declaremo.nos orfãos

Data 03/01/2011 19:26:23 | Tópico: Poemas

cornucópias do abandono vaticinam
um calmo veleiro transparente
apenas um gota cai no seu desleixo
um grito interrompido que não foi
amarrado no império baldio da abulia.
um homem, um homem
e a desmemória batendo ainda com ira
nas faces flácidas indefesas do que já não existe
com cheiro a impotência e a indigência
tacteando lúgubres lugares hirtos
rodeados por forças humilhadas
gotejam um rigor, uma luz, uma angustia frontal
com os seus punhos cerrados sob um coro em extinção.
ruídos pétreos da carcaça a quebrar
e escuto na distância um silêncio de luto
uma escada abrupta que desce
num perdido ataúde até aos calhaus do frio.



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