
Alexandra
Data 12/01/2011 01:18:21 | Tópico: Poemas
| Alexandra
por Joaquim Pessoa a Terça-feira, 11 de Janeiro de 2011 às 23:32 no facebook
Há pequenas aves que têm raízes nas palavras, essas palavras que não ficaram arrumadas com decência na literatura, palavras de amantes sem amor, gente que sofre e a quem falta o ar quando faltam as palavras. Quando digo o teu nome há uma ave que levanta vôo como se tivesse nascido o dia e uma brisa encarcerada nas amêndoas se soltasse para a impelir para o mais frio, para o mais alto, para o mais azul. Quando volto para casa o teu nome vai comigo e ao mesmo tempo espera-me já numa casa construída com dois nomes como se tivesse duas frentes, uma para a montanha, outra para o mar. Por vezes dou-te o meu nome e fico com o teu, espreito então por janelas de onde se vêem coisas que nunca antes tinha visto, coisas que adivinhava mas que não sabia, coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar. Nessas alturas o meu nome é o teu olhar, e os meus olhos são justamente a pronúncia do teu nome que se diz com um pequeno brilho molhado, um som pequeno como um roçagar de asas dessas aves que constroem o ninho na folhagem da fala e criam raízes fundas nas palavras vulgares que os vulgares amantes engrandecem quando falam de amor. in NOMES Litexa Editora, 2002.
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