
AS QUATRO ESTAÇÕES
Data 10/01/2011 15:30:21 | Tópico: Poemas -> Amor
| Acabo por comparar o Amor com o tempo. Hora distante, reflexivo como devem-se sentir as folhas do outono. Buscando inevitavelmente novos rumos… ledo engano. Apenas ciclo. Se não… não seria o Amor. Há que chorar… secar prantos e galhos. Há que arrefecer… para que possa desabrochar e desabrochar… Encantos.
Hora passional como quem vai morrer… Ardente e inquieto como o verão que anuncia sorrisos. Enlouquecendo as cores do mundo… pois que tarda o cair da noite. E acordam… muito cedinho… os raios nas janelas da alma. E como queimam… e quantos delírios e juras de verão. E tantos sorrisos desmedidamente escancarados em promessas do eterno. Tantos credos… tantas formas. E ausência de formas. Talvez um leve “pecadinho”… quem sabe. O Amor… sempre tão relativo e contundente. E confuso.
Hora chove para dentro… pouca é a luz. Apenas alguns raios de lucidez de quando em vez. E como são frustrantes… angustiantes estes rápidos clarões. Nos deixam racionais demais… Não cabe racionalidade no Amor. Ser racional… ser comedida… decididamente não cabe no Amor. Quero ser passional e louca… louca por ti. Louca por ti quando estás em mim… quando me tiras a veste e a alma. Roubas… roubas-me sempre. Não pára…. Nunca. Afasta esta lépida e estúpida lucidez de mim… não a quero. Não me serve. Não me cabe.
Hora quero ser flor - Jasmim… Terna pousar em teu olhar. Quero ser Rosa rubra… como parte de mim desejando a ti… ardentemente. Quero ser Lírio cheiroso… quando tocares os meus cabelos… bem devagar. Ser Rosa branca pacífica… depois de tudo o que deu cor a nós. Deu cheiro e tom. E espalha-se no ar de todos os amantes. Hora é primavera o Amor… Há cantos de pássaros a pousarem em nosso cheiro. Há leveza… ternura… repouso em ti. Em mim depois de ti. O Amor… o Tempo… Apenas depois de nós.
Karla Mello Janeiro 2011
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