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 MITOLOGIA ASTECAData 24/01/2011 10:56:47 | Tópico: Sonetos
 
 |  | MITOLOGIA ASTECA 
 1
 
 Acolmiztli asteca deus, forte felino
 Simbolizado em puma, com rugido
 Que tanto ao assustar traz impedido
 Caminho para um ser noutro destino,
 E assim quando decerto não domino
 O tempo noutro tempo percebido,
 A morte se apresenta e sem olvido
 A porta ora se abrindo em tom divino,
 Porém tal deidade a quem tentara
 Entrar, sendo vivente em tal seara
 Assustadoramente retornava,
 Do quanto se fez rude o sentinela
 A sorte noutro passo desatrela
 Esta alma que presume a fúria em lava.
 
 2
 
 A deusa Acuecucyoticihuati
 Das águas que se movem soberana,
 Imagem dando a luz enquanto ufana
 O todo desenhado desde aqui,
 
 Desta diversa face descobri
 O quanto a própria vida nos engana
 Nas águas quando a sorte além se dana
 Marcando o que sonhara e já perdi,
 
 De Chalchitlicue representando
 Diversa esta expressão e desde quando
 Mutáveis direções das águas plenas,
 
 Por vezes tão pacíficas e amenas,
 Ou noutras num momento mais nefando
 Sem que decerto ainda em paz, serenas.
 
 3
 
 Amimitl, este deus dos pescadores
 Apascentando as águas, suavemente
 E nisto se permite plenamente
 Viver além do quanto ainda fores,
 E neste caminhar sem os rigores
 A sorte se desenha e já se sente
 Marcante delirar em absorvente
 Cenário mais tranquilo e sem opores,
 Porém quando decerto noutro tom,
 O que se fez outrora calmo e bom
 Investe em pestilência quando a vida
 Contrariando o quanto poderia
 Cerzir em novo tempo a voz sombria
 Da imagem na esperança, desprovida.
 
 4
 
 Atlacamani dita em tal tormenta
 O quanto a própria vida nos engana
 E o tanto quanto possa em voz profana
 Deveras no vazio se alimenta,
 A sorte noutra face se arrebenta
 E marca com temor o quanto dana
 A luta se mostrando desumana
 O corte se aprofunda enquanto venta,
 Dos temporais diversos, sorte escassa
 A vida se anuncia e assim devassa
 O quanto poderia acreditar
 Num novo e mais tranquilo rumo em paz
 E assim enquanto o todo se desfaz
 Atlacamani invade o imenso mar.
 
 5
 
 
 Atlacoya traduz esta aridez
 E dela nada surge, a seca atroz
 Negando da esperança alguma voz,
 E nisto toda a sorte se desfez,
 A deusa asteca mostra insensatez
 Gerando sem caminho a rude foz,
 E sei do quanto possa assim algoz
 Marcar com heresia o que não fez,
 Assisto à derrocada em solo agreste
 E o tanto quanto pude ou já me deste
 Ateste este desejo sem proveito,
 E neste estio imenso, nada resta
 Senão este cadáver de floresta
 Na vida aonde a morta dita o pleito.
 
 6
 
 Atlatonin domina então as costas
 E nesta face expõe a divindade
 Asteca onde traz diversidade
 E nisto outros momentos onde apostas,
 
 Regendo outro caminho, se desgostas
 A luta não produz a sanidade,
 A mãe que se desenha enquanto brade,
 Nas sortes tantas vezes decompostas,
 
 Reinando em litorais, praias e areias
 E quando noutro rumo devaneias
 Atlatonin expressa o quanto rege
 
 Ainda que se veja de tal sorte
 O mundo aonde o nada nos conforte,
 Cenário que se possa ser herege.
 
 7
 
 Atlaua esse deus que protegendo
 Os pescadores e também arqueiros
 E nestes seus caminhos verdadeiros
 O tanto que se possa mais que adendo,
 Senhor das águas vejo e assim entendo
 Momentos mais diversos, corriqueiros
 Os passos entre os sonhos são ligeiros
 Cerzindo o quanto possa e me contendo,
 As águas mais tranqüilas permitindo
 O dia mais suave e mesmo lindo
 Na pescaria feita em mansidão,
 Além do que pudesse sol e lua
 A sorte se aproxima em Atlaua
 E nele novos dias se verão.
 
 8
 
 Ayauhteotl divindade rege a bruma
 E assim aparecendo na neblina
 No amanhecer soberbo já fascina
 No anoitecer tramando o quanto ruma,
 Trazendo a vaidade em cada olhar,
 A deusa se permite em bela fama
 E nisto desenhando o bem que trama
 Tentando novo instante a divagar,
 A soberana face em tons diversos
 No céu avermelhado em róseos tons,
 Grisalhos transformando velhos dons,
 E nisto se traduzem tantos versos,
 Imerso em tal divina magnitude
 O sonho em tom brumoso, tudo mude...
 
 9
 
 Aztlan, onde viviam ancestrais
 Dos Nauas gerando o povo nobre
 Asteca que deveras se recobre
 Em sonhos com certeza magistrais,
 E neste desenhar ou mesmo mais
 O quanto em alegria se recobre,
 A sorte mais audaz tanto desdobre
 Gestando em sonhos claros rituais,
 Local indefinido aonde o passo
 Trouxera tão somente o mesmo escasso
 Disperso entre diverso sortimento,
 Apenas da esperança de revê-lo
 O mundo se anuncia em raro zelo,
 E neste delirar eu me alimento.
 
