos ventos e nas ondas vou buscar Mas nada. Ninguém sabe; ninguém viu...
Procuro nas estradas e cidades, Quem foi demais amada e não me quis. Nos parques e nas praças, as saudades... Mas nada. Ninguém sabe; ninguém diz...
Procuro nos luares e sertões... Quem foi demais amada e se cansou. Nos cantos, poesias, corações... Mas nada. Ninguém sabe; ninguém sou...
Mas quem eu tanto amei, não voltará? Procuro dentro em mim, estavas lá!
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Procuro na Palavra esta mensagem Que possa transformar meu dia-a-dia, Tornando bem mais bela esta paisagem, Realidade além da fantasia.
No gozo sem limites, a miragem, Que uma alma sem sossego, em falso, cria, Cenário de total libidinagem, Tornando sem sentido, a poesia.
Ovelha desgarrada e sem pastor, Penedos dizem queda, medo e dor, Espinhos dilaceram frágil pele...
Porém ao ver a estrela em Nazaré, No olhar de Jesus Cristo, viva fé, A força fascinante me compele...
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Procuro mundo afora um grande amor Que possa traduzir farta festança, Eu tenho eternamente esta esperança Que trago em cada verso, num louvor.
Às vezes tu me dizes: sonhador! A vida não será jamais tão mansa. Quem sonha sempre sofre, e já se cansa Regando no deserto aguarda a flor.
Mas saiba que isto é tudo o que desejo, Um dia mavioso, em paz, prevejo Trazendo uma alvorada mais bonita.
Minha alma em fantasias, vai liberta Assim esta tristeza me deserta E a luz de uma esperança, viva, grita!
Marcos Loures
33
Procuro meu desejo em teu desejo, Desejo teu amor, assim, pra mim... Vontade de morrer em tanto beijo Vontade de te ter. Te quero sim!
Se queres quem te quer como te quero, Por certo tu virás, não tenho medo. Amar a quem dedico amor sincero, Amor que nunca foi nenhum segredo.
Paixão tão delicada, a cada dia, No dia que te vi, não me esqueci. Amar a quem dedico a poesia, Que faço e me desfaço, só por ti.
Procuro meu desejo, no teu seio, Anseio teu amor, sem mais receio...
34
Procuro meu amor pelas estrelas Nos campos e nos bosques mais floridos... Nas flores e cascatas, nas mais belas, Nos sonhos que percebo, divididos...
Procuro entre as calçadas, tantas ruas... Nas matas e montanhas, no infinito... Nas pedras mais distantes, duras, nuas, Soltando sem ter eco, um forte grito...
Procuro minha amada pelas trilhas Diversas maravilhas, mas não vejo... As pernas amarradas, armadilhas, No rastro deste céu, seu azulejo...
Depois desta procura tão antiga... Encontro minha amada em minha amiga...
35
Procuro inspiração para os meus versos, Vagando por recantos mais recônditos Se eu tenho os pensamentos tão indômitos Os sonhos sendo esparsos e dispersos,
Avesso à solidão; risco universos, Meus passos indecisos vão atônitos Legando estes vazios antagônicos Agônicos poemas vis, perversos.
Eqüidistantes; lua, sol e mar, Mareio sob a lua e busco o sol, Quem dera se viesse; qual farol
Que um dia imaginei a me guiar Talvez chegasse a mim o teu clarão Dando a meu verso fútil; direção...
36
Procuro este unicórnio que em herança Deixaste por legado, falso enredo. Guardando cada trama e desde cedo Partindo sem trazer nem esperança.
Vasculho aonde olhar, temido, alcança Sem chave nem promessa ou vão segredo, Ao estampar somente ofensa e medo No espelho que me deste, a semelhança.
Ao expor sobre os olhos sua seta, Este unicórnio mostra-se poeta E riscando os espaços, ironia
Aguarda solitário quem o mime, Levando à tentação, quem sabe ao crime Ao provocar o sonho e a fantasia... Marcos Loures
37
Procuro entre esplendores prateados Que a lua insiste, insana a me mostrar, Aonde enfim pudesse desfrutar, Momentos mais felizes e esperados.
Porém ao ver sombrios resultados, Invado perspicaz, o negro mar, Bebendo suas águas, devagar, Percebo os meus caminhos desmembrados.
Agônica emoção de um sonhador Que apenas fez a insânia de trazer Uma última esperança como escudo.
Tentando infantilmente recompor Um tempo em que sonhar dava prazer, A rota do meu canto, estranho e mudo...
38
Procuro em mil mulheres o teu rosto, E beijo tantas bocas que nem sei. O sonho que se fez já foi deposto Mudando em um castigo antiga lei
De um tempo que se foi, puro desgosto Mostrando tanto amor por quem sonhei, No colo que procuro, novo encosto, Aquele que passou e que deixei...
