Algo mais

Data 25/01/2011 18:10:57 | Tópico: Prosas Poéticas

Parei por uns segundos. Encostei-me na beira da janela sentindo o meu corpo a deslizar parede abaixo, até me sentar, exausta, no chão. Exausta de que? Não sei bem. De quem? Também não sei dizer. Fecho os olhos. Sinto-me a entrar numa hipnose feita por mim a mim. Desligo-me. Mas não de tudo, sinto ainda uma presença comigo. Talvez o meu outro eu, o carinhoso, o revoltado, o optimista. Abro os olhos. É de noite. Fixo o olhar na lua, na rua, nas pessoas. Tomo atenção ao que acontece dentro de mim. Revolta, paixão, desgosto, felicidade ou a mistura de todos num só: amor. Fecho os olhos outra vez. Desta vez, apenas como um simples acto de repouso. Desce uma lágrima do meu rosto, acabando na linha do meu lábio contorcido pela minha tentativa de sorrir. Sinto falta de algo. Sinto que tenho quase tudo. Tudo aquilo que necessito apenas. Mas que falta algo... não sei definir o que, ou quem, ou o como. Mas algo apenas.
Acabo este texto com uma frase de Fernando Pessoa, que penso exprimir o que sinto bem neste momento.
"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
Ah grande Fernando Pessoa, sabia as respostas para quase tudo!


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