 10
 
 Camaxtli deus da caça, da esperança
 Um dos quatro criadores do planeta,
 Aonde na verdade se arremeta
 Enquanto noutro rumo sempre avança,
 O mundo na inconstância onde se lança
 Qual fosse na verdade algum cometa
 E nisto todo o sonho se prometa
 Tramando muito além desta mudança
 Este inventor do fogo, em divindade
 Traduz além de toda a claridade
 Asteca maravilha sobre a Terra
 E nesta soberana face eu vejo
 O quanto se transforma num desejo
 O todo que este pleito ora descerra.
 
 
 11
 
 
 Centeotl se afigura como um deus
 Regendo em soberana imagem, milho
 E deste caminhar eu compartilho
 Restando do passado, sem adeus,
 E quando a vida traça em turvos breus
 O quanto poderia noutro trilho
 Vencer o que deveras mais palmilho
 Gestando dos caminhos, apogeus,
 Um deus hermafrodita ou; mais, dual
 Descendo sobre a Terra onde criou
 Diverso sortimento que alimentou
 Em ato tantas vezes ritual,
 Do quanto poderia e segue além
 O mundo se desenha e assim provém.
 
 12
 
 
 Centzon Totochtin, deuses das orgias
 Bebedeiras diversas e dispersas sobre o mundo
 E quando em tal cenário eu me aprofundo
 Bacantes as astecas euforias,
 E nesta sorte vária poderias
 Gestar outro momento onde me inundo
 Vestindo este cenário um vagabundo
 Caminho entre tristezas e alegrias,
 Da diversão reinando as divindades
 E nisto descaminhos quando invades
 Presumem o que possa ser sublime,
 E quando recrimine o que se faz,
 Num ato mais feliz ou mesmo audaz,
 O todo noutra face se redime.
 
 13
 
 
 Centzonuitznaua reina sobre estrelas
 Que trazem desde o sul a claridade
 E nesta mais sublime realidade,
 Deveras com prazer eu posso vê-las
 Sublime este cenário e quando vejo
 O tanto deste sonho asteca trago
 O pensamento enquanto além divago
 E bebo este momento mais sobejo,
 Vislumbro de tal sorte o meu caminho
 E vejo quanto possa acreditar
 No sonho mais intenso feito em mar
 E neste caminhar em paz me aninho,
 Centzonuitznaua em sonhos dita
 A sorte desejada e mais bonita.
 
 14
 
 
 Chalchiuhtlatonal traz em mansas águas
 Reinado aonde o tanto se pudera
 Vencer o quanto rege a sorte fera
 E neste desenhar não vejo mágoas
 E quando em esperanças tu deságuas
 Marcando a mais suave primavera,
 Inundações esqueço e a vida gera
 Trazendo às esperanças calmas fráguas,
 Incendiando o sonho em tal ternura
 Gestando muito além já se procura
 A paz que possa enfim trazer ao sonho
 O tanto mais sensato ou mesmo enquanto
 A vida com vigor quero e garanto
 Tramando o que pudera e em luz proponho.
 
 
 15
 
 Chalchiutlicu ditando os nascimentos
 E disto este batismo entre os diversos
 Caminhos pelos quais os universos
 Expressam seus momentos em fomentos,
 Deusa dos lagos traz em tom divino,
 O asteca caminhar onde desenha
 A sorte que deveras sempre venha
 Num ato tão sobejo onde o domino,
 Não tendo qualquer dúvida caminhas
 E nesta maravilha já se vê
 A vida com brandura em seu por que
 Deixando para trás tantas daninhas,
 Versando sobre o quanto me asseguro
 Do tempo mais suave no futuro.
 
 16
 
 Chalchiutotolin traz a pestilência
 E gera a mortandade, deus cruel
 E neste mundo amargo feito em fel
 A luta se mostrando em tal ciência
 A sorte não seria coincidência?
 Não creio prosseguindo sempre ao Léo
 Enquanto a morte cumpre o seu papel
 A cada novo engodo, a virulência.
 Mistérios em doenças, pragas, pestes
 E nisto quando muito te revestes
 Tentando outro caminho, mas não há
 E o fim se anunciando sem defesas,
 Os sonhos são deveras fáceis presas
 E o mundo se acabando aqui ou lá.
 
 17
 
 Chalmecacihuilt traz seu ofício
 Em dor e medo, gera das imundas
 Paisagens onde em dores tu te afundas
 Marcando com temor o precipício
 Gestando a cada engodo o sacrifício
 Em almas de outras sendas oriundas,
 As sortes mais atrozes moribundas,
 A morte se anuncia desde o início,
 Assim ao penetrar estas quimeras
 Somente o desespero tanto esperas
 E as marcas do passado denunciam,
 O quanto se sofrera ou sofrerá
 Vagando sem destino aqui ou lá
 Momentos tão temidos propiciam.
 