Castigo divinal? Creio que não, Mas sinto tua mão em mão alheia, Não tenho outro caminho ou solução
A chama que me abrasa não é tua, Porém tua fogueira me incendeia Noutra nudez, t’a pele sempre nua...
39
Procuro em flóreo sonho o seu vicejo Etérea sensação tão linear, Nos laivos e nos rastros tanto ensejo Da fúlgida esperança de um luar. Na palidez imensa do desejo De ser além da vida aquém do mar, Sentindo tais eflúvios do lampejo Nesta certeza estúpida de amar. Mascaro os meus delírios noutras sendas, Escusas que te peço por meus erros, Alguns; pura verdade, outros lendas, Mas saiba que lutei. Insensatez... Já legaste a mim, os meus desterros, Por isso, derrocado, perco a vez...
40
Procuro em cada olhar o olhar de Lara, Reflexos de minha alma, eterno luto. Ao longe a sua voz; ainda escuto, Quem foi pra não voltar me desampara.
O peito feito em chagas, fria escara, Embora tolamente, às vezes luto, Porém em outros braços eu reluto E a vida se tornando assim, amara.
Ao ver o seu retrato na gaveta, Saudade vem tomando toda a cena, Lara partiu na cauda de um cometa
Será que irá voltar? Em cada prece Que faço, uma esperança assim se acena Porém na solidão, o amor padece...
41
Procuro amor nas cascatas, Nas espessas cachoeiras. Nas guerrilhas casamatas, Nos troncos das aroeiras.
Procuro a vida sem datas, Segundas a sextas feiras. Os olhos verdes das matas... Nossas horas traiçoeiras...
É tanto amor que se chama, Queimando na mesma chama, Ouço o canto, rouxinol,
Distante inda está o dia... Mas veja o nascer do sol. Quem canta é a cotovia! Marcos Loures
42
Procuro a solução deste problema, Viver jamais seria tão difícil, Nem mesmo existiria tal algema Tampouco o teu amor seria um míssil.
Fazendo das estrelas diadema, A luz que recobriu este edifício Morreu como se fosse um simples trema, Tranquilo, irei saltar do precipício.
Nos versos que te fiz, apenas medo, E nada desvendou torpe segredo Guardado nos empórios do passado.
Jogando assim a chave, vou embora, Sabendo que depois se uma alma chora, Deixei neste soneto o meu recado...
43
Procuro a alma das árvores, floresta; Encontro tão somente esse lamento. Quisera perceber um só momento, Do duvidoso tempo que me resta...
Sentidos tão banais, a vida atesta Que nunca mais terei um só tormento, Nas falsas esperanças em que tento, Viver das alegrias, finjo festa...
Nas almas dessas matas, sou machado; Podando o que puder ter encontrado. Na seiva que seringo, sangra a vida.
Viver? Quem dera! Sigo sem sentido, Meu mundo vai girando, estou perdido, Minha alma qual das árvores, ferida... Marcos Loures
44
Procurei por palavras, lavras, árias, Por semitons, resquícios, vícios, ócios, Encontrando templários, bossas, bócios, Catedrais, campanários, urzes várias...
Procurei por tenebras, ervas ,párias... Por estilos restingas, espigas, beócios, Encontrando resinas, equinócios, Ânsias, ósculos, hóstias, sol, canárias...
Procurei silabar fastios, círios... Por símbolos falazes, frases, lírios, Encontrando retinas, íris, flor...
Procurei por carvões, porões, cadência... Por tráficos tenazes, ás, demência... Encontrando somente teu amor!
45
Procurar sem parar amor primeiro Que me traga o mar, fogo e tempestade. Que seja nossa cama o cativeiro Que tenhas teu desejo, uma vontade...
Estando no teu braço, ganho a vida, Estando nos teus sonhos, sou feliz. A noite que tivemos, foragida, Num átimo se fez o que se quis.
Eu quero em ti, vagar perpetuamente. Buscando em tal naufrágio, sedução. E refazer amor, continuamente, Vivendo intensidade da emoção.
Eu quero mergulhar no amar profundo, Sentindo o meu amor, maior do mundo...
46
Procura nos teus braços descansar, O velho navegante sem destino. Depois de ter vencido o vasto mar, Voltando novamente a ser menino, Encontra a maravilha a se mostrar, Num porto delicado e feminino.
Recebo então notícias do que espero, A nossa primavera interminável. Do quanto que já tive e mais eu quero Nos braços desse amor imaginável. Sentindo o teu calor, doce tempero Do tempo que se mostra inesgotável.
No vento que balança este coqueiro, Amor da minha vida, o derradeiro... Marcos Loures
47
Priscas eras distantes da memória! Nós éramos felizes, fortes nós... Buscávamos, serenos, nossa história. A noite chegou, veio mais atroz,
Não deixando restar nada... Da glória Dos tempos idos, nada... Nem a voz Que ouvíamos na noite, nem vitória Sonhada, nem paz, nunca mais... Feroz
Solidão...Necrotério dos amores; Morte lenta, punhal cego... Lateja... Solidão... Teimosia de quimera...
