
Ultrajes
Data 20/01/2011 22:25:49 | Tópico: Crónicas
| Fui ludibriado, aterrorizado, atirado ao fogo eterno. Caminhante em solo instável, sem morada e sem rumo. De repente, a máxima coerente, a razão e o senso brotaram. Entendi! Tudo mudou. O terror acabou, entretanto, outro assédio principiou. Acossado fiquei. O convencionalismo me segue a passos largos. Vazaram-me a vida com os ferrões do mundo, onde mãos coladas num abraço forte, elevadas por joelhos dobrados e calejados, tentaram me atingir. Resignado, suportei as maldições. Talharam-me os pensamentos com facas densas. Afogaram minhas idéias no oceano do desengano. Gastaram meu lamento nos despenhadeiros da inconsciência, angustiaram-me com promissões desconhecidas, molestaram meu ser com delírios ferinos. Enquanto, combatentes agonizantes, arrojavam-se nos abismos do fim da vida. Mutilaram-me com a força dos átomos, com ultrajes e denuncias infundadas de indivíduos do centro, com seus tortulhos de fábulas e com o letargo artificial, por sugestão externa da moralidade e, com a ânsia do comando. Malharam-me ripários de cérebros lavados, porque tenho opinião própria, por discordar, investigar; por ter um ideal, que não era ilusório e sim indefectível. Apregoaram-me maldito, feras humanas e delirantes, quando no extremo da resistência, tive forças para dizer “não”!!! Personalidade não se compra. Caráter não se pesca. O fogo que me rodeia não é o “eterno” e sim o de olhares e ruídos dos zumbis místicos. Podem acender a fogueira, pois ainda assim farei como Giordano Bruno: "vocês certamente têm mais medo em pronunciar a sentença do que eu em escutá-la!"
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