DESPREZO

Data 14/01/2011 21:27:07 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Abro os olhos ao dia e o dia não existe…
Encolho os ombros convencido de que não o mereço.
Um véu nublado apaga a luz que resta…

Abro as mãos, quero apanhá-la, quero-a minha
Tal bóia à deriva no mar alto do meu gelo…
Abro as mãos e a loucura de uma dor antiga
Assenta-se nos meus ombros como flagelo!

Pressinto a tua sombra vadia
Cruzar o anfiteatro da sala
Sem uma palavra que diga mais que o silêncio…
Tento sorrir-lhe e dizer olá
Mas uma corda suspensa na garganta
Aperta as palavras que não profiro.

Pressinto o teu calor a meu lado
Glaciar calor!
Que me gela de emoções passadas e vividas…
Pergunto ao lençol
Onde ficou o calor
Que acendeu fornalhas de amor
Noutra vida…



No canto escuro deste punhal
Fervo numa ansiedade tremenda
À espera do consolo que tarda…

Que devo esperar?
Só espero
Que o dia não arda!



Colho uma rosa
Perdida
Na berma do passeio…

Um laivo de solidão
Trespassa
Incólume
Esta tremenda angústia.
Volto a sorrir…

Será o amor luxúria?

antóniocasado


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