Carrego-te, guardada nos andores... Solidão que destrói, não causa inveja, Quem me dera morrer enfim, quem dera... Marcos Loures
48
Princesa que me fez um sonhador Morreu de inanição em seu castelo. Realidade trágica revelo Mostrando quão dorido é o desamor.
Jardim deste palácio já sem flor Por falta de cuidado e de rastelo, Outrora com certeza foi tão belo, Sem receber salário o lavrador...
Embora a adolescência já se diste Princesa transformou-se em dama triste Saudosa deste príncipe encantado
Que dorme embriagado no sofá, Barriga de batráquio ali está, Em sapo totalmente transformado!
49
Princesa deste reino, soberana. Rainha dos meus sonhos, minha amante. A vida sem te ter morre temprana O mundo do teu lado, deslumbrante.
Desfilas toda nua tal beleza Que faz deste meu quarto, eterno dia. Sorvendo deste corpo de princesa, Castelos derradeiros da alegria.
Deitar depois de tudo em exaustão, Sorrindo mansamente para mim. No quarto, mil foguetes, explosão
Bebendo teu prazer até no fim... Olhando calmamente e pensativa... Amada és a rainha.... assim, cativa... Marcos Loures
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Primícias deste enredo em dom partenogênico Amor em Mar del Plata em argentina lua. Na súbita emoção, dispara o pobre frênico Taquipnéia ao te ver qual deusa seminua.
Num jogo sensual, embora seja cênico A marca da pantera exposta em carne crua, Embebedando o gozo em amor ecumênico Dispara num orgasmo e assim, logo flutua.
Tetânica paixão, convulsa traz em trismo A força que compele, atraindo ao abismo Dois corpos que se dão em atos insensatos.
Hercúlea tentação, catódios com anódios Deixando para trás, os mais algozes ódios Depois do lero-lero, eu a levo pros matos...
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Primaveras em flores decoradas Recendem ao meu verso sem sentido. Os medos revestindo as alvoradas Não deixam o que sinto e não duvido
Fragrâncias mais diversas, delicadas Aos poucos vou morrendo, distraído. Bebericando o sonho galgo escadas Que levam ao vazio colorido.
Não tendo todavia nem portanto Apenas o que via ainda insiste Na torpeza do vago, sem encanto
Ao ziguezaguear tal esperança Fazendo do meu canto um sonho triste Amores impossíveis, vida alcança.
52
Primavera trazendo suas flores... As cores divinais da primavera Prenúncios naturais destes amores Da natureza em cio sem espera.
Assim também seguimos nossa vida, Em fase diferente a mesma lua. A sina necessita ser cumprida, Estrada tão comprida, continua...
Crisálidas renascem borboletas As flores já granando geram frutas. Distantes viajantes, os cometas
Retornam e embelezam todo o céu. Delicadeza em jóias, gemas brutas, Do pólen da esperança um doce mel...
Marcos Loures
53
Primavera trazendo nossas flores, As flores divinais da primavera, Que trazem, nos perfumes, os amores, Amores que sonhei, sempre, na espera...
Findando o duro inverno, te adivinho; Nas mansas corredeiras deste rio... Descendo o coração, devagarinho, Enchendo de ternura, mata o frio...
Nas graças maviosas deste amor, Amor que, com certeza, vale a pena; Renasce em primavera, toda a flor Pintando em aquarela, bela cena...
Das noites tão vazias, mais geladas, Renascem as manhãs, as alvoradas...
54
Primavera sem flores e sem sol... Setembro lembra julho na minha alma! Nos meus jardins, vertidos cachecol, O frio que me deste, nada acalma...
A saudade temerária em arrebol, Pois demoraste tanto... Numa palma, Espero pelo menos, girassol... Vagando estou sozinho, nem vivalma!
Mas tenho, por sinal, uma esperança... Esperança renasce a cada dia... De repente, quem sabe a noite fria
Num momento qualquer traga a lembrança De um amor esquecido, uma criança Que traga, novamente, a poesia! Marcos Loures
55
Prevejo No canto Encanto Desejo.
No beijo Meu manto, Recanto Arpejo.
Sou teu Não nego, Um breu
Carrego; Plebeu, Me entrego..
56
Prevejo um mundo novo e bem melhor Deixando para trás qualquer tormento. Vontades e desejos; sei de cor, Encontro tão somente um doce alento
Nos seios que hoje beijo com ternura, Meus olhos em teus olhos, num mergulho Contando estas estrelas, noite apura Quedando tão distante, pedregulho...
Sonhando em desvario, alucinando, Não tenho mais segredos, nem os quero. A sorte pelas ruas entornando Matando o meu passado, duro e fero.