 18
 
 Chalmecatl; subterrâneo deus traduz
 A imagem mais nefasta de outra sorte,
 E gera o que decerto desconforte
 Negando qualquer tom de frágil luz,
 Assim ao quanto possa e não conduz
 Marcando com temor, vigor e morte,
 Sonega a quem sonhara algum aporte,
 E o peso se transforma em contraluz,
 Ainda que pudesse em melhor rumo,
 Aos poucos no vazio eu me resumo,
 Morrendo enquanto esfumo sem destino,
 A senda mais atroz se revelando
 No tempo sem descanso tanto infando
 E nele nada além tento ou domino.
 
 19
 
 Chantico a divindade em fogo toma
 Os corações e os sonhos, os vulcões
 Reinando em mais diversas dimensões
 Traçando este cenário feito em soma,
 E nada com certeza ainda a doma,
 O marco se transforma quando expões
 A luta sem sentido em direções
 Diversas das que possa em leve coma,
 Porém traz dentro em si feitiçaria
 E nisto noutro rumo perderia
 O quanto com certeza; em paz, pudesse
 E vendo este caminho em trevas feito,
 O tanto quanto possa em rude leito
 Negando para tanto qualquer messe.
 
 20
 
 Chicomecóatl diz fertilidade
 E gera com certeza um raro bem
 Tramando a cada instante o que contém
 Enquanto a própria sorte em paz se brade,
 O vento mais audaz que desagrade
 Não deixa que se veja mais alguém
 E quando a noite amarga volta ou vem,
 Caminho destoando da verdade,
 Mas tendo em solo fértil a esperança
 O passo noutro rumo sempre avança
 E gera o que trouxesse esta alegria,
 A deusa asteca dita este futuro
 Negando um passo atroz em mundo escuro
 E nisto outro momento bordaria.
 
 
 21
 
 Chicomexochtli deita sobre as artes
 O seu poder de deus e traz além
 Do sonho quando o sonho já contém
 Bem mais do que deveras tu compartes,
 Marcando este momento aonde partes
 E deixas para traz qualquer desdém
 O mundo na verdade sempre vem,
 Ultrapassando o quanto enfim descartes,
 E tendo esta magia sempre vista,
 O deus que soberano a cada artista
 Protege e mesmo traz a inspiração,
 Pudesse imaginar cenário nobre
 Aonde toda a sorte se recobre
 Moldando a mais diversa dimensão.
 
 22
 
 Chiconahui a deusa protetora
 Das famílias e lares, traz a sorte
 Moldando com firmeza cada norte
 E nisto se mostrasse redentora,
 A luta noutra face promissora
 O quanto deste sonho nos comporte
 Gerando com firmeza este suporte
 No encanto onde se quer que a vida fora,
 Vislumbro em paz sobeja o quanto quero
 E sei deste caminho mesmo fero,
 Marcante como fosse um tom suave,
 E nada mais deveras poderia
 Reger além da vida em sincronia,
 Nem mesmo que outro infausto o rumo agrave.
 
 23
 
 Chiconahuiehacatl deus asteca
 Partícipe desta nobre criação
 Mostrando quanto em rumo e direção
 A vida noutro tempo não disseca
 A sorte que pudesse ser diversa
 Ou mesmo atravessando em ledo fim,
 Mas quanto da emoção trazendo em mim
 O vento noutro passo além já versa
 E brindo com meu sonho mais feliz
 Ao quanto se anuncia em luz exata
 Assim cada momento se constata
 Tramando muito além do que ora fiz,
 Cenário mais sublime em poesia
 É tudo o que decerto eu mais queria.
 
 
 24
 
 
 Cihuacoatl, deveras a guerreira
 Entre os astecas mostra o seu poder,
 Traçando muito além de algum  querer
 A sorte mais diversa e verdadeira,
 Ainda quando o rumo além se queira
 O prazo não pudesse perceber
 Reinando sobre tudo, eu posso ver
 A luta desejada em tal bandeira,
 Assim ao mergulhar neste cenário,
 O tanto quanto fora temerário
 Já não comportaria outro tormento,
 Da deusa feita em fúria, a plenitude
 Enquanto a vida atroz já desilude
 Do sonho vigoroso eu me alimento.
 
 25
 
 Cipactli representa a astrologia
 E gera também ela o calendário
 Marcando noutro passo itinerário
 Enquanto se transforma noutro dia,
 A sorte em tal cenário se faria
 E nisto o quanto rege imaginário
 Cerzindo o passo sempre solidário
 Ou mesmo noutro rumo, em utopia.
 Vasculho meus caminhos e percebes
 A vida se anuncia em novas sebes
 E tanto que recebes podes dar,
 No encanto desta deusa, outro momento,
 Primordial mulher, em raro alento,
 A vida nela eu vejo começar.
 
 
 26
 
 Civatateo são almas que assombrando
 Quem tanto quis a sorte mais audaz,
 E nisto outro caminho ora se faz
 Gestando este momento mais infando
 No parto nobres damas que morreram
 Trazendo a vampiresca serventia,
 E nessa realidade o que veria
 Tramando outros cenários, desalentos
 Restando quase nada do passado,
 Nem mesmo uma nobreza em atitude
 A sorte desairosa desilude
 E rege o temporal, terrível Fado,
 E neste delirar sem qualquer brilho,
 A morte disparando o vão gatilho.
 
