
MINHA CRIANÇA
Data 28/01/2011 22:35:56 | Tópico: Poemas -> Religião
| Para Júlio. Uma criança desconhecida, preta e pobre a brincar num exíguo quintal.
Deixai vir a ti a tua criança, ó homem de pouca fé! Permita que ela aflore de ti, na nesga de céu azul contemplada, da janela semi-aberta.
Concedei que ela se manifeste em ternura Para com os vossos semelhantes, no desleixo dos gestos displicentes.
Dai-lhe a oportunidade de se expressar no sorriso gorgeiante, como de quando, solitário, te lembras de uma passagem engraçada, onde por quereres ser muito sério, foste bobo.
Sede com ela tolerante, aceitando-a como o mais belo presente que a ti foi concedido. E que muitas vezes, preocupada com as aparências , não te permites desfrutá-la . Sede o primeiro a guiar-te por ela, pioneiro ofertando-a generosamente, sem a ninguém comprometeres com a obrigação de seguir-te nos teus caminhos .
Deixai, vir a ti, a vossa criança, ó homem de pouca fé...
Sede paciente se ao início ela foi tateante, insegura. Compreendei a sua morosidade. É que a ela, tu nunca deste uma oportunidade.
Não sedes severo com ela. Reservai a vossa severidade para ti e os teus momentos em que, com teus preconceitos e estereótipos, obstaculizas o seu livre florescimento.
Confiai na pureza e na beleza que dela emanam, confrontando-te com os teus juízos e os teus valores. Ó homem de pouca fé! Deixai vir a ti a tua criança e verás: Serás feliz!
Que é a esta felicidade que infrutiferamente, em teus descaminhos tendes buscado. A felicidade pura e simples. Nostalgia de um tempo pretérito onde em ti só a criança falava. Só ela era a tua verdade!
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