Espreito finalmente a liberdade, Aprendo a traduzir felicidade...
57
Pretendo te dizer nestes rabiscos O quanto sou feliz por te saber Embora já pareçam mais ariscos Vêm nesta data; amiga te dizer
Do quanto é necessário correr riscos Decerto irá valer qualquer prazer. Na mesa se espalhando mil petiscos, Porém o que me importa é o bem querer.
No teu aniversário, companheira Que a vida venha exata e verdadeira Trazendo as alegrias que puder.
O medo não impeça a caminhada, Pois tens a vida inteira iluminada Do jeito e da maneira que quiser... Marcos Loures
58
Pretendo mergulhar no teu recado Bebericando todas as vontades. Do jeito mais guloso e mais safado, Matando com prazer nossas saudades.
De tudo o que eu sonhei, bem demarcado Nas fontes dos desejos, qualidades, Adentro com querência o manso prado Tomando para mim salinidades.
As tuas curvas belas, perigosas, Estradas tão sutis, maravilhosas Nos túneis penetrando todo o tempo.
No vício mergulhando sem temor, Tirando toda a roupa do pudor Não temos mais sequer um contratempo...
59
Pressinto; a morte vem... Amiga mais cruel. Levarei pouca coisa: um resto de saudade, Um gosto de tristeza, a mansa claridade... A receita da vida; o mel... Bastante fel.
Chuva... Sol... Desamor... Cumpri o meu papel. Vivi, no meu outono, a flor da mocidade. Criei algum fantasma... Andei pela cidade Buscando o meu caminho... O meu destino? Céu?
Pode ser... Mas será? Cometi os meus erros... Casei-me, descasei... Nos velórios, enterros, Casamentos...Cinema! O beijo da morena!
Depois: filho e filho... A vida me foi leve... Uma coisa ficou. Sonho rápido e breve... Noemi, juventude... Apenas uma cena...
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Pressinto ser o sonho desabado Por sobre as flores pálidas, jardim, O quanto que se fez já destroçado O mundo que restara dentro em mim.
Quem dera se pudesse ter ao lado A boca deslumbrante em carmesim, O verso até seria engalanado Tristeza de viver teria fim.
Mas nada se aproxima, sempre neva, Tocado pelo breu da imensa treva Noturnas mariposas, infinito.
O fogo vai tomando esta floresta Do que mais desejei, o nada resta, Somente o duro frio de um granito.
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Pressinto que, afinal, sem ter memória O vento que se foi não voltará Galgando cada passo, sem vitória O todo que já sei não bastará.
O amor que aqui sonhei não terei lá, Distante do que um dia fora a glória, O gozo se transforma desde já Apenas num escombro, quase escória
Formando de retalhos um tapete Que em mágoas, volta e meia vem, repete Os erros cometidos, meus pecados...
Se não sei dos sinais não sigo em frente, Por mais que a poesia ainda tente Não sobram nada mais que alguns enfados...
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Pressinto que hoje à noite em louca festa Iremos transbordar de tanto amor. Do tempo de viver que inda me resta Eu quero estar contigo, aonde for.
Eu agradeço à vida pela fresta Aberta no meu peito sonhador, Contigo um novo mundo recompor Que esta felicidade já me atesta.
Não vejo outra saída, minha amada, Senão a doce entrega desejosa À vida que se faz maravilhosa
E sempre, a cada dia, renovada. Na certeza absoluta que antegoza Uma alma tão feliz, apaixonada...
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Pressinto nos teus olhos, minha amiga; A dor que te causaram; ilusão... A vida é necessária, então prossiga; Em cada novo dia, uma emoção...
Não deixe que a tristeza se aproxime. Expulse essa fatal iniqüidade. Amor sem ter tal brilho, nunca estime, No fundo não virá sequer saudade...
Amiga, não se perca dos teus sonhos... Aguarde a cada dia, uma surpresa. Os restos dos amores são medonhos, Não valem tua dor nem a tristeza...
Amiga, te proponho fique aqui. Encontre todo amor que já perdi...
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Pressentindo a paixão que logo invade Tomando nossos corpos, bocas, dentes, Em lúdicas paisagens tão ardentes Bebendo em cada toca, a tempestade.
Ensandecido busco a claridade Do breu que em locas vibram envolventes Caminhos, sendas, rotas indecentes Na sensação vibrante da ansiedade
De ter tantos prazeres e pecados, Delitos cometidos numa insânia Nos guetos, nas sarjetas, subterrânea
Espreita tocaiando nossos fados E a vida transbordando em sentimentos Prenúncio de avalanches, de tormentos...