 27
 
 Coatlicue domina a vida e a morte
 Trazendo em suas mãos todo o futuro
 E nisto dita a lua em pleno escuro
 Na claridade intensa que conforte,
 Estrelas reluzindo em raro aporte
 O tempo noutro passo mais maduro,
 Porém assassinada onde asseguro
 A vida perderia enfim  o norte,
 Nas mãos da própria filha esta atitude
 E quando por vingança em plenitude
 A morte da assassina se veria,
 A deusa se traçando em tal mudança
 E nisto ao quanto pôde e não alcança
 A luta se desenha em ledo dia.
 
 28
 
 Cochimetl do comércio divindade
 Protege os mais diversos mercadores
 E quando noutro rumo além tu fores
 Verás a cada instante a claridade
 E o deus que tanto possa quando brade
 Gestando em primaveras tantas cores
 Deixando no passado dissabores
 E nisto se aproxima em liberdade,
 Ousando em calmaria a vida assim,
 No quanto inda resiste dentro em mim
 Já nada mais sacia este momento,
 E nesta garantia em paz eu sinto
 Meu mundo noutro passo em raro instinto
 Enquanto em privilégio a luz fomento.
 
 29
 
 Quando Coualt; a serpe gigantesca
 Alada e multiforme, poliglota
 Sabendo distinguir diversa rota
 Em forma mais audaz e romanesca
 A sorte se adivinha pitoresca
 E mostra o quanto possa e se denota
 Na invisibilidade além já brota
 Em senda quase mesmo quixotesca,
 Figura que em fantástico momento
 Trazida pelo encanto onde alimento
 Meu verso em tal sentido, sem temor,
 E quando se anuncia em luz superna
 A dita neste ponto ora se externa
 Grassando outro momento; em tal vigor.
 
 30
 
 Vendo Coyolxauhqui em noite clara
 Trazendo a benfazeja sensação
 Diversa da que possa em solução
 E nisto todo o sonho se escancara,
 A sorte a cada instante se declara
 Marcante com ternura esta expressão
 E desta mais tranquila gestação
 O prazo noutro instante se prepara,
 A lua desenhada neste céu
 Desnuda esta beleza em raro véu
 E molda a sensação da divindade,
 E nesta maravilha em lua cheia
 O quanto da beleza nos rodeia
 E todo este delírio nos invade.
 
 31
 
 Enquanto o deus do vento, Ehecatl vem
 Trazendo em doce alento o que inda possa
 Gerindo esta emoção imensa e nossa
 Deixando para traz dor e desdém,
 O criador do amor traduz tão bem
 O passo onde a verdade sempre endossa
 E neste caminhar tanto contém
 Marcando em consonância o que se tem
 Regendo a mesma sorte além da troça,
 E o sol sob o domínio deste deus
 Atinge com sublimes raios seus
 A imensidade feita em plena Terra,
 Destarte todo o bem ali se encerra
 Soando sem saber de algum adeus
 A sorte mais audaz, que em paz descerra.
 
 
 32
 
 Huehueteotl o deus do fogo,
 Trazendo em suas mãos novo cenário
 Mudando todo o rude itinerário
 Aonde a sorte fora mero jogo,
 Permite que se veja muito além
 E trace com delícia o que alimento
 Tramando noutro instante este momento
 Enquanto a fantasia em paz já vem,
 Cerzindo em forte imagem o futuro
 Renega este passado em pleno caos,
 E traz ao caminhante outros degraus
 Deixando para trás o tempo escuro,
 E assim nesta bendita luz se vê
 A vida noutro encanto, em outro quê.
 
 33
 
 Quando Huitzlopochtli, o deus da guerra
 Trazendo em suas mãos o sangue a dor,
 E neste caminhar o ditador
 Cenário aonde a sorte já se cerra,
 Vagando noutro instante o quanto se erra
 Matando o que pudera sonhador,
 O poderoso deus seja onde for
 Tramando quando a luz ali se enterra.
 Tirânica vontade dita o rumo
 De quem procura a guerra em solução,
 Porém o padroeiro da nação
 Transcende ao quanto possa e me resumo
 Na quieta sensação do nada ser,
 Curvando-me deveras ao poder.
 
 34
 
 Tendo Huixtocihuatl poderes tais
 Das águas deste mar, deusa e rainha
 E quando se imagina o que inda vinha
 Expressa nos momentos, sonhos, sais,
 E tanto quanto possa quando esvais
 Vencendo a solidão erma e daninha
 A sorte noutro passo se avizinha
 Dos mares da esperança imenso cais,
 O mundo se anuncia imensamente
 E quanto mais o tempo além se tente
 O rumo desejado não traria,
 Sequer o que pudesse noutra face,
 Tramando o quanto quer e se mostrasse
 Gerando apenas paz e fantasia.
 
 35
 
 Sendo Ilmatecuhtli deusa tão bela
 Reinando sobre toda a maravilha
 Criando estrelas que polvilha
 E nisto a redenção em si revela,
 Marcando o quanto possa e além se atrela
 Gerando a luz bendita em rara trilha,
 Porquanto a vida trama em armadilha,
 Ou mesmo se anuncia em vã procela,
 Mas quando a deusa traça com beleza
 O todo se permite em fortaleza
 E deixa este cenário em claros tons,
 Quem possa desenhar com tal formato
 O sonho mais sutil que ora retrato,
 Traçando com firmeza os raros dons.
 
