
Ópera Deprimente
Data 10/01/2011 20:01:26 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Você me aparece uma imagem de mulher Busco explicações Há no mar algo que invoca você No útero do oceano Mas profundezas das águas salgadas e insanas Há um tesouro comparável à tua alma Você me descreve em aparências Doces verticais de saudade Quero lançar-la fora do alcance dos meus olhos E devorá-la com meus pensamentos Quero castigar o mais súbito do rei E entregá-la aos teus pés Quero me abominar com a ilusória imagem do teu rosto E descrevê-la como os montes em ruínas absurdas Descrever teus lábios como a fria lápide Que despede palavras vidas e partidas Subornar a retina, distorcer a visão Descrever os teus lábios É provar o cálice amargo que me enfarta Da abstinência que injeta o veneno da saudade em minhas veias É sugar todo licor de uma flor O mar e seus segredos... O verde das tuas pupilas desnorteia As teias do teu coração são cabos que entrelaçam o meu destino Tua imagem é utopia estúpida do autor É decadência de usurpadores inconscientes É terra bruta explorada pelos deuses da pintura Descrever as investidas dos ventos A ousadia dos assanhados dos teus cabelos Eleva-me a tortura do acariciá-los Confunde a tua juventude com a repugnância da minha experiência E torna-me a existência dos mortais Descrever teu sorriso é a intolerância de um discurso mudo É a essência de uma ópera deprimente É a pressa dos amantes que se atiram no precipício do prazer Condena-me a perpetuidade da tua beleza Compará-la ao mar e aos montes em ruínas Deveras me faz louco em pensar Que te possuir está além da minha onisciência.
(Pensamentos Complexos)
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli São Paulo, Janeiro de 2011 no dia 07
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