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Preso nesta paixão que me devora Vivendo todo dia sem poder Fugir desta tristeza que decora; Minha alma vem trazendo este sofrer. Não sei se meu amor já foi embora Ou se ela vai voltar para viver A vida que sonhei. Meu peito chora Morrendo de saudades, sem prazer. Saudade deste amor que engaiolou Um pobre passarinho coração. De dor o pobrezinho só chorou. Mas resta uma esperança, uma ilusão, Que quem a minha sorte abandonou, Na volta, vem trazer libertação.
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Presentes em teus olhos; belas flores Trazendo para a festa um raro brilho. Enquanto a poesia em sonhos trilho Percebo nos teus versos raras cores.
Seguindo o teu caminho aonde fores, Fazendo da esperança um estribilho, Não vejo nem temor nem empecilho Deixando no passado antigas dores.
Amiga é sempre bom poder contar Com quem ajuda sempre a caminhar Por entre os pedregulhos desta vida.
Estar contigo agora, saiba disso, É ter o coração em pleno viço Por mais que o dia a dia nos agrida...
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Presente nesta data tão bacana Em que comemoramos mais um ano De quem sabendo a força que se emana De um coração divino e soberano.
A vida tem caminhos diferentes Que levam à total felicidade. No quanto nós sabemos que tu sentes A força sem igual de uma amizade
Podemos te dizer: muito obrigado Por ser a nossa amada e boa amiga Deixando este caminho iluminado Quem com carinho sempre nos abriga
Merece muito mais que parabéns Espalhando esperança entre outros bens...
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Presença tão constante em minha vida, Em meio a tempestades, prosseguimos. Na sina que eu desejo ser cumprida, Os sonhos que em conjunto conseguimos. Os ventos da esperança; assim seguimos, Já dando esta tristeza por vencida.
Na mágica emoção que amor nos trouxe, Apoio necessário, em perfeição. Nos lábios da morena, um gosto doce Cevando da alegria, cada grão. Tu tens a força imensa que remoce Um velho e tão sofrido coração.
Silêncios dizem tudo, num sorriso, Tu sabes decifrar o paraíso... Marcos Loures
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Presença de quem ama. A vida aflora Qual fora redenção em noite clara, O quanto que se quer nos revigora E o passo com firmeza mais se ampara.
Bebendo esta alegria desde agora A vida não será jamais amara. Quem sabe quanto é bom não se demora E a sorte com vigor, amor aclara;
Vivendo este momento inesquecível Na força que me faz quase invencível Beleza sem igual é o que se vê.
Tocado pela força deste encanto, Deixando assim bem claro neste canto Apaixonado eu sigo por você.
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Prepara todo o solo e desde agora Rastelo da esperança trama a ceva A cena num instante se decora Negando o que se fora eterna treva.
Brilhando no horizonte, imensa luz Tomando todo o palco em emoção. Os olhos de quem amo; reproduz Cenário de real inspiração.
Inspiração perfeita para os versos, Traduz felicidade, o teu olhar, Os passos do andarilho, antes dispersos Encontram por que sempre caminhar.
Seguindo este caminho em maravilha, Amor é feito em sonho e quer partilha.
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Prepara ao fim da noite o nosso abrigo O gozo da alegria sem limites. Eu peço meu amor, jamais evites O franco riso intenso que persigo.
Às vezes quando negas, nada eu digo, Apenas aceitando os teus palpites Embora a culpa inteira me debites Não vejo neste jogo mais perigo.
Transformas brisa em forte tempestade, Distante da mais pura realidade, Suporto, com certeza, a falsidade.
Deixando para trás fatalidade, Eu sinto que este riso, na verdade Promete para amor, fertilidade. Marcos Loures
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Prenunciando o bem que tanto quis O vento benfazejo da esperança Permite que eu me mostre mais feliz Na força que se dá tal contradança.
Olhar que num desejo já descansa Adentra toda a sala enquanto diz Do quanto é necessária a noite mansa, Dourando em nossa cama, mais e bis.
Deslizes cometidos no passado, Jogados na janela dos enganos. Os cantos que se mostram soberanos
Mudando num momento a sina, o fado Vagando pela noite, temerários, Assim como os cometas libertários. Marcos Loures
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Prelúdios e canções, serenidade... As límpidas imagens deste amor Passeiam mais etéreas, veleidade... O gosto das estrelas, teu sabor
Nos silfos encontrei a paridade Flutuantes, meus sonhos, cadê dor? Nos espaços serenos, a verdade Se expondo assim completa, sem rancor...
Nos brilhos da luz, sonhos e promessas. Maravilhosamente solitárias As horas não se passam, perdem pressas...
Sensação divinal de paz me invade... Dores deixam de ser totalitárias, O vento da esperança, o fim da tarde... Marcos Loures
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Prefiro trafegar em outras trilhas Depois da capotagem; o que resta? Amor foi na verdade simples festa As dores ressurgiram em matilhas.
