Fundo de mulher

Data 13/01/2011 03:47:15 | Tópico: Poemas

Retirem-se as crianças da sala e também aos puritanos poís o poema abaixo contêm elementos que pode ofender sensibilidades moralistas

Boceta não tem fundo!
Ensina-me, surprêso, num fim de tarde,
com elegancia sábia, uma amiga
displicentes num café grego,em Atenas.
Traduz sabedoria ancestral
herdada do bom senso de um avô.
Pacientemente, explica e me esclarece,
dessa singela verdade,
masculinamente tão ignorada,
por nós, tantos e vários varões,
saltitantes de uma para outra
buscadores dessa quimera
que é o fundo fundo de uma mulher.

Não tem fundo, insiste ela,
não adianta procurar
mulher é bicho ôco,
todas elas e qualquer uma,
ainda que nem todas o saibam
e que finjam algumas ignorar.
Boceta é abismo e precipicio
para se mergulhar com coragem
sem ter medo de morrer.

Não tem fundo; penso eu.
Quanto tempo perdido, reflito
nessa nossa pressa masculina
de ali se instalar
causados da ansiedade de fundo,
no fundo da mulher não encontrar.
Onde começa, onde acaba este ser
túnel que se perfura todo dia
ontem, hoje, amanhã
num eterno recomeçar.
Quanta ilusão destilada,
quanto medo de errar
quantas mulheres esquecidas
distantes elas mesmas
de sua verdade elementar.

Não tem fundo ! Boceta não tem fundo,
repete a amiga, não adianta procurar.
Se acalmem todos os homens
mulheres, não há de que se envergonhar
não ter fundo não é defeito
fonte do profundo mistério,
impossível, mulher decifrar.


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