 36
 
 Itzlacoliuhque se castiga
 Tramando esta vingança em raro ardil
 Deveras muito mais do que se viu
 Criando a sorte amarga e mais antiga,
 No quanto a cada infausto desabriga
 O tempo se anuncia bem mais vil
 E quando poderia ser sutil,
 A mão pesada nega apoio e viga.
 Do duro enquanto frio caminhar,
 Já nada mais permite até sonhar
 Marcando com terror outro momento,
 E neste delirar sem mais proveito,
 Apenas no vazio ora me deito,
 E bebo o sortilégio em desalento.
 
 37
 
 Temida Itzpapalotl traz má sorte
 E marca com terror o dia a dia,
 E nesta face espúria e mais sombria
 Desenha sem defesa a dor e a morte,
 Imunda sensação que desconforte
 Quem tenta outro cenário e não veria
 Somente esta mortalha teceria
 Trazendo invés do sonho, medo e corte,
 A bruxa desenhada em mariposa
 Enquanto esta anciã de Mixcoatl esposa
 Expressa o quanto veja de pior,
 Tramando em ardilosa tempestade
 O quanto a cada passo já degrade,
 Deixando sem valia algum suor.
 
 
 38
 
 Ixtlilton este deus que à medicina
 Regia com total sabedoria,
 E neste ponto a sorte nos traria
 O quanto a cada cura já fascina,
 Marcante sensação tão cristalina
 Saúde se transforma e se anuncia
 Tramando aonde outrora não se via
 Sequer a mesma dor que desatina,
 Esculpo da esperança a sorte quando
 O tempo noutro rumo se mostrando
 Expressa este momento em claridade,
 Assim ao se beber de alguma fonte
 Enquanto para a sorte em paz se aponte,
 Seara mais audaz em paz invade.
 
 39
 
 De Malinalxochi vejo o desenho
 De insetos, serpes vagas no deserto
 Escorpiões diversos, neste aberto
 Caminho num terror em vago empenho
 Aproximando então enquanto venho
 E nesta insanidade me desperto,
 Ousando muito além do quanto é perto,
 O rumo noutra face ora desdenho,
 E sinto a mais nefasta realidade,
 Na fúria natural, o que degrade
 Aspectos tão terríveis assumindo,
 E quando se percebe o desafeto
 O tempo noutro instante não completo
 Sem ter sequer o sonho, como o blindo?
 
 40
 
 A deusa da tequila e deste agave
 Mayahuel traduz a embriaguês
 E nisto muito além do que ora vês
 O tempo noutro tempo tudo agrave,
 Liberta sem destino como uma ave,
 O tanto onde não possa e mesmo crês
 Criando o que decerto se desfez
 Usando o pensamento como nave,
 Assim ao se entranhar noutro cenário
 Além do que inda seja imaginário,
 O tanto que se quer ora desfila,
 Destila a sorte imersa em cada gole
 E neste caminhar a vida engole,
 Trazendo ao fim de tudo, esta tequila.
 
 
 41
 
 Reinando sobre os campos Metztli traça
 Fazendas, produção em agros rumos
 Tramando deste encanto seus resumos
 E quando a vida mostra a cena escassa
 O tanto que pudesse se devassa
 E marca com temores velhos sumos,
 Mas logo se anunciam pós os fumos
 A sorte noutro passo, além já grassa,
 E o fato de sonhar e querer mais
 Viceja em atos certos, magistrais
 Rendendo a quem cultiva este proveito,
 Granando além do todo desenhado,
 O mundo se anuncia em nobre Fado,
 Em tanta variável, vário pleito.
 
 42
 
 O deus das tempestades; Mextli traz
 Em militares passos uniformes
 E nisto se desenham tão disformes
 Cenários onde morta vejo a paz,
 E neste caminhar tanto mordaz
 Os dias se apresentam tão enormes,
 Sem nada que inda possas; não conformes
 E deixes qualquer sonho para trás,
 Assim ao se mostrar a realidade
 Das guerras e cruéis brutalidades
 O nada se avizinha e gera o medo,
 E quando alguma luz se vendo após,
 Somente o que pudesse em novos nós,
 Do todo se desenha este arremedo.
 
 43
 
 A morte se anuncia em Mictlan vã
 E nada do que possa ainda ver
 Trouxera em tal cenário o que querer
 Negando a quem adentra um amanhã
 Deveras sendo sempre assim, malsã
 Diverso caminhar, mesmo perder,
 Somando no final em desprazer
 A vida sonegando algum afã,
 O rústico momento doloroso,
 Num rumo tão somente desairoso,
 Lugar comum aonde tudo encerra
 Ausente sobrevida, nada traz,
 Somente o delirar em tom mordaz,
 Traçando esta endemia sobre a Terra.
 