Percebo que não somos simples ilhas O quanto se deseja é o que nos gesta. Desmatamento atroz nesta floresta O barco abalroado em suas quilhas.
Matando o que sobrou de sentimento, Não vejo na esperança algum ungüento Tormento de nós mesmos se gerando.
Melancolia é sombra do que flui. Vivendo o que não pude e o que não fui Espero amanhecer em fogo brando...
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Prefiro namorar mais escondido, Decerto é bem seguro, eu te garanto, Causando no vizinho algum espanto, Eu quero um beijo audaz, mais atrevido.
Carinho tão gostoso recebido, Da moça que eu desejo tanto, tanto, Vasculho o corpo inteiro em cada canto, Atiça com tesão nossa libido.
Distante do portão deste vizinho Que fica a noite inteira só na espreita E quando não ranzinza se deleita
Impede, com certeza o meu carinho, Por isso meu amor, quero teu mel Entrando bem quietinho num motel... Marcos Loures
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Prefácios de uma história inesquecível Carinhos desde então mancomunados, Num toque perspicaz, amor tangível Deixando estes caminhos já traçados.
Herméticos os rumos deste amor Atravessando pedras e barreiras. Depois de certo tempo a recompor Estradas mais suaves, corriqueiras.
Socorros preparando para a queda, Não deixa mais espaços pra tristeza. Pagando-se em amor, mesma moeda Mostra magistralmente uma beleza
Refletindo decerto nossas almas, Deixando no passando antigos traumas... Marcos Loures
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Predestinado estamos, meu amor; Unidos deste sempre, na verdade, Nascemos almas gêmeas a compor Um sonho que é cativo em liberdade.
Já fomos companheiros em batalhas, Amantes em conventos e bordéis. Em outras gerações, acertos, falhas, Mas sempre lambuzados: mesmos méis.
Reinados tão diversos; dividimos, Compartilhamos risos e desgraças, Aos sofrimentos todos, resistimos E galopamos nus em outras praças.
Agora que te encontro novamente, Percebo que a cigana nunca mente. Marcos Loures
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Preconizas nos jogos as mudanças Renovo os meus engodos, displicente, Enquanto nesta festa tu já danças Espero novo dia, nova mente
A poesia às vezes tanto mente E mostra penitentes, minhas lanças Queria que soubesses novamente Das noites que busquei; suaves, mansas.
Remanso e placidez; lanço a semente Do que trouxesse enfim as esperanças. Além do que me dizem as lembranças
Insensatez de um trágico demente. Que teima em prosseguir, mas de repente Recua enquanto firme, tu avanças...
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Preconizando ao fim, raro concerto Eu tenho esta certeza que não cala. Depois deste caminho, agora aberto A luz já vem tomando toda a sala.
No embalo destes versos, sigo assim, Metade te adorando, outra também. O quanto de melhor existe em mim, Reflete todo amor que a gente tem.
A solidão viúva que se enluta Não vê qualquer saída, segue só. Vencendo com carinho uma árdua luta Renasço totalmente deste pó.
O ocaso prometido? Esmorecido. Temor soltando um último gemido...
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Preciso te falar do quanto eu quero Sentir o teu calor junto comigo. O amor que gera encanto e diz abrigo Quando se mostrou tanto e sincero
Permite sossegar o peito fero Que foge a cada curva do perigo Que possa traduzir-se em desabrigo Trazendo o que em verdade, mais espero
A boca delicada em manso toque, A entrega sem temor e sem estoque A vida sem pudores ou mentiras.
Chegar de manhã cedo do trabalho, Sentir no corpo amante um agasalho, Deixando uma tristeza vã em tiras... Marcos Loures
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Preciso te encontrar de qualquer jeito, É necessário ter um bom momento Que sirva pelo menos como ungüento Trazendo a calmaria pro meu peito.
De todas as maneiras eu te aceito, E esqueço o que passou, nem mais lamento, Não posso suportar o sofrimento Vivendo solitário e insatisfeito.
Qualquer sorriso serve, qualquer um Apenas um carinho e nada mais. O meu desejo, amar, é tão comum,
Pegadas que deixaste no caminho, Decerto dos amores são sinais, Cansei de viver sempre tão sozinho... Marcos Loures
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Preciso te encontrar a cada instante Nas ruas e nos bares onde vivo, Talvez se tu me visses; bem diante Deste olhar que já fora mais altivo Agora sem ter rumo, nas calcadas Jogado nalgum canto, sem sentido; Caído pois em tantas derrocadas, Te digo, minha amada, não duvido Que me darias restos de emoção, Talvez até dissesse que perdoa Os erros de quem vive uma ilusão. Mas a alma simplesmente nunca voa E sobra neste sonho derradeiro, Fazendo desta pedra, travesseiro...
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Preciso te dizer do sentimento Que torna a vida sempre mais tranqüila, O amor que em fantasias já perfila O mais sublime, tenro e bom momento.
