PENDURANDO QUADROS EM PREGOS TORTOS
Data 07/01/2011 14:42:42 | Tópico: Textos
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Muitos martelam e o prego entorta um pouco, porém, apesar de retorcido, este permanece firme à parede. Já é possível pendurar um quadro com total segurança, afinal, o que importa o prego torto? Quem irá vê-lo por detrás do quadro?
Há também os que não se conformam que um prego esteja torto, e, como não sabem bater o martelo sem entortá-los, nunca suspenderão o quadro. É uma forma de pensar que tem lá o seu valor.
Diverte-me perceber como certas pessoas não conseguem relativizar e sentir um quadro (troquem aqui a pintura pela manifestação artística que quiserem...) - e aí pouco interessa a opinião de a obra ser boa ou ruim – considerando-o também do ponto de vista de ser essa pintura uma livre e natural expressão interior de alguém - também não importa qual a motivação - só porque não lhe agrada aos olhos, aos sentidos, só porque a obra não tem o esmero na confecção que ele “acha” que deveria ter. Mais isso é o de menos, tem mais: como se realmente importasse, arrancam o quadro da parede (tal ele não existisse) e passam a criticar com veemência o fato de o prego estar torto, a afirmar em altos brados que aquele quadro jamais deveria ter sido pendurado...
Graças que as paredes ignoram as opiniões absolutas e continuam a suster milhões e milhões de quadros pendurados em pregos tortos por todo o nosso planeta. Graças que existem as opiniões absolutas em contraponto às outras todas. Graças que existem opiniões e opiniões e, também, pregos tortos e retos.
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