 44
 
 Deus Mictlantecuhtli rege a morte
 E dele ninguém foge ou mesmo escapa,
 A luta se desenha neste mapa
 Sem ter sequer o quanto nos conforte,
 O prazo delimita o ledo rumo
 Sem cais ou mesmo até sem direção,
 E o tempo se anuncia desde então,
 Apenas onde aos poucos já me esfumo,
 E sei desta diversa fantasia
 Aonde noutro encanto eu quis bem mais,
 A vida se tramando em rituais
 Mostrando o que jamais alguém queria,
 Mas quando se anuncia o mesmo fim,
 Retorno com certeza de onde eu vim.
 
 45
 
 Mixcóatl reinando sobre a caça
 Trazendo com firmeza a dimensão
 Dos dias que deveras mudarão
 A sorte quando a vejo mais escassa,
 E o tempo noutro instante tanto traça
 Expressa o que pudesse em precisão,
 Na seta que se aponta em direção
 Ou mesmo no cenário que se faça,
 Assim ao se mostrar a competência
 Marcando com vigor esta ciência
 Transita o sentimento aonde vem
 O vértice do sonho ou com certeza
 A luta contra a fera natureza,
 Por vezes da verdade muito aquém.
 
 46
 
 Nanauatzin se atira em fogo intenso
 E disto se apresenta o imenso sol,
 Domina em claridade este arrebol
 E neste caminhar me recompenso,
 E quando se mostrara o bem imenso
 Eu sendo um helianto, um girassol,
 Procuro neste deus o meu farol
 Enquanto em liberdade além eu penso,
 Assisto ao quanto a vida se transforma
 E gesta dentro da alma a rara forma
 Alada fantasia segue além
 Do quanto poderia e não tivera
 Marcando este verão e a primavera
 Na rara claridade que contêm.
 
 47
 
 Quando Ometecuhtli o deus supremo,
 De todo este universo o criador,
 Toando muito além de um refletor
 O quanto a cada passo não mais temo,
 E sinto que deveras já me algemo
 No sonho sem saber qualquer temor,
 Do fogo, da ventura, além senhor
 Vagando sobre o todo extremo a extremo.
 Das tantas e diversas fases vejo
 O passo mais audaz, mesmo sobejo
 Aonde andeja fora esta ilusão,
 Supremacia dita o quanto possa
 A sorte superando a imensa fossa
 Trazendo os dias claros que virão.
 
 48
 
 Ometecuhtli o deus senhor de tudo
 Omecihuatl, a deusa e companheira
 No quanto se anuncia a verdadeira
 Noção deste cenário onde transmudo
 O passo quando muito desiludo
 Marcante caminhar já não se queira
 Pousando muito além  da vida inteira
 Deixando este passado agora mudo,
 Apenas apresenta o privilégio
 Vencendo o que pudesse em sortilégio
 Essência masculina e feminina
 O todo neste instante determina
 A criação superna e majestosa
 O quanto do prazer nos alucina
 E molda esta certeza em clara sina
 Futuro prazeroso se antegoza.
 
 49
 
 Opochtli este inventor desta armadilha
 Usada como rede em pescaria,
 Transporta dentro da alma o que teria
 A sorte quando muito além já brilha,
 Cenário onde esperança agora trilha
 E marca com vigor o dia a dia
 Tecendo o quanto possa ou fantasia
 Uma alma sem temor, mesmo andarilha.
 E tendo esta certeza me alimento
 No quanto poderia o provimento
 Piscosa cena vejo e assim me encanto,
 Expressa a luz intensa em liberdade,
 E desta tão sublime divindade
 O meu sustento em paz quero e garanto.
 
 50
 
 
 Quetzalcóatl. O deus em expressão
 Maior que na verdade se veria,
 Trazendo em suas mãos a serventia
 Gerada pela nobre sensação,
 Do xocóatl, usado em rituais
 Quando do cacau fora forjado,
 Grassando sobre todo este reinado,
 Marcando dias claros noutros mais,
 E assim representando a força plena
 Telúricos caminhos, redenção,
 Somando estes momentos que verão,
 Aonde a realidade tanto acena.
 O deus supremo, dita em voz possante
 O quanto a cada dia se adiante.
 
 51
 
 Tamoanchan, o paraíso aonde a sorte
 Desenha-se divina e maviosa,
 Enquanto na verdade o que se goza
 É toda a maravilha que conforte,
 Traçando com ternura o doce norte
 Em vida mais feliz e majestosa
 Num panteão sublime a caprichosa
 Esperança tão bem ali comporte,
 E vejo em tal superno e manso rumo,
 O quanto do viver em supra-sumo
 Pudesse me trazer algum alento,
 E sigo em plena paz à eternidade
 E neste dom sobejo que ora brade,
 O todo que decerto eu busco e tento.
 
 52
 
 Mictlan que é com certeza este submundo
 Aonde penaliza-se quem tanto
 Na vida se fizera qual quebranto
 E neste caminhar, atroz e imundo,
 Cenário tão nefasto e me aprofundo
 Nos ermos deste infausto e não garanto
 Sequer o que inda possa ou mesmo um canto
 Um coração deveras vagabundo.
 Vacantes esperanças, no dantesco
 Momento onde se molda este arabesco
 E nada se tecendo, senão dor,
 Das luzes? Nem sinal, a solidão,
 Expressa esta temida dimensão,
 Gerada tão somente por pavor.
 