A cada novo dia refazendo Em toda plenitude esta esperança De ter junto contigo a temperança De um novo alvorecer que ora desvendo.
Palavras que traduzam emoções Que sinto do teu lado, não concebo. Felicidade imensa que percebo,
Além de simplesmente sensações Entranham no meu peito e me dominam, E enquanto me transtornam, me fascinam... Marcos Loures
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Preciso que me entornes pás de cal, Jogando meu cadáver pelas ruas, Sugando cada vez mais, afinal As horas que passamos foram tuas. Um verme tão arcaico e ancestral Não pode perceber, estrelas, luas...
E prestes a morrer, fétido, espúrio, Se adorna em versos loucos e bizarros. De lírios e de cravos, sem antúrio Coberto pelas lamas, pelos barros. Quem fora procurar por um augúrio Encontra em boca aberta, só catarros.
Dissolvo-me em pedaços, a feder Apenas só me resta, então, viver...
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Preciso faxinar meu coração! Os restos que ficaram dão trabalho... Depois de tanto tempo em solidão Agora que vivi já me amortalho...
Também não tem juízo, paga caro. Pior de tudo é sempre ser teimoso. Não tenho para amor o menor faro, Vivendo minha vida sem ter gozo...
Gozando cada dia que se passa Das sombras que deixei na caminhada... O resto que vier, faz uva passa, E joga nessa mistura frita, assada...
Mas deixe um bocadinho prá gelar, Quem sabe voltarei de novo amar?
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Preciso do teu braço, meu amigo. Meu sonho se esvaiu sem ter sentido, Meu mundo vai caindo sem abrigo Inverno vai chegando e eu partido... Não sei se fui feliz, talvez até; O amargo vai tomando meu sorriso, Perdendo totalmente a minha fé, Morrendo sem saber de paraíso... Amigo, tantas vezes me disseste Do brilho que falseia uma esperança. Do pouco que talvez inda me reste, O mar que procurei, vai sem lembrança... Mas peço-te querido camarada, Teu braço no final desta jornada...
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Preciso destilar a tua imagem, Purificar a vida que deixamos Distante do que fomos e pensamos Apenas como fátua, uma miragem.
Limpando da memória, esta visagem, Aparando, bem fundo, os podres ramos Cortando as amarguras que enfrentamos, Fazendo, na verdade, uma montagem
Para que possa, amada, ter mais forte Tua lembrança viva em perfeição. O perdão absoluto pós a morte
Não deixa que eu polua com detalhes O amor que, na verdade, uma ilusão Resiste aos cortes fundos, aos entalhes..
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Preciso deste amor que é tão intenso, No qual eu mato a sede todo dia, Às vezes, distraído, logo penso Na paz que tu me dás, tanta harmonia... Tu és onde me encontro e recompenso A vida que se foi sem alegria...
Preciso de teus olhos, meu desejo, São lumes que me guiam pela vida. Pois sempre que te encontro já prevejo A paz tão necessária e concebida. Tu és o meu destino em que me vejo Mais forte e decidido. Uma saída.
Floresces nos meus dias sempre mais... Amada e desejada; santa paz...
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Preciso de um amor que me oriente Que seja companheiro e mais ousado, Vulcão que me devora de tão quente, Trazendo o meu futuro iluminado, Bafejo no meu quarto, incandescente No fogo que domina, apaixonado...
Nas lavas desejosas que corriam Inclemente calor qual de deserto, Nas areias das praias revolviam, Na afinação mais plena de um concerto, E mil prazeres na cama te estendiam, No teu arfar que sinto aqui bem perto,
Amor que em nossa cama qual tufão, É feito de desejo e tentação!
Marcos Loures
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Preciso atualizar vocabulário! A língua portuguesa, esta mutante Mudando a cada dia, a cada instante Coitado de quem faz o dicionário.
Verbete que se mostre temporário Tem tradução diversa e num rompante O amor vai se tornando discrepante E ter um tradutor é necessário...
“Se tu quiser garanto que nós fica” O que do Sul no Norte não se aplica Se é simples macaxeira ou se é aipim
A velha mandioca que plantei, Só sei que na verdade nada sei, Eu quero a tecla “SAP” dentro de mim. Marcos Loures
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Precisas desse sim como do não, As partes se completam restam unas... Precisas navegar o mar, as dunas... Precisas do talvez e do senão...
Precisas dessa culpa e do perdão; A sorte demonstrada nas tais runas, Nos meus castelos, sonhos, chão, colunas... A mesma mão que afaga, safanão...
Sou resto e sou metade, nada tenho; Do nunca e do distante, sempre venho, Completo o complemento, sou conjunto...
O fim tal qual começo, sou assunto. A morte nascedoura, sou descarte... Sou fome, sou comida, pão e arte...
