Na pele do poeta
Data 18/01/2011 21:10:20 | Tópico: Poemas
| Quando eu a vi, ela trançava os cabelos e cheirava a pitanga. As pernas molhadas, vestido colado, os pelos brilhando, dourados, à luz do dia. Assim, sentada meio largada, na beira do cais, flertando com o mar, sorrindo pra mim. Assim, meio santa, meio devassa, deusa, criança… Ai, me perco de mim! Quando eu a vi, ela inundava de mel o verde do mar com a viveza do olhar. E matava de inveja as espumas das ondas que açoitavam as rochas numa fúria sem par. Quando eu a vi, ela dançava, cigana. Cantava, cigarra. Criatura profana em estado de graça! Quando eu a vi, fiquei cego às leis deste mundo e levitei - giramundo! - sobre homens e deuses. Quando eu a vi, um pouco morri, desvairado sofri feito cão moribundo Quando eu a vi, ela trançava os cabelos e cheirava a pitanga… E eu me perdi de mim.
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