 53
 
 A divindade além e soberana
 Metafísica entidade que, suprema
 Sem culto, adoração, tanto se extrema
 Marcando com vigor e não se ufana,
 
 Do tanto que pudesse sobre-humana
 Imagem que deveras nada tema,
 Dos sonhos e dos medos, velho tema,
 Teotl esta potência asteca emana.
 
 E tendo em suas mãos pleno poder,
 Traçando noutro senso a maestria,
 E quando se demonstra o que teria,
 
 Expressa o quanto possa parecer
 Num átimo desenha além da sorte
 O quanto pôde, pode e já comporte.
 
 54
 
 Tezcatlipoca, o deus tão majestoso
 Domina o céu noturno, lua e estrelas,
 Senhor do fogo e mortes, que aos tecê-las
 Provê todo o caminho caprichoso,
 Assim se desvendando o quanto a vida
 Presume a noite envolta em seus clarões,
 Depois o que virá decerto expões
 Na sorte no final em despedida,
 A luta se aproxima e nada faço,
 Somente espero o fim, é o que me cabe
 E tendo este momento onde desabe
 Não restará sequer o menor traço,
 E o tanto que se quis e não viera,
 Estio transformando noutra esfera.
 
 55
 
 Tlahuixcalpantecuhtli na alvorada
 Trazendo o manso brilho sobre a Terra
 Estrela d’alva além no céu descerra
 Beleza tão sublime desenhada,
 Assim a cada instante o quanto invada
 Na bela fantasia que se encerra
 Por sobre a mais audaz, gigante serra,
 E nesta divindade o sonho brada,
 Sublime imagem vejo e sei constante,
 E nesta maravilha se garante
 O novo amanhecer em azulejo,
 Destarte o sol invade e a vida trama
 O renascer diurno em clara chama,
 Traçando o sonho bom que ora prevejo.
 
 56
 
 Tlaloc, o deus da chuva e tempestades
 Senhor do Inferno vem e amaldiçoa
 E a vida que pensara ser tão boa
 Em outras faces sempre além degrades,
 E quantas vezes mesmo quando brades
 A vida do teu sonho se destoa,
 E nada garantindo esta canoa,
 Naufrágio entre temores, rudes grades,
 Assim ao se entregar já sem alento
 Bebendo os raios tantos, forte vento,
 Relâmpagos cruzando o céu grisalho,
 Inferno em vida, luta onde brumosa
 A senda que querias majestosa,
 Tramando o que não quero, mas detalho.
 
 57
 
 Em Tlillan-Tlapallan, este cenário
 Em paraíso feito e dominado
 E nele Quetzalcoatl traz demarcado
 De tantos, um suave itinerário,
 
 O deus dos ventos, da sabedoria
 Traçando este destino após a morte
 E nele o quanto possa e nos conforte,
 Tramando o quanto dita em fantasia,
 
 Um raro sonho feito em liberdade,
 Mergulha em paraíso e dita o quanto
 A vida se permite e se me encanto
 Presumo este momento aonde invade
 
 A força sem igual de quem procura,
 Ao fim de tanta luta, uma brandura.
 
 58
 
 Teteo Innan, a lua quando cheia
 A avó dos deuses reina sobre o imundo
 Caminho onde o pecado invade o mundo
 Embora a lua imensa; além, rodeia.
 
 E quanto o pensamento devaneia
 E nas ânsias maiores me aprofundo
 Querendo e desenhando um vagabundo
 Momento onde a vontade não receia,
 
 A deusa feita em gozos mais profanos
 De todos os pecados, soberanos
 Traçando dos anseios gozo pleno,
 
 E quando se anuncia em claro céu
 Desnuda último pano e sem o véu
 Ao sonho mais feliz e audaz me aceno.
 
 59
 
 Ao sentir Tzitzimime em bela estrela
 Dominando este céu tão majestoso
 Caminho que se faz mais fabuloso,
 Na vida com vontade de contê-la,
 Assim o que pudera nos trazer
 Beleza constelar e posso em paz
 Nos pirilampos claros o que se faz
 Tramando o quanto viva em meu prazer,
 Negar o desespero e ter a sorte
 Do quanto me arrebata, em diademas
 De luzes onde o sonho quando o extremas
 Produzes o que tanto me conforte,
 Marcantes emoções, caminhos tais,
 E neles os espaços siderais.
 
 60
 
 Ouvindo Ueuecoyotl em festa sigo
 O quanto poderia ser diverso,
 Marcando com ternura cada verso
 E sinto o quanto quero e neste abrigo
 As danças e festejos que prossigo
 Vivendo este caminho onde disperso
 Singrando o quanto possa e sigo imerso
 No quanto poderia e assim persigo,
 Na dança, na alegria e melodia
 Reinando a divindade em plena festa
 O tanto quanto quero e se faria
 Num ritual fantástico e sublime
 Assim a sensação que a vida gesta
 Expressa o que deveras mais estime.
 