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Precipitei meu verso, me perdoe, Não pude controlar o meu desejo, E aproveitando aqui então o ensejo, Por mais que uma palavra não ecoe,
Eu quero a poesia que se escoe Nos olhos da mulher de amor sobejo, Tocando a sua boca, o bem prevejo, Mesmo que a danadinha não mais doe
Carinhos delicados e famintos, Incendiando assim os meus instintos, Colhendo cada gozo que sobrou.
Se o vento ainda roça esta janela, O amor que ora confesso é todo dela, Da moça que sem mágoas me beijou..
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Prazeres repetidos já viciam E gosto deste vício sim senhor. No fogo do tesão se principiam Os jogos feitos sempre em muito ardor;
Das línguas que em conjunto se lambiam O gozo desta fruta e desta flor. Os dedos que vasculham percebiam Nas umidades todas, bom calor.
Acoite este coitado neste coito E se possível venha num bis-coito Fazer uma festança noite afora
Ao adentrar a fonte dos prazeres Meus vícios se mostrando como queres Ao repetir os jogos a toda hora...
94
Prazeres quando eternos se perduram E mostram uma certeza a cada passo. Os erros do passado nos torturam, Porém a cada dia um novo traço
Nos olhos que em amores sempre juram A vida vai ganhando cada espaço As dores que encontramos já se curam Na doce mansidão feita em abraço.
Não tenho mais temores, te garanto, Nem quero ter decerto dor e pranto, Pois sinto vir no vento esta esperança
Do amor que se faz luz e fantasia, Em plena tempestade vem e guia Deixando a solidão só na lembrança...
95
Prazeres em banquetes desfrutados, Delitos cometidos sem pudor, Amores que fazemos sem pecados Qual fosse louvação, louco louvor.
Meteoros nos corpos vislumbrados, A noite incendiada em teu calor. Os gozos proferidos, altos brados; No jogo preferido, sedutor.
Dos corpos que se roçam; as vontades, As chamas se transformam – fogaréus, Estrelas mergulhando, luzes, céus.
Girando como fossem carrosséis, Rompantes arrebentam velhas grades E espalham pela cama fartos méis... Marcos Loures
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Prazeres clandestinos desfrutados Nos corpos das vadias, noite afora. Lançando minha sorte nestes dados, Falsária, uma ilusão, já me devora.
Ousadas sensações em finos prados, Rompantes que se mostram desde agora Imundos corpos nus são inundados Por tanta hipocrisia que decora
Impudicos sorrisos desfraldando O verme que passeia em nossas veias. E tudo o que mais quero se mostrando
Nas pedras e penedos, vasto mar. Rasgando nossas roupas, logo ateias Os fogos em que sinto me afogar... Marcos Loures
97
Prazer que nos consome desde cedo Entorna em nossa noite tal ternura Que mesmo que ela venha, em treva, escura, Seu brilho silencia e muda enredo.
Nos braços que em desejos eu me enredo Descrédito trazendo pra amargura, Encontro no teu corpo a luz que cura Proteção contra os erros; cego o medo.
Mal me lembro daquele que em outra hora Vivera tão somente solidão. Ventura me tomando desde agora,
Deixando bem distante qualquer Parca, O sonho em tuas mãos, amor abarca Os gozos invadindo em procissão... Marcos Loures
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Prazer que eternamente revigora Mistura cheiros, teus nossos desejos. Bem mais do que talvez simples lampejos Eu quero novamente a qualquer hora.
Dentro de ti uma esperança explora Caminhos delicados e sobejos. Amar não necessita de traquejos É só fluir que o jeito não demora.
No cerne da questão eu sinto o cais Repetição do jogo? Quero mais, Bisando e reprisando não represo
Deixando em corredeira nosso rio, Amor não é decerto um desafio, Cativo deste sonho em ti vou preso... Marcos Loures
99
Prazer não se concebe em solidão Os olhos da manhã precisam sol. Florindo todo amor em emoção, Vibrando as cercanias, arrebol...
Repare como as belas margaridas Enlaçam-se e vivem agrupadas, Assim devemos crer em nossas vidas Serenas noutras tantas tão amadas...
Que bom que é caminharmos bem juntinho Em busca do futuro colorido, As aves se procuram, formam ninho, Amor demais amor de amor provido...
Pois vamos nessa eterna primavera, Vivendo tanto amor que amor espera...
13000
Prazer de estar contigo a noite inteira, Rolando em nossa cama com ternura, Acendes novamente esta fogueira Queimando nosso corpo uma loucura.
A boca que te beija, passageira, Sugando cada ponto, já procura Num afã, dedicada em noite escura, Termina em doce fonte derradeira.
E sorve cada gota majestosa Que brota deste corpo sedutor. Num ato mais profano e tentador,
A mulher com quem sonho, desejosa, Deitada em minha cama, louca e rija, De tudo o que mais quer, e regozija.
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