 61
 
 Um colibri voando em primavera
 Traçando esta beleza tão sublime
 E o quanto na verdade nos redime
 E nisto outro caminho se tempera
 Parindo o quanto a vida por si gera
 E nisto todo o bem que ora se estime,
 E segue seu caminho e nos suprime
 Do sonho em mais diversa e rara esfera,
 Vitzliputzli, a deusa que é suprema
 Reinando sobre a guerra, um colibri
 Marcando em tal batalha o que senti
 E nisto a própria vida nos extrema,
 Da primavera ou mesmo deste inverno,
 O mundo se anuncia céu e inferno.
 
 62
 
 
 Xipe Totec primaveril deidade
 Reinando sobre as flores e a beleza
 Gerando noutro tom esta certeza
 Que nos trará enfim, fertilidade,
 Ao quanto se pudesse na verdade
 O tempo sem temor e sem surpresa
 A luta se anuncia em correnteza
 Marcando o que teimara e nos invade,
 Em holocausto ao deus, o sacrifício
 Ao esfolar um vivo ser humano
 E nisto outro caminho onde profano
 Cenário se transforma em precipício
 Simbolizado assim todo o vergel
 Variado num momento em luz, cruel.
 
 63
 
 Da serpente de fogo, esta arma atroz,
 Xiuhcoatl dominando em guerra e luta,
 A sorte desenhada não reluta
 E traça na esperança a sua foz,
 Assim neste momento ou mesmo após
 A vida se mostrando audaz e bruta
 E quando se transforma mais astuta
 Rompendo num instante velhos nós.
 Huitzilopochtli domina esta serpente
 E usando-a nas batalhas mais ferozes
 Moldando os passos rudes, vis e algozes
 E nisto se transforma imprevidente
 Matando quem deveras o atrapalhe,
 A dita; num momento: um vão detalhe.
 
 64
 
 
 Xiuhtecuhtli a divindade em fogo
 Mostrando este poder da fúria insana,
 E marca quantas vezes desengana
 Negando qualquer sonho ou mesmo rogo,
 
 A luta se anuncia temerária
 O verso não traduz tanto fulgor
 E nisto se traçando com ardor,
 A sorte muito aquém da imaginária,
 
 Entranho este caminho e vejo o deus
 Trazendo em fogaréu esta ardentia
 E tento nesta vaga poesia
 Prever qualquer momento, mesmo adeus,
 
 Querências tão diversas, bem e mal
 Domínios deste em ar tão desigual...
 
 
 65
 
 Xochipilli ao dominar o amor
 E toda a mocidade em festa e dança
 O quanto traz deveras e se lança
 Moldando um mundo em bom, claro calor,
 Gestando com beleza a rara flor,
 O tempo noutro instante além avança
 E causa, no final leda mudança
 E marca outono e inverno com vigor,
 Porém enquanto o deus da juventude
 Domina o coração tanto se ilude,
 E bebe da magia que não há,
 Assim mesmo que seja temporário,
 O reino se transforma em relicário
 Guardado dentro em nós como um maná.
 
 66
 
 Xochiquetzal que do dilúvio escapa
 Junto com Coxocox, seu marido,
 Expressa o tempo aonde este sentido
 Traduz noutro caminho o velho mapa,
 
 E vejo ali Noé americano,
 Trazendo o mesmo fato noutra face,
 O quanto deste sonho sempre grasse
 Marcando o que pudesse noutro plano,
 
 Assim em concordância tanta vez
 O que se visse ali, aqui ou lá
 Expressa o que em verdade se verá
 Depende tão somente do que crês.
 
 Caminhos convergentes luz tão vária
 A vida traça enfim, a luminária.
 
 67
 
 Xocotl reinando sobre a constelar
 Diversidade feita no infinito,
 Trazendo a cada passo um novo mito
 Ou mesmo outro caminho a se buscar,
 Neste momento vejo e num vagar
 Sem prazo de chegar, intenso rito
 Transforma o que pudera e mais bonito
 Presumo este cenário a se moldar,
 A divindade feita em diadema,
 A sorte que em verdade nada tema,
 O canto determina a liberdade
 E o verso se anuncia em paz e trama
 O mundo desenhando em sonho e flama
 No céu se perfilando a claridade.
 
 68
 
 Qual salamandra eu vejo e configura
 A divindade asteca, Xolotl traz
 O fato de poder ser mais capaz
 E nisto outro cenário se assegura,
 A sorte que vencera e traz na cura
 O quanto me sacia e satisfaz;
 Mas vejo sonegada enfim a paz
 E nesta sorte a vida em amargura,
 Guiando as almas rumo ao turvo mundo
 E neste desenhar em dor me inundo,
 Mas tento a paciência que não há,
 E vendo este final já sem remédio,
 O tanto desenhado em medo e tédio
 Expressa o que ninguém desejará.
 
 69
 
 Yacatecuhtli; deus dos mercadores
 Protegendo o comércio dita em regras
 As sortes tão diversas quando entregas
 Em sacrifícios tais tantos louvores,
 E sendo que deveras onde fores
 O todo num instante mesmo integras
 Ou solitário sei que desintegras
 Morrendo onde pudera em multicores,
 Assim ao se traçar cada futuro,
 A vida traz um porto que inseguro
 Expressa o quanto quero e possa ser,
 Depois da treva em noite mais deserta
 A porta que tentara e enfim se alerta
 Presume o que inda possa amanhecer.
 
 
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